segunda-feira, 31 de maio de 2010

CHINA E ÍNDIA: O TIGRE E O DRAGÃO: QUE NÃO PARAM DE CRESCER !

Na próxima década, a Índia terá um crescimento econômico igual, senão superior, ao da China. E isso porque ela tem um sistema político democrático que permite a recomposição dos radicais conflitos sociais que caracterizam uma sociedade fortemente estratificada, onde as desigualdades de classe são acompanhadas por um sistema de castas que continua persistindo, apesar de todas as tentativas de superá-lo.A China, por seu lado, persegue o sonho antigo de construir um Estado ético que tem as suas raízes na filosofia política confuciana.
Prem Shankar Jha não usa meios termos para comparar o país do dragão ao do tigre, embora a sua análise não seja nada triunfalista.A reportagem é de Benedetto Vecchi, publicada no jornal Il Manifesto, 26-05-2010.
A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os dois países, defende o economista indiano, devem enfrentar o aumento das desigualdades sociais que tornam a situação explosiva, apesar de os governos dos dois países estarem buscando introduzir mecanismos corretivos da economia de mercado. Porém, ele não tem dúvidas de considerar que tanto a Índia quanto a China são formas específicas de capitalismo, que diferem das europeias ou norte-americanas.Em primeiro lugar, o Estado central desenvolveu um papel de protagonista ao favorecer o desenvolvimento capitalista baseado no livre mercado. Além disso, o poder político sempre interveio para criar as condições necessárias para um regime de acumulação que preveja baixos salários, expropriações das terras – China e Índia ainda hoje são países onde a maioria da população é composta por agricultores.

Mas enquanto Pequim só recentemente está buscando incentivar os consumos internos, Nova Déli, ao contrário, buscou desenvolver uma classe média, aculturada e a ser empregada nos ateliês locais dos serviços oferecidos ao cliente das empresas multinacionais.

E quando, na entrevista realizada durante os trabalhos do Salão do Livro de Turim, lhe é perguntado por que, no seu último livro – "Quando la tigre incontra il dragone" [Quando o tigre encontra o dragão], Ed. Neri Pozza, 480 páginas, que já está nas livrarias italianas –, a crise econômica aparece só de passagem, ele responde que a economia mundial está em crise desde a metade dos anos 90 do século XIX, e que esse período viu os Estados nacionais e os órgãos multinacionais, como o G8 ou o G22, se moverem espasmodicamente para conter os efeitos sociais de um resgate do qual não se vê o fim.

Eis a entrevista.

No seu último livro, quando o senhor escreve sobre a China, um lugar relevante é dedicado aos conflitos entre o governo de Pequim e as autoridades políticas locais. Quando, ao invés, o centro da análise é a Índia, o senhor destaca o conflito entre uma formação social definida pelo senhor como "regime intermediário" e os novos empresários mais orientados à abertura da economia indiana ao capital estrangeiro. Em todo caso, são conflitos que funcionaram como estímulo propulsivo ao desenvolvimento econômico...Na China, a polaridade entre centro e periferia é pouco evidente, visto que se expressa nos cinco níveis de poder político existentes e que muitas vezes se sobrepõem. Na República Popular, muitas vezes, foi o centro que se tornou o vencedor, mas desde que Pequim abriu caminho para as reformas econômicas, no final dos ano 70 do século XIX, os membros do partido comunista local adquiriram sempre mais poder, erodindo a legitimidade da autoridade central. Alguns estudiosos consideram os dirigentes do partido em nível local como uma "nova burguesia" que se contrapõe ao poder invasivo do Estado central. Uma análise que não convence totalmente, porque não acredito que se possam aplicar mecanicamente categorias desenvolvidas para explicar as realidades europeias e norte-americanas a países que tiveram histórias e tradições políticas e econômicas diferentes, como as chinesas ou indianas. É preciso um trabalho de adaptação dessas mesmas categorias às histórias dessas duas realidades.Estou de acordo com o senhor sobre a necessidade de um trabalho de tradução de algumas categorias ocidentais para adaptá-las às realidades dos dois países.

Um trabalho, porém, que foi realizado, do seu ponto de vista, pelo partido comunista chinês e pelas lideranças econômicas e políticas indianas. Não acha?Seguramente, deve ser rejeitado qualquer preconceito exótico quando se analisam as realidades indianas e chinesas. Preconceito muito presente, pelo contrário, em muitos estudos "ocidentais" sobre esses dois países. No meu trabalho, me detive sobre esse deslocamento do poder do nível central para a periferia da China, porque as reformas econômicas lançadas no início dos anos 80 do século XIX previam, sim, uma cessão do poder do governo central ao local, mas em nome do renascimento da nação chinesa depois do século de humilhação e depois da reconstrução da unidade nacional por meio da República Popular. As "zonas econômicas especiais" nascem nesse contexto. O que Pequim certamente não podia prever é que os benefícios financeiros das zonas econômicas especiais permaneceriam nas mãos dos funcionários do partido local para consolidar o seu poder por meio de políticas clientelistas e até nepotistas. Pequim, depois, procurou retomar o controle. Às vezes, conseguindo, muitas outras vezes não. Podemos dizer que o conflito entre centre e periferia deu início a uma espécie de dinâmica e a uma potencialmente explosiva "gestão controlada da desordem".

