quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O PLANETA PRÓXIMO DO COLAPSO !

E A GENTE VAI CONTINUAR PAGANDO PARA VER O QUE NOSSOS LÍDERES TEIMAM EM NÃO FAZER....
A Conferência do Clima de Copenhague subiu no telhado há poucos dias, quando os líderes dos dois países que mais emitem gases-estufa no mundo, Estados Unidos e China, avisaram o resto do planeta que um acordo climático forte e de verdade não sairá em dezembro deste ano. Barack Obama e Hu Jintao jogaram a toalha e a Europa suspirou. O líder mais poderoso do mundo parece não querer fazer nada no exterior sem sinalização doméstica, Pequim não quer fazer nada sem Washington, e a Europa, para quem uma crise econômica no meio do caminho agravou conflitos internos, finalmente encontrou uma boa desculpa (os outros) para poder adiar as coisas. A 11 dias de Copenhague existe apenas uma certeza: o fosso entre o que diz a ciência e o que querem fazer os políticos nunca foi tão abissal.
O comentário é de Daniela Chiaretti e publicado pelo jornal Valor, 25-11-2009.
Não que a ciência também seja unânime (os 5% de céticos sempre colocam a dúvida que os demais terráqueos têm agido em transe de paranoia coletiva) ou forneça dados absolutamente coerentes e incontestáveis. Mas o dado científico mais eloquente diz que o mundo precisa cuidar para não ultrapassar as 450 partes por milhão (ppm) de concentração de CO2 na atmosfera em 2050. Este indicador limitaria o aumento da temperatura a 2°C no fim do século, o que deixaria a Terra um lugar mais seguro para se viver. Na segunda-feira, a Organização Meteorológica Mundial, das Nações Unidas, disse que as concentrações já estão em 385,2 ppm, o maior nível já registrado, e continuam aumentando. Seria assim mesmo, segundo as previsões do IPCC, o braço científico da ONU: as concentrações atingiriam o pico em 2015 e depois cairiam drasticamente até porque a ordem das coisas não pode ser alterada de uma hora para outra. O problema é que só a primeira parte desta premissa parece estar se confirmando.
Na matemática do clima, para ficar na margem de segurança dos 2°C, as reduções globais deveriam ser algo entre 40% e 60%. Por ora, os países fazem promessas de 17% a 20% no máximo à exceção do Japão (25%) ou da Noruega (40%). "A minha leitura de Copenhague é que todo mundo vai querer ficar bem na foto, mas compromissos, de verdade, serão pequenos", avalia o físico José Goldemberg. "Os governos vão esperar a situação ficar mais grave para tomar providências." Isto significa que a conta vai ficar mais cara econômica, social e moralmente.
Os ambientalistas têm dito que no atual estágio da negociação ainda é possível haver um acordo minimamente ambicioso em Copenhague. Não estão todos cegos e surdos ou sofrendo de complexo de Poliana. Eles apostam na vontade política de acertar números de redução de emissão compatíveis com o tamanho do problema para os países ricos, de desvio na curva de emissões para os em desenvolvimento e de suporte financeiro para quem precisa.
É a ladainha do circo diplomático do clima desde a conferência de Bali, em 2007, e que não decola. Quem imagina que Copenhague seja apenas um acordo ambiental não entendeu nada. O acordo é difícil porque não se trata "somente" de salvar o planeta daqui a 100 anos, mas porque há muito receio de se criar desequilíbrios no presente. Há quem se assuste muito com a seguinte ideia: se China e Índia, por exemplo, não tiverem suas emissões limitadas, os produtos japoneses estão ameaçados de perder competitividade. Por quê? Porque em países onde a fabricação de algo é dependente da queima de carvão ou do petróleo, se as emissões dos gases-estufa que são produzidos ali forem limitadas, fica mais caro gerar energia. Mas e se isto não acontecer no vizinho? Na especulação acima, as fábricas poderiam sair do Japão e escolher entre ir para China ou Índia.
O acordo "ambicioso", que durante um período se imaginou ser possível de atingir em Copenhague, é de uma complexidade incrível. Terá que definir, por exemplo, a qual país do globo podem ser lançadas as emissões aéreas de voos sobre o Atlântico. Ou como remunerar quem preserva florestas nativas e quem quer plantar o que quer que seja em lugares já desmatados. Ou ainda qual mecanismo criar para que a transferência de tecnologia dos países ricos aos pobres realmente aconteça e que consiga resolver o nó ancestral de que tecnologias costumam ser propriedade privada e a demanda climática é imensamente pública. Não há nada simples neste negócio. Imaginar que tudo isso seria resolvido num estalar de dedos é ingenuidade ou desconhecimento. Mas, sim, se acreditava que Copenhague resolveria os grandes temas, que é sempre bom repetir: o quanto cortariam os ricos, o quanto desviaram os emergentes de sua curva crescente de emissões, quanto dinheiro se colocaria na mesa para os países mais pobres e mais afetados. Mesmo num cenário ideal, os detalhes ficariam para depois. Copenhague é um processo, mas poderia (ainda pode?), ser também um marco histórico.
Todos os dias há um estudo científico novo descrevendo um horizonte de horrores. O denominador comum de tanta informação é que o aumento do nível do mar, o derretimento da calota polar e o aumento da temperatura observado é, em geral, muito maior do que o previsto pelo IPCC no relatório publicado em 2007 com dados de 2005. "Todos os novos estudos jogam as estimativas para cima", diz o físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo e membro do IPCC. "Não conheço nenhum novo trabalho publicado que reveja nossas previsões para baixo." Em outras palavras, tudo está acontecendo de forma mais acelerada e pior do que as previsões. Artaxo prefere um acordo light em Copenhague a nada. Assim, imagina, o grande e ambicioso acordo poderá ser feito em seis meses e revisado em um ano. O risco do atraso em Copenhague é que a luz vermelha se acenda. "Atrasar em seis meses as decisões significa atrasar em seis meses a redução de emissões. E como indicam os últimos estudos estamos caminhando a passos largos para o ponto do colapso", lembra Carlos Rittl, coordenador do programa de mudança climática do WWF-Brasil.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Concentração de gases-estufa no mundo cresceu 6,5% desde Kyoto

