sábado, 30 de maio de 2009

TEM GENTE POR AÍ... QUE VIVEM FALANDO A TOA!!! ESQUECERAM QUE O POVO TEM MEMÓRIA ?

FAZER POLÍTICA NO BRASIL TEM SIDO PRATO CHEIO PARA CHARGISTAS E PESSOAS COMUNS, EXPOR NOSSAS IDÉIAS SOBRE...
SER OPOSIÇÃO É O QUE ? SERÁ O QUE ?
OPOSIÇÃO... É SER CONTRA ?
O QUE ME DIZ SE ONTEM FOSTES OPOSIÇÃO, HOJE SITUAÇÃO ?
ONTEM, SITUAÇÃO, HOJE, OPOSIÇÃO ?
PARECE QUE JÁ VI ESTE FILME ANTES...
CPI DA PETROBRÁS....
PRESIDENTE SE DEFENDENDO....
DEFENDENDO SUA ORDEM....

PARTIDO, ORA TIDO COMO DE SITUAÇÃO, AGORA.... HEHEHEHE...
SÃO OPOSIÇÃO...
SALADA DE FRUTAS DE SITUAÇÕES...
O PROBLEMA... CAROS... É QUE AS VEZES... SER OPOSIÇÃO TEM LÁ SUAS CONSEQUÊNCIAS...
MAS, GRAÇAS A DEUS, POR AQUÍ, TEMOS "OPOSIÇÃO" SISTEMÁTICA, E PROGRAMÁTICA...
TEM LUGARES POR ESTE MUNDÃO, QUE NEM ISSO EXISTE... MAS QUE NÃO ESQUEÇAMOS O PASSADO...
POIS NINGUÉM AQUÍ TEM "BRANCO" NA MEMÓRIA !
TODOS SOMOS BONS DE MEMÓRIA E CONHECEMOS NOSSA HISTÓRIA !

quinta-feira, 28 de maio de 2009

AS IMAGENS CORREM PELO MUNDO: AS LOUCURAS DE ALGUNS, TAMBÉM !

ESTAS IMAGENS ABAIXO, CHARGES, INDICAM COMO ESTAMOS VENDO E ATÉ PENSANDO SER A LOUCURA DOS TESTES NUCLEARES DA CORÉIA DO NORTE !
HOJE, CORÉIA DO SUL E EUA COLOCARAM SUAS FORÇAS EM ALERTA...
ESTAREMOS REVENDO O HOLOCAUSTO NUCLEAR DE NOVO ?
NA ÁSIA ?



O QUE DE FATO QUER O LÍDER DOENTE DA CORÉIA DO NORTE ? O QUE PLANEJA ? O QUE PENSA ? ALGUÉM TEM ALGUMA IDÉIA DISSO ?
ESTAMOS DIANTE DE UMA JOGADA, QUE SE PARECE ....
QUEM ESTÁ BLEFANDO ?
PRIMEIRO TESTE DA POLÍTICA INTERNACIONAL DA ERA OBAMA !
COMO VAI ENFRENTAR TAL QUESTÃO ?

A QUESTÃO É QUE ... MAIS UM PAÍS ENTROU NA ERA NUCLEAR... FAZ PARTE AGORA DO SELETO GRUPO DE PÁISES ATÔMICOS...

QUE O MUNDO ACEITE ISSO... OU... ?

terça-feira, 26 de maio de 2009

TEM GENTE POR AÍ, QUE ADORA UMA BOMBINHA!

E DEPOIS DIZEM QUE VIVEMOS EM UMA "NOVA ORDEM MUNDIAL"... A COMUNIDADE REAGE... MAS O CARA CONTINUA NA DELE...
O QUE É PARA PENSAR: ONDE ESTÃO A COMUNIDADE NUM MOMENTO DE TAMANHA INSENSATEZ ?

NOVO ATENTADO AO CIDADÃO COMUM...
NOVO PRECURSOR DA DESORDEM MUNDIAL !
PROTESTE !
SAIA DE SUA MESA QUE MEXE,...
MEXA-SE...
PREGUIÇA !
GRITE PELO MUNDO:
NÃO AOS TESTES NUCLEARES !

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O QUARTO MANDATO VEM AÍ ?

TEM GENTE MESMO PREOCUPADO COM LULA !
SE VAI OU NÃO ACEITAR UM VIRTUAL TERCEIRO MANDATO !
LULA É LULA... E PRONTO !

domingo, 24 de maio de 2009

AS MAIS MAIS DO ANO - AS CHARGES MAIS ENGRAÇADAS E "POLITICAMENTE" INTERESSANTES SOBRE TUDO ! PARTE 01

INICIO COM ESTA POSTAGEM, MINHAS SELEÇÕES DE CHARGES DO ANO, QUE DERAM NO QUE FALAR... E RIR... SÃO NOSSAS MAZELAS DO DIA A DIA, SEJA NA ESFERA NACIONAL, SEJA NA GLOBAL (depois dizem que não somos globalizados). OS COMENTÁRIOS SÃO MEUS... SÓ ISSO.
1 - ESSE É O CARA....
QUEM O LULA OU O OBAMA ?

2 - E TEM GENTE MORRENDO DE CIÚME...
SER O "CARA" SEM TER TÍTULO "ONORIS"...CAUSA...
3 - SER DELEGADO TÁ DANDO NO QUE FALAR NO BRASIL EM 2009...
TAMBÉM... SÓ DENUNCIAR NÃO BASTA...
4 - E A CPI DA PETROBRÁS... VAI DESCOBRIR O QUE ?
MAIS....
PETRÓLEO...
PRÉ-SAL...
PRÉ-ELEIÇÃO...
CORRUPÇÃO....
GÁS NATURAL.... CASUAL....
5 - A O CASO DO DEPUTADO DO CASTELO? QUE QUE É ISSO RAPAZ ?
NOSSO CONGRESSO SE ESMERA EM VER ISSO...
6 - ENQUANTO ISSO... A EDUCAÇÃO... NAS FAVELAS DESTE PAÍS....
PODE... SERÁ QUE ISSO PODE?
7 - O BRASIL CREDOR DO FMI: NOSSA QUE MUNDO É ESSE ?
NEM ACREDITO QUE ESTOU VENDO ISSO...
EU QUE MUITO FUI E SOU CONTRA O FMI...
SERÁ ?
8 - BARACK HUSSEIN OBAMA ASSUME: NOVO BIG BROTHER ?
NOVAS CARAS, VELHOS PROBLEMAS ?
VAI MUDAR?
VAI CONTINUAR ?
9 - EU FUI UM CARA PINTADA...
HOJE NÃO TENHO A CARA LAVADA...
E VOCÊ... ONDE ESTÁ NESTA HISTÓRIA ?
10 - ATÉ QUE ENFIM ACABA A CORRUPÇÃO NO BRASIL...
HEHEHEHEHEHEHEHE....
QUE FINAL EMOCIONANTE.. NÃO?
ANUNCIAR O FIM A CORRUPÇÃO...
ESTE BLOG SE ADIANTA DIANTE DE TODOS OS OUTROS MEIOS DE COMUNICAÇÃO...
AGUENTE MAIS ESSA....

APESAR DA CRISE, CAI O NÚMERO DE POBRES NO PAÍS !

CRISE OU MAROLA ?
MAROLA OU TSUNAMI ?
PAC OU ....?

