sábado, 30 de agosto de 2008

DICAS PARA PROVAS VESTIBULARES EM 2008 - PARTE 2

TEMA 03: A QUESTÃO DO TIBET

Em março de 2008, o mundo voltou a olhar com apreensão para o Tibete, região central da Ásia controlada pela China. Uma manifestação pacífica de monges contra o domínio chinês rapidamente ganhou toques de violência e dramaticidade, com lojas e carros incendiados, repressão militar, prisões e um saldo de ao menos 13 mortos. Meses antes do início das Olimpíadas, a China acusa os manifestantes de criar embaraços a Pequim, tentando jogar a opinião pública mundial contra o governo comunista. Do outro lado, está o líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama, que vive no exílio e pede autonomia para a região, controlada pela China desde 1951. Entenda a questão.
1. Qual o interesse da China no Tibete?
A ocupação chinesa se dá por interesses estratégicos, apetite territorial e destino imperial. A China alega soberania histórica sobre o Tibete e sua estratégia é levar ao país seu modelo de desenvolvimento. Por isso, os chineses, entre outras medidas, constróem prédios e substituem a arquitetura tradicional local por outra, similar à de suas metrópoles. As transformações fazem sentido na ótica de Pequim: no Tibete, milhares de imigrantes chineses lideram importantes setores da economia. A "invasão" chinesa pode ser percebida também na atual conformação da população: em Lhasa, capital da região, menos de 25% dos 300.000 habitantes são tibetanos. Os chineses ocupam praticamente todos os cargos públicos e os empregos mais importantes, como professores, bancários e policiais. Por fim, o subsolo do Tibete é rico em metais – cobre, zinco e urânio –, com reservas suficientes para suprir até 20% da necessidade da China.

2. Como se deu o domínio chinês sobre a região?
A China ocupa o Tibete desde 1951. Os primeiros conflitos entre os dois países, no entanto, começaram muito antes. No século XIII, o Tibete foi conquistado pelo império mongol. Em 1720, foram os chineses, durante a dinastia Ching, que invadiram o país. Em 1912, com a queda da dinastia, os tibetanos expulsaram da região as tropas chinesas e declararam autonomia. Em 1913, numa conferência realizada em Shimla, na Índia, britânicos, tibetanos e chineses decidiram dividir o Tibete: uma parte seria anexada à China e outra se manteria autônoma. Ao retornar da Índia, o 13º Dalai Lama declarou oficialmente a independência do Tibete. Porém, o acordo de Shimla nunca foi ratificado pelos chineses, que continuaram a reivindicar direito de posse sobre o território. Em 1918, houve um conflito armado entre chineses e tibetanos: Rússia e Inglaterra tentaram, sem sucesso, intervir. Em setembro de 1951, o Tibete foi, então, integralmente ocupado pelas forças comunistas de Mao Tsé-tung, sob o pretexto de "libertar o país do imperialismo inglês".

3. Quantos tibetanos já morreram devido à opressão externa?
A ocupação chinesa no Tibete foi marcada pela destruição sistemática de mosteiros, pela opressão religiosa, pelo fim da liberdade política e pelo aprisionamento e assassinato de civis em massa. Estima-se que 1 milhão de tibetanos já tenham morrido nas mãos do Exército chinês. Durante o governo de Mao Tsé-tung, os chineses tentaram sufocar ainda a religiosidade local, destruindo santuários e assassinando monges aos milhares. Até hoje, a região está sob pesada vigilância. Os meios de comunicação são controlados por Pequim, bem como a movimentação de pessoas. A liberdade de culto é, no entanto, um pouco maior. Mesmo assim, a polícia chinesa está sempre presente em mosteiros e em templos budistas. O resultado da mão-de-ferro chinesa são os mais de 100.000 tibetanos refugiados pelo mundo. Os atuais protestos têm sido contidos com força – os monges são espancados e aprisionados.

4. Qual a importância do Dalai Lama para os tibetanos?
O Dalai Lama é o líder político e espiritual do Tibete. Segundo a crença popular, ele é a reencarnação de Buda. O atual lama é o 14º de uma seita que está no poder desde o século XVII. Ele foi o ganhador do Nobel da Paz em 1989 por sua luta pela autonomia tibetana. Se a China não consegue transformar o Tibete numa província como outra qualquer é porque a campanha do regime comunista esbarra no extraordinário fervor religioso da população. Em torno do líder exilado, que se instalou numa cidade indiana, reúne-se a única resistência organizada. Por definição, o Dalai Lama está acima dos desacordos mundanos. Os lamas são detectados entre crianças comuns pelos monges budistas por meio de sonhos e presságios.

5. Como ele exerce a função de chefe de estado?
O líder dos tibetanos assumiu a posição de chefe de estado em 1950, quando tinha apenas 16 anos. Desde então, sua maior missão tem sido negociar a soberania do Tibete com o governo chinês. Ele vive exilado há 49 anos e é da Índia, onde mora, que luta pela preservação da cultura tibetana. Ele já fundou 53 assentamentos agrícolas de larga escala para acolher os refugiados, idealizou um sistema educacional autônomo – existem hoje mais de 80 escolas tibetanas na Índia e no Nepal – para oferecer às crianças pleno conhecimento de sua língua, história, religião e cultura, além de já ter elaborado uma Constituição democrática para um Tibete livre. Embora o governo tibetano no exílio e o governo da China não mantenham relações diplomáticas, o Dalai Lama tentou por 20 anos encontrar uma solução pacífica para a independência.

6. Qual a reivindicação do líder tibetano junto ao governo chinês?
O Dalai Lama já desistiu, há muito tempo, de reivindicar a independência tibetana. Atualmente, ele afirma que defende uma autonomia "significativa" para a região, o que incluiria a liberdade de culto e a restauração do ensino em língua tibetana. Pequim repudia a idéia, temendo que a mínima concessão possa incentivar o separatismo entre outras minorias étnicas.

7. O que detonou a atual crise na região?
Os tibetanos foram à ruas em março de 2008 para lembrar os 49 anos de uma grande revolta contra a China, ocorrida em 10 de março de 1959. O Levante Nacional Tibetano deixou um saldo de 87.000 mortos e a fuga para o exterior do Dalai Lama, seguido por 100.000 tibetanos. O protesto, ocorrido na capital tibetana de Lhasa, é considerado o auge da resistência tibetana. Temendo por sua própria segurança, o Dalai Lama deixou Lhasa em 17 de março de 1959.

8. Qual a posição da ONU diante dos conflitos no Tibete?
Pouco após a invasão chinesa, o governo tibetano manifestou-se contra a agressão na Organização das Nações Unidas, mas a Assembléia Geral adiou a discussão do problema. Na verdade, a ONU nunca expressou protesto algum contra a ocupação. As manifestações mais importantes ocorreram em 1959, quando o órgão mundial pediu "respeito aos direitos humanos fundamentais do povo tibetano e à sua vida cultural e religiosa". Em 1961 e 1965, a ONU voltou a lamentar "a supressão da vida cultural e religiosa características" do povo tibetano. Em 1991, a entidade expressou-se "preocupada diante de continuadas denúncias de violações dos direitos e liberdades humanas fundamentais que ameaçavam a identidade cultural, religiosa e nacional distintas do povo tibetano". Porém, nada mudou.

9. Qual a posição da comunidade internacional?
O Dalai Lama possui um ótimo trânsito internacional. Em 1967, ele iniciou uma série de viagens para divulgar a causa, que já o levou a 42 países. O giro lhe rendeu, por exemplo, a Medalha de Ouro pelo Congresso americano, além da adesão de estrelas de Hollywood à Campanha Internacional pelo Tibete. Após os protestos de março de 2008, reprimidos com violência pelo governo chinês, a União Européia pediu a Pequim a suspensão da repressão violenta, além da liberação dos manifestantes detidos. Na mesma linha, o embaixador americano em Pequim, Clark Randt, pediu ao governo chinês que dê provas de moderação no Tibete e não recorra à força. A Casa Branca qualificou como deploráveis os episódios de violência.

10. Há alguma possibilidade de a China conceder independência ao Tibete?
O governo chinês sequer considera tal possibilidade. A China utiliza-se de sua força – econômica, militar e diplomática – e defende obstinadamente a tese de que o Tibete é tão chinês quanto Hong Kong, cedido à força à Inglaterra colonialista, transformado em paraíso capitalista e devolvido em 1997. Para 1,3 bilhão de chineses, o Tibete sempre fez parte da Pátria Mãe.
TEMA 04: KOSOVO INDEPENDENTE

A partir da década de 1990, a antiga Iugoslávia esfacelou-se em novos países, mas sem antes deixar um rastro de violência detonado por sangrentas disputas políticas e étnicas. Cinco novos Estados foram criados ao redor da Sérvia, que permaneceu como o baluarte do antigo conglomerado socialista, principalmente nos anos em que esteve sob o comando do presidente Slodoban Milosevic. Em fevereiro de 2008, depois de mais de uma década de conflitos e uma guerra com ares de limpeza étnica que durou dois anos, a província de Kosovo declarou, unilateralmente, a sua independência. A decisão dividiu as opiniões da comunidade internacional e teve o repúdio da Sérvia. Com a ‘independência’ do Kosovo, o mundo todo voltou suas atenções para os Bálcãs mais uma vez.

1. O que representa a independência de Kosovo para a sua população?
Um dos últimos territórios da antiga Iugoslávia a manter-se dependente da Sérvia, o Kosovo declarou, de forma unilateral, a sua independência em 17 de fevereiro de 2008. Milhares de albaneses, etnia que responde por 90% da população, foram às ruas para celebrar a decisão que pode colocar um fim em mais de uma década de conflitos -- que culminaram em centenas de milhares de mortos na Guerra do Kosovo, no final da década de 90. Também traz esperanças para uma população extremamente pobre, onde o índice de desemprego ultrapassa 60%. Já a minoria da população kosovar composta pelos sérvios, cerca de 10%, não encara a possibilidade com bom olhos, o que pode aumentar os atritos entre as duas etnias.

2. Quais as medidas que o novo governo deverá tomar?
O parlamento de Kosovo deverá elaborar e estabelecer a constituição do país, assim como os símbolos nacionais e a bandeira. O procedimento deve seguir um plano de “independência supervisionada” elaborado em 2007 pelo enviado especial da ONU ao Kosovo, Martti Ahtisaari. A estratégia prevê que o país passe por um período de 120 dias de transição sob os cuidados da ONU, contados após a declaração de independência, antes de tornar-se livre de fato. Um dos objetivos do plano é evitar que a província tenha territórios anexados pela Albânia ou pela Sérvia durante o processo de independência.

3. Qual a posição da Sérvia e da Rússia sobre a criação do novo país?
Os dois países rejeitaram imediatamente a declaração. O primeiro-ministro sérvio, Vojislav Kostunica, chamou Kosovo de “falso estado”, enquanto o presidente russo Vladimir Putin classificou a declaração de independência como “imoral e ilegal”. Além das questões étnicas e territoriais que envolvem a disputa entre Sérvia e Kosovo, a Rússia, aliada tradicional da Sérvia, teme que a independência seja mais uma forma da União Européia penetrar nos Balcãs. Outros países que se posicionaram contra a independência foram Bósnia, Romênia, Bulgária e Grécia. Dos países da União Européia, a Espanha foi categórica em definir sua posição – contra, justificando que a declaração unilateral não respeita as leis internacionais.

4. Qual a posição dos Estados Unidos e da União Européia sobre a independência? Um dia depois da declaração, os Estados Unidos reconheceram a independência de Kosovo, assim como a Austrália. Os EUA são um dos principais defensores da independência do país, e apóiam o plano do emissário da ONU, Martti Ahtisaari, que propõe um processo de independência vigiado pela comunidade internacional. Condolezza Rice, secretária de Estado americana, afirmou que os EUA e Kosovo irão firmar relações diplomáticas e “fortalecer os laços de amizade”. França, Reino Unido, Alemanha e Itália também assumiram esta posição, logo após uma reunião da União Européia, que, em decorrência da “particularidade da situação”, deixou a cargo de cada país decidir como irá se posicionar.

5. Qual a relação entre a independência de Kosovo e as guerras balcânicas da década de 1990?
O processo de fragmentação da antiga Iugoslávia começou em 1991, com as declarações de independência da Croácia e da Eslovênia, que desencadearam conflitos sangrentos com a capital sérvia Belgrado, sob o comando de Slobodan Milosevic, partidário da unificação dos territórios. A Macedônia também desmembrou-se da Iugoslávia neste ano, mas conseguiu estabelecer um processo pacífico com Belgrado. A independência da Bósnia deflagrou um conflito mais intenso, entre 1992 e 1995, considerado anos mais tarde, pelo julgamento de Milosevic, como genocídio. Durante a década de 1990, Kosovo também lutou pela independência -- mas seu território é considerado o berço cultural e religioso da etnia sérvia, o que dificulta o processo em relação às outras províncias. A partir de 1998, as forças de Milosevic, em combate com separatistas albaneses, desencadearam a Guerra do Kosovo.

