A principal voz americana em negociações comerciais disse nesta segunda-feira 21 DE JULHO, que os Estados Unidos estão prontos para apresentar uma nova proposta para o corte de seus subsídios agrícolas - uma das maiores exigências dos países em desenvolvimento para avançar com as negociações para a liberalização do comércio global.
"Sabemos que temos que fazer muito mais contribuições e o faremos. Os Estados Unidos têm uma posição de liderança total e manterão essa posição", afirmou a representante comercial norte-americana, Susan Schwab, antes do início de negociações entre ministros de mais de 35 países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra.
A reunião, no âmbito da Rodada Doha, está sendo considerada crucial porque, na falta de um acordo agora, as negociações serão dificultadas pelas eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro, e pelas eleições européias, em junho de 2009.
Schwab admitiu que, no papel de líder mundial, os Estados Unidos têm a "responsabilidade" de ir além do que já ofereceram, mas ressaltou que também espera novas propostas dos demais países, "inclusive dos países em desenvolvimento mais importantes".
"Nenhum país ou dois, sozinhos, serão capazes de concluir a Rodada com sucesso, sem o compromisso ativo e a contribuição de todos nossos colegas", disse Schwab. "Todos sabemos que teremos que fazer escolhas duras."
No sábado, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou os subsídios nas negociações da Rodada Doha e ressaltou que a atual proposta permitiria aos Estados Unidos conceder até US$ 13 bilhões em ajudas a seus agricultores, o dobro da atual cifra de cerca de US$ 7 bilhões.
Para Schwab, a posição dos Estados Unidos em relação aos subsídios agrícolas "é uma desculpa conveniente para muitos países que preferem não tocar na outra parte das negociações", como a questão do acesso a mercado para bens industriais e serviços.
Contrapartida: Os países ricos querem maiores cortes de tarifas de importação nesses setores, mas os sócios mais pobres tentam proteger um setor no qual consideram que não poderiam competir em igualdade.
"Qualquer estudo que se considere deixa claro que, em uma negociação comercial, não é com o corte de subsídios, e sim com a abertura dos mercados, que se pode contribuir mais com o crescimento e o desenvolvimento econômicos", defendeu.
De sua parte, a União Européia ofereceu reduzir as tarifas de importação para produtos agrícolas em 60% em troca de uma redução nas taxas para bens industriais e serviços nos países emergentes.
Segundo o representante de comércio da UE, Peter Mandelson, esta é a melhor oferta já apresentada pelo bloco.
Polêmica: A representante norte-americana se negou a comentar as afirmações feitas por Amorim no sábado, acusando os países desenvolvidos de utilizar táticas de comunicação nazistas para passar a mensagem de que dão mais concessões em agricultura que os demais sócios em indústria.
"Goebbels dizia que uma mentira repetida várias vezes se torna verdade. Quando eu escuto essas afirmações, não posso evitar lembrar de Goebbels", disse o chanceler brasileiro, citando o chefe da propaganda nazista durante o regime de Adolf Hitler.
A declaração foi qualificada de "infeliz" pelo porta-voz de Schwab, filha de sobreviventes do holocausto.
Hoje Schwab quis virar a página e afirmou que está em Genebra "para concluir um trabalho: conseguir um acordo de sucesso para a Rodada Doha". O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, acusou neste sábado os países ricos de manipular informações sobre as negociações da Rodada Doha, em uma estratégia que ele disse lembrar a utilizada pelo chefe de propaganda nazista Joseph Goebbels.
Segundo o ministro, líderes desses países se baseiam em fórmulas diferentes de redução de alíquotas ao se referir às negociações, o que daria a entender que as concessões que poderão fazer em agricultura são muito maiores que as que os países em desenvolvimento estão dispostos a aceitar no capítulo industrial.
"Essa é uma afirmação sob medida para aqueles que não querem fazer sua parte em agricultura”, disse Amorim, em entrevista coletiva em Genebra, às vésperas de uma reunião entre os ministros da Organização Mundial do Comércio (OMC) considerada decisiva para a rodada.
“Isso me recorda Goebbels”, disse Amorim, lembrando a máxima do oficial nazista de que uma mentira repetida muitas vezes se torna verdade.
Proposta atual: Segundo Amorim, a proposta para agricultura acabou incorporando todo tipo de exceção e privilégio para acomodar as alegadas dificuldades dos países desenvolvidos.
“O texto sobre agricultura foi escrito com a idéia de obter mais flexibilidades para os países ricos (protegerem seu mercado). Já o sobre indústria foi escrito com a idéia de obter acesso máximo ao mercado dos países em desenvolvimento.”