A Índia, pelo contrário, conheceu, depois da conquista da independência, uma pacificação econômica muitas vezes definida como soviética, que favoreceu as empresas indianas, as classes médias, os agricultores, alguns setores da classe operária e os funcionários estatais. Tudo isso certamente ocorria em um contraditório processo de modernização da sociedade, que não aboliu as castas, mas que garantiu uma significativa mobilidade social, exemplificada pelo acesso de milhões de indianos às universidades.Um aspecto importante a ser destacado é a recente eclipse desse "regime intermediário". Expressão que indica o bloco social que se constituiu na Índia a partir da conquista da independência e que foi o promotor de um intenso nacionalismo econômico e de um contraditório estado de bem estar social a favor das camadas populares da população. O partido que melhor representava o "regime intermediário" foi o partido do congresso, embora, em nível dos Estados individuais, como em Bengala, um papel relevante para sustentá-lo foi desenvolvido pelo partido comunista. Com a globalização, tudo isso entra em crise, e ganham espaço propostas que visam à abertura do mercado indiano aos capitais "estrangeiros". Por isso a desregulamentação do mercado de trabalho, que cria um dualismo entre classe operária sindicalizada e protegida e uma classe operária menos garantida, constituída pelos "migrantes internos". Ao mesmo tempo, assistimos a privatizações e fusões de empresas indianas com empresas inglesas, norte-americanas, japonesas e australianas. Assim como na China, houve também na Índia um deslocamento do baricentro do poder do centro para a periferia.A China muitas vezes é descrita como a "fábrica do mundo". A Índia, ao invés, foi retratada como o país escolhido pelas empresas high-tech para as suas estratégias de descentralização produtiva...A China é a fábrica do mundo, mesmo que estejamos assistindo a um fenômeno muito importante para se avaliar se ela conseguirá continuar sendo isso. As empresas têxteis, as que produzem componentes eletrônicos "pobres", como os microprocessadores, começaram a preferir países como o Vietnã, onde os salários são mais baixos do que na China. Empresas de Taiwan, por exemplo, depois de ter aberto fábricas que produziam microprocessadores ou componentes da eletrônica de consumo na China, agora as estão mudando para outros países da mesma região. Isso para dizer que muitas nações ambicionam se tornar a "fábrica do mundo" e que a China deverá, em um futuro próximo, enfrentar a sua concorrência.

Uma "fábrica do mundo", baseada em uma exploração intensiva da força de trabalho que lembra a revolução industrial na Europa: jornadas de trabalho que não se sabe quando começam nem quando terminam, salários no limite da subsistência, ausência de garantias sobre a aposentadoria ou sobre a cobertura de saúde, enquanto o sindicato oficial garantiu, com as boas ou com as más, a disciplina da classe operária. Agora, as autoridades políticas de Pequim dizem que querem apontar para a "green-economy", a alta tecnologia, o software, as telecomunicações, fomentando um grande exército de laureados em matérias científicas. Ainda estamos no início da passagem de uma economia voltada à exportação para uma economia com intencionalidades hegemônicas, e é difícil prever se os propósitos de Pequim terão sucesso. Limito-me, assim,a destacar que grande parte dos recursos financeiros que afluíram aos cofres de Pequim ou do poder local veem das concessões das terras às empresas privadas.

Essas "enclosures" modernas empobreceram centenas de milhões de agricultores chineses. Também nesse caso, podemos estabelecer analogias com a revolução industrial, evocando assim as "enclosures" das terras comuns na Inglaterra do século XVIII. Mas, diferentemente daquele tempo, as terras foram dadas às empresas privadas para assentar fábricas em troca de indenizações que o poder político que investir em obras faraônicas que deveriam modernizar o sistema dos transportes, das telecomunicações, do provisionamento hídrico. Isso quer dizer favorecer economicamente as empresas tradicionais, como as da construção, do aço.A Índia não apontou ao "high-tech". Mais prosaicamente, as empresas multinacionais a escolheram como escritório administrativo dos serviços oferecidos ao cliente. Os indianos falam inglês, e muitos "call centers" de empresas anglo-saxônicas e norte-americanas se mudaram para o meu país porque os salários são mais baixos do que em outros lugares. É diferente o caso do software, porque a sorte do distrito de Bangalore deriva do fato de que é nessa região que se produzem parte – algumas pesquisas defendem mais de 65% - dos programas de informática das "software houses" globais.