6. Quanto tempo durou e como terminou a Guerra do Kosovo?
As intervenções de Milosevic na província começaram em 1998, num esforço para derrubar o Exército de Libertação do Kosovo, que tinha iniciado uma série de ataques a alvos sérvios. A situação se intensificou em março do ano seguinte, quando a OTAN iniciou os bombardeios em Belgrado e em outras regiões da Sérvia e de Kosovo, numa tentativa de encerrar o conflito. Ao mesmo tempo – e também como resposta --, as forças de Milosevic iniciaram uma campanha de limpeza étnica contra os albaneses. Ao todo, cerca de 18 000 pessoas morreram no conflito enquanto 1 milhão de albaneses fugiram para países vizinhos, como Albânia, Macedônia e Montenegro. Os bombardeios da OTAN, que duraram quase três meses, aliados à pressão da ONU, forçaram Milosevic a recolher suas tropas.

7. Como o território foi administrado desde o fim dos bombardeios?
Com o fim do conflito, o Conselho de Segurança das ONU suspendeu o controle de Belgrado sobre Kosovo, que passou a ser administrada pela organização, enquanto a segurança ficou à cargo das tropas da OTAN. Kosovo passou a desenvolver suas próprias instituições democráticas, conquistando eleições livres para presidente e primeiro ministro. A violência e a discriminação entre albaneses e sérvios continuou o principal problema da província. Em fevereiro de 2008, no momento da declaração de independência, ocupa o cargo de presidente Fatmir Sejdiu, eleito em fevereiro de 2006, e o de primeiro ministro Hasim Thaci, eleito em dezembro de 2007. Caso a declaração de independência seja aceita pelo Conselho de Segurança da ONU, a União Européia deverá, gradualmente, assumir o papel das Nações Unidas como implementadora do plano de Martti Ahtisaari.

8. O que aconteceu com Slobodan Milosevic?
O ex-presidente da extinta Iugoslávia, Slobodan Milosevic, foi encontrado morto em 11 de março de 2006, em uma unidade de detenção do Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda. Lá, respondia por crimes contra a humanidade, crimes de guerra e genocídio. Milosevic foi o primeiro chefe de Estado a ser acusado por um tribunal Internacional durante sua gestão. Ele deixou o governo em 2000 e, um ano depois, foi julgado pelo tribunal de Belgrado, rejeitando advogados e apresentando sua própria defesa. Mesmo no Tribunal de Haia, para onde foi transferido no mesmo ano, Milosevic insistiu em assumir a própria defesa -- o que acentuou seu quadro de hipertensão e problemas cardíacos, considerados a causa de sua morte. O funeral ocorreu sete dias depois, em sua cidade natal, Pozarevac, na Sérvia. O presidente do país, Boris Tadic, rejeitou a realização de um funeral de Estado, como queriam familiares e partidários.

9. Existiram outras tentativas de independência em Kosovo?
Em 1968, a população albanesa de Kosovo realizou umas das primeiras demonstrações pró-independência da província – sendo que as intenções do movimento separatista foram abafadas com prisão de muitos dos manifestantes pelas forças Iugoslavas. Em 1974, tornou-se uma província autônoma da Sérvia. Com o início do desmembramento da Iugoslávia, em 1991, os separatistas albaneses declararam outra tentativa frustrada de independência. Em 2003, aconteceram a primeiras negociações entre sérvios e líderes albaneses desde o fim da Guerra de Kosovo, em 1999, quando a ONU assumiu o comando do país -- mas não houve acordo. Em 2006, Kosovo foi declarado parte da Sérvia. Um ano depois, o enviado especial da ONU, Martti Ahtisaari, apresentou o plano de “independência supervisionada” para o país.

10. O que deve acontecer com a minoria sérvia da população?
Estima-se que entre 100.000 a 120.000 sérvios vivam em Kosovo, cerca de 10% da população total. A maior parte encontra-se em uma área que faz fronteira com o território da Sérvia, auto-denominada território sérvio, ao norte do país. Outra parte – separada desta região pelo rio Ibar – vive dispersa e sob proteção da Otan. A parcela sérvia da população pode responder à declaração de independência protegendo a região norte e suas igrejas Ortodoxas espalhadas por outras áreas, fechando estradas com barricadas, em busca de autonomia – ou até detonando um conflito para anexarem seu território à Sérvia. Para acalmar os ânimos entre as etnias, o plano do enviado especial da ONU, Martti Ahtisaari, prevê uma participação proporcional para os sérvios nos governos locais e no parlamento, além de garantir proteção à Igreja Ortodoxa Sérvia.

11. Qual a expectativa quanto à violência na região a partir da independência?
Comandantes da Otan requisitaram mais tropas e entraram em estado de alerta após a declaração unilateral, principalmente nas regiões onde as etnias albanesas e sérvias vivem lado a lado. O cenário mais provável é que os sérvios que vivem ao sul do rio Ibar sejam expulsos de suas casas pela população revoltosa, enquanto o mesmo pode acontecer com os albaneses que vivem ao norte de Kosovo e no sul da Sérvia. Também não se descarta a hipótese de comunidades albanesas da Macedônia e de Montenegro buscarem uma união com Kosovo. Como conseqüência geral no território da ex-Iugoslávia, Belgrado responder à declaração atacando outro país – a Bósnia -- em uma tentativa de reanexar a área da República Sérvia da Bósnia (parte do território do país, conhecido como Republika Srpska).
TEMA 05 : BIOCOMBUSTÍVEIS E ALIMENTOS

Em meio aos esforços do governo e de empresários brasileiros para promover o etanol combustível e minimizar as resistências ao produto na Europa, representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) fizeram duras críticas ao uso em larga escala dos biocombustíveis como alternativa às fontes de energia fósseis. Isso porque o etanol é relacionado por seus críticos ao aumento nos preços mundiais de alimentos. A suspeita já fez com que o mercado europeu se fechasse um pouco mais contra o combustível verde. O etanol americano, produzido com milho, seria um dos responsáveis pela alta dos preços dos alimentos no mundo nos últimos meses. O etanol brasileiro também pode ser apontado como um dos culpados? Entenda os argumentos de quem é contra e a favor do etanol - e também de que forma sua produção teria influência na inflação dos alimentos.
1. A produção de etanol pode prejudicar a produção de alimentos no mundo?
Dificilmente, já que isso apenas aconteceria caso os países utilizassem a produção agrícola com fins energéticos em detrimento dos alimentos. Atualmente, o mundo produz mais alimento do que consome. Parte da alta de preços de alimentos no planeta pode ser atribuída à expansão da lavoura de milho voltada para a produção de etanol nos Estados Unidos. No Brasil, porém, são poucas as chances de isso ocorrer. Dos 355 milhões de hectares disponíveis para plantio no país, somente 90 milhões seriam adequados à cultura de cana, que atualmente ocupa apenas 7,2 milhões de hectares (metade deles para a produção de açúcar). Em São Paulo, por exemplo, a plantação de cana ocupou nos últimos anos o espaço de pastagens - sem que a produção de carne bovina tenha diminuído.

2. Se isso acontecer, quais serão os efeitos?
A redução das superfícies destinadas aos alimentos contribuiria para o aumento dos preços dos mantimentos. O que tem mais chance de acontecer, porém, é um deslocamento das lavouras à medida que a cana dominar os espaços antes ocupados por outras culturas. Pode haver ajustes de preços regionais por causa de mudanças na logística de abastecimento. Não se pode, contudo, desprezar o fato de que os avanços da tecnologia agrícola poderão prover grandes aumentos de produtividade nos próximos anos. E que as nações ricas poderão eliminar barreiras e subsídios que sufocam a produção nos países pobres.

3. De que forma o etanol estaria ligado à inflação nos preços dos alimentos?
O principal problema tem relação com o etanol produzido nos Estados Unidos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a produção de etanol americana é responsável por metade do aumento da demanda mundial de milho nos últimos três anos. Isso aumentou o preço do milho e o preço das rações. Dessa forma, aumentam também os custos de produtos bovinos e suínos, já que o milho é usado em rações animais. De acordo com o Departamento de Agricultura, o mesmo ocorreu com outras colheitas - principalmente soja - quando os produtores decidiram mudar seus cultivos para o milho.

4. Com base em quais argumentos a ONU tem criticado a produção do etanol?
Segundo o relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler, a produção em massa de biocombustíveis representa um "crime contra a humanidade" por seu impacto nos preços mundiais dos alimentos. Isso porque as terras que deveriam ser usadas para a produção de alimentos serão supostamente destinadas ao plantio das matérias-primas para a fabricação de etanol. Em outubro do ano passado, Ziegler elaborou um relatório para pedir uma moratória de cinco anos na produção do etanol. Durante esse período, os governos precisariam avaliar os impactos sociais, ambientais e de direitos humanos que a produção de etanol geraria.

5. O que dizem os países europeus sobre essa questão?
A Comissão Européia já indicou que vai propor a supressão das subvenções para os cultivos destinados à produção de biocombustíveis. Vários dirigentes europeus manifestaram preocupação com a utilização da produção agrícola com fins energéticos ao invés de alimentos. Entre eles está o ministro da Agricultura da França, Michel Barnier, que disse: "A produção agrícola com fins alimentares deve ser claramente prioritária".

6. O que dizem as ONGs que criticam o uso dos biocombustíveis?
As ONGs passaram a acusar o etanol de roubar espaço dos alimentos no campo e dizem que os usineiros do Brasil querem avançar a área de plantio de cana na floresta amazônica, o que contribuiria ainda mais para o desmatamento. No exterior, a ONG britânica Oxfam afirma que o etanol é uma ameaça para milhões de pessoas dos países em vias de desenvolvimento, vulneráveis ao encarecimento dos alimentos básicos como os cereais. A Oxfam se baseia em um estudo do International Food Policy Research Institute, segundo o qual a demanda de biocombustíveis é responsável por aproximadamente 30% dos últimos incrementos do preço dos alimentos. Essa variação repercute, sobretudo, nos mais pobres do mundo, que dedicam à comida entre 50% e 80% de sua receita, o que significa que qualquer aumento nos preços reduzirá o consumo de alimentos e aumentará a fome.

7. Quais são os principais países produtores de etanol?
Brasil (cana-de-açúcar), Estados Unidos (principalmente milho, mas com boa perspectiva de chegar primeiro ao etanol de celulose), Canadá (trigo e milho), China (mandioca), Índia (cana, melaço) e Colômbia (cana e óleo de palma). A Alemanha produz metade do biodiesel do mundo.

8. Por que o etanol brasileiro tem mais vantagens do que o americano?
As principais críticas dizem respeito ao modo de produção. O etanol americano é feito a base de milho e conta com fortes subsídios por parte do governo do país. Para entrar nos Estados Unidos, o etanol brasileiro enfrenta uma tarifa de 0,54 dólares. Além disso, o etanol feito de milho contribui para o aumento do preço do cereal e tem um peso negativo diante da atual inflação de alimentos. O etanol brasileiro tem ainda outras vantagens. A primeira é a limpeza. Para cada litro de gasolina utilizado na lavoura ou na indústria, são produzidos 9,2 litros de etanol. No caso do etanol de milho, essa relação cai para 1,4 litro de etanol para cada litro de combustível fóssil empregado no processo. A segunda é a produtividade. No Brasil, são produzidos 7 500 litros de etanol por hectare plantado de cana. No caso do milho, cada hectare produz 3 000 litros.

9. Qual é o limite máximo da produção para não prejudicar as outras culturas?
Em tese, há ainda 77 milhões de hectares a ser ocupados no Brasil sem afetar o espaço dedicado a outras culturas. Atualmente, a cana-de-açúcar ocupa 7,2 milhões de hectares, menos do que a soja (21 milhões) e o milho (14,4 milhões).

10. Na América Latina, quais países já se manifestaram contra o etanol?
Bolívia, Cuba e Venezuela. Havana chegou a propor que a ONU comece um estudo para avaliar até que ponto o etanol, tanto de milho como de cana-de-açúcar, afetam a produção de alimentos no mundo, O presidente boliviano Evo Morales foi um dos principais defensores da moratória de cinco anos para a produção de etanol proposta pela ONU. Já o líder venezuelano Hugo Chávez teme que o crescimento do etanol no mercado internacional possa prejudicar as exportações venezuelanas de petróleo - commodity da qual o país do caudilho é um dos principais produtores. Para diplomatas da ONU, o temor desses países é de que o etanol leve o governo americano a ter maior influência sobre os governos da América Central.

11. De que forma o governo brasileiro tem contra-atacado os críticos do etanol?
Quanto às críticas cubanas, o Brasil explicou a Havana que o etanol já é produzido por aqui há 35 anos e isso nunca implicou uma redução da área destinada à agricultura. Além disso, o Planalto convidou os cubanos a fazer uma visita ao Brasil para conhecer a produção de cana e propôs um plano de cooperação com Cuba para melhorar a qualidade da cana produzida na ilha, para que Havana também possa fabricar etanol. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito uma defesa ferrenha do etanol em viagens pela Europa. Sua estratégia envolve o apoio de empresários brasileiros do setor sucroalcooleiro, interessados em atrair investimentos europeus. Lula acusou o relator especial da ONU, Jean Ziegler, de não conhecer a realidade brasileira, o que é verdade. O sociólogo suíço é um socialista radical que há muito tempo critica o etanol como se não houvesse outras razões para o aumento dos preços. O presidente chegou a dizer que acusar a produção de biocombustíveis como responsável pelo aumento da inflação é "uma falácia, uma mentira deslavada". Para Lula, os preços dos alimentos têm subido porque "os pobres do mundo começaram a comer".