ESTOU UM POUCO FRUSTRADO... DOU AULAS HÁ 20 ANOS, E SEMPRE DIGO AOS MEUS ALUNOS QUE OS ACORDOS GLOBAIS SOBRE O CLIMA FARIAM OU FARÃO OS HOMENS PENSAR E DECIDIR PELO BEM DA HUMANIDADE...
ACHO QUE TEREI QUE MUDAR MINHA CONFIANÇA, MEU DISCURSO, E OU ESPERANÇA NOS HOMENS...

TAMBÉM FALO COM ELES, COMO HOJE POR EXEMPLO, QUE DEVEMOS FAZER NOSSA PARTE, EM TODOS OS LUGARES ONDE ESTIVERMOS...

AGORA, LEIA A REPORTAGEM E TIRE SUAS CONCLUSÕES...

MAS, ANTES RESPONDA: ESTÁ FAZENDO SUA PARTE ?

A concentração de gases do efeito estufa na atmosfera continua a crescer, apesar de todos os esforços mundiais e discursos inflamados de líderes políticos para reduzi-la. Em 2008, chegou ao índice mais alto registrado desde o início da era industrial, segundo um relatório divulgado ontem pela Organização Mundial de Meteorologia (WMO, em inglês). Desde 2007, quando foi assinado o Protocolo de Kyoto - tratado internacional para baixar as emissões -, o aumento foi de 6,5%.