Dito isso, tenho muitas dúvidas se a Índia pode se tornar a fábrica do software do mundo.

Portanto, deve ser especificado que os componentes e o software produzidos na China ou na Índia são montados nos Estados Unidos ou em outros países, que mantêm assim o controle do ciclo produtivo. Isso para dizer que o crescimento econômico dos dois países foi, sim, significativo, mas dizer que se tornarão as próximas duas superpotências remove o fato de que o poder em nível global depende também de outros fatores, como a capacidade diplomática-militar de condicionar os equilíbrios geopolíticos. Certamente, não quero negar um deslocamento de poder em nível mundial. A URSS entrou em colapso, e a Rússia atual deve o seu crescimento só graças às fontes energéticas no seu território, os Estados Unidos estão vivendo uma profunda crise econômica e social, a União Europeia se debate. A possível transformação da Índia ou da China em superpotências não é, porém, um processo linear.

Há fatores internos e externos que podem impedi-la. Na China, por exemplo, as "ações de distúrbio da ordem pública", isto é, as greves e as revoltas, se tornaram tão frequentes que Pequim quase as admite abertamente pelo temor que de poderiam fazer explodir o projeto de sociedade harmônica buscado pelo partido comunista chinês. Na Índia, há uma guerrilha naxalita que está se estendendo a todo o país e que tem como protagonista um partido comunista que poderíamos definir como maoísta.Mas os conflitos sociais e de classe poderiam favorecer evoluções da situação impensáveis até alguns dias antes. As empresas indianas e chinesas certamente não têm uma grande capacidade de produzir inovações técnico-científicas, de planejamento, de políticas voltadas à valorização da marca. Além disso, a divisão internacional do trabalho não é um elemento estático, mas dinâmico. Os conflitos sociais poderiam acelerar algumas tendências, como a escolha de Pequim de investir em setores como a pesquisa científica, as biotecnologias, a microeletrônica. Ou obrigar o governo de Nova Déli a favorecer setores como a indústria automobilística, da construção. Enfim, a divisão internacional do trabalho deve contemplar uma variável, a do poder político.

Não acha?

Eu digo que há um problema de democracia. A Índia tem um sistema político democrático que poderia favorecer uma evolução que garanta um crescimento econômico maior do que o chinês. Na China, ao contrário, não há democracia, e os conflitos sociais não têm o lugar para serem recompostos. Mas há um aspecto que une os dois países: a corrupção. Um fenômeno tão difundido que se tornou parte integrante da atividade econômica. Isso poderia fazer implodir os dois países. Para o resto, penso que um desenvolvimento econômico de tipo capitalista sem democracia corre o risco de se desfazer, porque a democracia garante a circulação das ideias, fator sempre mais importante no desenvolvimento econômico.Uma situação explosiva depois da grande desordemEconomista muito estimado na Itália e também por órgãos internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, Prem Shankar Jha, além da atividade de comentarista da realidade indiana, publicou o livro "Caos prossimo venturo" (Ed. Neri Pozza), onde analisa a globalização na perspectiva da "economia mundo", elaborada por Fernand Braudel.No que se refere à análise dos últimos episódios chineses, devem ser lembrados os livros de Giovanni Arrighi "Adam Smith a Pechino", de Wang Hui "Impero o stato-nazione?" (Ed. Academia Universa Press), "La grande divergenza" de Pomeranz Kenneth (Ed. Il Mulino) e a coleção de ensaios, organizada por Gigi Roggiero, "La testa del drago" (Ed. Ombre corte).

domingo, 23 de maio de 2010

E O OBAMA VENCEU... ALIÁS.. OS EUA SEMPRE VENCEM...

O PREMIO DA PAZ FOI ENTREGUE A ELE...
A SUA DIPLOMACIA NÃO CONVENCE NINGUÉM...

A DIPLOMACIA DO BRASIL PARECE FADADA A SER SEMPRE CONTRÁRIA AOS INTERESSES DOS EUA...
E NESTE CASO, A DIPLOMACIA DAS NEGOCIATAS, DAS FORJADAS CONVERSAS DE BASTIDORES VENCEU...
QUEM TE VIU E QUEM QUER TE VER OBAMA????
PREMIO NOBEL DA PAZ.....
EU TAMBÉM ESTOU DECEPCIONADO....

LEIA E POSICIONE-SE SOBRE...

