terça-feira, 1 de junho de 2010

MUNDO CLAMA: QUE ATAQUE BRUTAL: SOLUÇÃO: PAZ ! CADÊ OS DIREITOS HUMANOS ?

AS IMAGENS NÃO NEGAM, SÓ CONFIRMAM: A VIOLÊNCIA NÃO LEVA A NADA, E SÓ INSTIGA A VIOLÊNCIA E O TERROR: É PRECISO ACABAR COM ESTE TIPO DE AÇÃO, ANTES QUE O TERROR SE ESTIMULE, SEJA ESTIMULADO PELO TERROR.
Protesto em Downing Street, sede do Governo britânico, contra o ataque israelense.Fonte: El País/EFE
Protesto multitudinário na praça Taksim, em Istambul. Grande parte dos ativistas que participaram no carregamento de ajuda humanitária eram da Turquia.Fonte: El País/AP
Enfermeira israelense transfere um dos feridos que chegaram no helicóptero ao porto de Haifa.Fonte: El País/AFP
Estudantes iranianos protestam em frente à embaixada da ONU em Teerã Fonte: Abedin Taherkenareh/Efe
Manifestantes de reúnem na Trafalgar Square, em Londres, para ato em apoio aos palestinos
Fonte: Facudo Arrizabalaga/Efe
Ativistas na Indonésia seguram cartazes com mensagens contra o ataque israelense em Gaza
Fonte: Adi Weda/Efe
Moradores de Damasco, Síria, organizam manfiestação contra o governo de Israel
Fonte: Youssef Badawi/Efe
Manifestantes em Amã, Jordânia, gritam palavras de repúdio a Israel Fonte: Jamal Nasrallah/Efe
Crianças palestinas seguram bandeiras da Turquia - nacionalidade da "Flotilha da Liberdade" - em Beirute, Líbano Fonte: Wael Hamzen/Efe
Grupo na capital do Egito, Cairo, segura cartazes contra Israel
Fonte: Khaled el-Fiqi/Efe
Milhares de turcos protestam em Istambul contra a ação israelense em Gaza Fonte: Efe
Ativistas israelenses em Ashdod seguram cartazes contrários ao cerco israelense a GazaFonte: Jim Hollander/Efe
Palestina é atingida pelo exército israelense, após manfiestação em Kalandia, CisjordâniaFonte: Atef Safadi/Efe
Palestinos na Cisjordânia jogam pedras contra veículos militares de Israel, após ação militar em Faza
Fonte: Atef Safadi/Efe
Habitantes da Faixa de Gaza queimam bandeira de Israel, após o país interceptar e atirar contra comboio humanitário
Fonte: Ali Ali/Efe
Numa ação que revoltou o mundo árabe e irritou o restante da comunidade internacional, o Exército israelense atacou ontem uma flotilha de seis embarcações que pretendia romper o cerco à Faixa de Gaza, que Israel mantém desde 2007. O assalto aos navios, em águas internacionais, deixou o saldo de pelo menos 10 mortos e 25 feridos, além de 600 passageiros detidos.
A reportagem é de Nathalia Watkins e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 01-06-2010.
A operação israelense frustrou a expedição da ONG Free Gaza. O ataque aos navios ocorreu a pelo menos 130 quilômetros da costa israelense, por volta das 4h30 locais (22h30 de domingo em Brasília). Israel mantém o controle das águas territoriais a até 20 milhas (37 quilômetros) da costa da Faixa de Gaza. A ação mais violenta ocorreu no navio turco Mavi Marmara. Nas outras cinco embarcações, a resistência foi pacífica.
"Na escuridão da noite, os militares israelenses desceram de um helicóptero para o barco turco de passageiros Mavi Marmara e começaram a atirar quando pisaram no convés. Eles atiraram em direção à multidão de civis que dormia", afirma o site do Movimento Gaza Livre. De acordo com o Exército israelense, os soldados foram recebidos com violência e tiros - um deles disparado por uma arma capturada de um militar -, enquanto tentavam redirecionar a expedição para o Porto de Ashdod, no sul de Israel - o que teria dado início aos confrontos.
Os ativistas de 38 países e suas embarcações foram recebidos em um centro montado no Porto de Ashdod. As embarcações menores começaram a atracar por volta das 13 horas (horário local), mas o maior dos navios, o Marmara, aportou no final da tarde. Os feridos, cerca de 25, foram levados de helicóptero a 6 hospitais israelenses. Os ativistas que se identificam e concordam com a deportação são levados diretamente para o Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel-Aviv. Aqueles que se recusam são transferidos para uma prisão em Beer Sheva, no sul de Israel. Ontem à noite, 25 ativistas teriam concordado com a deportação. Pelo menos 32 haviam sido presos - 16 por rejeitar se identificar. Segundo a imprensa israelense, vários ativistas jogaram seus passaportes no mar para dificultar a identificação e deportação.
Israel acusa os passageiros da "Flotilha da Liberdade" de ter aberto fogo, uma versão contestada pelos ativistas. Israel diz que o Exército agiu em legítima defesa e os soldados utilizaram suas armas quando correram risco de vida. As imagens transmitidas por uma câmera instalada em um dos navios e disponibilizadas pela internet mostram oficiais israelenses descendo de helicópteros e confrontos entre militares e ativistas. O Exército israelense também disponibilizou vídeos nos quais soldados são atacados com facas e atirados ao mar. Nos vídeos também são vistos vários feridos deitados no navio.
"Descemos do helicóptero um a um, éramos uns 15 soldados. Cada um que descia da corda, era atacado por quatro ou cinco pessoas. Nossas armas estavam nas costas e fomos instruídos a utilizá-las apenas em casos de emergência", contou um soldado à televisão israelense. Um repórter israelense do Canal 2 de televisão, que acompanhou a Marinha em alto-mar, Nir Dvori, relatou que os soldados não estavam preparados para enfrentar tamanha resistência e foram linchados pelos passageiros à bordo dos navios. Sete militares ficaram feridos, dois em estado grave.
"Esperávamos ativistas de paz e encontramos ativistas de guerra", disse um deles ao repórter. Outro militar contou que atirou nos pés de ativistas a poucos centímetros de distância enquanto era atacado e pulou no mar para escapar da violência. "Meus colegas esperavam ser presos antes de chegar ao seu destino. Israel interrompeu uma atividade legítima de tentar romper o cruel bloqueio à Faixa de Gaza. Em Israel, fala-se de violência enfrentada na invasão, mas devemos ressaltar que o ataque ocorreu longe das águas territoriais, é pirataria", afirmou Jonathan Pollak, ativista da esquerda israelense.
Israel nega que haja uma crise humana na Faixa de Gaza, e alega que a missão de paz foi, na verdade, um golpe publicitário.