A CRISE MUNDIAL É UMA MAROLA, OU SÓ UMA TSUNAMI ? RESPONDA RÁPIDO E DEPOIS LEIA A REPORTAGEM ABAIXO :
O número de pobres caiu no Brasil nos seis primeiros meses da crise financeira global. Segundo Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), esse desempenho é inédito no Brasil, já que, nas outras grandes crises das últimas décadas, a pobreza subiu muito.
A reportagem é de Fernando Dantas e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 20-05-2009.
Dados apresentados por Pochmann no 21º Fórum Nacional, no Rio, com base na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que 316 mil brasileiros saíram da pobreza nas principais regiões metropolitanas de outubro de 2008 a março de 2009. A linha de pobreza utilizada foi a de meio salário mínimo de renda familiar per capita.
A apresentação de Pochmann no Fórum somou-se às do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para compor uma vigorosa defesa da reação do governo Lula à crise. O destaque dessa argumentação foi o aumento dos gastos públicos e a atuação dos bancos públicos para suprir o crédito para as empresas no momento em que as linhas internacionais sumiram e os bancos privados nacionais se retraíram.
"É a primeira vez que se continua a reduzir a pobreza, apesar da crise", disse o presidente do Ipea. Segundo o estudo, o número de pobres aumentou 6,7 milhões na crise da dívida externa, em 1982 e 1983; 3,9 milhões no pico da hiperinflação e no Plano Collor, em 1989 e 1990; e 1,9 milhão na crise da desvalorização do real, em 1998 e 1989.
"De 80 para cá, esta é a primeira vez que estamos enfrentando a crise com políticas keynesianas", disse Pochmann, referindo-se às recomendações do célebre economista britânico de se ampliar os gastos públicos para se sair de recessões muito agudas. Ele acrescentou que, nas crises passadas, a política econômica era pró-cíclica, e não anticíclica. As medidas aprofundavam a desaceleração econômica, em vez de tentar amenizá-la: "Aumentavam os juros, reduziam os gastos, reduziam os investimentos, o salário mínimo não crescia".
Pochmann observou que hoje 35% da população brasileira está protegida por "garantias de renda que não dependem mais do mercado de trabalho". Ele inclui aí a Previdência Social e os programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família. O aumento real do salário mínimo no período mais agudo da crise, por outro lado, está sustentando o mercado interno", segundo o presidente do Ipea.
O elogio de Pochmann ao desempenho do governo Lula na turbulência global casou-se perfeitamente com a descrição negativa que o ministro Paulo Bernardo fez da forma como governos passados reagiam a crises. "Em todas as crises no Brasil, a primeira coisa (era que) o governo quebrava, depois pedia ajuda ao FMI e ao Banco Mundial, tinha que normalmente desabotoar o cinto, pelo menos, para não falar outra coisa, para conseguir ajuda, com um monte de condicionalidades, e jogava a conta para os mais pobres, com impostos indiretos."
Agora, observou Bernardo, "o Brasil está resistindo melhor; o governo não quebrou, não aumentou impostos, não teve de fazer um pacote perverso de cortar gastos que deixassem seus problemas sem solução e os pobres não são aqueles que estão pagando a crise".

domingo, 17 de maio de 2009

Gripe, pesticidas e transgênicos. Manifestações da crise civilizacional

EU GOSTO DE PENSAR !
ME FAZ BEM...
LAVA MINHA ALMA...
EDUCA MEU SER E MEU VIVER !
PENSE NISSO...
E CLARO, LEIA A MATÉRIA ABAIXO!


A cada dia se torna mais difícil distinguir entre as mortes provocadas por agentes naturais externos e as mortes geradas no interior da sociedade industrial. As recorrentes pandemias que atingem a humanidade são resultantes de uma determinada matriz civilizatória industrial.
O artigo é de Victor M. Toledo, pesquisador do Instituto de Ecologia da Universidade Nacional Autônoma de México (UNAM), em artigo para o Página/12, 08-05-2009.
A tradução é do Cepat.
Eis o artigo.


Hoje, como no passado, a humanidade enfrenta uma nova pandemia de microorganismo, o qual, entretanto, não é senão uma fração de outra que se poderia chamar de suprema ou estrelar. A grande pandemia é sem dúvida a que nós mesmos, como espécie biológica provocamos nos últimos tempos. A espécie humana desafiou as leis do ecossistema.
De aproximadamente 1 bilhão de seres humanos que existiam em 1900 se passou aos 6 bilhões nesta década. Que planeta pode suportar essa insólita expansão?
Do ponto de vista ecológico, manter essa gigantesca população significa travar permanentemente duríssima batalha contra os organismos que buscam se aproveitar desta situação anômala e, especialmente contra a gama conhecida de microorganismos: fungos, bactérias, vírus, retrovírus e viróides.
A grande pandemia, não é, entretanto, apenas demográfica, mas também diz respeito ao que podemos chamar de matriz civilizatória industrial, e inclui desde a visão moderna de mundo até aos desenhos tecnológicos e os mecanismos de acumulação implícitos ao desenvolvimento do capitalismo.Não se pode apenas socorrer-se em Malthus, sem invocar Marx.
O mundo de hoje necessita deter tanto o crescimento descomunal da população humana como transformar radicalmente o modelo de civilização.
Hoje, os riscos não provêem unicamente de fora. A gripe estacional que a cada ano brota nos invernos dos dois hesmiférios tira a vida de 250 mil a 500 mil pessoas, é verdade, mas os carros matam anualmente 1 milhão de pessoas e os acidentes deixam entre 25 a 30 milhões de pessoas feridos a cada ano.
Se a Aids mantém infectada a uma população estimada em 33 milhões de pessoas, das quais anualmente morrem 2 milhões, os pesticidas criados nos laboratórios químicos afetam, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a 2 milhões de pessoas e matam anualmente 200 mil.
A cada dia se torna mais difícil distinguir entre as mortes provocadas por agentes naturais externos e as mortes geradas no interior da sociedade industrial.
As gripes, por exemplo, são enfermidades geradas por vírus que são criações naturais e industriais. Os vírus das gripes é o resultado da combinação endiabrada de formas que tem ido dos humanos às aves e aos porcos, do movimento entre esses últimos, e o do retorno aos humanos em ciclos dominados pelo acaso (as mutações) que se repetem silenciosamente e perigosamente por todo o planeta.
Este fenômeno se vê promovido e acentuado pela existência de gigantescos confinamentos mediante os quais a produção industrial gera os alimentos cárnicos (de aves, porcos, bovinos, etc). Os campos de concentração animal, que são cada vez mais a base da maquinaria industrial produtora de alimentos, que concentram milhões e centenas de milhões de animais para o seu sacrifício, são verdadeiros focos para a incubação, mutação e recombinação de vírus, como o da gripe.
E as cifras são impressionantes. A espécie humana mantém ao redor de dois bilhões de porcos, 85% dos quais estão na China, Europa e Estados Unidos. A cada semana as bocas humanas consomem 23 milhões de porcos, boa parta dos quais provêem de confinamentos massivos. Monopólios e monocultivos são duas formulações fortemente semelhantes desde o surgimento do capitalismo.
Os coquetéis para a gestação de novas formas virais estão, pois, a luz do dia nas granjas industrializadas do mundo, não apenas dos porcos, mas das aves (a gripe aviária) e a dos bovinos (lembre-se do mal das vacas loucas).
O risco de enfermidade não apenas está ligado às cadeias alimentares (e aqui a necessidade de criar e ampliar sistemas agroecológicos de produção de alimentos sadios). Os diferentes ramos industriais geraram substancias tóxicas (apenas na Europa foram inventadas 40 mil) que estão demonstrando que são a causa, ou parte dela, de novas doenças, como certos tipos de câncer, alergias e estado de depressão imunológica.
Entre eles, destacam-se os pesticidas, utilizados principalmente nos extensos campos de cultivo agroindustrial.Define-se um pesticida como toda substância que serve para combater os parasitas e as doenças de cultivos, do gado, de animais domésticos, e mesmo do ser humano.
Os pesticidas surgiram a partir da Segunda Guerra Mundial e são compostos químicos (DDT, organoclorados, organofosforados e carbomatos) elaborados para exterminar pragas e doenças que afetam as grandes concentrações humanas e as de suas plantas e animais domesticados.
Não obstante, os pesticidas não apenas afetam a saúde humana, mas também geram impactos sobre os ciclos naturais e as espécies. A estranha extinção das abelhas em extensas regiões dos Estados Unidos e da China ao que parece foram provocada por estas substâncias.
O último desenho ligado aos extensos campos de cultivos agroindustriais são os organismos geneticamente modificados (alimentos transgênicos), que são criações derivados da biotecnologia e da genômica. Ainda não está demonstrado que causam dano a quem os consome, seu perigo potencial está no fato de que se trata de um novo tipo de contaminação: a genética, cujos efeitos são muito mais difíceis de detectar e controlar.
Nessa situação, o ser humano, não Deus, joga com os dados da própria vida ao introduzir no mundo da natureza organismos que podem provocar mudanças inesperadas sobre as populações das espécies domesticadas e silvestres.
No México, o caso do milho transgênico é um caso chave e dramático.Os seres humanos estão metidos em uma encruzilhada, num turbilhão de riscos, que é o resultado do tamanho descomunal da população, a qual precisa se alimentar mediante formas (agroindustriais) que facilitam, por sua vez, a proliferação de patógenos, que contaminam e afetam a saúde humana e que ameaçam provocar transformações nunca antes vistas na estrutura genética dos organismos (transgênicos). Tudo isso é parte dessa grande pandemia na qual acabaremos chegando.
Qual é a cura possível das infinitas pandemias que tem matado milhares?