A diplomacia de Lula se contrapõe diretamente àquela do Conselho de Segurança e a de Barack Obama. A de Lula olha para frente e se adequa ao novo. A de Barack Obama olha para traz e quer reproduzir o velho", afirma Leonardo Boff, teólogo.
Para Leonardo Boff, "o paradigma novo, representado por Lula, assume a singularidade do atual momento histórico. Mudou nossa percepção de fundo: somos todos interdependentes, habitando juntos na mesma Casa Comum, a Terra".
Eis o artigo.
O acordo alcançado por Lula e pelo primeiro ministro turco com o Irã a respeito da produção de urânio enriquecido para fins pacíficos possui uma singularidade que convem enfatizar. Foi alcançado mediante o diálogo, a mútua confiança que nasce do olho no olho e a negociação na lógica do ganha-ganha. Nada de intimidações, de imposições, de ameaças, de pressões de toda ordem e de satanização do outro.
Essa era e continua a sendo a estratégia das potências militaristas e imperiais que não se dão conta de que o mundo mudou. Elas estão encalacrados no velho paradigma do big stick, da negociação com o porrete na mão ou da pura e simples intervenção para a qual tudo vale, a mentira deslavada como no caso da guerra injusta contra o Iraque, a violência militar mais sofisticada contra um dos países mais pobres do mundo como o Afeganistão ou os conhecidos golpes armados pela CIA em vários paises, nomeadamente na América Latina.
Curiosamente, esta estratégia nunca deu fruto nenhum em nenhum lugar. Os USA estão perdendo todas as guerras, porque ninguém vence um povo disposto a dar a sua vida e até suscitar "homens-bomba" para enfrentar um inimigo armando até os dentes mas cheio de medo e exposto à vergonha e à irrisão mundial. O que conseguiram foi alimentar raiva, rancor e espírito de vingança, fermento de todo o terrorismo.
A maior ameaça para estabilidade mundial hoje são os EUA pois a ilusão de serem "o novo povo eleito" - pois assim reza o "destino manifesto" que os neocons, muito fortes, como Bush, acreditam piamente - faz com que se sintam no direito de intervir em todo o mundo. Pretendem levar os direitos humanos quando os violam vergonhosamente, querem impôr a democracia quando, na verdade, criam uma farsa, visam abrir o livre mercado para suas multinacionais para que livremente possam explorar a riqueza do pais, seu petróleo e seu gás.
A diplomacia de Lula se contrapõe diretamente àquela do Conselho de Segurança e a de Barack Obama. A de Lula olha para frente e se adequa ao novo. A de Barack Obama olha para traz e quer reproduzir o velho. O paradigma velho supõe que haja uma nação hegemônica e imperial, no caso o USA. Esta se rege pelo paradigma do inimigo, bem na linha do teórico da filosofia política que fundamentou os regimes de força como fez com o nazismo, Carl Schmitt (+1985). Em seu livro O Conceito do Politico claramente diz:"a existência política de um povo depende de sua capacidadede definir quem é amigo e quem é inimigo..o inimigo deve ser combatido e psicologicamente deve ser desqualificado como mau e feio". Não fez exatamente isso Bush chamando os paises donde vinham os terroristas de "paises canalhas" contra quem se deve fazer uma "guerra infinita"? Éssa argumentação é sistêmica e funciona ainda hoje na cabeça dos dirigentes norteamericanos. Políticas inspiradas nesse paradigma ultrapassado podem levar a cenários dramáticos com o sério risco de destruir o projeto planetário humano. Esse paradigma é belicista, reducionista e míope pois não percebe as mudanças históricas que estão ocorrendo na linha da fase planetária da história que exige estratégias de cooperação visando proteger a Terra e cuidar da vida. O paradigma novo, representado por Lula, assume a singularidade do atual momento histórico. Mudou nossa percepção de fundo: somos todos interdependentes, habitando juntos na mesma Casa Comum, a Terra. Ninguém tem um futuro particular e próprio. Surge um destino comum globalizado: ou cuidamos da humanidade para que não se bifurque entre os que comem e os que não comem e protegemos o planeta Terra para que não seja dizimado pelo aquecimento global ou então não teremos futuro algum. Estamos vinculados definitavamente uns aos outros.
Lula em sua fina percepção pelo novo, agiu coerentemente: não se pode isolar e castigar o Irã. Importa traze-lo à mesa de negociação, com confiança e sem preconceitos. Essa atitude de respeito trará bons frutos. E é a única sensata nesta nova fase da história humana. Lula aponta e inaugura o futuro da nova diplomacia, a única que nos garantirá a paz.

