Doha, 31 mar (EFE).- Os 12 países sul-americanos e os 22 árabes uniram hoje suas vozes para resgatar a velha reivindicação de um mundo multipolar, e reivindicar às nações mais ricas do mundo que eles sejam incluídos na luta contra a crise global.
A cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne as nações mais ricas e principais emergentes), que será realizada a partir do dia 2 em Londres, ocupou boa parte dos discursos da 2ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América do Sul e dos Países Árabes (Aspa), no Catar.
No encontro, os líderes anteciparam algumas de suas propostas para combater a crise financeira mundial.
Em Londres estarão presentes três países - Brasil, Argentina e Arábia Saudita - dos 34 que se reuniram hoje, um percentual pouco menor que os 10,5% que a população representa para o total do mundo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou no discurso na sessão inaugural que o grande objetivo destes países deveria ser defender o papel do Estado perante o G20.
O discurso do presidente foi marcado por apelos à regulação e à maior transparência dos mercados financeiros, e ele também insistiu na necessidade de concluir a Rodada de Desenvolvimento de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Enquanto isso, a presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, destacou que seus planos são "levar ao G20 a voz das economias emergentes".
"Para nós, é vital recriar uma ordem multipolar, que vai implicar em uma reversão das políticas implementadas e em que todos tenhamos respeito às decisões da ONU", ressaltou.
A presidente chilena, Michelle Bachelet, como presidente de turno da União de Nações Americanas (Unasul), respaldou essas palavras e as de Lula.
Após o fim da cúpula, Bachelet deu uma entrevista para apresentar o documento final, batizado de Declaração de Doha, e ressaltou que o consenso alcançado "terá uma força suficiente" para que, no G20, a voz de árabes e sul-americanos "possa estar presente".
Em várias ocasiões durante os discursos dos chefes de Estado e de Governo em Doha foram ouvidas três palavras: "nova ordem mundial".
Durante alguns momentos, a cúpula recuperou algumas essências clássicas do Movimento dos Não-Alinhados, entre alusões constantes à cooperação sul-sul e à necessidade do multilateralismo e de órgãos internacionais mais efetivos.
O discurso do presidente venezuelano, Hugo Chávez, verdadeiro ídolo de massas no mundo árabe após romper relações com Israel em janeiro, após a ofensiva israelense contra Gaza, foi a única a ser ovacionada antes mesmo de começar o pronunciamento.
Chávez retomou várias propostas, como a criação de um banco de investimento entre os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que contou com nove representantes na Aspa, ou a adesão à iniciativa chinesa de criar uma nova moeda de referência internacional.
O líder venezuelano também dedicou duras palavras à ordem de detenção emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o presidente sudanês, Omar al-Bashir, por crimes de guerra e de lesa-humanidade em Darfur.
"Por que (o TPI) não ordenará a captura de (George W.) Bush? Por que não ordenará a captura do presidente de Israel? A Venezuela aqui se põe de joelhos e nos alinhamos com a Liga Árabe", disse à imprensa logo depois de chegar ao Catar.
Horas mais tarde, em seu discurso perante a cúpula, convidou Bashir a visitá-lo em Caracas.
No entanto, este assunto, que foi o protagonista da cúpula da Liga Árabe realizada um dia antes em Doha, ficou relegado a segundo plano na reunião da Aspa.
Somente nos discursos de Chávez e do próprio Bashir, que não pediu um apoio explícito aos sul-americanos, houve alguma alusão ao tema.
Desta forma, foram aplacados os temores que fontes diplomáticas sul-americanas tinham expressado anteriormente à Agência Efe de que o conflito com Bashir centrasse as discussões, em detrimento de uma ação concertada contra a crise. EFE
A cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne as nações mais ricas e principais emergentes), que será realizada a partir do dia 2 em Londres, ocupou boa parte dos discursos da 2ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América do Sul e dos Países Árabes (Aspa), no Catar.
No encontro, os líderes anteciparam algumas de suas propostas para combater a crise financeira mundial.
Em Londres estarão presentes três países - Brasil, Argentina e Arábia Saudita - dos 34 que se reuniram hoje, um percentual pouco menor que os 10,5% que a população representa para o total do mundo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou no discurso na sessão inaugural que o grande objetivo destes países deveria ser defender o papel do Estado perante o G20.
O discurso do presidente foi marcado por apelos à regulação e à maior transparência dos mercados financeiros, e ele também insistiu na necessidade de concluir a Rodada de Desenvolvimento de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Enquanto isso, a presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, destacou que seus planos são "levar ao G20 a voz das economias emergentes".
"Para nós, é vital recriar uma ordem multipolar, que vai implicar em uma reversão das políticas implementadas e em que todos tenhamos respeito às decisões da ONU", ressaltou.
A presidente chilena, Michelle Bachelet, como presidente de turno da União de Nações Americanas (Unasul), respaldou essas palavras e as de Lula.
Após o fim da cúpula, Bachelet deu uma entrevista para apresentar o documento final, batizado de Declaração de Doha, e ressaltou que o consenso alcançado "terá uma força suficiente" para que, no G20, a voz de árabes e sul-americanos "possa estar presente".
Em várias ocasiões durante os discursos dos chefes de Estado e de Governo em Doha foram ouvidas três palavras: "nova ordem mundial".
Durante alguns momentos, a cúpula recuperou algumas essências clássicas do Movimento dos Não-Alinhados, entre alusões constantes à cooperação sul-sul e à necessidade do multilateralismo e de órgãos internacionais mais efetivos.
O discurso do presidente venezuelano, Hugo Chávez, verdadeiro ídolo de massas no mundo árabe após romper relações com Israel em janeiro, após a ofensiva israelense contra Gaza, foi a única a ser ovacionada antes mesmo de começar o pronunciamento.
Chávez retomou várias propostas, como a criação de um banco de investimento entre os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que contou com nove representantes na Aspa, ou a adesão à iniciativa chinesa de criar uma nova moeda de referência internacional.
O líder venezuelano também dedicou duras palavras à ordem de detenção emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o presidente sudanês, Omar al-Bashir, por crimes de guerra e de lesa-humanidade em Darfur.
"Por que (o TPI) não ordenará a captura de (George W.) Bush? Por que não ordenará a captura do presidente de Israel? A Venezuela aqui se põe de joelhos e nos alinhamos com a Liga Árabe", disse à imprensa logo depois de chegar ao Catar.
Horas mais tarde, em seu discurso perante a cúpula, convidou Bashir a visitá-lo em Caracas.
No entanto, este assunto, que foi o protagonista da cúpula da Liga Árabe realizada um dia antes em Doha, ficou relegado a segundo plano na reunião da Aspa.
Somente nos discursos de Chávez e do próprio Bashir, que não pediu um apoio explícito aos sul-americanos, houve alguma alusão ao tema.
Desta forma, foram aplacados os temores que fontes diplomáticas sul-americanas tinham expressado anteriormente à Agência Efe de que o conflito com Bashir centrasse as discussões, em detrimento de uma ação concertada contra a crise. EFE