A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 24-11-2009.
A concentração de dióxido de carbono (CO2), gás que mais contribui para o problema do aquecimento global, chegou a 385,2 ppm (partes por milhão), com potencial para chegar a 390 ppm já no ano que vem. "Faz um milhão de anos que não chegamos a 390 ppm", disse o físico John Barnes, diretor do Observatório de Mauna Loa, no Havaí, um dos que contribuem com informações para a WMO.
Em relação à era pré-industrial (antes de 1750), o aumento foi de 38%. "Temos de pensar o que é que isso vai causar." O limite considerado "seguro" pela maioria dos cientistas, para evitar mudanças climáticas mais catastróficas, é 450 ppm.
O dano é considerado tão grave que, mesmo se o mundo interrompesse todas as emissões de CO2 hoje, em cem anos haveria ainda uma concentração de gases de efeito estufa 30% superior à de 1750. "O aumento é exponencial", afirmou Michel Jarraud, secretário-geral da WMO.
A entidade estrategicamente divulgou sua avaliação às vésperas da cúpula mundial do clima realizada pela ONU, no mês que vem, em Copenhague. E pede que haja um acordo ambicioso até o fim do ano sobre emissões de CO2.
Questionado pelo Estado, Jarraud disse que o Protocolo de Kyoto "não foi suficiente" para impedir um aumento de emissões e da concentração dos gases. "Mas sem Kyoto, sabemos que a situação seria ainda pior." O acordo prevê uma redução de 5% das emissões dos países mais desenvolvidos (industrializados) até 2012, em relação ao que era emitido em 1990 - metas que deverão ser revistas agora, em Copenhague, para o período pós-2010. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), é preciso reduzir as emissões das nações industrializadas entre 25% e 40% até 2020.
A WMO ainda evita falar em fracasso nas negociações de Copenhague, apesar das declarações recentes de alguns países de que não será possível estabelecer metas de redução já nesta conferência. "Não podemos desistir. As emissões de CO2 dobraram em 30 anos. Agora, precisamos de um acordo forte", disse Jarraud. As emissões dos Estados Unidos aumentaram em 3,7%, entre 1997 e 2008. A China mais que dobrou suas emissões nesse período.
Os maiores responsáveis pelo excesso de gases na atmosfera, segundo o IPCC, são as atividades humanas, principalmente em decorrência da queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) e do desmatamento. Jarraud disse que a preservação de florestas, como a Amazônica, será fundamental no futuro e que o desmatamento na última década colaborou para o aumento da concentração de CO2. "Se queremos controlar a concentração de CO2, a floresta tropical será fundamental. O desmatamento gera emissões e, preservada, a floresta consome o CO2 que estaria na atmosfera."
Os estudos do IPCC apontam para uma alta na temperatura do planeta que poderia variar entre 1,5 grau a 4,5 graus Celsius. "Estamos caminhando para a parcela mais alta desses cenários", alertou Jarraud. "As notícias que estamos dando não são nada boas."
COLETA DE DADOS
Os dados divulgados ontem são resultados da maior coleta já feita sobre a concentração de gases-estufa na atmosfera. A WMO usou número de 200 estações espalhadas pelo mundo, inclusive no Brasil. Além do dióxido de carbono, foram medidos o metano e o óxido nitroso, que são os principais gases envolvidos no aquecimento global.
"Isso era um problema abstrato em 1997, algo que parecia estar só em círculos de cientistas. Agora, o problema está na cara de todo mundo" disse Andrew Weaver, especialista da Universidade de Victoria.
Um dos efeitos mais estudados é o derretimento de geleiras.Desde 2000, a Groenlândia perdeu mais de 1,5 trilhão de toneladas de gelo. A Antártida também perdeu 1 trilhão desde 2002. As inundações em consequência do degelo em uma centena de grandes cidades poderiam causar danos de US$ 28 bilhões, segundo um estudo divulgado ontem pela organização WWF. Isso porque, o aumento do nível dos mares em cidades como Nova York - que poderia chegar a 15 centímetros - provocaria tormentas e furacões.
SAIBA MAIS
A concentração de CO2 na atmosfera, responsável pelo aumento da temperatura no planeta, cresceu 38% em menos de 300 anos
Desde o protocolo de Kyoto, em 1997, o nível de dióxido de carbono na atmosfera subiu 6,5%
De 1997 a 2008, as emissões de gases-estufa por parte dos Estados Unidos cresceram 3,7% e as da China dobraram
A Groenlândia perdeu 1,5 trilhão de toneladas de gelo desde 2000 e a Antártida, 1 trilhão desde 2002

COPENHAGUE E O RISCO DE UMA NOVA GUERRA FRIA !

Uma das autoras do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, a professora de Economia e Matemática Estatística da Universidade Columbia, em Nova York, Graciela Chichilnisky considera inviável a posição brasileira de apresentar metas de redução das emissões como forma de pressionar outros países a fazerem o mesmo. "Puxados pela China, os países em desenvolvimento não vão concordar em limitar sem compensações. Essa posição é ratificada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, de 1992", diz ela, que participou do Protocolo de Kyoto, estruturando o mercado de crédito de carbono.
Por sugestão de Graciela, os 25 países ilhas, os mais afetados pelo aquecimento mundial, apresentarão em Copenhague uma proposta de extensão de Kyoto, que expira em 2012 e é o único acordo global para reduzir as emissões de CO2 na atmosfera.
A entrevista é de Fabiana Cimieri e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 23-11-2009.
Eis a entrevista.