12. Por que não se pode culpar somente os biocombustíveis pela dos preços dos alimentos?
O que está acontecendo no mundo é um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de alimentos. Isso ocorre porque houve um crescimento explosivo da demanda entre os consumidores dos países emergentes, cuja renda per capita cresceu muito nos últimos três anos. Além disso, a oferta diminuiu devido às secas. Nos últimos três anos, houve secas tão profundas no sul do Brasil que perdemos 40 milhões de toneladas de grãos. O problema ocorreu também em outros países, como Austrália e Ucrânia. A diminuição da oferta e a demanda crescente tiveram como conseqüência imediata o aumento dos preços.

DICAS PARA PROVAS VESTIBULARES EM 2008 - PARTE 1

TEMA 1: RODADA DOHA DE COMÉRCIO

Após sete anos alternando pequenos avanços e revezes, a Rodada Doha de liberalização do comércio mundial sofreu um severo abalo em julho de 2008, na sexta etapa de negociações entre líderes de todo o planeta, ocorrida em Genebra, na Suíça, promovida pela Organização Mundial de Comércio (OMC). Se nas edições anteriores, os subsídios agrícolas eram o ponto de divergência, o último encontro revelou um novo empecilho ao avanço da globalização: o mecanismo especial de salvaguardas. Entenda por que a reunião de Genebra fracassou, o que significa o mecanismo de salvaguardas e, enfim, qual a importância de um acordo para a economia global.
1. O que é a Rodada Doha?
Rodada Doha é o nome atribuído a um importante ciclo de negociações entre os países que integram a Organização Mundial do Comércio (OMC), iniciado em 2001 na capital do Catar, Doha. O encontro tentava liberalizar o comércio internacional através de um acordo multilateral entre as nações. A meta era dar um novo impulso à troca de bens e serviços entre os países ao reduzir não apenas as tarifas, mas também todos os outros entraves ao comércio. As negociações receberam o nome de Rodada Doha de Desenvolvimento, pois o maior objetivo passou a ser a eliminação dos subsídios e de outras práticas anticompetitivas que, embora generalizadas, punem e prejudicam principalmente as nações em desenvolvimento ricas em produtos agrícolas.

2. Qual é a importância da rodada para o comércio mundial?
Caso o acordo multilateral seja um dia firmado, os países ricos passarão a ter maior acesso às economias em ascensão, como a Índia. Já os países em desenvolvimento deixarão de enfrentar a concorrência desleal dos produtos agrícolas altamente protegidos das nações industrializadas. Um bom exemplo da importância de um acordo, sobretudo na área agrícola, é uma estimativa do Banco Mundial de que 140 milhões de pessoas poderiam sair da linha da pobreza até 2015 se os 152 membros da OMC concordassem em acabar com os subsídios e com todas as barreiras no setor.

3. Por que, até agora, todas as rodadas têm fracassado?
Devido ao protecionismo econômico. As reuniões acabaram se tornando um palco de combate entre ricos e pobres. De sua trincheira, as nações em desenvolvimento, que têm na agricultura sua arma para competir no mercado internacional, exigem o fim dos subsídios governamentais que os EUA e a Europa dão aos seus agricultores e pecuaristas – mais de 300 bilhões de dólares por ano. Isso porque a prática torna a competição comercial injusta. Do outro lado, os países ricos querem maior acesso aos mercados de bens e serviços dos países em desenvolvimento, ou seja, a diminuição das taxas de importação cobradas sobre os seus produtos industrializados.

4. Por que os subsídios prejudicam a economia dos países pobres?
Porque tornam desleal a concorrência com os produtos agrícolas das nações industrializadas. Eles são nocivos ao comércio livre porque fazem com que os preços internacionais de commodities como soja, milho e trigo fiquem abaixo de seu valor real, num patamar inferior ao que seria justo para remunerar os produtores que buscam o lucro na produtividade, e não no tapetão da ajuda oficial. O agronegócio, setor em que os países em desenvolvimento dispõem de maior vantagem competitiva, é justamente o mais protegido nos EUA, na Europa e no Japão. Os subsídios, além de fortalecerem artificialmente os produtores europeus e americanos (o que diminui as chances de exportação para esses mercados), dificultam as vendas para vários outros países. O caso do algodão é emblemático. Mesmo com custos bem maiores que os dos concorrentes, os produtores americanos conseguiram conquistar mais de 40% das exportações mundiais graças aos subsídios. Os maiores prejudicados foram agricultores no Brasil e África, que viram a enxurrada de algodão americano roubar mercados no exterior e baixar o preço do produto. Sem os subsídios americanos, calcula-se que o valor do algodão subiria 13%.

5. E por que é tão difícil chegar a um acordo sobre essa questão?
Porque essa é uma batalha não só econômica, mas também cultural. O subsídio agrícola é uma prática entranhada nas sociedades européia e americana. Na França, o país que mais se beneficia das proteções européias, o apoio ao produtor rural ganhou enorme impulso depois da II Guerra Mundial. Em meados da década de 50, a França começou a registrar excessos de produção, e, com isso, surgiu a necessidade de exportar. Como não era competitiva em relação a países em desenvolvimento, concentrou as vendas na Europa e buscou nos vizinhos os parceiros para dividir a conta dos subsídios. Nos EUA, o protecionismo se fortaleceu depois da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Para tirar a economia da depressão, o governo implementou o New Deal, um pacote de medidas para estimular o crescimento que elevou os impostos de importação. Hoje, os políticos do país são bastante suscetíveis ao lobby agrícola. Na região conhecida como Meio-Oeste, o celeiro americano, ele ganha força em ano eleitoral (como é o caso de 2008).

6. Países ricos já concordaram em promover algum corte nos subsídios?
Sim. Nas negociações de Genebra, os EUA ofereceram reduzir seus subsídios agrícolas para o teto de 15 bilhões de dólares ao ano. Os países em desenvolvimento, porém, não concordaram com a proposta, alegando que o valor equivale ao dobro daquele que o governo americano efetivamente dá a seus agricultores atualmente – ou seja, Washington continuaria a ter grande folga para subsidiar seus produtores. Vale ressaltar que os EUA pouparam o algodão, um dos principais pontos de discussão, de quaisquer eventuais cortes.

7. Afinal, o que é o mecanismo especial de salvaguardas?
Caso o acordo de Doha fosse fechado e os países ricos tivessem mais acesso à economia dos países pobres, esse seria um recurso de emergência que permitiria às nações em desenvolvimento elevar suas tarifas alfandegárias caso se sentissem prejudicadas por surtos de importação de alimentos. Na prática, porém, o SSM pode ser acionado por países como a China para aumentar suas tarifas de importação — ou seja, ele tem potencial para se transformar numa barreira comercial disfarçada. Durante as negociações de Genebra, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, propôs que, se as importações de um produto subissem 40% em relação à média dos três anos anteriores, as tarifas poderiam superar em até 15 pontos porcentuais os limites fixados pela Rodada do Uruguai, concluída em 1994. EUA, Índia e China não conseguiram chegar a um acordo sobre esse assunto, o que levou os dois últimos países a abandonar as negociações de Genebra.

8. Os SSM foram os únicos motivos do fracasso de Genebra?
Não. Além dos subsídios e das salvaguardas, países ricos como os Estados Unidos e membros da União Européia permaneceram em desacordo com nações emergentes, como China e Índia, sobre os mecanismos para proteger as indústrias das nações em desenvolvimento dos cortes nas tarifas industriais. Os EUA passaram a encorajar as nações em desenvolvimento a tomar parte em acordos voluntários para cortar ou eliminar tarifas em alguns setores industriais, como automotivo ou têxtil, em troca de reduções menores em todos os setores. Índia e China disseram que o "crédito" de tarifas proposto acabou com a natureza voluntária dos acordos. A reunião que se estendeu por nove dias acabou, então, fracassando. Agora, é bem difícil que as negociações sejam retomadas antes da posse do novo presidente americano, em janeiro de 2009. Ainda assim, o diretor-geral da OMC tenta convencer os países a preservar os ganhos da negociação até o momento, retomando as conversas em setembro. O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, no entanto, não acredita em uma retomada antes dos próximos três ou quatro anos.

9. Qual a função da Organização Mundial do Comércio neste cenário?
Além de promover rodadas com o objetivo de reduzir subsídios e impostos de importação, a OMC funciona como um tribunal internacional para resolver disputas comerciais. Os países emergentes costumam usar as decisões da organização contra países industrializados para forçar a abertura desses mercados. Isso acontece por meio das retaliações. Por exemplo, na disputa entre Brasil e EUA por causa do algodão, a OMC considerou que os americanos burlavam as regras comerciais com seus subsídios, e permitiu que o governo brasileiro retaliasse em 4 bilhões de dólares as exportações americanas. Desde a reunião em Doha, a organização já promoveu cinco encontros para tentar solucionar os pontos divergentes. Em 2007, a reunião de Potsdam, na Alemanha, terminou em meio a um cerrado tiroteio verbal. Brasil e Índia abandonaram as conversas dois dias antes do previsto, alegando que as propostas dos americanos e europeus eram tão insuficientes que beiravam o escárnio. A resposta foi dura. O presidente americano George W. Bush acusou os dois países de negligenciar os interesses de outros emergentes – Brasil e Índia atuaram como representantes de um bloco de 20 países em desenvolvimento.

10. Como o Brasil se tornou um país de destaque durante as negociações de Doha?
O Brasil se viu alçado à condição de protagonista nas negociações desde que virou uma espécie de porta-voz do G-20, o grupo que reúne os países emergentes – isso embora responda por apenas 1% do comércio internacional, e ocupe o 27º lugar no ranking tanto dos maiores exportadores como no dos importadores. A explicação para a inclusão do Brasil nos momentos decisivos da discussão é que o país é o quarto maior exportador de produtos agrícolas do mundo.

11. Se as negociações avançarem, quais os benefícios para o Brasil?
O Brasil seria um dos principais beneficiários do eventual sucesso da Rodada Doha. Estima-se que as exportações do país poderão aumentar em até 20 bilhões de dólares anuais caso o acordo seja fechado. Além disso, desde 2003, os donos da política externa brasileira rejeitam sistematicamente quaisquer outros projetos de acordos comerciais relevantes na esperança de que Doha obrigue os países ricos a derrubar suas barreiras comerciais. Entre os acordos enterrados pela estratégia do governo estão a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e o acordo entre o Mercosul e a União Européia. Ou seja, com um fracasso em Doha, o Brasil ficaria sem opções para expandir o comércio exterior.

12. Depois de tantos anos, a Rodada Doha já apresentou algum resultado prático?
Sim. Um dos grandes avanços nas negociações de Doha diz respeito à quebra de patentes de medicamentos. Já na reunião de 2001 ficou acertado que a saúde pública tem precedência sobre o direito de patente de remédios. É um passo gigantesco para vencer a epidemia de Aids na África, pois permite reduzir a um terço o custo dos tratamentos. Essa mudança de atitude permite não apenas a redução do preço dos medicamentos. Ela abre espaço também para que países como o Brasil e a Índia ganhem projeção na indústria mundial de biotecnologia.

13. Por que não desistir de um acordo tão difícil e investir só nos bilaterais, como a Alca?
A idéia básica é que somente um acordo planetário, e não regional ou bilateral, possibilitaria uma redução drástica dos subsídios. Os acordos bilaterais, no entanto, têm se proliferado para amenizar o sufocamento das artérias globais do comércio. O excesso deles, porém, pode acabar criando um amontoado de tratados com milhares de cláusulas confusas e contraditórias. O sistema multilateral é a grande inovação. Só ele teria força para impulsionar as grandes reformas na economia mundial. A questão do comércio agrícola também não pode ser totalmente resolvida em acordos regionais e bilaterais. Além disso, os EUA e a UE estão condicionando os acordos com o Mercosul à conclusão da Rodada Doha. Subsídios à exportação só serão negociados quando houver consenso na OMC.

14. Há algum acordo pelo qual o comércio internacional é regido atualmente?
Sim. Durante a rodada multilateral de 1995, ano da criação da OMC, foi estabelecido o Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (Gats, na sigla em inglês). Esse documento tomou por base o acordo multilateral firmado anteriormente, o Gatt, ou Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio. Enquanto o Gatt estabelecia regras apenas para o comércio de bens, o Gats estipula ainda as diretrizes sobre o comércio de serviços – como o turismo – e propriedade intelectual. Esse acordo tem por função assegurar o tratamento igualitário a todos os membros da OMC nas questões comerciais, estimulando a atividade econômica por meio da liberação dos entraves ao comércio.

