sábado, 10 de julho de 2010

A CRISE ENERGÉTICA: HÁ SOLUÇÕES? UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL ?

SEMPRE ME VEJO, OU FALANDO EM SALA DE AULA AOS MEUS ALUNOS E ALUNAS, OU PENSANDO, O QUE PODEMOS FAZER PARA AINDA SALVAR O PLANETA TERRA DA CATÁSTROFE FINAL, QUANDO AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS FICAREM INSUSTENTÁVEIS...
HÁ OUTROS CAMINHOS DE PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO HUMANO SEM COMPROMETIMENTO DOS RECURSOS NATURAIS ?

AS DUAS REPORTAGENS ABAIXO, REFLETEM UM POUCO ESTE MEUS PENSAMENTOS, MINHAS FALAS...

PENSE COMIGO...

A humanidade conseguirá reunir forças políticas que sejam capazes de apontar outros caminhos que não seja o dos burgueses e gestores que sustentam o capitalismo? A indagação é de Carlos Walter Porto-Gonçalves, professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense em artigo no Brasil de Fato, 08-07-2010.
Eis o artigo.
Desde que a revolução (nas relações sociais e de poder) industrial inaugurou, no século XVIII, uma nova etapa na relação da sociedade com a natureza, através do uso de combustíveis fósseis, que passamos a lançar na atmosfera gases que alteram a retenção do calor nessa camada que nos envolve, o chamado efeito estufa. Não nos deve escapar que o êxito da máquina a vapor proporcionando o aumento da capacidade de transformação da matéria, em física chama-se a isso de trabalho, veio ao encontro de um mito civilizatório – o de dominar a natureza – que encontrava numa burguesia ávida de fazer seus lucros na escala de tempo no horizonte de uma vida (e da avidez) imediata um protagonista que, como dissera um dos seus críticos, Karl Marx, cumpriria uma missão civilizatória.
O mito de dominar a natureza fez com que víssemos mais a máquina do que o vapor. Ou melhor, ainda que alguns tenham visto que a máquina não só produz outputs socialmente condicionados para usufruto humano, mas também produz efeitos não desejados, como o calor e a desagregação da matéria sob a forma de lixos vários (líquidos, gasosos e sólidos) com tempos desiguais de assimilação na própria natureza (alguns até mesmo com centenas a milhares de anos como os radiativos), o fato é que a invenção do termostato nos fez crer que o calor dissipado por uma máquina poderia ser controlado fazendo com que a máquina continuasse a produzir indefinidamente. Ocorre que se um aparelho de ar-condicionado pode ser controlado por um termostato e se manter funcionando com esse autocontrole, isso não impede que ele continue emitindo calor para fora do ambiente que está sendo refrigerado, aquecendo-o.
Enfim, a dissipação do calor inerente ao processo de trabalho, ou seja, ao processo de transformação da matéria é uma lei inexorável, segundo nos informam os físicos (lei de entropia). Enfim, falar de processo de trabalho é falar de energia que é exatamente a capacidade de realizar trabalho. Ocorre que as leis da termodinâmica foram levadas ao paroxismo por uma sociedade que se viu cega, tal como Rei Midas que confundira a riqueza com sua expressão em ouro ou dinheiro. Afinal, o dinheiro não é riqueza, mas sim uma das formas possíveis dela se expressar. Todavia, quando expressamos a riqueza em termos quantitativos, como no caso do dinheiro, isso implica uma idéia de que a riqueza não tem limites, posto que sempre podemos imaginar um número e a ele acrescentarmos mais um.
Tudo isso seria válido se a produção de riqueza se fizesse no mundo da abstração matemática, onde a economia quis ancorar sua pretensão de cientificidade, e não no mundo mundano onde vivemos (e morremos, é sempre bom lembrar, pois nos indica que há limites para a vida de cada um de nós, muito embora Lorde Keynnes nos dissesse que não devíamos nos preocupar tanto com o futuro, pois “no futuro estaremos todos mortos”, como afirmara).
O aquecimento global é a expressão material do efeito não desejado do êxito do produtivismo que comanda a sociedade industrial, sobretudo quando submetida aos ditames das classes capitalistas, sejam as burguesias hegemônicas no capitalismo monopolista de estado (Estados Unidos à cabeça), sejam os gestores hegemônicos no capitalismo de estado monopolista (China e antiga URSS, por exemplo).
Diante das graves implicações desse modelo civilizatório fundado no mito da dominação da natureza – aquecimento global já nos umbrais 350 ppm; capacidade de produção de biomassa anual do planeta ultrapassada em 30%; produtividade planetária global embora aumentada nos últimos 40 anos em 30% convivendo com o consumo produtivo de matérias primas com um aumento de 50% no mesmo período, o que indica que continuamos num mundo de alto consumo material em plena era virtual – tudo indica que nos vemos diante da necessidade de uma transição energética rumo à energias renováveis, onde o Sol volta ao centro das preocupações.