Por que desde Kyoto todas as tentativas de se avançar nas negociações fracassaram?
Esses fracassos nada significam porque nada acontece nas Nações Unidas até a 11ª hora, quando somos obrigados a tomar uma decisão. Toda nação tem um motivo para procrastinar. Ninguém quer reduzir as emissões de carbono por conta própria. Em Copenhague, assistiremos ao confronto entre os dois maiores emissores: EUA e China e, de uma maneira generalizada, entre ricos e pobres. Essa guerra crescente pode provocar uma nova Guerra Fria, e, dessa vez, a arma não será nuclear, mas sim aquecer o planeta até a morte.


Qual é a sua proposta?
Há uma fórmula para cálculo da assistência financeira e técnica no próprio Protocolo de Kyoto, que pode ser atualizada para superar o impasse e criar um consenso entre nações industrializadas e em desenvolvimento. A parte financeira é uma modesta extensão do mercado de carbono. Por exemplo, os EUA poderão ter a "opção" de reduzir as emissões chinesas, enquanto proporcionam uma "compensação" à China. Dessa forma, nenhum dos dois países poderá dizer ter sido humilhado pelo outro. A China pode fixar um preço para essa redução ou então exigir em troca a redução americana, diminuindo a necessidade de troca monetária. A compensação também pode assumir a forma de créditos de exportação para tecnologias que tornem possíveis a redução das emissões.


Como isso pode ser feito?
Uma modesta extensão do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo de Kyoto é a minha segunda proposta. Existem tecnologias que fornecem energia ao mesmo tempo em que reduzem o carbono da atmosfera. São conhecidas como carbono negativo. O custo envolvido é de US$ 100 milhões para 1 milhão de toneladas de CO2 capturados por ano. Um total de US$ 3 trilhões seria suficiente para capturar hoje todo o estoque de emissões. Isso é menos de 5% do PIB do planeta.

SOLUÇÕES PARA A FOME...

AS SOLUÇÕES PARA A FOME SÃO MUITAS... DEPENDEM DE NÓS...
"O grande número de famintos não depende de uma escassa disponibilidade de comida, mas sim da pobreza. Para mais de um bilhão de pessoas, o alimento é um recurso inacessível, porque a sua renda não é suficiente para comprar as 2.500 calorias diárias necessárias. Os governos do mundo, alguns mais, outros menos, contribuíram diretamente para aumentar a inacessibilidade à comida, seja com as políticas agrícolas e comerciais de longo prazo, seja com as políticas financeiras dos últimos anos."Essa é a opinião do sociólogo italiano Luciano Gallino, em artigo para o jornal La Repubblica, 20-11-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

No mundo, os indivíduos que passam fome superaram o bilhão, quando há apenas dois anos eram 850 milhões. Querendo encontrar um mérito à FAO, que se reuniu em Roma para discutir sobre segurança alimentar, pode-se dizer que, em 2007, ela havia previsto corretamente quando afirmou que, após a crise financeira, mais de 100 milhões de indivíduos alcançariam rapidamente as fileiras daqueles que, a cada manhã, se perguntam se encontrarão alguma coisa para comer antes da noite.

Mas à parte dessa pequena satisfação, a cúpula romana demonstrou como as organizações humanitárias como a FAO são impotentes com relação aos governos do mundo. A eles, os famintos importam pouco: votam raramente e são péssimos consumidores.O grande número de famintos não depende de uma escassa disponibilidade de comida, mas sim da pobreza. Para mais de um bilhão de pessoas, o alimento é um recurso inacessível, porque a sua renda não é suficiente para comprar as 2.500 calorias diárias necessárias. Os governos do mundo, alguns mais, outros menos, contribuíram diretamente para aumentar a inacessibilidade à comida, seja com as políticas agrícolas e comerciais de longo prazo, seja com as políticas financeiras dos últimos anos.

Um passo decisivo nessa direção foi dado há exatos nove anos. Poucos dias antes do Natal de 2000, o presidente Clinton assinava uma lei sobre a Modernização dos Derivados no setor das mercadorias – inclusive os produtos alimentícios. A lei subtraía quase totalmente os produtos financeiros derivados, incluindo os contratos a termo ou futuros, do controle das comissões competentes e abria a porta à proliferação desenfreada dos derivados trocados fora das bolsas. O seu valor nominal superou em 2008 os 700 trilhões de dólares – 12 vezes o PIB do mundo.