BARACK OBAMA: 120 DIAS DEPOIS : PROMESSAS E AÇÕES ! ?

QUATRO MESES DEPOIS...
O QUE É BARACK OBAMA ?
COMO AGE ESSE PRESIDENTE
QUE JÁ É UM MITO NA HISTÓRIA MUNDIAL E AMERICANA ?
JORNAIS MOSTRAM ISSO...
Nos quatro meses na Casa Branca, o presidente dos EUA, Barack Obama, começa a abandonar a retórica de campanha e a conviver com uma dura realidade: algumas promessas serão difíceis ou impossíveis de cumprir. Fechar a prisão de Guantánamo e acabar com as comissões militares criadas para julgar suspeitos de terrorismo são alguns compromissos que ficarão pelo caminho.
A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo, 16-05-2009.
O primeiro sinal do pragmatismo de Obama surgiu na quarta-feira, quando ele mudou de ideia e decidiu contestar a determinação judicial de divulgar fotos de americanos torturando presos. "As imagens incentivariam o antiamericanismo e colocariam nossas tropas em risco", justificou o presidente.
A decisão enfureceu alguns democratas, que reclamam da guinada para o centro do governo, que ainda não emplacou uma reforma das leis de imigração, não tem um plano de retirada do Afeganistão e até o cronograma para o fim das operações no Iraque está ameaçado pelo retorno da violência na região.
Obama bem que tentou. Seu primeiro ato de governo foi assinar uma ordem executiva suspendendo as comissões criadas por George W. Bush e prometendo fechar Guantánamo em um ano. Quatro meses depois, tudo continua na estaca zero.
O revés político era previsível, já que ninguém sabe o que fazer com os 240 presos da base. "Não traremos a Al-Qaeda para meu Estado", disse na semana passada Max Baucus, senador democrata de Montana.
"Para Quantico ninguém vai", disse Mark Warner, senador democrata de Virgínia, sobre a possibilidade de alojá-los numa base em seu Estado. "Alcatraz é um parque nacional, não uma prisão de terroristas", afirmou Dianne Feinstein, senadora democrata da Califórnia.
A pressão da opinião pública fez com que deputados de Louisiana, Califórnia, Mississippi, Missouri e Virgínia aprovassem leis proibindo a transferência de detentos para seus territórios. Os republicanos encaminharam um projeto ao Congresso que, se aprovado, não permitirá que detentos de Guantánamo sejam transferidos para Estados sem a aprovação de governadores e deputados estaduais.
Em abril, o senador republicano Jeff Sessions questionou a autoridade do governo federal de transferir presos para o território americano com base em uma lei federal de 2005, que proíbe a entrada nos EUA de estrangeiros que tenham envolvimento com o terrorismo.
Sem saída, o secretário de Justiça, Eric Holder, fez em abril um giro pela Europa para tentar se livrar de alguns detentos. No entanto, o máximo que conseguiu foi um aceno de britânicos e alemães, que prometeram pensar no assunto.
Há duas semanas, o secretário de Defesa, Robert Gates, reconheceu que cerca de 75 presos não poderão ser libertados nem julgados nos EUA por causa de confissões obtidas sob tortura. Ao mesmo tempo, muitos são considerados perigosos demais para serem soltos.
Além disso, nem todos podem ser devolvidos a seus países, pois correm o risco de ser mortos. Uma solução seria aprovar no Congresso uma lei permitindo que presos sejam mantidos indefinidamente sob custódia, sem julgamento, opção que causaria uma convulsão na base democrata. Para a maioria dos constitucionalistas americanos, o nó dado por Bush é impossível de desatar.

O presidente Barack Obama anunciou ontem que retomará as comissões militares para julgar os suspeitos de terror presos em Guantánamo, uma decisão que provocou críticas de ativistas de direitos humanos e entidades mais à esquerda. Na quarta-feira, Obama decidiu não divulgar fotos de soldados americanos cometendo abusos contra presos no Iraque e Afeganistão.
A reportagem é de Patrícia Campos Mello e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 16-05-2009.
Ao assumir o cargo, Obama decretou a suspensão por quatro meses dos julgamentos em comissões militares e esperava-se que transferisse os casos para cortes federais. Em agosto, disse que as comissões militares eram "um fracasso" e seria melhor julgar os presos de Guantánamo em cortes marciais ou tribunais federais.
As cortes militares foram criadas durante o governo de George W. Bush para julgar suspeitos de terrorismo e vêm sendo criticadas por não oferecer condições para um julgamento justo. Em agosto, Obama disse: "Fecharei Guantánamo e rejeitarei as comissões militares. Nossa Constituição e Código de Justiça Militar já nos dão uma estrutura para julgar terroristas."
Mas nas últimas semanas, Obama passou a ouvir os argumentos do Pentágono de que julgar os detentos em tribunais tradicionais apresenta obstáculos legais, ameaça a segurança de provas confidenciais, e pode dificultar a condenação de suspeitos.
Ontem, Obama garantiu que as comissões serão reformadas para dar mais proteções legais aos réus. "As comissões militares têm longa tradição nos EUA", disse em um comunicado. "São apropriadas para julgar inimigos, desde que sejam estruturadas e administradas da forma adequada."
Com as mudanças, as comissões militares não poderão mais usar provas obtidas com métodos de interrogatório desumanos ou cruéis, limitarão a admissão de rumores como provas e darão mais liberdade para o detento escolher um advogado.
A manutenção das comissões é vista como "traição" por alguns. "Não se pode reformar um sistema que é injusto em sua essência", disse Rob Freer, da Anistia Internacional. "Os EUA têm uma Justiça que pode ser usada para julgar os presos de Guantánamo."
Já os republicanos comemoraram. Ari Fleischer, ex-porta-voz de Bush, disse que Obama deveria confessar que "estava errado" sobre as comissões militares e a divulgação das fotos. "Ele também não conseguirá fechar Guantánamo", disse. "Está se provando que várias decisões impopulares de Bush eram necessárias."
Dos 240 detentos atualmente em Guantánamo, 21 foram acusados de crimes de guerra e devem ser julgados em comissões militares.