O presidente Lula se diz decepcionado com seu colega dos EUA, Barack Obama.
A reportagem é de Kennedy Alencar e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 23-05-2010.
É um desapontamento que precedia a crítica norte-americana ao acordo Brasil-Turquia-Irã e que só aumentou com as últimas ações de Washington para aprovar sanções contra Teerã na ONU.
Nas palavras de Lula, Obama diz uma coisa a ele e faz outra, geralmente por meio da secretária de Estado, Hillary Clinton. Segundo o brasileiro, o norte-americano cedeu ao "conservadorismo tradicional" para ter chance de se reeleger, em 2012.
Lula tem dito que Obama não é mais o presidente aberto para dialogar com a América Latina que marcou presença na Cúpula das Américas em abril do ano passado.
Para o petista, Obama deveria aplicar na política externa a receita que usou para aprovar no Congresso a reforma da saúde: remar contra a maré, enfrentando politicamente o Partido Republicano e parte dos democratas.
A primeira grande queixa de Lula ocorreu quando convidou Obama a participar de uma cúpula da União de Nações Sul-Americanas em agosto para discutir as bases norte-americanas na Colômbia. Obama ignorou.
Outra rusga surgiu na cúpula de Copenhague (Dinamarca) sobre o clima. Para Lula, os EUA priorizaram sua agenda interna e não ajudaram a impedir o fracasso.
Na quinta, Lula disse que Obama dava um tiro no pé ao endurecer contra o Irã. Para ele, não foi "atitude de quem ganhou o Nobel da Paz".
A frustração de Lula explica por que o Brasil tem demorado a reconhecer o novo governo de Honduras, país que sofreu golpe no ano passado.
É uma forma de "esticar a corda" e se diferenciar de Washington, que foi mais tolerante em relação ao golpe.
Lula diz que Obama perdeu oportunidades de fazer gestos para os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Raúl Castro, de Cuba.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

AS AÇÕES DE LULA NO MUNDO!

É DE LOUVAR AS TENTATIVAS DO PRESIDENTE LULA DE ATUAR COMO PARTICIPANTE FRONTAL NAS QUESTÕES ENVOLVENDO O IRÃ E O MUNDO OCIDENTAL: AS POSSIBILIDADES DESTE PAÍS DESENVOLVER OU NÃO PESQUISAS COM URÂNIO..

O MUNDO DIRÁ, O FUTURO MOSTRARÁ SE FOI UM ATO DE ESPERTEZA OU DESASTRE POLÍTICO...

TEM GENTE QUE É A FAVOR, OUTROS CONTRA...

E VOCÊ O QUE PENSA SOBRE O TEMA ?

Se o presidente concretiza com o Irã o desenrolar da crise na região, será um feito que muda a cara política do mundo", afirma Jânio de Freitas, jornalista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 16-05-2010.


Eis o artigo.
Lula não perdeu aquele mínimo equilíbrio de ideias e atitudes que dá as pessoas como normais. Ou perdeu? O sucesso além de todas as medidas é traiçoeiro, sua obra definitiva é a costumeira reviravolta que faz um transformar-se tanto que se torna outro. Se o sentimento de onipotência transbordou e venceu, estará desastrosamente explicada, por si mesma, a convicção de Lula de ter hoje no Irã 9,99 de probabilidades, em dez, de desenrolar a crise aguda na região.
Se, no entanto, tudo nele continua próximo das medidas de praxe, e concretiza-se com os iranianos a (meia) solução tão desacreditada, será um feito que muda muito a cara política do mundo.
O conjunto dos fatos mais recentes favorece a probabilidade de um acordo, para evitar sanções econômicas contra o Irã e, em troca, haver garantias de que o programa nuclear iraniano se limitará a fins pacíficos. Os numerosos contatos de líderes internacionais com Lula, nos últimos dias, combinam-se com as declarações de vários deles, quando Lula iniciava a viagem, de que o Irã recebia a última oportunidade de evitar as sanções e outras represálias. Estava evidente, aí, o propósito de pressionar em favor de Lula, contra outro possível recuo do ardiloso Ahmadinejad. O próprio Lula cercou-se de novas precauções, buscando em pessoa a confirmação do apoio da Rússia e, no Qatar, de países árabes.
A ida de Celso Amorim ao Irã, já ao final da semana, foi dada como arremate na organização da visita de Lula. Isso não é feito por ministro. O provável é que Celso Amorim, em tempo de uma reação de Lula, tenha procurado a última confirmação das boas disposições iranianas e dos representantes da Turquia, que é parte fundamental na costura do acordo esperado. E na sua prática, se adotada a proposta da Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU, para troca de urânio do Irã por urânio enriquecido no exterior. Há indícios, porém, de que inovações feitas pelo Brasil, na proposta, foram decisivas para a prometida aceitação do Irã.
Até agora, nos termos mais amplos da política internacional, Lula é uma figura com projeção sem influência, propriamente. Caso sua audácia de meter-se onde não foi chamado, no jogo dos grandes, resulte em sucesso no impasse do Irã, estará aberta a oportunidade para a presença nova que falta no meio século de mesmismo do mundo "em desenvolvimento" (ou seja, repleto de pobreza e suas consequências).
Tudo indica ser essa a ambição de Lula desde que, obtidas a popularidade e aceitação pelos conservadores no Brasil, viu-se como atração nos centros de poder do exterior. O que o distingue Lula, para um possível papel novo, é não suscitar a falta de confiança que os governos europeus e americanos provocam em toda parte. Situação parecida com a existente no Brasil, entre os ansiosos por mudanças, até que foi montado o primeiro governo Lula.
No plano interno, êxito e insucesso de Lula destinam-se a repercussões contrárias mas idênticas na dimensão. Valerá a pena tolerar o baticum de um novo "nunca na história", se houver algum acordo - ou melhor, alguma protelação da próxima crise aguda.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