Amorim destacou que a proposta atual limita os subsídios para os agricultores dos Estados Unidos a US$ 13 bilhões, o dobro dos US$ 7 bilhões que o país concede atualmente.
Já o Brasil cortaria em 30% as tarifas mais altas que hoje incidem sobre a importação de bens industriais, mesmo se o país decidisse proteger alguns produtos (com as flexibilidades que permitem aos países em desenvolvimento limitar os recortes).
“Isso deve ser dito com todas as letras. Caso contrário, estamos desinformando todo o público e, freqüentemente, desinformando também os próprios líderes e não podemos ter um acordo baseado em desinformação.”
Para Amorim, o êxito dessa rodada de negociações dependerá de que os países ricos façam maiores esforços em agricultura e não tragam mais exigências ao capítulo de bens industriais, justamente o contrário do que União Européia e Estados Unidos se dizem dispostos a fazer.
Na semana passada o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, disse que uma de suas prioridades em Genebra será garantir o estabelecimento de cláusulas anti-concentração na proposta para o setor industrial.
Esse mecanismo limitaria o nível de flexibilidade com o qual os países em desenvolvimento poderiam proteger determinados setores na hora de aplicar os recortes de tarifas.
“(Exigir essas cláusulas) é uma receita para o fracasso”, sentenciou o ministro.Ainda assim, Amorim garantiu que o Brasil chega à reunião disposto a entrar em um acordo.
“Se perdemos esse momento agora, provavelmente tardará três ou quatro anos, mas teríamos uma Rodada mais favorável que esta. Mas, claro, há riscos, e por isso temos uma razão sistêmica para tentar ter (um acordo) agora”.
"Sabemos que temos que fazer muito mais contribuições e o faremos. Os Estados Unidos têm uma posição de liderança total e manterão essa posição", afirmou a representante comercial norte-americana, Susan Schwab, antes do início de negociações entre ministros de mais de 35 países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra.
A reunião, no âmbito da Rodada Doha, está sendo considerada crucial porque, na falta de um acordo agora, as negociações serão dificultadas pelas eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro, e pelas eleições européias, em junho de 2009.
Schwab admitiu que, no papel de líder mundial, os Estados Unidos têm a "responsabilidade" de ir além do que já ofereceram, mas ressaltou que também espera novas propostas dos demais países, "inclusive dos países em desenvolvimento mais importantes".
"Nenhum país ou dois, sozinhos, serão capazes de concluir a Rodada com sucesso, sem o compromisso ativo e a contribuição de todos nossos colegas", disse Schwab. "Todos sabemos que teremos que fazer escolhas duras."
No sábado, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou os subsídios nas negociações da Rodada Doha e ressaltou que a atual proposta permitiria aos Estados Unidos conceder até US$ 13 bilhões em ajudas a seus agricultores, o dobro da atual cifra de cerca de US$ 7 bilhões.
Para Schwab, a posição dos Estados Unidos em relação aos subsídios agrícolas "é uma desculpa conveniente para muitos países que preferem não tocar na outra parte das negociações", como a questão do acesso a mercado para bens industriais e serviços.
Contrapartida: Os países ricos querem maiores cortes de tarifas de importação nesses setores, mas os sócios mais pobres tentam proteger um setor no qual consideram que não poderiam competir em igualdade.
"Qualquer estudo que se considere deixa claro que, em uma negociação comercial, não é com o corte de subsídios, e sim com a abertura dos mercados, que se pode contribuir mais com o crescimento e o desenvolvimento econômicos", defendeu.
De sua parte, a União Européia ofereceu reduzir as tarifas de importação para produtos agrícolas em 60% em troca de uma redução nas taxas para bens industriais e serviços nos países emergentes.
Segundo o representante de comércio da UE, Peter Mandelson, esta é a melhor oferta já apresentada pelo bloco.
Polêmica: A representante norte-americana se negou a comentar as afirmações feitas por Amorim no sábado, acusando os países desenvolvidos de utilizar táticas de comunicação nazistas para passar a mensagem de que dão mais concessões em agricultura que os demais sócios em indústria.
"Goebbels dizia que uma mentira repetida várias vezes se torna verdade. Quando eu escuto essas afirmações, não posso evitar lembrar de Goebbels", disse o chanceler brasileiro, citando o chefe da propaganda nazista durante o regime de Adolf Hitler.
A declaração foi qualificada de "infeliz" pelo porta-voz de Schwab, filha de sobreviventes do holocausto.