TEMA 2 - A GUERRA GEÓRGIA E RÚSSIA
Há décadas que as fronteiras traçadas no Cáucaso são motivos de tensão. E é por isso que a região é palco freqüente de conflitos, como o que eclodiu em agosto de 2008 na Ossétia do Sul, território separatista da Geórgia. A situação é tão delicada que a menor alteração nas relações entre os habitantes locais tem o potencial de desencadear uma guerra. Os fatos que culminaram com a invasão da Ossétia pela Geórgia, apesar de terem evoluído em extrema velocidade, não têm origens recentes. Esses confrontos armados são resultado de anos de disputas e desentendimentos, que ultrapassam os domínios georgianos. Entenda quando começou a rivalidade e qual é a participação da Rússia nessa história e o que pretendem os separatistas da Ossétia do Sul.
1. Qual é a origem do atual conflito entre a Rússia e a Geórgia?
A recente eclosão de violência na região do Cáucaso encontra suas raízes quase um século atrás, quando o ditador Josef Stalin (1879-1953), em 1922, decidiu transformar o território da Ossétia do Sul em Região Autônoma da República Socialista Soviética da Geórgia. A medida colocou os ossetas, grupo etnicamente ligado à Rússia, dentro do domínio georgiano, que nunca compartilhou os mesmos laços culturais.

2. Qual é o status da Ossétia do Sul atualmente?
Situada na encosta sul das montanhas do Cáucaso, a cerca de 100 quilômetros ao norte da capital Tbilisi, a Ossétia do Sul faz parte, oficialmente, da Geórgia, embora tenha um governo próprio desde o início dos anos 90. A polêmica sobre a situação política do território começou em 1989, quando o Congresso de Deputados Populares da região separatista proclamou sua conversão em República Autônoma, decisão considerada inconstitucional pelo Parlamento georgiano. Em 1990, os deputados anunciaram a soberania e a criação da República da Ossétia do Sul.

3. Por que a Ossétia do Sul quer a independência?
Os ossetas pertencem a um grupo étnico natural das planícies russas ao sul do Rio Don, mas estão divididos entre dois territórios distintos: Ossétia do Norte, república autônoma da Rússia, e Ossétia do Sul, parte da Geórgia. Menos de um terço da população da região separatista é composta por georgianos. Em 2006, a separação de Tbilisi chegou a ser aprovada em um referendo quase unânime, mas a consulta popular não foi reconhecida pela Geórgia e ainda foi apontada como uma provocação encabeçada pela Rússia.

4. Os separatistas já travaram outros conflitos violentos com a Geórgia?
A declaração de autonomia da Ossétia do Sul, em novembro de 1989, provocou um conflito que se estendeu por três meses. Em seguida, o colapso da União Soviética reacendeu a chama separatista entre os ossetas, que iniciaram uma guerra contra os georgianos no final de 1990. Ao final do conflito, em 1992, a Ossétia do Sul proclamou sua independência, embora o ato não tenha sido reconhecido pela comunidade internacional. Desde então, a região é ocupada por uma força de paz, composta por membros da Geórgia, da Ossétia Sul e da Rússia, que intermediou os acordos de cessar-fogo.

5. Qual foi o estopim da crise atual?
Os ânimos esquentaram no início de agosto, quando seis pessoas teriam morrido em combates entre separatistas e militares da Geórgia. O episódio fez com que os ossetas começassem a evacuar a área, sobretudo em direção à Rússia e a Ossétia do Norte. Com a invasão da Ossétia do Sul pela Geórgia no dia 8, a crise extrapolou as fronteiras do Cáucaso. Após a ofensiva, a Rússia decidiu enviar tropas para a região. A comunidade internacional interferiu e depois de cinco dias de combates, os russos determinaram um cessar-fogo. Sob a intermediação da França, os dois países aceitaram um plano de paz, que já foi descumprido logo no primeiro dia.

6. Por que a Rússia se envolveu na briga?
Além dos laços étnicos com os ossetas, Moscou é acusada de apoiar Tskhinvali (capital separatista). As ligações são tão estreitas que quase todos os moradores da região possuem passaportes russos e usam o rublo como moeda. A Rússia também cobre cerca de dois terços do orçamento anual da Ossétia do Sul, de aproximadamente 30 milhões de dólares. Em 2004, a ascensão de Saakashvili, aliado dos Estados Unidos, à Presidência da Geórgia contribuiu para aumentar a antipatia dos russos perante os georgianos.

7. Quais foram os últimos avanços da Ossétia do Sul rumo a uma eventual independência?
Saakashvili propôs um acordo de paz com a Ossétia do Sul, através do qual a região ganharia um "grande grau de autonomia", mas ainda dentro do estado federal da Geórgia. Os separatistas, no entanto, rejeitaram a proposta e seguem insistindo na independência absoluta. Essa obstinação ganhou força após o Ocidente reconhecer a separação do Kosovo do domínio sérvio, no início de 2008.

8. Qual é a importância econômica da região em conflito?
Apesar de não ser uma grande produtora de petróleo, a área possui importantes gasodutos que servem para transportar gás cru e natural entre a Europa e a Ásia, o que pode ser um dos motivos pelo quais a Rússia não quer perder a influência sobre a região.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

MINHAS DICAS PARA O ENEM-2008 !

Olá galera, enfim, acabei fazendo o que me pediram : Publiquei, de forma descarada, minhas dicas para o ENEM - 2008, sabendo que, pode representar muita coisa para sua prova, ou nada, depende: se você andou lendo as principais notícias de jornais neste ano até agora, será um felizardo no resultado final, mas se não andou fazendo isso, entre neste blog, e procure ler mais, mas como dizem por aí, e eu, aprendí quando era criança : "todo artista tem de ir aonde o povo está ", segue abaixo, minas dicas para o exame de domingo próximo, 31 de Agosto. Boa Sorte!



DICA 01 : LEI SECA !
'Lei seca' brasileira é semelhante à de países árabes
Jordânia, Qatar e Emirados Árabes Unidos têm legislação como a do Brasil.A Rússia acaba de aumentar o nível de álcool permitido para seus motoristas.
Do G1, em São Paulo
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A nova lei sobre consumo de álcool para quem dirige aproxima o Brasil de países como Jordânia, Qatar e Emirados Árabes Unidos, que não permitem nenhuma concentração de álcool no sangue dos motoristas, com punições que vão de multas à prisão. A maioria dos países da União Européia, assim como os Estados Unidos e Canadá, tem uma legislação mais flexível em relação ao tema. Algumas nações islâmicas, como Arábia Saudita e Irã, proíbem a venda de bebidas alcoólicas no país.

A maioria dos países árabes, por serem Estados islâmicos, tem uma política de "tolerância zero" com as bebidas alcoólicas. No Qatar, por exemplo, quem é pego com qualquer quantidade de álcool no sangue enfrentará penas que vão de prisão e multa a deportação, caso seja estrangeiro.
No Brasil, pela nova lei, de 19 de junho deste ano, quem for pego dirigindo com qualquer concentração de álcool será submetido a multa de R$ 955 e a suspensão do direito de dirigir por um ano, além de incorrer em infração gravíssima, com sete pontos em carteira. Antes, era permitida a ingestão de até 6 decigramas de álcool por litro de sangue (o equivalente a dois copos de cerveja).
Nos Estados Unidos, a lei permite o consumo de até oito decigramas de álcool por litro de sangue. As penalidades, no entanto, variam. Na Califórnia, por exemplo, a carteira de motorista é suspensa para menores de 21 anos. No Mississsippi, se o motorista se recusar a fazer o teste ao ser parado, sua permissão é invalidada por 90 dias.
Os ingleses também tem o mesmo limite de álcool permitido: oito decigramas de álcool. Mas lá as conseqüencias são diferentes. Se for pego bêbado, o motorista enfrentará, no mínimo, uma acusação formal, a suspensão da licença por um ano e seu nome numa ficha criminal. Dependendo do grau de bebida e do estrago, o autuado pode ter que pagar multa de até 5 mil libras (cerca de R$ 16 mil) e ficar mais seis meses na prisão.

Lei contrária

Já a Rússia fez o contrário do Brasil. Em 1º de julho, depois de adotar a política de "tolerância zero", o governo irá aumentar o limite para três decigramas de álcool por litro de sangue, o que permitirá que os motoristas bebam um copo de cerveja antes de dirigir, informou a agência de notícias France Presse.
A Rússia tem um dos piores índices de segurança no trânsito do mundo, com cerca de 33 mil pessoas mortas em acidentes do tipo no ano passado. Quase metade desse número foi causado por motoristas bêbados, segundo dados do governo.


DICA 02: AS FONTES DE ENERGIA EM UM MUNDO DE CHOQUES DO PETRÓLEO !

Um dos recursos minerais mais importantes do mundo e que está com o fim mais próximo é o petróleo, embora não seja a única fonte de energia, os países têm uma preocupação muito grande, porque é essa que mantém o desenvolvimento econômico e tecnológico, além de oferecer qualidade de vida às pessoas. Todos sabem da limitação dos recursos, diante disso foram criadas fontes alternativas como:

Energia biológica
São energias que se originam da biomassa ou de microrganismo, a biomassa são fontes de extração de energia (cana, eucalipto etc.). O uso desse tipo de energia será uma tendência mundial, a energia de origem orgânica é baseada na biotecnologia.

Biogás
Gás liberado na decomposição de elementos orgânicos (ex. lixo, esterco, palha etc.) e o biodigestor transforma esses resíduos em gás. A produção de biogás é interessante por dois motivos, diminui a quantidade de resíduos no ambiente e é pouco poluidor.

Álcool e Óleos vegetais
O álcool, importante combustível da atualidade, pode ser extraído de vários vegetais (cana, beterraba, cevada, batata, mandioca, girassol, eucalipto etc.), pode ser utilizado de várias formas, mas seu destaque maior é como combustível, que passou a ser utilizado nos automóveis a partir da década de 1970, é bom ressaltar que essa é uma tecnologia brasileira.
Atualmente, apenas Brasil e Rússia estão utilizando o álcool como combustível, o Brasil com a cana extrai o etanol, a Rússia com o eucalipto extrai o metanol. Algumas alternativas de geração de combustíveis podem ser mais promissoras do que o próprio álcool, como é o caso dos óleos que são extraídos de vegetais (mamona, babaçu, dendê, soja, algodão, girassol, amendoim entre outros). O desenvolvimento dessas tecnologias nos últimos anos tem sido deixado de lado por falta de investimentos, o óleo vegetal é mais calorífero que o álcool, assim poderia facilmente substituir o diesel, a gasolina e o querosene, que são combustíveis de fontes limitadas. No mundo essa alternativa energética ainda foi pouco difundida, mas isso é uma questão de tempo.

Energia Solar e Hidrogênio
Os raios solares que incidem na terra possuem uma quantidade incrível de energia, com isso alguns estudos revelam que os raios poderiam produzir muito mais energia do que todas hidrelétricas e termoelétricas do mundo, o problema é que ainda não se sabe como canalizar e armazenar essa energia. Em países como Alemanha, o governo destina incentivos às residências que instalam coletores solares. Outra fonte que anda em fase de aprimoramento é a energia de hidrogênio, que produz poucos resíduos e a baixo custo, estima-se que no final dessa década já tenha carros disponíveis com motores movidos a hidrogênio.
Marés, Ventos e Energia Geotérmica
O movimento das marés (movimento das águas) move turbinas que podem gerar energia, esse recurso é utilizado em países como Japão e França.
A energia eólica é uma fonte de energia conhecida há muitos anos, pois foi utilizada para mover moinhos, no mundo existem cerca de 30 mil geradores de energia eólica. A energia geotérmica é extraída do calor vindo do interior da terra, os EUA, Itália e Japão produzem energia dessa natureza, mas esse tipo só é possível em lugares que possuem vulcões ou áreas de concentração de placas litosféricas. Em países como a Islândia, os gêiseres são aproveitados, são águas quentes que saem interior da Terra que também geram energia geotérmica.

O mapa acima se refere à região dos Bálcãs, onde esteve localizada a Iugoslávia, e onde os conflitos étnicos, nacionalistas levaram à FRAGMENTAÇÃO deste país, considerado, Uniãodos povos Eslavos do Sul.

DICA 03: A FRAGMENTAÇÃO DA IUGOSLÁVIA

Resumo da fragmentação da Iugoslávia
O Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos surgiu após o término da Primeira Guerra Mundial (1914-18), sendo composto por Sérvia e Montenegro somado a alguns fragmentos do Império Otomano (Macedônia) e Áustro-Húngaro (Croácia e Eslovênia).
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-45), a Iugoslávia (ou Federação Iugoslava) tornou-se um Estado socialista com a liderança do marechal Josip Broz Tito.
Com a morte de Tito (1980), a década de 80 foi marcada pela crise socioeconômica, rivalidade entre grupos étnico-religiosos, além dos efeitos do colapso do bloco socialista a partir de 1989.
A fragmentação é iniciada em 1991 com a independência da Eslovênia, Croácia e Macedônia.
Na Bósnia-Herzegovina, ocorreu uma guerra civil (1992-95) entre os que desejavam a independência (croatas e muçulmanos da Bósnia) e os que defendiam a permanência na Iugoslávia (sérvios da Bósnia com apoio do governo iugoslavo).
O conflito fez 200 mil mortos. O Tratado de Dayton (1995) pôs fim à guerra e o país tornou-se independente, mesmo assim, com uma confederação em que os sérvios controlam 49% do território e os croatas/ muçulmanos (50%).
Em Kosovo, território que era controlado pela antiga Iugoslávia, os albaneses (90% da população) se rebelaram contra os sérvios (10%) que tinham o apoio do governo central liderado pelo presidente Slobodan Milosevick. O massacre dos kosovares de origem albanesa pelas tropas sérvias levou a uma intervenção da Otan em 1999. Assim, os sérvios recuam e Kosovo passa a ser administrado pela ONU com tropas internacionais. É provável que Kosovo também se torne um país independente no futuro.
Independência de Montenegro (2006) através de referendo popular apoiado pela UE.
A Sérvia atual mantém seu controle sobre a província de Voivodina (com minoria húngara).
Em 2008, a província de Kosovo se declara independente, com apoio da comunidade internacional.