No Brasil, rico não é rico e pobre não é pobre

ACREDITE SE QUISER, E SE PUDER... NEM SEMPRE, RICO É RICO E POBRE, POBRE...
É O QUE ANDAM DIZENDO POR AÍ...
A forma como o brasileiro vê a si mesmo, em termos de posição na pirâmide socioeconômica, condiz pouco com a realidade. Em sua maioria, os ricos no país não acreditam que são realmente ricos. A maior parte dos pobres creem que pertencem, no pior dos cenários, à classe média baixa.
A reportagem é de Adriana Mattos e publicada pelo jornal Valor,07-05-2010.
Essas conclusões fazem parte de um estudo inédito de 60 páginas, realizado por um grupo de grandes empresas de consumo e pelas consultorias Accenture e Plano CDE, e obtido com exclusividade pelo Valor. Com uma série de detalhes sobre incoerências na autoanálise do brasileiro, o levantamento será tema de uma mesa-redonda no dia 24, em São Paulo, entre CEOs de companhias como Unilever, Pepsico, grupo Fleury (medicina diagnóstica) e Living Construtora, empresa da Cyrela.
Fica claro no estudo como as imagens criadas se confundem e se distorcem. Um entre cada dois brasileiros ouvidos que pertecem à classe A se autoavalia como consumidor de classe média ou classe emergente. Ainda nesse grupo de endinheirados, 2% cre que é pobre, ou seja, faria parte da classe E - que pelo estudo ganha até R$ 600 por mês. Os ricos que se consideram classe média alta são 35% da amostra - algo como um em cada três.
Um dado em especial chama a atenção dos consultores. Metade dos entrevistados que efetivamente pertencem à classe C não acredita que faz parte dessa imensa e crescente classe média brasileira. Nesse caso, há uma espécie de diminuição de posto: 9% imagina que é pobre e 37%, classe média baixa. Ainda há 1% que pensa ser rico -- mesmo não embolsando mais que R$ 3 mil ao mês.
Para se chegar a esse resultado, os consultores primeiramente questionaram os entrevistados - foram 1,6 mil pessoas ouvidas - para descobrir em que posição da pirâmide social estavam. Com base na renda familiar, perguntavam em que classe acreditavam pertencer (leia ao lado).
Essa imagem refletida se distorce por razões culturais e comportamentais, afirmam economistas e estudiosos. "Há um aspecto altamente subjetivo que pesa nessa análise", diz Teutly Correia, líder da Accenture para a área de consumo e manufatura na América Latina
"No caso dos mais abastados, existe um fator aspiracional que pode deturpar a autoanálise", completa ele. O rico que viaja com frequência e conhece a classe média americana acredita que tem muito menos recursos e bens do que esse americano de alto padrão. "Por isso, o rico brasileiro não acha que é rico", afirma. É o que os economistas têm chamado, um tanto ironicamente, de "complexo de inferioridade pós-globalização".
A análise desse grupo já tem sido alvo de debates entre os economistas e estudiosos da área. "Nesse espelho em que o brasileiro de classe alta se olha, ao fundo está escrito 'made in USA'", brinca Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais vinculado ao IBRE/FGV. "Para ele, ter que vender um carro importado e comprar um nacional, por exemplo, é perder padrão de vida".
É uma forma de pensar exatamente oposta àquela da base da pirâmide. Entre os pobres ouvidos na pesquisa, mais da metade (53%) acredita ser classe média ou média baixa. Ou seja, ele sempre acha que está melhor do que a sua classificação indica. Acesso à estudo tem peso nisso. "Pessoas das classes D e E com fundamental completo têm maior probabilidade de se autodefinirem de classe média baixa", informa o estudo.
De acordo com especialistas em consumo e renda, esse grupo entende que está mais acima na pirâmide também porque ele se baliza pelo ambiente onde vive. "Se a família possui filhos que conseguem ir à faculdade ou adquire um carro, ainda que em parcelas a perder de vista, ela passa a crer que já é classe média," diz André Torreta, autor do livro "Mergulho Na Base Da Pirâmide" (editora Saraiva).
"Pode até ser que essa família realmente tenha se tornado classe média por causa dessas conquistas. Mas o que importa sempre é a percepção. Ela vê o vizinho ao lado sem nada disso e acredita que está melhor e subiu de vida", afirma.
Essas percepções se formaram num período de forte migração de classes. Dados da FGV, com base em números da PNAD/IBGE, mostram que a classe E diminuiu de tamanho, passou de 28% para 15,3% da população entre 2003 e 2008. Nesse mesmo período, a classe C passou de 37,6% para pouco mais de 50% do total de brasileiros em idade ativa - o que equivale a cerca de 80 milhões de pessoas em 2008, com base na PNAD daquele ano. Já entre brasileiros da classe alta, a ampliação do bolo foi mais lenta. Passou de 7,6% do total para 10,6% entre 2003 e 2008.