Hoje Schwab quis virar a página e afirmou que está em Genebra "para concluir um trabalho: conseguir um acordo de sucesso para a Rodada Doha". O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, acusou neste sábado os países ricos de manipular informações sobre as negociações da Rodada Doha, em uma estratégia que ele disse lembrar a utilizada pelo chefe de propaganda nazista Joseph Goebbels.
Segundo o ministro, líderes desses países se baseiam em fórmulas diferentes de redução de alíquotas ao se referir às negociações, o que daria a entender que as concessões que poderão fazer em agricultura são muito maiores que as que os países em desenvolvimento estão dispostos a aceitar no capítulo industrial.
"Essa é uma afirmação sob medida para aqueles que não querem fazer sua parte em agricultura”, disse Amorim, em entrevista coletiva em Genebra, às vésperas de uma reunião entre os ministros da Organização Mundial do Comércio (OMC) considerada decisiva para a rodada.
“Isso me recorda Goebbels”, disse Amorim, lembrando a máxima do oficial nazista de que uma mentira repetida muitas vezes se torna verdade.
Proposta atual: Segundo Amorim, a proposta para agricultura acabou incorporando todo tipo de exceção e privilégio para acomodar as alegadas dificuldades dos países desenvolvidos.
“O texto sobre agricultura foi escrito com a idéia de obter mais flexibilidades para os países ricos (protegerem seu mercado). Já o sobre indústria foi escrito com a idéia de obter acesso máximo ao mercado dos países em desenvolvimento.”
Amorim destacou que a proposta atual limita os subsídios para os agricultores dos Estados Unidos a US$ 13 bilhões, o dobro dos US$ 7 bilhões que o país concede atualmente.
Já o Brasil cortaria em 30% as tarifas mais altas que hoje incidem sobre a importação de bens industriais, mesmo se o país decidisse proteger alguns produtos (com as flexibilidades que permitem aos países em desenvolvimento limitar os recortes).
“Isso deve ser dito com todas as letras. Caso contrário, estamos desinformando todo o público e, freqüentemente, desinformando também os próprios líderes e não podemos ter um acordo baseado em desinformação.”
Para Amorim, o êxito dessa rodada de negociações dependerá de que os países ricos façam maiores esforços em agricultura e não tragam mais exigências ao capítulo de bens industriais, justamente o contrário do que União Européia e Estados Unidos se dizem dispostos a fazer.
Na semana passada o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, disse que uma de suas prioridades em Genebra será garantir o estabelecimento de cláusulas anti-concentração na proposta para o setor industrial.
Esse mecanismo limitaria o nível de flexibilidade com o qual os países em desenvolvimento poderiam proteger determinados setores na hora de aplicar os recortes de tarifas.
“(Exigir essas cláusulas) é uma receita para o fracasso”, sentenciou o ministro.Ainda assim, Amorim garantiu que o Brasil chega à reunião disposto a entrar em um acordo.
“Se perdemos esse momento agora, provavelmente tardará três ou quatro anos, mas teríamos uma Rodada mais favorável que esta. Mas, claro, há riscos, e por isso temos uma razão sistêmica para tentar ter (um acordo) agora”.
O QUE É RODADA DE DOHA ?
A Rodada Doha é o principal elemento do comércio mundial. De fato, se trata das exaustivas negociações entre as maiores potências comerciais do mundo, com o objetivo de diminuir as barreiras comerciais, focando o livre comércio. As negociações receberam o nome de “Doha”, capital do Qatar, pois foi nessa cidade que os países começaram a discutir a abertura do comércio mundial. O principal problema da Rodada Doha, ou seja, do comércio mundial, é a preocupação de cada país na sua própria economia, esquecendo que o maior propósito de tudo isso é o combate à fome e o desenvolvimento dos países pobres. Se as nações em desenvolvimento como Brasil e Índia querem que a UE (União Européia) e os EUA (Estados Unidos da América) diminuam os subsídios (impostos) aos produtos agrícolas estrangeiros, os países desenvolvidos querem em troca, a abertura aos produtos manufaturados europeus e americanos. Todas essas questões foram grandemente discutidas nas rodadas em Cancun, Genebra, Paris e Hong Kong, porém até hoje não há um consenso mundial a respeito da abertura comercial. Recentemente, o Brasil e a Índia, as principais potências comerciais em desenvolvimento, abandonaram as negociações da Rodada Doha, levando todo o mundo à frustração e à descrença a respeito da liberação do comércio mundial, já que os principais países realizarão eleições recentemente, adiando ainda mais as esperanças de negociações futuras.
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