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, voltou atrás em outra decisão tomada nos primeiros dias de seu governo e restabeleceu as comissões militares, criadas no governo Bush, encarregadas de julgar os presos de Guantánamo acusados de terrorismo. Ainda que Obama tenha garantido que os presos terão direito a uma ampla defesa desta vez, a decisão foi encarada como um retrocesso por aliados — e aplaudida por opositores conservadores — especialmente depois que o presidente justificou a suspensão das comissões acusando-as de serem um “enorme erro” e um “desvirtuamento dos valores americanos”.
A reportagem é de Gilberto Scofield Jr. e publicada pelo jornal O Globo, 16-05-2009.
Obama havia suspendido por 120 dias as comissões militares (criadas em 2001, ainda no calor da guerra contra os talibãs no Afeganistão), justamente para revisar os procedimentos adotados nestes tribunais, operados pelo Pentágono sob leis próprias. As comissões são criticadas por não darem amplo direito de defesa aos presos, usarem confissões obtidas através de tortura e inverterem o princípio básico de que o ônus da prova cabe a quem acusa, e não a quem é acusado. Treze detentos, incluindo cinco acusados de envolvimento nos ataques de 11 de setembro de 2001, tiveram seus processos suspensos.
Na época da posse, Obama afirmou que estas comissões não davam aos presos o mesmo tratamento oferecido por cortes civis dentro dos EUA. Agora, o presidente anuncia que as comissões permanecerão suspensas por mais 120 dias, tempo necessário para que sejam “reformadas” para garantir aos presos o direito de defesa.
— Tudo isso só evidencia o quanto vem sendo difícil mudar o tratamento dado aos presos acusados de terrorismo que foi estabelecido ainda no governo passado — diz Steven Vladeck, professor da Faculdade de Direito da American University.
— E ainda não me parece claro até que ponto os novos procedimentos garantem aos detentos os mesmos direitos de defesa que os tribunais civis dentro do país.
Num texto divulgado pela Casa Branca, Obama diz que “as comissões militares têm uma longa tradição na História dos EUA”:
— As comissões são apropriadas para julgar inimigos que violam as leis numa guerra, desde que sejam adequadamente estruturadas e administradas. Esta é a melhor maneira de proteger o nosso país, ao mesmo tempo em que mantemos nossos mais profundos valores — justificou Obama.
Segundo analistas militares, o presidente foi convencido pelo Pentágono de que levar os detentos para sistemas penais tradicionais seria um enorme problema legal, colocando em risco, inclusive, o resultado final dos processos, sejam eles a condenação do acusado ou sua absolvição, ou a transferência para outro país. Ontem mesmo, o argelino Lakhdar Boumediene, que estava preso em Guantánamo, foi enviado para a França.
Ex-adversário John McCain elogia
Num encontro da Otan, mês passado, o governo francês concordou em receber Boumediene. Em junho do ano passado, a Suprema Corte americana analisara seu caso e chegara à conclusão de que estrangeiros presos têm direitos garantidos, pela Constituição dos EUA, de ser julgados por tribunais comuns. A Suprema Corte decidiu também que as comissões de Bush violavam os direitos dos prisioneiros e determinou que o sistema fosse revisto. É isso que Obama afirma estar fazendo:
— Precisamos de tempo para reformar o processo das comissões militares — disse Obama.
O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, que vinha criticando Obama diariamente por sua decisão de fechar Guantánamo, afirmou que a ideia de reativar as comissões militares “é uma evolução encorajadora”.
— Estou feliz que o presidente Obama tenha mudado de opinião — afirmou o senador John McCain, candidato republicano derrotado nas eleições presidenciais do ano passado.
Aliados tradicionais de Obama, como membros de entidades de defesa dos direitos humanos, criticaram o presidente.
— Esta decisão é um tremendo retrocesso no programa de governo do Partido Democrata e na expectativa com relação ao presidente Barack Obama. Primeiro porque reafirma uma aberração, que é um sistema paralelo de Justiça, submetido ao Poder Executivo.
Isto quebra o princípio da independência dos três poderes, no qual se baseiam as democracias ocidentais. É uma decepção forte em relação às promessas de campanha de Obama — disse Joanne Mariner, diretora da área de Terrorismo e Contraterrorismo da Human Rights Watch.
O ex-assessor especial do presidente George W. Bush, Karl Rove, prestou ontem depoimento à procuradora Nora Dannehy, que investiga se a demissão de nove procuradores, em 2006, foi efetuada por pressões políticas.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

GRIPE SUÍNA: HIPOCONDRIA E A EPIDEMIA DO MEDO !

"A dor e o sofrimento psíquicos são as resultantes desse medo amplo, geral e irrestrito promovido no imaginário coletivo pela pandemia. É preciso assim que fiquemos atentos ao lance, para não sucumbirmos pelo terror da morte", escreve Joel Birman, psicanalista, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo,02-05-2009. Segundo ele, "é preciso relativizar as supostas certezas do discurso da ciência para constituirmos formas outras de lidar com o nosso desamparo e combatermos vigorosamente as forças maléficas que nos cercam na existência social".
Eis o artigo.
Se diversas cenas sombrias sobre a gripe suína se condensam principalmente no México e nos EUA, fontes do vírus da gripe em questão, elas se internacionalizam imediatamente e começam a se alastrar com a ameaça da pandemia.
A globalização, ao nos colocar num mundo sem fronteiras, cria as vias de facilitação para tornar presente a ameaça do mal em escala internacional. É o temor da morte que se atualiza de maneira inevitável, pois para interromper as trilhas de sua transmissão necessário seria suspender o trafico aéreo internacional. O que, convenhamos, é no limite impossível, principalmente se considerarmos a existência atual da recessão econômica global. Porem, é inevitável que a economia já sofra os efeitos da pandemia, em diferentes setores das atividades produtivas. No entanto, o que está em pauta é o medo. É esse o que principalmente se dissemina, com uma rapidez infinitamente maior do que o vírus. O "apocalipse now" se inscreve no imaginário coletivo de forma inequívoca. Os temores ancestrais da ordem humana se colocam em cena, minando todos os sistemas de segurança construídos pelo longo processo civilizatório. Se não existe vacina contra o vírus da gripe A (H1N1), e o Tamiflu não é o medicamento infalível para combatê-la de maneira eficaz, os limites do discurso da ciência face ao mal absoluto se tornam evidentes para todos. Ao lado disso, as autoridades políticas orientadas pela medicina não conseguem também nos oferecer garantias para nossa segurança ontológica.
Medicalização
Foi graças à expansão do discurso da ciência e a medicalização maciça que ele promoveu do espaço social desde o final do século XVIII que passamos a acreditar que poderíamos dominar inteiramente a natureza e nos confrontarmos com o mal de maneira triunfante.
Com isso, o modelo moderno centrado na peste substituiu o modelo antigo centrado na lepra. Passamos a combater diretamente o mal com uma série de medidas sanitárias no interior do espaço social, ao invés de isolá-lo e procurar circunscrevê-lo na periferia das cidades, pela sua expulsão desterritorializante (Foucault).
O discurso bacteriológico, inventado por Louis Pasteur no século XIX, incrementou em muito a suposta eficácia do modelo da peste, multiplicando as ações da saúde publica e os controles epidemiológicos. No entanto, a pandemia é um acontecimento no limite imprevisível, apesar de o bioquímico austríaco Norbert Bischofberger (criador do Tamiflu) afirmar que seria previsível, pois as epidemias globais aconteceriam regularmente a cada 30 ou 40 anos.
Porém o momento preciso em que a epidemia acontece é imprevisível e não pode ser antecipado rigorosamente pela ciência, nos deixando assim todos de calças curtas e aterrorizados diante da implacabilidade da morte. Isso porque, se a disseminação virótica se realizar efetivamente, como ocorreu no caso da gripe espanhola em 1918, não existiriam nem hospitais nem medicação disponíveis para todo mundo, mesmo que sejamos hoje bem mais ricos e poderosos do que no inicio do século XX. Assim, é o desamparo psíquico de todos nós que fica à flor da pele nessas situações limites e catastróficas, pois não temos com quem contar, em última instância, para nos proteger do mal. É claro que as regiões mais ricas do mundo têm mais recursos materiais e simbólicos para se confrontarem com esse do que as pobres, assim como o inverno que se aproxima no hemisfério Sul expõe ainda mais os países pobres ao risco.
Porém o desamparo nos leva todos a acreditar que estamos ameaçados por tudo e por todos, pela natureza e pelo outro. Seria o desamparo a condição concreta de possibilidade para a produção disseminada de sintomas hipocondríacos. Com efeito, qualquer mal-estar que venhamos a sentir será o signo inequívoco da presença do mal, num contexto em que ninguém pode efetivamente nos proteger.
Enfim, se a hipocondria é o sintoma produzido no sujeito quando esse supõe que não foi desejado pela mãe e a ameaça de morte é o signo infalível de que a mãe nos abandonou aos poderes da natureza, como nos ensina a psicanálise, o imaginário hipocondríaco será a moeda corrente nos tempos catastróficos da pandemia. A dor e o sofrimento psíquicos são as resultantes desse medo amplo, geral e irrestrito promovido no imaginário coletivo pela pandemia. É preciso assim que fiquemos atentos ao lance, para não sucumbirmos pelo terror da morte.
Para isso, é preciso relativizar as supostas certezas do discurso da ciência para constituirmos formas outras de lidar com o nosso desamparo e combatermos vigorosamente as forças maléficas que nos cercam na existência social.