domingo, 2 de maio de 2010

QUEM DIRIA.....

QUEM DIRIA, AS MULHERES PODEM DECIDIR AS ELEIÇÕES NESTE ANO DE 2010...
LEIA E REFLITA SOBRE ESTA MUDANÇA....
ELAS AGORA COMO NUNCA TEM O PODER NAS MÃOS....

"Muito aflige as mulheres a violência das ruas. Quem tem filhos adolescentes dorme mal. A segurança não é um problema abstrato que os especialistas discutem. É uma angústia diária, desamparo. Uma amiga me disse que felicidade é ouvir, de madrugada, o barulho da chave na porta, quando a filha chega. Sã e salva", escreve Rosiska Darcy de Oliveira, escritora, em artigo publicado no jornal O Globo, 02-05-2010.
Eis o artigo.
Quem diria, o voto das mulheres talvez decida as eleições para a Presidência da República.
Como foi longo o caminho que fez delas 70 milhões de eleitoras em um pleito em que, até agora, são majoritárias entre os candidatos.
Como o Brasil mudou! Uma questão atravessa os espíritos: como elas votarão? Ficou para trás o tempo em que um político influente, alertado por mim sobre a importância das eleitoras que trazem consigo expectativas próprias, garantiu-me que elas “votavam com os maridos”. Ledo engano. Aquele um quarto das famílias brasileiras que vivem de um salário feminino não tem em casa um marido ditando o voto. E, com toda certeza, não é preciso não ter marido para pensar com a própria cabeça.
Ai de quem não reconhecer que uma revolução de mentalidades fez do mercado de trabalho um espaço feminizado, tornando problemática a organização das famílias e as intersecções entre o mundo do trabalho e o da casa. Que as famílias, hoje, múltiplas e insolitamente desenhadas, já não são a moldura padrão que enquadrava uma mulher submissa aos desígnios de um provedor. Uso essa palavra e sei que a eleitora de 20 anos, perplexa, pensará na Internet.
Quem é essa mulher brasileira que vai votar em fulano ou beltrana, quais as suas motivações? Eis a caixa preta das eleições de outubro.
Nunca acreditei que a mulher era um homem como outro qualquer.
Sei, por experiência própria, que o mundo das mulheres guarda muitos segredos, não ditos, mas vividos, que afligem mesmo aquelas que, imigrantes — algumas exiladas — no mundo dos homens, falam masculino sem sotaque.
As mulheres habitam um corpo cujo destino é desdobrar-se em outros.
O útero é o primeiro meio ambiente que o ser humano conhece e não por acaso o corpo tem tamanha importância na vida das mulheres.
As escolhas sobre a maternidade, as condições da gravidez e do parto, as leis que tolhem ou propiciam liberdades, o temor atávico da violência sexual ocupam, em suas vidas, uma centralidade.
Ricas ou pobres, essas preocupações são assunto de confidências.
Tudo que, na vida das sociedades, tangencia a inarredável realidade do corpo feminino é, para elas, política e pesa na decisão.
Habitando esse corpo as mulheres trabalham aparentemente como um homem qualquer. O trabalho articula-se a uma vida privada que elas garantem e protegem, mas cuidadosamente ocultam como se fora um ilícito, tamanho é o temor de que ela se constitua no defeito que as desqualifica como trabalhadoras.
Nosso país estabeleceu consensos contraditórios: estimulou as mulheres a estudar e trabalhar e esqueceu de acompanhar essas reformas modernizadoras de estruturas de acolhimento que tornassem a vida familiar viável, e não o ponto cego das relações sociais Crianças e idosos são os dois extremos de uma mesma solidão. Para além da expectativa elementar do cumprimento do preceito constitucional de igualdade — a trabalho igual, salário igual — no conturbado cotidiano das mulheres se esconde uma demanda de inteligência no repensar o mundo do trabalho, para homens e mulheres, que leve em conta o valor da vida privada. Quem terá essa imaginação, tornando a sociedade menos inóspita e desigual? Muito aflige as mulheres a violência das ruas. Quem tem filhos adolescentes dorme mal. A segurança não é um problema abstrato que os especialistas discutem. É uma angústia diária, desamparo. Uma amiga me disse que felicidade é ouvir, de madrugada, o barulho da chave na porta, quando a filha chega. Sã e salva.
Não é privilégio das mulheres temer pelos filhos, mas já que o mapa eleitoral nos fala de milhões de balzaquianas, massa crítica que decidiria as eleições, há que registrar que o dia a dia da juventude, escolas que protejam e ensinem, a possibilidade de um emprego e de um futuro honesto, um sentido para a vida a que convidaria uma sociedade revitalizada pela ética, são expectativas maternas, intensas e esperançosas.
Estranhos assuntos esses, tão marginais às chamadas questões nacionais em que se centra o debate político.
É que eles fervilham no pré-sal da existência humana, a camada mais submersa, talvez a mais rica.
Tomara que as mulheres forcem, nessas eleições, a vinda à tona desses temas menosprezados e que exprimem a cultura feminina, esse ruído surdo que sobe das conversas de 70 milhões de brasileiras. Há muito os governantes, se tivessem juízo, já lhes teriam dado a prioridade que merecem. Quem o fizer estará restabelecendo algo a que elas aspiram, e muito: escuta e respeito