No início de 2006, a avalanche dos derivados não regulados abateu-se sobre os produtos alimentícios. Fundos comuns de investimentos, fundos de pensão, fundos de proteção (hedge funds) e outros investidores institucionais em busca de maiores rendimentos investiram centenas de bilhões de dólares em derivados do qual produtos alimentícios dependiam, fazendo crescer o valor desses títulos. Com dois resultados.

O primeiro foi um enorme aumento dos preços internacionais do arroz, do trigo, do milho, da soja entre 2006 e 2008, já que o valor dos derivados serve geralmente como referência para os preços nos mercados alimentares. Depois do pico dos primeiros meses de 2008, os preços dos alimentos básicos diminuíram muito, mas continuam 30-100% mais altos com relação a 2006. Outras apreciáveis reduções são previsíveis para os próximos anos.

Um outro resultado deve ser visto na redistribuição do poder entre os produtores e consumidores de produtos alimentícios e as instituições financeiras. Um relatório do Instituto para a Agricultura e o Comércio norte-americano, de março de 2008, informava que dois dos maiores bancos de negócios, Goldman Sachs e Morgan Stanley, tinham em seu portfólio contratos a termos ou de futuro de um total de 1,5 bilhão de bushel de trigo (o bushel vale cerca de 36 litros ou 27 quilos e é usado frequentemente para medir grãos). Nenhum produtor ou comerciante do mundo teve alguma vez nos seus silos uma quantidade de grãos semelhante.

Portanto, se os governos quisessem verdadeiramente combater a fome do mundo, teriam à disposição um instrumento simples e eficaz. Bastaria vetar a emissão e a circulação fora das bolsas de derivados que têm alimentos básicos como dependentes. É quase certo que, em curto prazo, os preços destes últimos cairiam alguns pontos e da mesma forma milhões de pessoas a mais conseguiriam se alimentar. De fato, para cada ponto percentual a mais ou a menos do preço dos alimentos básicos, alguns milhões de pessoas saem do rank dos famintos, ou nele entra.Com o objetivo de reduzir em 50% o número dos famintos até 2015, disseram os dirigentes da FAO, seriam precisos 44 bilhões de dólares por ano.

Nem o objetivo nem a cifra constituem uma novidade. O primeiro foi enunciado em Roma em 1996 na Cúpula Alimentar Mundial promovido pela própria FAO. No ano 2000, ele se tornou parte dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, lançados com grande pompa pelas Nações Unidas e assinado por 190 países. Em 2003, a FAO ainda propôs um Programa Antifome que ia na mesma direção. Chegando em 2009, é quase evidente que será impossível reduzir pela metade os famintos até 2015 em amplas regiões do planeta, que compreendem a África subsaariana, a Ásia meridional, a América Latina e o Caribe, mais a parte asiática da Federação Russa.O problema, naturalmente, é o dinheiro.

Dez mais, dez menos, a quantia de 44 bilhões por ano circula também pelo menos há uma década. Os países mais desenvolvidos é que deveriam fornecê-los. Nas cúpulas anteriores, eles fingiram não ouvir, ou formularam promessas que não se imaginava que iriam manter. Durante a última cúpula romana, eles finalmente esclareceram: não irão investir nenhum dólar. Existem outras prioridades. E aqui, admitindo que a palavra ainda conserva seu significado de comportamento que causa indignação, estamos verdadeiramente em um escândalo. Porque 44 bilhões representam apenas 0,36%, ou seja, um terço de um ponto percentual da soma que os governos dos EUA, da União Europeia, do Japão e de alguns outros investiram em menos de dois anos para salvar suas instituições financeiras da falência.Segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional que remontam a agosto passado, e portanto deverão ser quase certamente revistas com o aumento, os países do G20 já gastaram ou se comprometeram a gastar até 2011 cerca de 12 trilhões de dólares para enfrentar os gastos da crise financeira.

A quantia compreende injeções diretas no capital dos bancos e de sociedades industriais, aquisição de títulos invendáveis no mercado, proteções à liquidez e garantias ao débito. Não se trata só de dinheiro dos contribuintes.

Em boa parte, trata-se também de dinheiro criado do nada pelos bancos centrais. As razões alegadas para salvar as instituições financeiras são múltiplas e (quase) todas fundadas. Mas o fato de que um sistema econômicos que encontra ou cria em menos de dois anos 12 trilhões de dólares para suas próprias finanças, para afirmar depois na cúpula de Roma que não dispõe de 1/272 dessa soma por ano para proteger um bilhão de pessoas da fome, leva a pensar que, em alguma parte, isso tem alguma coisa profundamente errada.

domingo, 22 de novembro de 2009

ONU: CONTROLE DE NATALIDADE : COMBATE O AQUECIMENTO !?