A imagem acima, se refere a uma fotografia de satélite tirada antes da ação do Ciclone Catarina.

DICA 04 : CICLONE CATARINA !

Começo de Tudo Por volta do dia 20 de março especialistas em observar e analisar a evolução do tempo em diferentes regiões do planeta tiveram a sua atenção voltada para a costa sudeste do Brasil.

Brasil - Atlântico Sul

Imagens do satélite mostravam uma formação atmosférica peculiar , que de acordo com os modelos matemáticos de previsão desenvolvidos, esta formação deveria se dissipar nos próximos dias, porém isto não aconteceu. Aquela formação atmosférica com sua concentração de nuvens de formação espiral em torno de um núcleo central se organizou até que em 25 de março não havia mais dúvida - lá estava o olho do furacão , que os meteorologistas do Centro Integrado de Meteorologia e Recursos Hidrícos de Santa Catarina o batizaram de " Catarina". A virada do dia 26 para o dia 27 de março tornou-se um inferno para as cidades costeiras do litoral de Santa catarina. No dia 28, ventos de até 150 quilômetros por hora e uma forte chuva provocados pelo fenômeno devastaram áreas no norte do Rio Grande do Sul e no sul de Santa Catarina. As cidades catarinenses de Passos de Torres e Santa Rosa do Sul tiveram 95% de suas casas atingidas. Até a noite do dia 28, quatro pescadores haviam morrido e oito ainda estavam desaparecidos.

A Surpresa
Desde o século XV, data dos registros da navegação no oceano Atlântico, inclusive o período em que tem início a observação por satélites, a partir de 1960, jamais se registrou um fenômeno de tal magnitude no Atlântico Sul. A explicação para ausência de furacões ou ciclones tropicais no Atlântico Sul, é devido a baixa temperatura da superfície do mar e pela existência de ventos desfavoráveis nos níveis atmosféricos mais altos.

Características
A análise das imagens efetuadas pelos experientes meteorologistas
Detalhe - Atlântico Suldo Centro Nacional de Furacão dos EUA, permitiu classificar a tempestade na categoria 1 - isto quer dizer, ventos de 119 km/h a 153 km/h e pressão no olho do furacão de 979 hPa(1). O "Catarina" foi um autêntico furacão (ciclone tropical), com um diâmetro relativamente pequeno (400 km), com ventos e chuvas nas suas espirais concentradas em torno do núcleo. A previsão e análise do risco que poderia representar, evitou maiores danos e perdas de vida.

Pode Acontecer de Novo ?
Na América do Sul, já é de conhecimento do especialistas que, sobre o Atlântico Sul, perto dos estados de Santa catarina e Paraná, há uma região denominada de ciclogênese (berço de ciclones). Em geral um furacão forma-se sobre águas com temperatura acima de 26ºC, o calor liberado na condensação do vapor é quem irá alimentar o furacão. As análises efetuadas posteriormente com dados fornecidos pelo satélite TRMM, forneceram uma importante pista para a origem do "Catarina", revelaram uma notável anomalia positiva (aumento) de temperatura da água na superfície do oceano, nas regiões de formação e deslocamento do vórtice(2). Essa anomalia foi observada pelo satélite ao largo da costa sul do Rio de Janeiro e ao leste do estado de Santa Catarina. De acordo com o Meteorologista brasileiro Rubens Junqueira Villela , formado pela Universidade Estadual da Flórida, tais anomalias seriam consequência do aquecimento global e, nesse caso, pode-se esperar a repetição do fenômeno, até então inédito no Atlântico Sul.

O mapa acima se refere às FALHAS GEOLÓGICAS, presentes no brasil, e causadoras dos principais abalos sísmicos do país.

DICA 05: ABALOS SÍSMICOS NO BRASIL !
Por muito tempo, acreditou-se que o Brasil estivesse a salvo dos terremotos por não estar sobre as bordas das placas tectônicas - o movimento dessas placas estão entre as principais causas dos terremotos.No entanto, sabe-se que os tremores podem ocorrer inclusive nas regiões denominadas "intraplacas", como é o caso brasileiro, situado no interior da Placa Sul-Americana. Nessas regiões, os tremores são mais suaves, menos intensos e dificilmente atingem 4,5 graus de magnitude. Os tremores que ocorrem em nosso país decorrem da existência de falhas (pequenas rachaduras) causadas pelo desgaste da placa tectônica ou são reflexos de terremotos com epicentro em outros países da América Latina.

Ou seja, no Brasil os abalos sísmicos têm características diferentes dos terremotos que ocorrem, por exemplo, no Japão e nos Estados Unidos. Nesses locais, existe o encontro de duas ou mais placas tectônicas - e as falhas existentes entre elas são, normalmente, os locais onde acontecem os terremotos mais intensos.Embora a sismicidade ou atividade sísmica brasileira seja menos freqüente e bem menos intensa, não deixa de ser significativa e nem deve ser desprezada, pois em nosso país já ocorreram vários tremores com magnitude acima de 5,0 na Escala Richter, indicando que o risco sísmico não pode ser simplesmente ignorado.
Escala RichterA primeira
Escala Richter apontou o grau zero para o menor terremoto passível de medição pelos instrumentos existentes à época. Atualmente, a sofisticação dos equipamentos tornou possível a detecção de tremores ainda menores do que os associados ao grau zero, e tem ocorrido a medição de terremotos de graus negativos.Teoricamente, a Escala Richter não possui limite. De acordo com o Centro de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos, aconteceram três terremotos com magnitude maior do que nove na Escala Richter desde que a medição começou a ser feita. De acordo com outras fontes, como a Enciclopédia Britânica, tal marca nunca foi alcançada.

Regiões brasileiras e abalos sísmicos

No Brasil, os tremores de terra só começaram a ser detectados com precisão a partir de 1968, quando houve a instalação de uma rede mundial de sismologia. Brasília foi escolhida para sediar o arranjo sismográfico da América do Sul. Há, atualmente, 40 estações sismográficas em todo o país, sendo que o aparelho mais potente é o mantido pela Universidade de Brasília.Há relatos de abalos sísmicos no Brasil desde o início do século 20. Segundo informações do "Mapa tectônico do Brasil", criado pela Universidade Federal de Minas Gerais, em nosso país existem 48 falhas, nas quais se concentram as ocorrências de terremotos.Ainda segundo dados levantados a partir da análise de mapas topográficos e geológicos, as regiões que apresentam o maior número de falhas são o Sudeste e o Nordeste, seguidas pelo Norte e Centro-Oeste, e, por último, o Sul. O Nordeste é a região que mais sofre com abalos sísmicos. O segundo ponto de maior índice de abalos sísmicos no Brasil é o Acre. No entanto, mesmo quem mora em outras regiões não deve se sentir imune a esse fenômeno natural.Embora grande parte dos sismos brasileiros seja de pequena magnitude (4,5 graus na Escala Richter), a história tem mostrado que, mesmo em "regiões tranqüilas" podem acontecer grandes terremotos. Apesar de não ser alarmante, o nível de sismicidade brasileira precisa ser considerado em determinados projetos de engenharia, como centrais nucleares, grandes barragens e outras construções de grande porte, principalmente nas construções situadas nas áreas de maior risco.
Alguns tremores de terra registrados no BrasilO maior terremoto que o país já teve ocorreu há mais de 50 anos, na Serra do Tombador, no Mato Grosso: atingiu 6,6 graus na Escala Richter. Mas há outros registros:
Mogi-Guaçu, São Paulo, 1922: 5,1 graus
Tubarão, Santa Catarina, 1939: 5,5 graus
Litoral de Vitória, Espírito Santo, 1955: 6,3 graus
Manaus, Amazonas, 1963: 5,1 graus
Noroeste do Mato Grosso do Sul, 1964: 5,4 graus
Pacajus, Ceará, 1980: 5,2 graus
Codajás, Amazonas, 1983: 5,5 graus
João Câmara, Rio Grande do Norte, 1986: 5,1 graus
João Câmara, Rio Grande do Norte, 1989: 5,0 graus
Plataforma, Rio Grande do Sul, 1990: 5,0 graus
Porto Gaúcho, Mato Grosso, 1998: 5,2 graus
Estado de Pernambuco: entre 2001 e 2005 foram registrados 1,5 mil tremores de terra de baixo impacto
Divisa entre Acre e Amazonas, 2007, 6,1 graus
Itacarambi, Minas Gerais, 09/12/2007: 4,9 graus (é o primeiro tremor da história
do Brasil que provocou 1 morte, 5 feridos e varias casas destruídas).

O mapa acima, mostra algumas informações a respeito da questão de alimentos no mundo.
DICA 06: A CRISE MUNDIAL DE ALIMENTOS !
O que está por trás da crise mundial de alimentos?
terça, 08 abril 2008 . The New York Times
Atualmente você ouve muito sobre a crise financeira mundial. Mas há outra crise mundial em andamento -e está prejudicando muito mais pessoas.Eu falo sobre a crise de alimentos. Nos últimos dois anos os preços do trigo, milho, arroz e outros alimentos básicos dobraram ou triplicaram, com grande parte do aumento ocorrendo nos últimos poucos meses. Os altos preços dos alimentos incomodam até mesmos os americanos relativamente prósperos, mas são realmente devastadores nos países pobres, onde os alimentos freqüentemente são responsáveis por mais da metade das despesas de uma família.Já há ao redor do mundo tumultos causados por alimentos. Os países fornecedores de alimentos, da Ucrânia até a Argentina, estão limitando as exportações em uma tentativa de proteger os consumidores domésticos, levando a protestos furiosos dos produtores rurais -e tornando as coisas ainda piores nos países que precisam dos alimentos importados.Como isto aconteceu? A resposta é uma combinação de tendências de longo prazo, azar e política ruim.Vamos começar pelas coisas que não são culpa de alguém.Primeiro, há a marcha dos chineses comedores de carne -isto é, o crescente número de pessoas nas economias emergentes que estão, pela primeira vez, ricas o bastante para começarem a comer como os ocidentais. Como são necessárias cerca de 700 calorias em ração animal para produzir um bife de carne bovina de 100 calorias, esta mudança na dieta aumenta a demanda geral por grãos.Segundo, há o preço do petróleo. A agricultura moderna é altamente intensiva em energia: muita BTU (unidade térmica britânica) é usada na produção de fertilizante, na operação de tratores e no transporte dos produtos agrícolas aos consumidores. Com o petróleo persistentemente acima de US$ 100 o barril, os custos de energia se tornaram o principal fator por trás dos aumentos dos custos agrícolas.Os altos preços do petróleo, a propósito, têm muito a ver com o crescimento da China e de outras economias emergentes. Direta e indiretamente, estas potências econômicas em ascensão estão competindo com o restante de nós por recursos escassos, incluindo petróleo e terras agrícolas, elevando os preços de matérias-primas de todo tipo.Terceiro, houve uma seqüência de condições meteorológicas adversas em áreas-chave de cultivo. A Austrália, em particular, normalmente a segunda maior exportadora de trigo do mundo, vem sofrendo uma seca épica.OK, eu disse que estes fatores por trás da crise dos alimentos não são culpa de ninguém, mas não é bem verdade. A ascensão da China e de outras economias emergentes é a principal força por trás do aumento dos preços do petróleo, mas a invasão ao Iraque -que seus proponentes prometeram que levaria a petróleo mais barato- também reduziu a oferta de petróleo abaixo do que estaria caso contrário.E o clima ruim, especialmente a seca australiana, está provavelmente relacionado à mudança climática. Assim, políticos e governos que ficaram no caminho da ação contra os gases do efeito estufa têm alguma responsabilidade pela escassez de alimentos.Mas onde os efeitos de políticas ruins estão mais claros é na ascensão do demônio etanol e outros biocombustíveis.A conversão subsidiada de produtos agrícolas em combustível deveria promover a independência energética e ajudar a limitar o aquecimento global. Mas esta promessa era, como colocou a revista "Time", um "embuste".Isto é particularmente verdadeiro em relação ao etanol de milho: mesmo nas estimativas otimistas, a produção de um galão de etanol de milho usa grande parte da energia que o galão contém. Mas, na verdade, até mesmo políticas de biocombustíveis aparentemente "boas", como a usada pelo Brasil com o etanol de cana-de-açúcar, aceleram o ritmo da mudança climática ao promover o desmatamento.E enquanto isso, a terra usada para cultivo de ração e biocombustível é terra não disponível para o cultivo de alimentos, de forma que os subsídios aos biocombustíveis são um grande fator na crise dos alimentos. Seria possível colocar desta forma: as pessoas estão passando fome na África para que políticos americanos possam cortejar eleitores nos Estados rurais.Ah, e em caso de você estar se perguntando: todos os candidatos presidenciais que restam são terríveis nesta questão.Mais uma coisa: um motivo para a crise dos alimentos ter ficado tão severa, tão rapidamente, é que os grandes agentes no mercado de grãos se tornaram complacentes.Governos e mercadores privados de grãos costumavam manter grandes estoques em tempos normais, para o caso de uma safra ruim criar uma escassez repentina. Mas ao longo dos anos, foi autorizado que estes estoques preventivos encolhessem, principalmente porque todos acreditavam que os países que sofressem quebra de safra sempre poderiam importar o alimento necessário.Isso deixou o equilíbrio mundial de alimentos altamente vulnerável a uma crise que afeta muitos países ao mesmo tempo -da mesma forma que a negociação de títulos financeiros complexos, que deveriam afastar o risco por meio da diversificação, deixaram os mercados financeiros mundiais altamente vulneráveis a um choque por todo o sistema.O que deve ser feito? A necessidade mais imediata é de mais ajuda para as pessoas em dificuldades: o Programa Mundial de Alimentos da ONU fez um apelo desesperado por mais fundos.Nós também precisamos reagir contra os biocombustíveis, que revelaram ser um erro terrível.Mas não está claro quanto precisa ser feito. Alimento barato, assim como o petróleo barato, pode ter se transformado em algo do passado.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O BARRIL DE PÓLVORA DO CÁUCASO ESTÁ PRESTES E EXPLODIR !

