
Por sugestão de Graciela, os 25 países ilhas, os mais afetados pelo aquecimento mundial, apresentarão em Copenhague uma proposta de extensão de Kyoto, que expira em 2012 e é o único acordo global para reduzir as emissões de CO2 na atmosfera.
A entrevista é de Fabiana Cimieri e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 23-11-2009.
Eis a entrevista.
Por que desde Kyoto todas as tentativas de se avançar nas negociações fracassaram?
Esses fracassos nada significam porque nada acontece nas Nações Unidas até a 11ª hora, quando somos obrigados a tomar uma decisão. Toda nação tem um motivo para procrastinar. Ninguém quer reduzir as emissões de carbono por conta própria. Em Copenhague, assistiremos ao confronto entre os dois maiores emissores: EUA e China e, de uma maneira generalizada, entre ricos e pobres. Essa guerra crescente pode provocar uma nova Guerra Fria, e, dessa vez, a arma não será nuclear, mas sim aquecer o planeta até a morte.
Qual é a sua proposta?
Há uma fórmula para cálculo da assistência financeira e técnica no próprio Protocolo de Kyoto, que pode ser atualizada para superar o impasse e criar um consenso entre nações industrializadas e em desenvolvimento. A parte financeira é uma modesta extensão do mercado de carbono. Por exemplo, os EUA poderão ter a "opção" de reduzir as emissões chinesas, enquanto proporcionam uma "compensação" à China. Dessa forma, nenhum dos dois países poderá dizer ter sido humilhado pelo outro. A China pode fixar um preço para essa redução ou então exigir em troca a redução americana, diminuindo a necessidade de troca monetária. A compensação também pode assumir a forma de créditos de exportação para tecnologias que tornem possíveis a redução das emissões.
Como isso pode ser feito?
Uma modesta extensão do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo de Kyoto é a minha segunda proposta. Existem tecnologias que fornecem energia ao mesmo tempo em que reduzem o carbono da atmosfera. São conhecidas como carbono negativo. O custo envolvido é de US$ 100 milhões para 1 milhão de toneladas de CO2 capturados por ano. Um total de US$ 3 trilhões seria suficiente para capturar hoje todo o estoque de emissões. Isso é menos de 5% do PIB do planeta.
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