A DIFÍCIL SITUAÇÃO DE ISRAEL PÓS ATAQUE: JUSTIÇA
A sangrenta interceptação da flotilha humanitária para Gaza rapidamente provocou apelos pela suspensão do bloqueio ao território palestino e deve aumentar a pressão para que se chegue a um acordo com o Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, EUA, Grã-Bretanha e União Europeia.
O comentário é de Ian Black, correspondente no Oriente Médio do jornal britânio Guardian, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 01-06-2010.
O Hamas e o Fatah, como era previsível, imediatamente condenaram Israel, acusando-o de cometer crimes de guerra e de usar força desproporcional - as mesmas acusações feitas contra o país depois da ofensiva em Gaza, que terminou no início do ano passado. Mas muito mais surpreendente foi a onda de declarações críticas vinda de países que em geral são amigos, como as do chanceler da Grã-Bretanha, William Hague, exigindo o fim do bloqueio a Gaza. França, Suécia, Dinamarca e Grécia convocaram os embaixadores de Israel, exigindo explicações.
Esse drama grotesco e a repercussão global levarão a uma reanálise da situação mais fundamental? Como as imagens que documentaram o assassinato da autoridade do Hamas Mahmoud al-Mabhouin, em Dubai, em janeiro, as imagens gráficas deste espetáculo no Mar Mediterrâneo mostram Israel usando sua superioridade militar esmagadora a serviço do que parece cada vez mais uma meta política insustentável.
Desta vez foram os comandantes da Marinha, e não agentes do Mossad, que se mobilizaram. Mas o "inimigo" era um grupo fortemente motivado de pessoas comprometidas com a justiça para os palestinos, impacientes com a ineficaz "pressão diplomática" e o quase moribundo processo de paz, confiantes de que esta seria mais uma luta assimétrica que conseguiriam vencer sem esforço - embora poucos imaginassem que haveria provavelmente um custo humano.
A posição de Israel provavelmente não vai mudar. O Hamas recusa-se formalmente a renunciar à violência, reconhecer o Estado judeu ou aceitar algum acordo firmado pela Organização de Libertação da Palestina (OLP). Israel, apoiado pelo Egito, utilizou o cerco de Gaza deliberadamente, mas sem sucesso, para corroer o Hamas, que venceu as eleições palestinas em 2007 e desfruta do apoio do Irã e da Síria.
O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, insistiu novamente que não existe fome nem crise humana em Gaza, reiterando que Israel permite a entrada de uma quantidade limitada de ajuda. É óbvio que a polêmica em torno dessa frota atrairá muita atenção internacional e criará uma condenação veemente de Israel. Mesmo defensores irredutíveis de Israel admitem que será difícil para o país sair ileso dessa história. Mas a questão que de fato importa é se, politicamente, alguma coisa vai mudar realmente depois do que ocorreu.

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