O Mapa acima e o abaixo, mostra a Região conhecida como CÁUCASO, e no mapa acima, os conflitos com os nomes em destaque.
Abaixo, o mapa mostra as repúblicas Russas localizadas na região caucasiana.

Região é um verdadeiro 'barril de pólvora' de conflitos étnicos.O Cáucaso, uma zona geoestratégica, é considerado um verdadeiro barril de pólvora com suas repúblicas separatistas e conflitos de múltiplos componentes étnicos. Veja a seguir a relação das regiões que querem independência:

CÁUCASO DO NORTE (RÚSSIA)

DAGUESTÃO: A maior república do Cáucaso russo, de maioria muçulmana, foi cenário, a partir de 1999, de incursões de rebeldes chechenos que causaram centenas de mortos.
O segundo conflito bélico russo-checheno, em outubro de 1999, começou depois da incursão no Daguestão de um grupo de combatentes chechenos liderado pelo chefe de guerra Shamil Basayev. Moscou respondeu então com uma vasta ofensiva militar.
Os atentados contra os representantes das autoridades, principalmente policiais, continuam sendo freqüentes nesta região.

CHECHÊNIA: A Chechênia proclamou unilateralmente sua independência em novembro de 1991, um pouco antes da queda da URSS.
Em 1994, o presidente russo Boris Yeltsin empreendeu uma operação militar na Chechênia na qual seu exército sofreu uma derrota. O acordo de Jasiaviurt, que pôs fim a 21 meses de guerra (mais de 50.000 mortos), congelou o problema do status da Chechênia, independente de fato.
Em 1º de outubro de 1999, as forças russas voltaram a entrar na Chechênia para realizar uma "operação antiterrorista".
A campanha deveria durar alguns meses, mas o conflito perdurou e se estendeu além do território checheno: na Ossétia do Norte, onde Basayev reivindicou a tomada de reféns na escola de Beslan (331 mortos em setembro de 2004), e em Moscou, com um seqüestro no teatro de Dubrovka (outubro de 2002, 130 reféns mortos).
O então presidente russo, Vladimir Putin, organizou em 2003 um referendo constitucional e eleições presidenciais.
O final da "operação antiterrorista" foi anunciado em janeiro de 2006. Apesar de a região gozar de certa normalização institucional e se achar em plena reconstrução, prosseguiram os enfrentamentos com os rebeldes.
O número um de fato desde o assassinato de seu pai, o presidente Ajmad Kadyrov, em maio de 2004, o ex-rebeldes Ramzan Kadyrov se converteu, em abril de 2007, no presidente da Chechênia.
INGUCHÉTIA: esta vizinha da Chechênia é uma das repúblicas mais pobres da Rússia. Ligados ao chechenos, os inguchétios foram, como eles, deportados em 1944 por Stalin "por colaboracionismo" com a Alemanha nazista.
A Inguchétia, que permaneceu à margem do conflito checheno, sofreu mesmo assim seqüestros, assassinatos e atentados contra suas forças de ordem. Em junho de 2004, um ataque de Basayev na Inguchétia causou 90 mortos, em sua maioria membros das forças de segurança.
Presidente da Inguchétia desde 2002, Murat Ziazikov comanda uma repressão brutal.

OSSÉTIA DO NORTE: Os ossetas estão divididos em dois Estados, Geórgia, a que pertence a Ossétia do Sul, e a Rússia, da qual faz parte a Ossétia do Norte, e é onde se encontra a principal base russa no Cáucaso.
Em 1992 um conflito (mais de 500 mortos) opôs a Ossétia do Norte à maioria cristã da Inguchétia.
A Ossétia do Norte também sofreu as conseqüências do conflito checheno, com a tomada de reféns de Beslan. Os ossetas acusam a minoria inguchétia muçulmana de fomentar terrorismo na região.

TRANSCAUCÁSIA

OSSÉTIA DO SUL: Em janeiro de 1992, depois de um conflito armado com a Geórgia, os ossetas do sul se pronunciaram em referendo por sua independência da Rússia e união à Ossétia do Norte.
Em virtude de um acordo de cessar-fogo concluído em junho de 1992 entre a Rússia e a Geórgia, uma força de interposição tripartite (ossetas, georgianos e russos) foi posicionada na fronteira entre Géorgia e Ossétia do Sul.
Mas os incidentes continuaram.
O presidente georgiano Mikhail Saakashvili sempre disse que queria recuperar essa posição sob sua autoridade.
Um grande número de ossetas do sul possui cidadania russa e a economia do território depende da Rússia, país ao qual as autoridades separatistas querem se unir.

ABKHÁZIA: em 1992 a região georgiana da Abházia, situada às margens do Mar Negro, proclamou unilateralmente sua independência.
Um ano de guerra entre separatistas e forças georgianas, que acabou na vitória dos abkházios com o suposto apoio da Rússia, deixou milhares de mortos.
A manutenção da paz na zona está a cargo de soldados russos.
Depois de ter obtido em 2004 a volta da república autônoma de Adjária sob autoridade de Tbilisi, o presidente Saakashvili afirmou que a Abkházia e a Ossétia do Sul deviam seguir seus passos.
Os separatistas rejeitaram um plano alemão, proposto em julho de 2008, para resolver a contenda.
O presidente abkházio, Serguei Bagapch, anunciou seu apoio a seu colega osseta.

NAGORNO KARABAKH: Encrave com maioria armênia no Azerbaijão, Nagorno Karabakh foi cenário de um conflito sangrento no início dos anos 1990 quando a União Soviética se desintegrou.
O encrave permanece desde o cessar-fogo de 1994 sob controle dos armênios. Mas ainda prosseguem os incidentes entre as forças armênias e azeris.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A CHINA E OS JOGOS OLÍMPICOS !

O que estaria pensando se alguém mostrasse para voce esta imagem acima? ACREDITARIA? DUVIDARIA? ACHARIA QUE SOU ANTI-COMUNISTA? SERIA EU DEMOCRATA ? POR FAVOR NÃO ME OFENDA!
Nesta semana falei para todos os meus 900 alunos a respeito da CHINA, o país da moda, ou o BAN BAN BAN, sem sacanear!

Estou impressionado com o que estou lendo e vendo sobre a CHINA !
Às vésperas dos Jogos Olímpicos de Pequim, a China infringia os direitos humanos, sem que as autoridades políticas do mundo se importassem muito. Talvez porque não se possa mais desconsiderar seu peso econômico. “A China interessa muito mais como potência econômica do que como modelo de respeito à dignidade humana, e os Jogos movem grandes quantidades de dinheiro e abrem oportunidades de investimentos”, escreve José Carlos Rodríguez, em artigo publicado no sítio da revista espanhola Vida Nueva, 9-08-2008. A tradução é do Cepat.
“Vocês têm uma missão de glória”, disse o ministro chinês de Esportes, Liu Peng, na apresentação de sua equipe olímpica formada por 639 atletas – a maior já apresentada por algum país – quando faltavam dez dias para o início dos Jogos Olímpicos em Pequim (8 a 24 de agosto). Nesse mesmo dia, a Anistia Internacional (AI) chamava a atenção sobre uma situação pouco gloriosa na China: a deterioração no cumprimento dos direitos humanos durante os meses prévios à realização do evento. Num relatório intitulado Contagem regressiva para a Olimpíada. Promessas não cumpridas, a organização acusou Pequim de endurecer a censura de imprensa, incrementar as prisões sem julgamento, bloquear sites na internet e usar campos para “reeducar” ativistas de direitos humanos e jornalistas.
Desde que, em julho de 2001, o COI concedeu à China a organização dos Jogos, os direitos humanos tem sido um tema recorrente. De um país anfitrião espera-se que esteja à altura da Carta Olímpica, que afirma que “o olimpismo é proposto para criar um estilo de vida baseado no respeito aos princípios éticos fundamentais universais”.
Há sete anos, o Governo se comprometeu a respeitar estes valores e melhorar a situação dos direitos e liberdades. Mas, segundo a AI, aconteceu o contrário. A voz desta Ong não tem sido a única que se levantou para denunciar esta situação. Muitos outros lembraram que, com seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, a China impediu a aplicação de sanções contra a ditadura do Zimbábue ou o regime do Sudão e sua política genocida em Darfur.
Mas foi em março que as manifestações ficaram mais intensas, depois da repressão contra os monges tibetanos que se manifestaram nas ruas de Llasa, e a tocha olímpica foi recebida com estrondosos protestos na sua passagem por várias capitais européias e americanas. O Tibet é um dos três “T” que a China ainda não digeriu. As outras duas são Taiwan e Tianammen, a praça onde mais de cem pessoas foram massacradas pelo exército em 1989.
Exatamente durante o aniversário desta matança, em junho passado, o cardeal de Hong Kong, Joseph Zen Zé-kiun, declarou que um “reexame” sobre este caso seria uma vitória mais importante para o povo chinês do que muitas medalhas olímpicas.
Há aqueles que pensam que os ocidentais querem impor modelos de direitos humanos alheios ao Oriente. Ali, “o mais importante é o coletivo – disse Javier Cremades, que acaba de publicar o livro China y sus libertades. As exigências sociais são prioritárias frente às próprias e isso tem feito com que não haja uma grande demanda de direitos individuais fundamentais”.
O padre Daniel Cerezo, missionário na China durante 16 anos, entretanto, matiza bastante esta afirmação: “Os líderes chineses costumam dizer que para um chinês o trabalho, a educação e a saúde são mais importantes do que os direitos e liberdades, mas não esqueçamos que Taiwan e Hong Kong são também parte da cultura chinesa e nestes lugares há grande consciência e atividade a favor dos direitos humanos”.
Investimentos ou dignidade?
No final das contas, a China interessa muito mais como potência econômica – a quarta do mundo – do que como modelo de respeito à dignidade humana, e os Jogos movem grandes quantidades de dinheiro e abrem
oportunidades de investimentos. Talvez por isso, quando o Departamento de Estado norte-americano publicou em março seu relatório anual sobre países em que não se respeitam os direitos humanos, a ninguém passou desapercebido o fato de que é o primeiro ano em que não se incluiu a China. Esta ambigüidade esteve presente na atitude dos líderes mundiais sobre sua presença nos Jogos. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, decidiu participar, assim como também George Bush.
A China – o país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes – produz a quarta parte de todas as manufaturas do mundo, especialmente eletrodomésticos e têxteis. Desde que o presidente Deng Xiaoping, nos anos 1980, terminara com as ineficientes comunas da “revolução cultural” e introduzira a iniciativa privada como motor econômico, as multinacionais acudiram em massa atraídas pelos baixos custos de uma mão-de-obra muito trabalhadora.
Capitalismo ou comunismo? Deng Xiaoping costumava dizer que não importa que o gato seja branco ou preto desde que cace ratos. Duas décadas e meia depois, a China é o maior sócio comercial da União Européia, e um privilegiado sócio dos Estados Unidos, que permitem que suas manufaturas entrem como se tivessem sido fabricadas em território próprio. E com sua ânsia de conseguir os abundantes recursos da África, tão necessários para a sua economia, o gigante asiático exerce hoje ali uma nova colonização. Acontece o que dizia o ex-presidente do COI, Juan Antonio Samaranch: “É curioso que todo o mundo se lembre dos direitos humanos quando há uma prova esportiva e não quando inexistem nas relações comerciais e econômicas”.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

MEU PROTESTO CONTRA A REVISTA VEJA !