OS BRASILEIROS E SEUS PAÍSES VIZINHOS....ENQUANTO ISSO... NA FRONTEIRA DO BRASIL E PARAGUAI...

MILHARES DE BRASILEIROS VIVEM FORA DO PAÍS EM PAÍSES VIZINHOS....
UMA PARTE DESSES MILHARES VIVEM NO PARAGUAI, E SÃO DENOMINADOS, BRASILGUAIOS....

DE VEZ EM QUANDO ASSISTIMOS REPORTAGENS, LEMOS JORNAIS A RESPEITO DA SITUAÇÃO DOS BRASIGUAIOS EM NOSSO VIZINHO, O PARAGUAI.. E AGORA, MAIS UMA REPORTAGEM QUE ILUSTRA COMO VIVEM E SÃO TRATADOS...
Dezenas de famílias de fazendeiros brasiguaios estão sendo expulsas do Paraguai e voltando para o Brasil apenas com a roupa do corpo.

A denúncia foi feita ontem pela prefeita de Naviraí (MS), Sandra Cassone (PT). De acordo com ela, as margens da rodovia BR-163 foram transformadas em uma cidade de lona plástica. Com o fluxo repentino de cerca de 1.600 pessoas do país vizinho na última semana, já são 3 mil famílias acampadas na região. "Terei de decretar estado de emergência" disse Sandra.
A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo, 29-04-2010.
Segundo ela, o município não tem condição de atender tamanho contingente de "flagelados" da crise paraguaia. São pessoas famintas e doentes, que recebem apoio apenas dos trabalhadores sem-terra, acampados nas proximidades das cidades de Naviraí e Itaquiraí, para armar barracas e se acomodarem.
Ao longo dos anos, muitos brasileiros constituíram lavouras, rebanhos de gado bovinos e até criação de peixes do lado paraguaio, mas estão sendo expulsos por "bandos de homens armados". "Quando eles chegam, não existe apelação. É sair da terra e ir embora", explicou um dos acampados, pelo celular do acampamento.
O problema do fluxo de refugiados se agravou nos últimos dez dias em razão da pressão que os brasiguaios vêm sofrendo no Paraguai para desocuparem as lavouras.
O aumento inesperado de pessoas acampadas tem causado sérios problemas para os moradores das cidades do lado brasileiro da fronteira. Os acampados também sofrem, principalmente por causa da segurança, já que a maioria vive à beira da estrada.
"Todos os dias, pelo menos uma pessoa é atropelada no local. O tráfego de cargas é intenso e, geralmente, as carretas não têm frenagem rápida. Só este mês, aqui na BR-163, contamos 30 ocorrências desse tipo", afirmou um dos líderes do acampamento, que se identificou apenas como Edeval.
Protestos
Os atropelamentos motivaram alguns protestos e membros do MST chegaram a fechar a BR-163, reivindicando a instalação de redutores de velocidade em frente ao local onde funciona uma escola e a coordenação do acampamento.
A maioria dos agricultores acampados reclama da ausência de um esquema de distribuição de cestas básicas, que antes era feito pelo Estado. A distribuição foi interrompida por decisão do governo estadual.
Edeval explicou que muitas crianças e adultos no acampamento estão precisando de tratamento médico em caráter de urgência, já que não estão sendo atendidas pelas prefeituras da região.