SEMPRE, SEMPRE, SEMPRE... SÃO ELES, OS POBRES OS CULPADOS...
ISSO JÁ ESTÁ BEIRANDO O RIDÍCULO...
MAS É ASSIM...
AINDA TEMOS DE REPRODUZIR ISSO...
ATÉ QUANDO ACEITAREMOS SER OS POBRES... OU AQUELES QUE NADA TEM, OS RESPONSÁVEIS PELOS MALES DA TERRA ?
LEIA E PENSE NISSO....

O combate ao aquecimento global poderia ser ajudado se o crescimento populacional fosse contido com o auxílio de medidas como a distribuição gratuita de preservativos e mais aconselhamento sobre planejamento familiar, recomendou nesta quarta-feira, 18, o Fundo Populacional das Nações Unidas.
A notícia é do portal do jornal O Estado de S. Paulo,18-11-2009.
A agência da ONU não chega a recomendar aos países que estabeleçam limites ao número de filhos por casal, mas observa que "mulheres com acesso a serviços de saúde reprodutiva têm menor taxa de natalidade, o que contribui para reduzir o ritmo do crescimento dos gases causadores do efeito estufa".
Calcula-se que o mundo possua atualmente 6,7 bilhões de habitantes. Estima-se que a população mundial chegará a 9,2 bilhões de pessoas em 2050, com a maior parte do crescimento concentrada nas regiões menos desenvolvidas, segundo um estudo da ONU com data de 2006.
"Com o crescimento da população mundial, da economia e do consumo além da capacidade da Terra de adaptar-se, as mudanças climáticas poderão se tornar mais extremas e catastróficas", diz o relatório divulgado hoje pelo Fundo Populacional da ONU.
A agência admite não haver provas empíricas de que o controle de natalidade conterá as mudanças climáticas. "As conexões entre população e mudanças climáticas são, na maior parte das vezes, complexas e indiretas", admite o documento.
O texto também observa que não há dúvidas de que as mudanças climáticas em andamento foram causadas pela atividade humana, mas os países em desenvolvimento são responsáveis por uma parcela bem menor das emissões de gases causadores do efeito estufa do que as nações desenvolvidas.
Mesmo assim, numa entrevista coletiva concedida em Londres, a diretora-executiva do Fundo Populacional da ONU, Thoraya Ahmed Obaid, disse nesta quarta-feira que o aquecimento global será catastrófico para os habitantes dos países mais pobres, especialmente para as mulheres. "Estamos agora em um ponto no qual a humanidade encontra-se à beira de um desastre", advertiu.
Caroline Boin, uma analista ouvida pela Associated Press, qualificou o pronunciamento como alarmista. "É necessário um grande exercício imaginativo para acreditar que a distribuição gratuita de camisinhas ajudará a combater o aquecimento global", disse ela.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), por sua vez, divulgou este mês um boletim no qual dois especialistas advertem para os perigos de se relacionar taxa de fertilidade e mudanças climáticas. "Na melhor das hipóteses, (o tema) causa controvérsia e, no pior caso, autoriza a supressão de direitos individuais", escrevem os pesquisadores Diarmid Campbell-Lendrum e Manjula Lusti-Narasimhan.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O APAGÃO, DIAS DEPOIS....

JÁ ESTOU QUASE CONVENCIDO, PELA MÍDIA QUE O GOVERNO ATUAL QUER MESMO NOS DEIXAR NO ESCURO, E QUE MINHA TV QUEIMADA DEVE TER RETORNO, COITADA DE TÃO VELHA QUE ERA... ACHO QUE DEVERIA LUTAR POR UMA NOVA....
MÁS É PRECISO ESCLARECER O QUE ANDAM DIZENDO POR AÍ, QUE ME CHEIRA 2010, ELEIÇÕES... ENTENDE???