Já indicamos no início desse breve artigo que já no século XVIII, com o uso da máquina a vapor com combustíveis fósseis, o que se fez foi substituir a energia de ontem, ou seja, a fotossíntese dos ciclos dos dias e das noites, dos ciclos anuais e da reprodução biológica das espécies e dos ecossistemas e biomas em décadas, séculos e, até mesmo, milênios. Excluí aqui, conscientemente, os ciclos dos milhões de anos, ou seja, os ciclos geológico-geomorfológicos das mineralizações que conformaram os combustíveis fósseis com a fotossíntese de “ontem”. Assim, o que a revolução (nas relações sociais e de poder) industrial fez foi se apropriar de uma capacidade de transformação da matéria que estava concentrada nas moléculas de carbono que, entretanto, era materialmente fruto do trabalho da natureza e também da descoberta científica dessa potencialidade.
Cuidemo-nos aqui, mais uma vez, e evitemos os males do antropocentrismo que dá todo destaque à descoberta científica do potencial de transformação da matéria inscrito no carvão e no petróleo e se esquece que o fato de sabermos, por meio da ciência, que os combustíveis fósseis têm potencial de transformação da matéria não faz com que a existência desses materiais seja fruto dessa descoberta científica. Nenhum cientista, assim como nenhuma sociedade, produz petróleo ou carvão, ou água, ou ferro, ou cobre, ou manganês ou qualquer outro minério. A natureza é quem os produz e é essa dimensão que vem sendo negada por um paradigma científico que emana do mito da dominação da natureza e seu antropocentrismo. E mais, dominar alguém ou alguma coisa é fazer com que o que vai ser objeto dessa dominação não seja considerada na sua dimensão de um outro ser enquanto tal, mas fazer com que o ser dominado seja submetido à vontade de outrem e, deste modo, é negado na sua outridade.
E assim, o êxito da sociedade industrial submetida aos ditames das classes capitalistas burguesas e de gestores, leva-nos aos limites com que hoje nos defrontamos. O efeito estufa é o efeito desse olvido, é o efeito do êxito de um processo civilizatório que quis dominar a natureza. Trata-se, hoje, de dominar o dominador e libertar a natureza e a sociedade dessa lógica burguesa-gestorial de acumulação e crescimento ilimitados.
Diante disso várias iniciativas estão erraticamente em curso em busca de algo que nos conduza nessa necessária transição energética. Esclareça-se que a expressão erraticamente usada acima não é fortuita. Trata-se, na verdade, de uma luta encarniçada entre gigantes por se antecipar para ter o controle de uma nova matriz energética que, na atual correlação de forças políticas sob hegemonia dos grandes complexos de poder técnico-científico-industrial-financeiro-militar-midiático tende a buscar uma matriz universalizante que, exatamente por esse caráter universal, possa ser controlada oligopolisticamente. Nessa luta são invocados argumentos verdes por muitos dos que até aqui os negavam, e não necessariamente porque deles tenham se convencido, até os que invocam abertamente o uso da energia nuclear cuja negação era, até aqui, cláusula pétrea dos ecologistas, “Hiroshima Nunca Mais”, lembram?
O complexo de poder técnico-científico-industrial-financeiro-militar-midiático ligado ao mundo do petróleo, por exemplo, vem se aliando ao mundo do biocombustível, como se pode ver na constituição, em 2006, da Associação Interamericana de Etanol cujos dois presidentes eram, simplesmente, o Sr. Jeb Bush, ex-governador da Flórida, e o Sr. Roberto Rodrigues, ex-Ministro da Agricultura no governo Lula da Silva e ex-diretor da ABAG – Associação Brasileira de Agribusiness . Enquanto isso, no Brasil exalta-se o pioneirismo de nossa produção de energia de biomassa, sobretudo o etanol e o biodiesel, e ao mesmo tempo a redenção do país que viria do mundo do petróleo com o pré-sal! Ao mesmo tempo em que o Brasil se esforça para promover a integração da América do Sul, o Sr. Jeb Bush, parceiro do agribusiness brasileiro na Associação Interamericana de Etanol, declara que essa iniciativa significa que se está indo “da ALCA ao Álcool”!
Enfim, num sistema mundo hegemonizado pelo capital, onde capitalistas e gestores comandam os destinos do mundo, o controle da energia se torna estratégico. Afinal, a energia é a matéria que permite transformar matéria. Todavia, o controle das fontes de energia, inclui também o controle do sistema técnico ao qual a energia deve servir e, assim, portanto, é com todo o sistema técnico que devemos estar preocupados. E, sobre isso, não se tem mais que alguns sinais e, a julgar pelos grandes players que hoje podem jogar esse jogo, o sigilo e não a cooperação é que vai comandar essa evolução. Toda a questão passa a ser: pode o aquecimento global esperar até que um complexo de poder determinado imponha sua hegemonia com seu sistema técnico e sua matriz energética (novo ciclo de Kondratief?) ou se a humanidade conseguirá reunir forças políticas que sejam capazes de apontar outros caminhos que não seja o dos burgueses e gestores que sustentam o capitalismo, seja o capitalismo monopolista de estado (hegemonia dos monopólios privados a partir dos EEUU), seja o capitalismo de estado monopolista (hegemonia dos gestores comunistas da China)?