Quando descobrí, via internet, que a Revista Veja, na edição destacada acima, publicou alguns erros que são cometidos por disciplinas, corrí a banca de meu compadre Genilson, e logo comprei, lí e relí várias vezes as críticas feitas aos professores de Geografia e História, matérias que leciono.
De fato, reconhecí que erros, todos os livros, apostilas cometem, mas gráficos, fora isso, me indignei com os comentários maldosos, e cheios de preconceitos feitos por jornalistas, um tanto, desatentas, talves, um tanto não cumpridoras de seus deveres escolares quando alunas, e que não aprenderam a importancia e pensar, de buscar a cidadania, e a construção de um mundo melhor a partir de sua postura em sala, em relação aos conhecimentos adquiridos.

Faço minhas as palavras de meu colega, MARCELO COELHO, que gentilmente me pediu que publicasse sua indignação, cedeu sua opinião, e que prontamente concordei em publicar e divulgar.

Faça boa leitura, e por favor, COMENTE, precisamos demonstrar que aprendemos de fato o que é sermos cidadãos,

sem nos enganarmos com a mídia,

sem nos deixar fazer de bobos

sem nos fazer pensar que não pensamos,

salve a liberdade de pensamento,

salve as diversas opiniões sobre as coisas.



RESPOSTA A MATÉRIA DE VEJA
Todos aqueles que acompanham o meu blog e minhas aulas sabem de minha opinião sobre a Revista Veja, a maior revista de circulação semanal do Brasil. Sempre fui um crítico do conteúdo desenvolvido por essa revista. Mas nesta semana a revista passou dos limites aceitáveis. Veja publicou (20 de agosto de 2008) uma matéria, assinada pelas jornalistas (pelo menos acredito que sejam) Monica Weinberg e Camila Pereira, inacreditável sobre o ensino no Brasil. A matéria parecia querer discutir os problemas do ensino em função dos maus resultados de alunos brasileiros se comparados com outros no mundo afora (comparações sempre muito polêmicas), mas na realidade a matéria é uma crítica a suposta ideologização do ensino por professores e autores de livros didáticos. A reportagem concluiu que esse rendimento de nossos alunos é resultado de uma doutrinação comunista-esquerdista que temos em nossas escolas. Isso é um absurdo! É uma reportagem elitista, autoritária (pois não da direito de resposta), arrogante e agressiva.

O texto começa de forma irônica (verdade que não tem graça nenhuma, como querem acreditar as jornalistas) e contraditória. Inicialmente, essas senhoras levantam, com enorme convicção, que não há conversas nos lares brasileiros sobre conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Com isso, querem concluir a pouca importância da escola no cotidiano do aluno. Pura incompetência das autoras dessa brilhante reportagem. Talvez por ignorância pedagógica. O aluno não precisa lembrar de conteúdos de sala dizendo assim: “Ih Pai, sabe que ontem aprendi isso na sala como professor de ...”, seria até ridículo acontecer dessa maneira. É importante que o conhecimento seja espontâneo e que reflita a visão crítica do aluno sobre aquele conteúdo aprendido em sala, logo ele estará desenvolvendo conhecimento sim quando há uma discussão sobre racismo ou sobre o conflito da Geórgia com a Rússia. Além disso, essa parte inicial contradiz o foco principal da reportagem. Veja que destacar a influência nociva e ideológica de professores de geografia e história sobre a cabecinha dos indefesos alunos, dizendo que há uma doutrinação nessas aulas, através de posturas de caráter apenas ideológico e equivocado. Afinal, os professores influenciam ou não no comportamento dos alunos em seu cotidiano? Porque se somos um perigo a essas crianças e temos forte influência ideológica sobre elas, não entendo elas não comentarem nada sobre as aulas com os pais.

A reportagem é baseada numa pesquisa encomendada por VEJA à CNT/Sensus, evidente que a revista não divulga toda a pesquisa, mas apenas aquilo que é de seu interesse.
Num dos momentos de maior equívoco da reportagem, está na página 74 (linha 12), onde Veja concluiu que o péssimo rendimento de alunos brasileiros em comparação com estudantes estrangeiros está relacionado ao ensino de péssima qualidade no país, até ai não seria nenhum absurdo. Porém, é uma conclusão equivocada dentro da lógica desenvolvida pela reportagem, pois a revista faz uma analise apenas de livros-apostilas de geografia e história, mas nossos alunos (como a própria revista coloca) são avaliados em matemática e ciências. Por que Veja não avaliou livros de Matemática, Português, Física, Química e Ciências? A capa da revista faz ironicamente uma relação com a deficiência dos alunos com a escrita. Com isso, é fácil concluir, a revista não está disposta a discutir qualidade da educação e sim a ideologia de professores de geografia e história. Fico pensando o que Veja acha de disciplinas como Filosofia e Sociologia, pois estas estão chegando pra valer no ensino médio.
As jornalistas Monica Weinberg e Camila Pereira (guardem esses nomes) chegam a uma conclusão assustadora ao analisar a resposta de professores sobre a principal função deles em sala de aula. Para cerca de 70% dos professores, a principal função da escola é “formar cidadãos” (como fiquei feliz com essa resposta!). As jornalistas consideram isso um absurdo, uma demonstração clara da ideologização do ensino, considerando isso uma evidência da doutrinação nas escolas. Meu Deus! Elas precisam ser chamadas para o Ministério da Educação no Brasil ou para a direção das escolas de pedagogia de universidades brasileiras. A resposta dos professores é absolutamente perfeita. “Formar cidadãos” é discutir conteúdos, é incentivar o raciocínio, é discutir valores, é despertar para seus direitos e deveres, é construir solidariedade, é preparar para o mercado de trabalho, é desenvolver uma visão crítica da sociedade, enfim, “formar cidadãos” senhoras jornalistas é formar seres humanos que não se vendam profissionalmente para um meio de comunicação, produzindo um texto preconceituoso, desrespeitoso, arrogante e, sobretudo, cheio de argumentos falsos.
Um dos focos principais da reportagem é tentar considerar que educação deve ser imparcial (reparem como a discussão está relacionada a matérias como geografia e história), o que é um total absurdo. O pior é que elas sabem disso, sabem que isso é impossível em qualquer situação, em qualquer profissão e até mesmo em nossas relações sociais-familiares. As senhoras jornalista utilizam uma ferramenta do jornalismo que quer convencer através de uma suposta consulta a especialistas, os consultados por elas acreditam que a educação deve ser imparcial. Meu Deus! Quanta falsidade e falta de caráter. Existem milhões de especialistas que não concordam com isso, seja no Brasil ou no resto do mundo. Esse texto de Veja que estamos analisando, ele é imparcial? A imprensa no Brasil é imparcial? As senhoras Monica e Camila não defendem posições tendo uma visão de mundo? Pois se não fazem isso, não são seres humanos.
Numa outra parte da tal pesquisa, Veja pediu para alunos dizerem como os professores se referem (de maneira positiva, neutra ou negativa) a algumas personalidades históricas de destaque, são elas (segundo a reportagem): Lula, Che Guevara, Lênin e Hugo Chavez. Por que perguntar aos alunos sobre exatamente essas personalidades? Eu posso esclarecer. São personalidades odiadas por Veja, logo a revista usaria isso para criticar professores que falam positivamente de um desses personagens. Poderiam perguntar aos alunos o que os professores falam de Hitler ou de Bush. Dizer que Hugo Chavez é ditador não é ideologia, mesmo que ele tenha sido sempre eleito pelo povo venezuelano. Talvez democrático tenha sido o golpe proferido contra Chavez em 2002, um golpe apoiados pelos EUA. Dizer alguma coisa positiva de Chavez é ideologização do ensino, mas dizer que ele é ditador não é. Mas incoerência que isso não há. Eu gostaria muito de saber como é ser neutro em relação a uma personalidade histórica, deve ser como nos livros de história da época da ditadura militar no Brasil, apenas relatar factualmente as realizações dessas personalidades.

Um dos momentos mais tristes pra mim na leitura dessa reportagem foi a citação desrespeitosa, injusta, ignorante e covarde em relação ao educador brasileiro (já falecido) Paulo Freire. Reparem no que Veja fala do educador brasileiro: “.. ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização”. Meu Deus! É um comentário absurdo e uma total falta de respeito. Paulo Freire foi um cidadão que lutou sua vida toda pela democracia (foi perseguido pela ditadura no Brasil) e pelas injustiças sociais, tinha uma visão humanista da educação. Publicou cerca de 40 livros sobre educação, grande parte, traduzidos em várias línguas, inclusive o hebraico. Foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969.
Ainda existem citações sobre Karl Marx, muito citado por Veja como o grande pensador de influência dos professores, lógico, professores de história e geografia. Para Veja, isso é um absurdo por completo, uma demonstração de atraso dos professores. Há dois problemas dessa colocação, o primeiro é a falsa idéida dessa afirmação, pois afirmo que isso não é verdade. São poucos os professores que tem leitura sobre o marxismo (eu, por exemplo, não me considero um marxista, nem perto disso), muitos inclusive tem posição altamente conservadora, numa visão oposta aos conceitos teóricos de Marx. Segundo, é a questão de afirmar sobre a pouca importância de Marx atualmente. Para conhecimento dessas jornalistas, vou reproduzir um texto de uma questão da UNICAMP (talvez elas pretendam dar aulas nessa universidade de história ou geografia). Vejam o quanto Marx é obsoleto.
Leia o texto abaixo, publicado pela primeira vez na França, em 1848:
“A necessidade de mercados mais amplos para seus produtos empurrou a burguesia para todo o globo terrestre. (...) Através da explosão do mercado mundial, ela deu um caráter cosmopolita à produção e ao consumo de todos os países. Em lugar das antigas necessidades, que se satisfaziam com a produção nacional, surgem agora novas necessidades, que para serem satisfeitas necessitam produtos de toda a Terra (...) em lugar da antiga autoeficiência e do antigo isolamento nacional, desenvolve-se em todas as direções um intercâmbio universal, uma universal interdependência das nações”

Adaptado de Manifest of the communist Party, Karl Marx e Friedrich Engels, edição preparada e anotada por Engels. Internacional Publishers, New York, 1932, pág. 37.