“É preciso esclarecer que o ocorrido na terça-feira foi totalmente diferente do chamado apagão de 2001, quando o governo decretou um racionamento obrigatório de energia elétrica para toda a população”. A opinião é de Luiz Pinguelli Rosa, físico, é diretor da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) em artigo no jornal Folha de S.Paulo, 13-11-2009.
Eis o artigo.
Ainda pairam algumas dúvidas sobre o blecaute que atingiu vários Estados brasileiros, mais drasticamente São Paulo e Rio de Janeiro.
É preciso esclarecer, porém, que o ocorrido na terça-feira foi totalmente diferente do chamado apagão de 2001, quando o governo decretou um racionamento obrigatório de energia elétrica para toda a população, sob pena de desligamento de residência ou empresa por alguns dias caso não fosse cumprido o corte no consumo.
Naquela ocasião, havia falta de energia para atender a demanda, pois esta vinha crescendo mais rapidamente do que a capacidade instalada no país. Enquanto houve chuvas suficientes para a geração hidrelétrica, o sistema funcionou e o problema foi adiado. Quando as chuvas se reduziram, os reservatórios estavam vazios e faltou energia no sistema.
Alertei o então presidente Fernando Henrique Cardoso por uma carta, como coordenador do Instituto Virtual da Coppe/UFRJ, e cheguei a conversar com José Jorge, à época ministro de Minas e Energia.
Naquele caso, houve falta de investimento. As estatais elétricas, a começar pela Eletrobrás, reduziram seus investimentos, pois aguardavam a privatização. Já as empresas privatizadas, a maioria delas distribuidoras nos Estados, pouco investiram.O problema da última terça-feira tem mais semelhança com o blecaute de 1999, que também desligou São Paulo e muitas outras cidades, algumas por muito mais horas do que o recente incidente.
Aquele problema se originou em uma subestação de transformadores em Bauru (SP), causado por uma sobretensão elétrica supostamente devida a um raio que atingiu a linha de transmissão a muitos quilômetros de distância e se propagou até a subestação -que deveria estar protegida. Como não estava, o sistema falhou.
O que ocorreu nesta semana foi a interrupção de três linhas que trazem a energia de Itaipu ao Sudeste, acarretando o desligamento de todas as turbinas da usina e causando o desligamento de várias outras linhas em cascata. Daí a propagação do blecaute ter atingido tantas cidades. O efeito é como uma série de pedras de dominó que caem uma por cima da outra.O desligamento das linhas em sobretensão é correto, pois as protege e evita danos a equipamentos e perdas de transformadores por sobrecarga. Portanto, o desligamento automático das linhas de transmissão é inevitável em certos casos críticos como o de agora.
Os efeitos seriam muito piores se o desligamento não ocorresse.
No entanto, algumas questões ainda precisam ser respondias. A primeira delas é o que causou a sobrecarga. Uma hipótese aventada é que raios tenham causado tudo isso. Três linhas sofreram colapso, embora todas sejam protegidas por para-raios, que são fios paralelos ao longo das linhas. Talvez uma delas tenha sido atingida, a sobretensão tenha se propagado indevidamente para dentro da subestação em que as outras também tenham sido afetadas.
É uma hipótese.Como evitar a repetição de blecautes? Não há sistema tecnológico com 0% de falhas. O que pode ser feito é minimizá-las, tanto na frequência de ocorrências desse tipo como na gravidade delas. Eliminar o uso da transmissão de longa distância seria uma bobagem, pois o Brasil é uma Arábia Saudita hidrelétrica. Integrando em um longo tempo a energia que se pode obter do potencial hidrelétrico brasileiro, o resultado é maior que a energia do petróleo do pré-sal.
O sistema interligado é inteligente, pois otimiza o uso da geração hidrelétrica, complementada por outras fontes.Uma proposta que tem sido recentemente estudada em todo o mundo é o de redes elétricas inteligentes, ou seja, fazer uma gestão melhor das redes para diminuir incertezas, evitar problemas de pico de tensão e falhas, com um sistema de controle ponto a ponto ao longo das redes.Nos Estados Unidos, Nova York sofreu um blecaute em 2003 que, sob certos aspectos, foi mais grave. Há poucos meses, o professor Pravin Varaiya, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, esteve no Programa de Planejamento Energético da Coppe para participar de um seminário sobre essas redes inteligentes de energia elétrica.
Mas os estudos ainda precisam avançar, inclusive para prevenir vulnerabilidades como o acesso indevido à rede por hackers.O que se mostrou vulnerável aqui no nosso caso foi a enorme extensão da área atingida e a grande população que sofreu as consequências, pois não se conseguiu ilhar a propagação do efeito para circunscrever suas consequências a uma região menor. É necessário apurar os fatos para corrigir as falhas e aperfeiçoar o sistema.