DIANTE DESTA REPORTAGEM ACIMA, SOLUÇÕES HÁ, MAS UMA DELAS, É PRATICAMENTE UNANIMIDADE ENTRE TODOS OS AMBIENTALISTAS OU QUALQUER UM PENSADOR: PRESERVAR AS FLORESTAS É UMA SOLUÇÃO, POIS ELAS SÃO IMPORTANTES NO EQUILÍBRIO AMBIENTAL, E ISSO NÃO PODEMOS DEIXAR DE CRER,

LEIA ABAIXO:

AS FOLORESTAS TROPICAIS SÃO VERDADEIROS "SUMIDOUROS" NATURAIS DE CO2

As florestas tropicais, como a Amazônia, são as máquinas de fotossíntese mais eficientes do planeta. Um novo estudo internacional mostra que elas absorvem um terço de todo o gás carbônico que é retirado da atmosfera pelas plantas a cada ano.
A notícia é do jornal Folha de S. Paulo, 09-07-2010.
Pela primeira vez, cientistas calcularam a absorção global de CO2 pela vegetação terrestre: são 123 bilhões de toneladas do gás por ano.
"É o dobro da quantidade de CO2 que os oceanos absorvem", diz Christian Beer, do Instituto Max Planck para Bioquímica, na Alemanha. Ele é coautor do estudo, publicado na revista "Science".
Selvas tropicais respondem por 34% da captura. As savanas, por 26%, apesar de ocuparem o dobro da área.
Um outro estudo, publicado na mesma edição da "Science", mostrou que a temperatura influencia pouco na quantidade de carbono exalado pelas plantas quando elas respiram.
Havia temores de que o aquecimento global pudesse acelerar as taxas de respiração, fazendo com que florestas se convertessem de "ralos" em fontes do gás - agravando mais o problema.
Juntos, esses dados devem ajudar a melhorar os modelos climáticos, que dependem do conhecimento preciso do fluxo de carbono entre plantas, atmosfera, oceanos e fontes humanas do gás.
O trabalho de Beer também ressalta a importância das florestas secundárias na Amazônia como "ralos" para o CO2 em excesso despejado no ar por seres humanos.
Isso porque, apesar de absorverem muito carbono por fotossíntese, as florestas tropicais devolvem outro tanto ao ar quando respiram.
Florestas em regeneração, por outro lado, fixam muito mais carbono do que exalam.
O estudo usou dados de uma rede internacional, a Fluxnet, que reúne centenas de torres que servem como postos de observação pelo mundo, analisando os fluxos de CO2 na vegetação ao redor.
No Brasil há quase uma dezena de torres de fluxo, a maior parte delas instaladas na Amazônia.
"Mas ainda sabemos pouco, por exemplo, sobre pontos de transição abrupta ligados ao clima, como florestas em savanização", diz o biólogo Antonio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. "E ainda existem ambientes pouco mapeados, como pântanos e brejos."

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