EPIDEMIA DO LUCRO
Com as epidemias, são as transnacionais as que mais lucram: as empresas biotecnológicas e farmacêuticas que monopolizam as vacinas e os antivirais. A afirmação é de Silvia Ribeiro, pesquisadora do grupo ECT em artigopublicado no jornal mexicano La Jornada, 30-04-2009.

Segundo a pesquisadora a gripe suína é parte de uma crise maior e tem as suas raízes no sistema de criação industrial de animais, dominado por grandes empresas transnacionais.Eis o artigo.A nova epidemia da gripe suína que ameaça expandir-se a outras regiões do mundo não se trata de um fenômeno isolado. É parte da crise generalizada e tem suas raízes no sistema de criação industrial de animais, dominado por grandes empresas transnacionais.No México, as grandes empresas avícolas e de suinocultura têm proliferado amplamente nas águas (sujas) do Tratado de Livre Comércio da América do Norte. Um exemplo é a Granjas Carroll, em Veracruz, propiedade de Smithfield Foods, a maior empresa de criação de porcos e processamento de produtos suínos do mundo, com filiais na América do Norte, Europa e China. Em sua sede de Perote começou faz algumas semanas uma virulenta epidemia de enfermidades respiratórias que afetou 60% da população de Glória, fato informado por La Jornada em várias oportunidades a partir das denúncias dos habitantes do local, que faz alguns anos levam uma dura luta contra a contaminação da empresa e tem sofridos inclusive repressão das autoridades por suas denúncias. Granjas Carrol declarou que não tem responsabilidade pela atual epidemia, alegando que a população sofria de uma gripe “comum”. Por via das dúvidas, não fizeram análises para saber exatamente de que vírus se tratava.Em contraste, as conclusões do Painel Pew Commission on Industrial Farm Animal Production (Comissão Pew sobre produção animal industrial), publicado em 2008, afirmam que as condições de criação e confinamento da produção industrial, sobretudo em porcos, criam um ambiente perfeito para a recombinação de vírus. Inclusive mencionam o perigo da recombinação da gripe aviária e a suína e como finalmente podem chegar a recombinar-se no vírus que afetam e são transmitidos entre humanos. Mencionam também que por muitas vias, incluindo a contaminação de águas, pode chegar a localidades longínquas, sem aparente contato direto. Um exemplo que se pode apresentar é o surgimento da gripe aviária. Veja por exemplo, o informe da GRAIN que ilustra como a indústria avícola criou a gripe aviária (www.grain.org).Mas as respostas oficiais diante da crise atual, além de tardia (esperaram que os Estados Unidos anunciassem primeiro o surgimento do novo vírus, perdendo dias valiosos para combater a epidemia), parecem ignorar as causas reais e mais contundentes.Mas do que enviar cepas do vírus para seu seqüenciamento genomico a cientistas como Craig Venter, que enriqueceu com a privatização da pesquisa e seus resultados (seqüenciamento que já foi objeto de investigações públicas do Centro de Prevenção de Doenças em Atlanta, Estados Unidos), o que é preciso é entender que este fenômeno vai continuar se repetindo enquanto continuem os criadouros dessas doenças.E na epidemia, são as transnacionais as que mais lucram: as empresas biotecnológicas e farmacêuticas que monopolizam as vacinas e os antivirais. O governo anunciou que tinha um milhão de doses de antígenos para atacar a nova cepa da gripe suínas, mas nunca informou a que custo.Os únicos antivirais que ainda têm ação contra o novo vírus estão patenteados na maior parte do mundo e são de propriedade das grandes empresas farmacêuticas: zanamivir, com o nome comercial Relenza, comercializado por GlaxoSmithKline, e oseltamivir, cuja marca comercial é Tamiflu, patenteado por Gilead Sciences, licenciado exclusivamente para a Roche. Glaxo e Roche são a segunda e a quarta empresas farmacêuticas em escala mundial e, que igualmente ao restante de seus fármacos, as epidemias são as suas melhores oportunidades de negócio.Com a gripe aviária, todas elas obtiveram centenas de milhões de dólares de lucro. Com o anúncio da nova epidemia no México, as ações da Gilead subiram 3%, as da Roche 4% e as de Glaxo, 6% e isto é apenas o começo. Outra empresa que está atrás desse grande negócio é a Baxter, que solicitou mostras do novo vírus e anunciou que poderá ter a vacina em 13 semanas. Não precisamos enfrentar apenas a epidemia do vírus, mas também a do lucro.