Sabe qual foi a pergunta da Unicamp? A pergunta foi sobre a atualidade desse texto, comparando com o processo de globalização. Já sei, a Unicamp foi parcial ou é comunista!
No final da reportagem, um colunista de Veja (Gustavo Ioschpe) cita duas pérolas inacreditáveis: “Pela mesma razão que o Estado é Laico, as aulas do Estado também deveriam ser politicamente neutras” e “acho que a formação política de cada um é sua prerrogativa individual, sujeita apenas a interferência dos pais”. Sobre a primeira parte já comentamos, não existe ser humano imparcial, quanto mais educação imparcial, isso é básico. Aliás, os que argumentam que a educação é imparcial, estão sendo profundamente parciais. Na segunda parte, pra mim, é mais ainda inacreditável. É considerar que um cidadão deve crescer apenas pela influência dos pais, fico imaginando um aluno chegando em sala de aula e dizendo para um coleguinha de classe: “você é um negro sujo” ou “eu vou pegar sua borracha porque sou mais forte” e ai o professor pergunta: “Quem ensinou isso pra você?”, o menino responde: “Meus pais”, ai o professor termina a discussão: “ah sim, tudo bem”.
Preciso comentar sobre os absurdos das analises feitas pelas jornalistas (segundo elas consultando especialistas) em relação a livros-apostilas APENAS de história e geografia (só tem um livro de português, mas que a analise é sobre uma questão histórica). São comentários grosseiros (usando expressões como “tolice” e “falsificação”), desrespeitosos, equivocados em quase todos os casos e alguns sem o mínimo de necessecidade. Além disso, são trechos de livros retirados de um contexto, logo é muito complicado analisar dessa maneira. Abaixo mostro alguns desse comentários (são quase 40 no total). Primeiro o trecho do livro, depois o comentário de Veja e por fim o meu comentário.
1) Apostila de História do Objetivo: “O mapa que mostra a rota da Coluna Prestes inclui o estado do Tocantins”. Comentário de Veja: o estado do Tocantins só foi criado em 1988. Marcelo Coelho: Meu Deus! Que erro da apostila, foi um erro tão impressionante que tenho medo dos alunos perderem a competição externa com outros alunos do exterior! Algumas perguntas que não querem calar: Veja comete erros em suas edições? As jornalistas já cometeram erros em reportagens? Será que o autor não fez isso exatamente para melhor compreensão dos alunos? Ele foi consultado desse suposto erro?
2) Livro Geografia do Brasil da Ed. Moderna: “Basta apertar um botão, via internet, para desvalorizar a moeda e ocasionar desequilíbrios financeiros e instabilidade política em certo país(...)” Veja: Simplificação tola produzida por má-fé e desconhecimento do funcionamento básico dos mercados internacionais de moeda”. Marcelo Coelho: Qual é o erro do autor? Em que situação ele doutrina um aluno falando isso? Será que nenhum economista concorda com essa tese levantada pelo autor? A crise asiática de 1997-98 não foi provocada, entre outros fatores, pela fuga de capitais especulativos? O texto do autor não é tolo e nem de má-fé, Marco Amorim Coelho é um autor sério e tradicional de livros didáticos de geografia, é uma descortesia dessas jornalistas duvidarem do caráter do autor. Reparem o texto na íntegra do livro: “Os capitais especulativos são investidos nos mercados financeiros de todo o planeta e podem sair do país de uma hora para outra, por influência de acontecimentos políticos, de especulação e até de boatos. Os diferentes espaços do planeta encontram-se interligados por uma rede informacional constituindo uma cibereconomia. Basta apertar um botão, via internet, para desvalorizar a moeda e ocasionar desequilíbrios financeiros e instabilidade política em certo país, com lucros para alguns e prejuízos consideráveis para outros”. Reparam a maldade de tirar um trecho de um texto, saindo totalmente do contexto. No que o autor está errado nesse texto?
3) Apostila de Geografia do COC: “Embora os robôs tenham trazido grande contribuição para o desenvolvimento industrial, o avanço da tecnologia contribuiu para o aumento do desemprego (estrutural) mundial”. Veja: o avanço da robótica resultou em mais e melhores empregos no médio prazo. O desemprego só é prevalente no mundo atualmente em países de baixa inserção tecnológica. Marcelo Coelho: Absurdo total! Existe hoje grande debate sobre os efeitos da automação e robotização no processo produtivo, muitos afirmam ser um processo redutor de empregos, mas também do surgimento de novos tipos de emprego, o problema está em mensurar esse efeito. Por isso, o autor não comete erro nenhum, pelo contrário, passa uma visão plenamente aceita como gabarito dos principais vestibulares do país. Existem países europeus com taxas de quase 20% da população desempregada e o Brasil apresenta uma taxa de aproximadamente 10%.
4) Livro Das Cavernas ao Terceiro Milênio da Ed. Moderna: “Em setembro de 1973, após três anos de desgaste minuciosamente orquestrado pela direita chilena – com assessoria internacional -, uma quartelada depôs Alende, que foi executado pelos golpistas”. Veja: O presidente Allende foi mesmo deposto por generais golpistas com a ajuda material e estratégica da CIA, mas desgastou-se pela própria incompetência e não foi assassinado. Suicidou-se. Marcelo Coelho: Talvez o pior de todos os comentários de Veja, pela incoerência e erros históricos. As jornalistas ou os especialistas consultados pelas jornalistas concordam com o envolvimento dos EUA-CIA, mas apenas consideram a incompetência do governo democrático de Allende fator para ter provocado sua queda. Essa visão é ideológica? Lógico que é. O autor relata uma visão de inúmeros de historiadores renomados no Brasil, é só consultar alguns livros universitários, alguns chegam a afirmar no grande apoio popular, sobretudo, dos menos favorecidos, que Allende tinha momentos antes do golpe. Queridas jornalistas, atualmente, muitos especialistas afirmam que Allende foi realmente assassinado.
5) Livro História da Ed. Moderna: “Muitos agricultores e vaqueiros seguiram o Conselheiro para fugir da exploração e da miséria a que estavam submetidos pelos fazendeiros da região (...) Nessa comunidade (Canudos)o trabalho e a produção eram divididos igualmente. Não havia cobrança de impostos e nem polícia.” Veja: Euclides da Cunha, em Os Sertões, relata que Antônio Conselheiro era um psicopata, que atraiu com sua pregação mística um exército de gente ínfima e suspeita, avessa ao trabalho”. Marcelo Coelho: Outra pérola dos comentários de Veja. Analise superficial, tendenciosa, elitista e atrasada. Afinal quem está certo Euclides ou centenas de historiadores que classificam Canudos como um importante movimento social brasileiro? Veja, tão moderna, utilizou uma visão ultrapassada desse movimento, uma visão dos governantes da República Velha, mais um erro de atualização histórica. Além disso, existe um erro literário, eu diria até proposital. Euclides reconheceu no final de sua obra que teve uma visão elitista de Canudos, mudou de idéia quando foi pessoalmente ao interior da Bahia.
6) Livro Projeto Radix de história da Ed. Scipione: “As políticas neoliberais agravaram as desigualdades econômicas e sociais em todo o mundo”. Veja: Falsificação. As políticas neoliberais tiraram quase 400 milhões de chineses da miséria. No Brasil e no Chilhe, criaram um classe média majoritária”. Marcelo Coelho: Um absurdo, ou melhor, inúmeras falsificações como as jornalistas gostam de dizer. A China não tem nada nada nada nada de neoliberal, é no mínimo não conhecer a realidade chinesa. Mesmo com as reforma de Deng Xiaoping em 1978, o governo chinês tem feito reformas econômicas com forte presença do Estado em vários segmentos produtivos e sociais do país. A desigualdade social na China é crescente, o IDH chinês é pior do que do Brasil. Achei lindo ver a Veja defendendo o modelo político ditatorial Chinês. Talvez essa seja a grande diferença entre o modelo chinês e o de Hugo Chavez na Venezuela, o primeiro satisfaz as necessidades políticos-econômicas capitalistas, já o segundo segue em oposição. Parabéns a Veja, forte defesa de uma brutal DITADURA como a China. Que incoerência!
7) Livro Construindo a Geografia da Ed. Moderna: “Por meio da televisão, as empresas transformam as unidades familiares em consumidoras de seus produtos e estabelecem padrões de comportamento”. Veja: Os espectadores são reduzidos a seres desprovidos de vida inteligente. Marcelo Coelho: Meu Deus! Que comentário ridículo, sem o menor fundamento, sem nenhuma contestação ao trecho escrito pelo autor. É de conhecimento, até de um mineral, que a uma brutal influência da TV no padrão de consumo das sociedades. Por que as empresas pagam fortunas por propagandas nas TVs? Já sei, deve ser para divertir o cliente. Que fofo!
8) Livro Geografia, Ensino Médio da Ed. Ática: “Sem dúvida, a chamada sociedade de consumo, na qual, para ser feliz, não basta consumir o necessário, mas, se possível, também o supérfluo, acabou por conferir às relações do homem com o meio ambiente um caráter extremamente agressivo”. Veja: O autor poderia esclarecer primeiro qual sociedade não é de consumo. A comunista? Nenhum regime conseguiu poluir mais a terra, água e o ar do que o comunista. Marcelo Coelho: Meu Deus! (é uma das piores, sem dúvida) O autor está absolutamente correto, fico com medo de meus alunos acreditarem em Veja, pois assim vão errar no vestibular. Todas as universidades em seus vestibulares concordam com essa tese. Todas! Leonardo Boff (um louco esquerdistas ultrapassado para Veja e suas imparciais jornalistas, com certeza) já disse: “Coloca-se assim uma bifurcação: ou o capitalismo triunfa ao ocupar todos os espaços como pretende e então acaba com a ecologia e assim põe em risco o sistema-Terra ou triunfa a ecologia e destrói o capitalismo, ou o submete a tais transformações e reconversões que não possa mais ser reconhecível como tal”. Olha a pergunta da prova de Geografia da UFRJ em 2005: Relacione o agravamento dos problemas ambientais globais com as tendências de expansão dos padrões de consumo dos países ricos para o resto do mundo. Agora reparem o gabarito da UFRJ: Os padrões de consumo dos países ricos estão baseados no uso intensivo de fontes não renováveis de energia, na baixa eficiência dos processos de aproveitamento dos recursos naturais e na redução indiscriminada da diversidade biológica. Tais padrões, se adotados pela maioria da população do planeta, podem agravar os problemas ambientais devido ao aumento de emissões dos gases de estufa, e à poluição e contaminação do ar, da água e do solo pelos resíduos resultantes do uso ineficaz dos recursos naturais. A UFRJ deve ser comunista!
9) Projeto de Ensino de Geografia da Ed. Moderna: “A globalização reproduz e aprofunda as antigas desigualdades sociais: parcela significativa da população mundial é excluída do consumo de bens e serviços essenciais”. Veja: Parcela significativa da população mundial sempre esteve excluída do consumo de bens e serviços essenciais. A globalização do sistema capitalista de economia de mercado aliada à democratização burguesa diminuiu o número de pobres no mundo de 56% da população para 23%. Marcelo Coelho: Demétrio Magnoli, o autor do livro, já foi entrevistado por Veja algumas vezes. Talvez a revista pudesse escolher melhor esses entrevistados. As jornalistas confundem pobreza com desigualdade social. O Peru é um país em termos socioeconômicos muito mais pobre que o Brasil, mas nós temos uma desigualdade social maior. Em 1960, a diferença econômica entre as nações mais ricas do planeta (cerca de 20%) e as mais pobres (cerca de 20%) era de 30 vezes, atualmente esse valor ultrapassa 70 vezes. As jornalistas devem tomar cuidados com dados utilizados, pois O GLOBO (16.11.2007) noticiou recentemente que a pobreza na América Latina diminuiu em 2006 e que os principais países responsáveis por esse processo foram Brasil (da besta Lula, adjetivo utilizado por Diogo Mainardi, colunista de Veja), Argentina e Venezuela (do ditador, corrupto, feio, chato, nojento, bobo Hugo Chavez).
10) Livro Geografia da Ed. Quinteto Editorial: “Os meios de comunicação de massa são formadores de opinião, que divulgam apenas idéias de seu interesse”. Veja: O autor está em boa companhia. Foi exatamente essa a justificativa dada pelo ditador Fidel Castro ao fechar os jornais em Cuba e lançar o órgão monopolista oficial de “formação política”, o diário Granma. Marcelo Coelho: As jornalistas fugiram do assunto. A questão cubana não era o foco de discussão do autor. Em qualquer sociedade, os meios de comunicação de massa, sejam estatais ou privados são formadores de opinião sim, assim como professores, pais e padres, entre outros. Cabe ao cidadão ser capaz de ter um senso crítico sobre aquilo que está ouvindo e/ou vendo. Os meios de comunicação, de um modo geral, refletem o interesse de seus patrocinadores, isso é mais claro do que a água ou as jornalistas acham que vamos acreditar na imparcialidade da imprensa. Parabéns ao autor do livro.
Tenho que parar a analise desses trechos por aqui, pois estamos com muitas linhas já escritas, mas poderia continuar, por que os comentários são lamentáveis em outras analises das “doutoras” jornalistas (ou dos especialistas que elas dizem ter consultado).
Quase todos os comentários são de assuntos polêmicos, com opiniões que podem ser sim diferentes entre autores, professores, alunos, pais, jornalistas e tudo mais que possa pensar. Veja defende a censura ou controle estatal dos livros? Qual seria a solução disso? Faltou mostrar a verdadeira intenção da reportagem.
Prestem atenção para esse texto, acho bem interessante para essa polêmica: “O que é capitalismo? É o sistema econômico e social caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção, pelo trabalho assalariado, pela acumulação de capital e pelo foco primordial no lucro”. Que texto absurdamente parcial! Deve ser de alguma cartilha (termo usado pejorativamente pelas jornalistas para se referir a livros e apostilas) comunista. Talvez um panfleto do PSTU ou do PSOL. Não, caros amigos e queridas jornalistas, esse texto é de uma publicação da Editora Abril (a mesma da Veja). Acreditem! É uma publicação voltada para vestibulandos: História Vestibular (edição 2008, página 52). Que vergonha Editora Abril! Doutrinando os alunos?
Por fim, gostaria de esclarecer que meu texto é parcial, pois não sou mal caráter de não reconhecer uma conclusão óbvia. Mas o texto de Veja não, esse é uma total imparcialidade (uma revista que pauta por isso realmente, vide a capa de uma edição de Veja de 1988, onde o ex-presidente Fernando Collor é apresentado ao povo como Caçador de Marajás, isso que é imparcialidade). O importante é ter caráter para assumir uma posição, contanto que ela não passe informações equivocadas e que não prejudique o outro. Desculpem meus queridos e freqüentes leitores, mas usei muito do deboche e da agressividade como forma de responder no mesmo tom o texto simplista e vulgar dessas jornalistas. Por que vender a dignidade profissional dessa maneira?
É um carnaval de generalização de fatos, de agressões morais fora do contexto (estou indignado como o caso de Paulo Freire), de acusações sem conhecer a pessoa, onde não há nenhum espaço para resposta dos autores. Uma arrogância descomunal, sem propósito, ofensiva.
São inúmeras páginas onde poderíamos discutir assuntos importantes, inclusive as dificuldades de atualização dos professores, a deficiência da infra-estrutura escolar e os próprios erros de livros e apostilas, mas erros de conteúdo realmente, não supostas polêmicas e em todas as matérias. Não entendo uma coisa. Por que só analisar livros de História e Geografia. Por quê?
Por último, queria convidar as jornalistas da reportagem para assumirem a elaboração de livros de história e geografia e de ministrarem aulas em colégios, cursos e universidades desse país. Mas lembrem-se, os livros e as aulas devem respeitar a neutralidade em relação aos conteúdos apresentados. Duvido.
Me ajudem a divulgar esse texto, reproduzam pela internet. Por favor!
Professor Marcelo Coelho
Geografia