A segunda visita ao Brasil do presidente da França, Nicolas Sarkozy, em menos de um ano reforça, neste 7 de Setembro, uma parceria estratégica que vai muito além do acordo de compra de submarinos e de helicópteros franceses, no valor de E 8,6 bilhões (R$ 22,6 bilhões), pelas Forças Armadas Brasileiras. Nessa aliança, o Brasil de Lula vê a França como o amigo rico e preferido do Norte.
A reportagem é de Denise Chrispim Marin e publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo, 07-09-2009.
A França virou aliada preferencial no mundo desenvolvido no momento em que o Brasil ambiciona colocar em prática uma política industrial de defesa, além de alavancar sua presença nos órgãos de governança global. Sarkozy, por sua vez, explora as oportunidades de negócios no País que ambiciona tornar-se hegemônico na América Latina.
O presidente francês será o convidado de honra do desfile militar do Dia da Independência, hoje, na Esplanada dos Ministérios. Ele desembarcou ontem à noite na capital, escoltado por seis ministros, assessores, 14 representantes de grandes grupos empresariais franceses e, desta vez, sem a companhia da primeira-dama, Carla Bruni. Da Base Aérea de Brasília, onde foi recebido por Lula, o presidente francês seguiu para um jantar no Alvorada.
Sarkozy terá grandes chances de ouvir de Lula, mesmo que informalmente, o resultado favorável à francesa Dassault no processo de escolha para a compra de 36 caças pela Força Aérea Brasileira (FAB) - um negócio de US$ 7 bilhões. Na semana passada, em entrevista à mídia francesa, o presidente brasileiro deixou escapar essa predileção pelo produto da Dassault na concorrência, o caça Rafale.
O diferencial na relação Brasil-França, comparando com as demais parcerias estratégicas firmadas pelo governo brasileiro nos últimos anos, está inegavelmente na área militar, segundo a embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, diretora do Departamento de Europa do Itamaraty. Para a diplomata, trata-se de um caso feliz de exploração de um momento favorável a tais iniciativas.
Para Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil em Paris, esse diferencial alcança também as posições convergentes dos países nos debates relevantes da agenda internacional, azeitadas por uma afinidade cultural e de mútua curiosidade. "Não existe afinidade do Brasil com Angela Merkel ou com o Gordon Brown", disse o ex-embaixador, ao referir-se aos primeiros ministros da Alemanha e do Reino Unido. "Mas há muita afinidade com Sarkozy. Sobretudo, com madame Sarkozy", completou ele, dono de inconfundível humor.
A França foi uma das primeiras vozes do Primeiro Mundo a apoiar uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que pode permitir o ingresso do Brasil entre seus membros permanentes - ambição cultivada especialmente pelo governo Lula. Nos últimos anos, passou a defender a ampliação do G-8, as sete economias mais industrializadas e a Rússia, para a formação de um G-14 que incluiria, além do Brasil, a África do Sul, a China, a Índia, o México e o Egito. Mesmo com o desinteresse manifestado pelo presidente Lula por esse novo organismo, em junho passado, a França insiste na montagem do G-14.
Com a eclosão da crise econômica mundial, em setembro do ano passado, os dois países viram no G-20, o grupo das maiores economias do mundo, um foro mais representativo para a discussão de uma nova ordem financeira global. Lula e Sarkozy deverão fechar uma posição conjunta para a cúpula do G-20 em Pittsburgh (EUA), nos próximos dias 24 e 25. Em especial, para impedir que sejam afrouxados os compromissos do G-20 de reforma no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial (Bird).
Um dia depois do retorno de Sarkozy à França, sua ministra de Economia, Christine Lagarde, comandará uma missão empresarial francesa em São Paulo e um encontro com o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. O foco estará no aumento do comércio bilateral, que somou US$ 8,8 bilhões em 2008, e na elevação de investimentos franceses no Brasil, que acumulam US$ 17,5 bilhões.
A reportagem é de Denise Chrispim Marin e publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo, 07-09-2009.
A França virou aliada preferencial no mundo desenvolvido no momento em que o Brasil ambiciona colocar em prática uma política industrial de defesa, além de alavancar sua presença nos órgãos de governança global. Sarkozy, por sua vez, explora as oportunidades de negócios no País que ambiciona tornar-se hegemônico na América Latina.
O presidente francês será o convidado de honra do desfile militar do Dia da Independência, hoje, na Esplanada dos Ministérios. Ele desembarcou ontem à noite na capital, escoltado por seis ministros, assessores, 14 representantes de grandes grupos empresariais franceses e, desta vez, sem a companhia da primeira-dama, Carla Bruni. Da Base Aérea de Brasília, onde foi recebido por Lula, o presidente francês seguiu para um jantar no Alvorada.
Sarkozy terá grandes chances de ouvir de Lula, mesmo que informalmente, o resultado favorável à francesa Dassault no processo de escolha para a compra de 36 caças pela Força Aérea Brasileira (FAB) - um negócio de US$ 7 bilhões. Na semana passada, em entrevista à mídia francesa, o presidente brasileiro deixou escapar essa predileção pelo produto da Dassault na concorrência, o caça Rafale.
O diferencial na relação Brasil-França, comparando com as demais parcerias estratégicas firmadas pelo governo brasileiro nos últimos anos, está inegavelmente na área militar, segundo a embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, diretora do Departamento de Europa do Itamaraty. Para a diplomata, trata-se de um caso feliz de exploração de um momento favorável a tais iniciativas.
Para Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil em Paris, esse diferencial alcança também as posições convergentes dos países nos debates relevantes da agenda internacional, azeitadas por uma afinidade cultural e de mútua curiosidade. "Não existe afinidade do Brasil com Angela Merkel ou com o Gordon Brown", disse o ex-embaixador, ao referir-se aos primeiros ministros da Alemanha e do Reino Unido. "Mas há muita afinidade com Sarkozy. Sobretudo, com madame Sarkozy", completou ele, dono de inconfundível humor.
A França foi uma das primeiras vozes do Primeiro Mundo a apoiar uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que pode permitir o ingresso do Brasil entre seus membros permanentes - ambição cultivada especialmente pelo governo Lula. Nos últimos anos, passou a defender a ampliação do G-8, as sete economias mais industrializadas e a Rússia, para a formação de um G-14 que incluiria, além do Brasil, a África do Sul, a China, a Índia, o México e o Egito. Mesmo com o desinteresse manifestado pelo presidente Lula por esse novo organismo, em junho passado, a França insiste na montagem do G-14.
Com a eclosão da crise econômica mundial, em setembro do ano passado, os dois países viram no G-20, o grupo das maiores economias do mundo, um foro mais representativo para a discussão de uma nova ordem financeira global. Lula e Sarkozy deverão fechar uma posição conjunta para a cúpula do G-20 em Pittsburgh (EUA), nos próximos dias 24 e 25. Em especial, para impedir que sejam afrouxados os compromissos do G-20 de reforma no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial (Bird).
Um dia depois do retorno de Sarkozy à França, sua ministra de Economia, Christine Lagarde, comandará uma missão empresarial francesa em São Paulo e um encontro com o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. O foco estará no aumento do comércio bilateral, que somou US$ 8,8 bilhões em 2008, e na elevação de investimentos franceses no Brasil, que acumulam US$ 17,5 bilhões.
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