A LÓGICA FINANCEIRA DAS PANDEMIAS
"As indústrias produtoras de medicamentos têm-se "recusado a aceitar a proposta da Organização Mundial de Saúde de receber, do único país que o conseguiu isolar, o vírus que transmite a gripe aviária de ser humano para ser humano - em troca do direito de aquele país fabricar a vacina (que ainda não existe) sem pagar royalties. Enquanto isso, o mundo corre o risco de uma pandemia", escreve Washington Novaes, jornalista, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 01-05-2009. Comentando a devastação das florestas, o jornalista afirma que "não temos por que nos espantar diante de quadros dramáticos, que estão na rotina brasileira também e são fruto dessas posturas comandadas basicamente por lógicas apenas financeiras. E que ainda determinam negativas como a de empresas que não aceitam fabricar vacinas se todos não pagarem por elas".
Eis o artigo.
Pois é. Está aí o mundo diante do risco de pandemia, a partir do surto de gripe suína no México, mas já com manifestações nos Estados Unidos e na Europa - e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), sem vacinas eficazes para imunizar seres humanos contra esse vírus capaz de passar de pessoa para pessoa. Remete de volta a 1998, quando, em artigo publicado neste espaço, sob o título As novas armadilhas (24/4/98), relembrava-se que a primeira pandemia da era moderna, a gripe espanhola, em 1918, atingira um quarto da população mundial de então, que era de 1,8 bilhão de pessoas, e matara 21 milhões. A segunda pandemia, a "gripe asiática" de 1957, atingira 17% da população de quase 3 bilhões e matara 1 milhão - embora já existissem vacinas. A terceira, a "gripe de Hong Kong", pouco depois, chegara a 8% da população e provocara a morte de 700 mil pessoas. Mas com a diferença de que a gripe espanhola, levada por soldados na 1ª Guerra Mundial, em trens, precisara de quatro meses para se espalhar pelo mundo; hoje, com centenas de milhões de pessoas cruzando as fronteiras de seus países a cada ano, os vírus, transportados por navios e aviões, podem espalhar o problema pelo planeta em quatro dias.
Há mais de uma década o cientista George J. Armelagos, da Emory University, da Geórgia (EUA), já advertia que nessa "terceira transição epidemiológica" a situação é muito mais complicada. Na primeira, há 10 mil anos, quando o ser humano deixou a vida nômade - em que só enfrentava parasitas e fungos - pelo pastoreio e pela agricultura, viu-se às voltas com o tifo, a esquistossomose, a tuberculose, o antraz, a doença do sono. Depois, nas cidades, vieram a peste bubônica, a raiva, o sarampo e a varíola, em parte por causa do contato com ratos e outros animais. As vacinas e os antibióticos, já na segunda metade do século XX, caracterizam a segunda transição. E a nova transição veio com a ebola, a hepatite e outras doenças "favorecidas pela urbanização, pela remoção de florestas, pelo aquecimento global". A malária, a dengue e outras enfermidades causadas por insetos privados de seu hábitat fazem parte do problema. A proliferação de vírus e bactérias, trocas genéticas, o surgimento de espécies mais resistentes, outra parte, que inclui agentes transportados em alimentos e frutas no comércio internacional.
Talvez já se pudesse estar em situação menos grave. Como se registrou neste espaço no artigo A quem pertence o conhecimento? (1º/8/2008), as indústrias produtoras de medicamentos têm-se "recusado a aceitar a proposta da Organização Mundial de Saúde de receber, do único país que o conseguiu isolar, o vírus que transmite a gripe aviária de ser humano para ser humano - em troca do direito de aquele país fabricar a vacina (que ainda não existe) sem pagar royalties. Enquanto isso, o mundo corre o risco de uma pandemia".
Inermes diante desse quadro, vamos vendo - para só ficar nos tempos mais recentes - o vírus Ebola chegar às Filipinas e dizimar as criações de porcos (dezembro de 2008). A OMS declarar que "a gripe aviária está longe de encerrada", ainda que os focos tenham diminuído em 2008. Mas ainda causou a morte de 31 pessoas. Ao todo, já havia 250 vítimas, das quais 115 na Indonésia.
Neste ano, o Nepal teve de abater 23 mil frangos e patos. O Vietnã alertou sobre "uma possível epidemia de gripe aviária". O Egito registrou sua 56ª morte. O Japão abateu 260 mil codornas por causa de um segundo foco. As esperanças ficaram depositadas numa descoberta anunciada por cientistas japoneses, de uma vacina contra mutações da gripe aviária resistente ao medicamento Tamiflu, testada em ratos, mas que ainda levará anos para se tornar utilizável por humanos. Também nos Estados Unidos cientistas anunciaram ter produzido anticorpos para várias linhagens da gripe aviária - mas os testes clínico só serão realizados em 2011 ou 2012. Ou seja, ainda estamos desprotegidos.
No último dia 26, este jornal publicou artigo de seu correspondente na França, Gilles Lapouge, ressaltando que "pássaros, peixes, mamíferos, insetos e flores vindos do outro lado do mundo" estão "cobrindo as paisagens da Europa, semeando a discórdia, a desordem, a morte". Segundo o Delivering Alien Invasive Species Inventories for Europe, nada menos que 10.992 espécies invadiram a Europa desde 2002. Entre elas, o ratão-do-banhado, que transmite leptospirose. E o lagostim da Louisiana, o mexilhão-zebra, a truta de arroio, o bernache (pato selvagem), o biguá. E os prejuízos já são de dezenas de bilhões de euros. Além deles, outras aves transportam nos intestinos ou na plumagem pólen e sementes, que se vão disseminar. Assim como seres estranhos aos novos hábitats. Vermes. Fungos.
Lapouge conclui dizendo, apropriadamente, que "antigamente as migrações de plantas ou animais eram lentas. O planeta tinha tempo de integrá-los, assimilando as espécies boas ou eliminando as nocivas. Hoje, o ritmo dessas transferências se tornou tão rápido que o globo não consegue mais acompanhá-las".
De certa forma, o problema conhecido: continuamos a perder 12 mil km2 de florestas tropicais por ano, diz a ONU; por uso excessivo ou inadequado, 60 mil km2 de terras entram em processo de desertificação a cada ano; consumimos recursos naturais quase 30% além do que a biosfera planetária pode repor. Aqui, a Amazônia continua a perder milhares de quilômetros quadrados por ano. O Cerrado, 22 mil km2. Em cada lugar, espécies são expulsas, saem em busca de novos hábitats.
Portanto, não temos por que nos espantar diante de quadros dramáticos, que estão na rotina brasileira também e são fruto dessas posturas comandadas basicamente por lógicas apenas financeiras. E que ainda determinam negativas como a de empresas que não aceitam fabricar vacinas se todos não pagarem por elas.

Vem aí a fusão entre a Porsche e a Volkswagen

Uma força-tarefa deve definir nas próximas semanas as bases da nova companhia, que agrupará dez marcas independentes de carros.
A fusão é um desfecho decepcionante para a Porsche, que tinha planos de aumentar sua participação na Volkswagen para 75%, o que garantiria pleno acesso às reservas de caixa da Volks e lhe permitiria reduzir suas dívidas.
Uma das dificuldades da Porsche para levar a cabo seu plano foi a chamada Lei Volkswagen, que garante ao estado alemão da Baixa Saxônia uma minoria de pouco mais de 20% das ações e poder de veto sobre as decisões importantes da empresa.

AS LIÇÕES APRENDIDAS DA GRIPE SUÍNA DE 1976 !

Os americanos não têm uma boa lembrança do surto de gripe suína que atingiu o país em 1976. A doença causou apenas duas centenas de casos e uma morte, mas a tentativa de contê-la acabou deixando 500 doentes - e 25 mortos.
A reportagem é do jornal Folha de S. Paulo, 02-05-2009.
O pânico começou em fevereiro, quando o recruta David Lewis, 18, passou mal e morreu no meio de um treinamento na base militar de Fort Dix, em Nova Jersey. Exames revelaram que a causa da morte era um vírus de influenza suína H1N1. Dias depois, médicos acharam mais dois casos.
As autoridades de saúde americanas entraram em pânico. Essa cepa de vírus, acreditava-se então, era a mesma que havia causado a pandemia de gripe espanhola de 1918, que matou cerca de meio milhão de americanos.
David Sencer, diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), agência de vigilância epidemiológica americana, consultou infectologistas e decidiu que era necessário tomar medidas urgentes para evitar o pior.
Como o surto havia começado no fim do inverno (estação na qual a gripe ataca), a direção do CDC achava que uma campanha de vacinação em massa poderia proteger a população até o inverno seguinte. Estimava-se que uma epidemia de gripe suína poderia atingir entre 50 milhões e 60 milhões de pessoas nos EUA.
Em março de 1976, o CDC pediu ao presidente Gerald Ford que aprovasse uma campanha de vacinação. Ford aquiesceu e pediu ao Congresso que aprovasse antes de abril US$ 135 milhões para a imunização.A vacina ficou pronta no tempo esperado, e a imunização começou no dia 1º de outubro. E foi aí que as coisas começaram a dar errado.
Ainda no começo do mês, começaram a surgir casos graves de reação à vacina. A imunização, descobriu-se, provocava um problema neurológico raro, a síndrome de Guillain-Barré, que causa perda de mielina (a "bainha" que envolve os nervos) e provoca paralisia facial -e, em alguns casos, morte.
E as mortes vieram. As primeiras foram registradas em 12 de outubro. No começo de dezembro, o governo decidiu interromper a vacinação.
Quarenta milhões de americanos, incluindo o presidente, haviam recebido a vacina.
Estudos posteriores constataram que o vírus, mesmo que se espalhasse, jamais seria tão violento quanto o de 1918. A cura matou mais que a doença, num caso que voltou a ser discutido nos EUA nos últimos dias - como um exemplo como não agir.
Swine Flu Affair”, de 1978, ressalta o fiasco norte-americano no combate a um surto da doença no país. Em janeiro de 1976, autoridades identificaram alguns casos de gripe suína entre soldados de Nova Jersey. Em março, o então chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA comparou o surto da doença à gripe espanhola de 1918, que matou pelo menos 20 milhões de pessoas em todo o mundo.

domingo, 3 de maio de 2009

A GRIPE SUÍNA: VACINEMOS NOSSOS PORCOS !

CAMPANHA DE UTILIDADE PÚBLICA !

SITE DESENVOLVEU UM
jogo (clique aquí)
para combater o vírus da gripe suína, cujo objetivo é vacinar o maior número possível de porcos voadores em poucos segundos. O game, batizado de "Swinefighter", consiste em vacinar dezenas de porcos verdes que se deslocam pelo mundo voando como mosquitos. Quando se consegue tocá-los com uma seringa, eles ficam alaranjados e o jogador ganha pontos. É preciso vacinar um número máximo de porcos em poucos segundos. Segundo a página, mais de 7 milhões de vírus já haviam sido virtualmente destruídos neste sábado.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A GRIPE SUÍNA E O MONSTRUOSO PODER DA INDÚSTRIA PECUÁRIA !

Em 1965, havia nos EUA 53 milhões de porcos espalhados entre mais de um milhão de granjas. Hoje, 65 milhões de porcos concentram-se em 65 mil instalações. Isso significou passar das antiquadas pocilgas a gigantescos infernos fecais nos quais, entre esterco e sob um calor sufocante, prontos a intercambiar agentes patógenos à velocidade de um raio, amontoam-se dezenas de milhares de animais com sistemas imunológicos debilitados. Cientistas advertem sobre o perigo das granjas industriais: a contínua circulação de vírus nestes ambientes aumenta as oportunidades de aparição de novos vírus mais eficientes na transmissão entre humanos. A análise é de Mike Davis,é professor no departamento de História da Universidade da Califórnia (UCI), em Irvine, e um especialista nas relações entre urbanismo e meio ambiente. Ex-caminhoneiro, ex-açogueiro e ex-militante estudantil, Davis é colaborador das revistas New Left Review e The Nation, e autor de vários livros, entre eles Ecologia do Medo, Holocaustos coloniais, O monstro bate a nossa porta (editora Record), e Cidade de quartzo: escavando o futuro em Los Angeles (Boitempo).
O artigo foi, originalmente, publicado pelo jornal The Guardian (27/04/2009), traduzido pelo sítio Sin Permiso e reproduzido pela Carta Maior, 29-04-2009.
Eis o artigo.
A gripe suína mexicana, uma quimera genética provavelmente concebido na lama fecal de um criadouro industrial, ameaça subitamente o mundo inteiro com uma febre. Os brotos na América do Norte revelam uma infecção que está viajando já em maior velocidade do que aquela que viajou a última cepa pandêmica oficial, a gripe de Hong Kong, em 1968.
Roubando o protagonismo de nosso último assassino oficial, o vírus H5N1, este vírus suíno representa uma ameaça de magnitude desconhecida. Parece menos letal que o SARS (Síndrome Respiratória Aguda, na sigla em inglês) em 2003, mas como gripe, poderia resultar mais duradoura que a SARS. Dado que as domesticadas gripes estacionais de tipo “A” matam nada menos do que um milhão de pessoas ao ano, mesmo um modesto incremento de virulência, poderia produzir uma carnificina equivalente a uma guerra importante.
Uma de suas primeiras vítimas foi a fé consoladora, predicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na possibilidade de conter as pandemias com respostas imediatas das burocracias sanitárias e independentemente da qualidade da saúde pública local. Desde as primeiras mortes causadas pelo H5N1 em 1997, em Hong Kong, a OMS, com o apoio da maioria das administrações nacionais de saúde, promoveu uma estratégia centrada na identificação e isolamento de uma cepa pandêmica em seu raio local de eclosão, seguida de uma massiva administração de antivirais e, se disponíveis, vacinas para a população.
Uma legião de céticos criticou esse enfoque de contrainsurgência viral, assinalando que os micróbios podem agora voar ao redor do mundo – quase literalmente no caso da gripe aviária – muito mais rapidamente do que a OMS ou os funcionários locais podem reagir ao foco inicial. Esses especialistas observaram também o caráter primitivo, e às vezes inexistente, da vigilância da interface entre as enfermidades humanas e as animais. Mas o mito de uma intervenção audaciosa, preventiva (e barata) contra a gripe aviária resultou valiosíssimo para a causa dos países ricos que, como os Estados Unidos e a Inglaterra, preferem investir em suas próprias linhas Maginot biológicas, ao invés de incrementar drasticamente a ajuda às frentes epidêmicas avançadas de ultra mar. Tampouco teve preço esse mito para as grandes transnacionais farmacêuticas, envolvidas em uma guerra sem quartel com as exigências dos países em desenvolvimento empenhados em exigir a produção pública de antivirais genéricos fundamentais como o Tamiflu, patenteado pela Roche.
A versão da OMS e dos centros de controle de enfermidades, que já trabalha com a hipótese de uma pandemia, sem maior necessidade novos investimentos massivos em vigilância sanitária, infraestrutura científica e reguladora, saúde pública básica e acesso global a medicamentos vitais, será agora decisivamente posta a prova pela gripe suída e talvez averigüemos que pertence à mesma categoria de gestão de risco que os títulos e obrigações de Madoff. Não é tão difícil que fracasse o sistema de alertas levando em conta que ele simplesmente não existe. Nem sequer na América do Norte e na União Européia.
Não chega a ser surpreendente que o México careça tanto de capacidade como de vontade política para administrar enfermidades avícolas ou pecuárias, pois a situação só é um pouco melhor ao norte da fronteira, onde a vigilância se desfaz em um infeliz mosaico de jurisdições estatais e as grandes empresas pecuárias enfrentam as regras sanitárias com o mesmo desprezo com que tratam aos trabalhadores e aos animais.
Analogamente, uma década inteira de advertências dos cientistas fracassou em garantir transferências de sofisticadas tecnologias virais experimentais aos países situados nas rotas pandêmicas mais prováveis. O México conta com especialistas sanitários de reputação mundial, mas tem que enviar as amostras a um laboratório de Winnipeg para decifrar o genoma do vírus. Assim se perdeu toda uma semana.
Mas ninguém ficou menos alerta que as autoridades de controle de enfermidades em Atlanta. Segundo o Washington Post, o CDC (Centro de Controle de Doenças) só percebeu o problema seis dias depois de o México ter começado a impor medidas de urgência. Não há desculpas para justificar esse atraso. O paradoxal desta gripe suína é que, mesmo que totalmente inesperada, tenha sido prognosticada com grande precisão. Há seis anos, a revista Science publicou um artigo importante mostrando que “após anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte tinha dado um salto evolutivo vertiginoso”.
Desde sua identificação durante a Grande Depressão, o vírus H1N1 da gripe suína só havia experimentado uma ligeira mudança de seu genoma original. Em 1998, uma variedade muito patógena começou a dizimar porcas em uma granja da Carolina do Norte, e começaram a surgir novas e mais virulentas versões ano após ano, incluindo uma variante do H1N1 que continha os genes do H3N2 (causador da outra gripe de tipo A com capacidade de contágio entre humanos).
Os cientistas entrevistados pela Science mostravam-se preocupados com a possibilidade de que um desses híbridos pudesse se transformar em um vírus de gripe humana – acredita-se que as pandemias de 1957 e de 1968 foram causadas por uma mistura de genes aviários e humanos forjada no interior de organismos de porcos – e defendiam a criação urgente de um sistema oficial de vigilância para a gripe suína: advertência, cabe dizer, que encontrou ouvidos surdos em Washington, que achava mais importante então despejar bilhões de dólares no sumidouro das fantasias bioterroristas.
O que provocou tal aceleração na evolução da gripe suína: Há muito que os estudiosos dos vírus estão convencidos que o sistema de agricultura intensiva da China meridional é o principal vetor da mutação gripal: tanto da “deriva” estacional como do episódico intercâmbio genômico. Mas a industrialização empresarial da produção pecuária rompeu o monopólio natural da China na evolução da gripe. O setor pecuário transformou-se nas últimas décadas em algo que se parece mais com a indústria petroquímica do que com a feliz granja familiar pintada nos livros escolares.
Em 1965, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de porcos espalhados entre mais de um milhão de granjas. Hoje, 65 milhões de porcos concentram-se em 65 mil instalações. Isso significou passar das antiquadas pocilgas a gigantescos infernos fecais nos quais, entre esterco e sob um calor sufocante, prontos a intercambiar agentes patógenos à velocidade de um raio, amontoam-se dezenas de milhares de animais com sistemas imunológicos muito debilitados.
No ano passado, uma comissão convocada pelo Pew Research Center publicou um informe sobre a “produção animal em granjas industriais”, onde se destacava o agudo perigo de que “a contínua circulação de vírus (...) característica de enormes aviários ou rebanhos aumentasse as oportunidades de aparição de novos vírus mais eficientes na transmissão entre humanos”. A comissão alertou também que o uso promíscuo de antibióticos nas criações de suínos – mais barato que em ambientes humanos – estava propiciando o surgimento de infecções de estafilococos resistentes, enquanto que os resíduos dessas criações geravam cepas de escherichia coli e de pfiesteria (o protozoário que matou um bilhão de peixes nos estuários da Carolina do Norte e contagiou dezenas de pescadores).
Qualquer melhora na ecologia deste novo agente patógeno teria que enfrentar-se com o monstruoso poder dos grandes conglomerados empresariais avícolas e pecuários, como Smithfield Farms (suíno e gado) e Tyson (frangos). A comissão falou de uma obstrução sistemática de suas investigações por parte das grandes empresas, incluídas algumas nada recatadas ameaças de suprimir o financiamento de pesquisadores que cooperaram com a investigação.
Trata-se de uma indústria muito globalizada e com influências políticas. Assim como a gigante avícola Charoen Pokphand, sediada em Bangkok, foi capaz de desbaratar as investigações sobre seu papel na propagação da gripe aviária no sudeste asiático, o mais provável é que a epidemiologia forense do vírus da gripe suína bata de frente contra a pétrea muralha da indústria do porco.
Isso não quer dizer que nunca será encontrada uma acusadora pistola fumegante: já corre o rumor na imprensa mexicana de um epicentro da gripe situado em torno de uma gigantesca filial da Smithfield no estado de Vera Cruz. Mas o mais importante – sobretudo pela persistente ameaça do vírus H5N1 – é a floresta, não as árvores: a fracassada estratégia antipandêmica da OMS, a progressiva deterioração da saúde pública mundial, a mordaça aplicada pelas grandes transnacionais farmacêuticas a medicamentos vitais e a catástrofe planetária que é uma produção pecuária industrializada e ecologicamente bagunçada.

PANDEMIA IMINENTE !

O mundo está a um passo de uma pandemia de gripe suína.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou ontem de 4 para 5 o nível de alerta para a doença, em uma escala que vai até 6.

Essa é a primeira vez desde 2005 — quando foi criada essa escala de epidemias — que a OMS eleva o alerta para um nível tão alto.

O nível 5 foi dado após a constatação da transmissão do vírus entre humanos em dois países de uma mesma região, México e EUA.
A reportagem é de Deborah Berlinck e Marília Martins e publicada pelo jornal O Globo, 30-04-2009.
Depois de um dia de especulações, coube à diretora-geral da OMS, Margaret Chan, anunciar no meio da noite a decisão, após uma reunião de emergência. Chan não fez rodeios quando explicou o que uma pandemia pode significar: — É realmente toda a Humanidade que está sob risco durante uma pandemia — disse.
A decisão foi tomada depois da confirmação por parte de autoridades americanas de que o vírus se espalhou em pelo menos 11 estados nos EUA e de que um menino mexicano de 1 ano e 11 meses morreu no Texas vítima da doença. O vírus também se alastrou ainda mais pela Europa e teve o primeiro caso confirmado na América Latina, no Peru. Na segunda-feira, a OMS tinha elevado o nível de alerta de 3 para 4, mas ainda havia a esperança de que disseminação da gripe perdesse força. Ontem, Chan fez um apelo para que os países se preparem para o pior:
— Todos os países devem imediatamente ativar seus planos para uma pandemia mdash, disse Chan.
Espanha investiga caso de contágio
A OMS aumentou a lista ontem de países com casos confirmados, acrescentando Alemanha (4 casos) e Áustria (1 caso). Depois do México, epicentro da doença com 8 mortes confirmadas e outras 152 suspeitas, os Estados Unidos são os que registram mais casos, 90 doentes. Canadá, Reino Unido, Israel, Nova Zelândia e Espanha também têm casos confirmados. Na Espanha há ainda a suspeita de que um dos 10 casos registrados tenha sido transmitido no país. O caso confirmado no fim da noite no Peru é o de uma argentina que mora na Califórnia mas que passou alguns dias no México.
Ela se sentiu mal em um voo que ia para Buenos Aires, mas foi desviado para Lima.
A diretora-geral da OMS tentou evitar o clima de pânico, dizendo que o mundo nunca esteve tão preparado para uma pandemia como agora. Mas reconheceu que a gripe suína estava se alastrando rapidamente e que era preciso “levar a sério” os riscos.
Chan fez um apelo para que laboratórios farmacêuticos aumentem sua produção de medicamentos antirretrovirais.
O novo vírus é uma combinação de genomas de vírus de gripes de aves, porcos e humanos. A gripe suína, apesar do nome, não é contraída comendose carne de porco. A transmissão agora, segundo a OMS, se dá entre seres humanos.
Nos EUA, depois da notícia da primeira morte por gripe suína, o presidente Barack Obama pediu que todas as escolas que tiveram casos, ainda que sob suspeita, sejam fechadas:
— A situação é séria e devemos tomar todas as precauções para evitar contágio — disse Obama, depois que o Centro de Controle de Doenças (CDC) confirmou o aumento do número de casos.
No fim da noite, Obama descartou fechar por enquanto a fronteira com o México:
— Seria como fechar um estábulo depois de os cavalos terem fugido.
Mais da metade dos casos nos EUA, 54, estão em Nova York. Em seguida, Texas (16) e Califórnia (14) são os mais atingidos. Ontem, outros dois estados anunciaram que têm casos suspeitos: Flórida, com 20 casos, e Maryland, com 6.
A secretária de Segurança Interna, Janet Napolitano, garantiu que portos e aeroportos americanos continuam a interpelar passageiros que chegam do México, a fim de isolar aqueles que apresentarem sintomas de gripe ou tiverem alteração na temperatura corporal que denuncie um estado febril.
Ontem, a União Europeia recusou o pedido da França de suspender os voos da região para o México, mas admitiu que espera inúmeras mortes, embora o continente esteja bem preparado para lutar contra a doença.
— Sim, pessoas irão morrer disso. A questão é de quantas. Serão centenas, milhares ou dezenas de milhares — disse Robert Madelin, diretor-geral para Saúde e Política de Consumidor da Comissão Europeia.
Já o Equador declarou estado de exceção e anunciou a suspensão por um mês dos voos charter com origem ou destino no México e aumentou as restrições para entrada de passageiros com origem naquele país. A Costa Rica declarou estado de alerta amarelo para evitar uma epidemia.
O México, que recebeu elogios da OMS pela transparência no relato dos casos, levou ontem a crise para o Conselho de Segurança da ONU e suspendeu atividades não essenciais e o serviço público entre os dias 1º e 5 de maio.