quarta-feira, 29 de abril de 2009

POSSÍVEIS CENÁRIOS DA GRIPE SUÍNA!

CENÁRIOS
COMO A GRIPE SUÍNA PODE EVOLUIR?
29 de Abril de 2009
Por Maggie Fox
WASHINGTON (Reuters) - A novo vírus H1N1, da gripe suína, já se espalhou para nove países e pode ter contaminado mais de 2.500 pessoas. A doença matou dezenas no México, e um bebê mexicano que estava de passagem pelo Texas se tornou a primeira vítima fatal em território norte-americano. A Organização Mundial da Saúde diz que não há como conter a epidemia, e que o melhor a fazer é mitigar seus efeitos. Embora ainda não seja uma pandemia (epidemia global de uma doença nova e grave), pode rapidamente passar para esse estágio. A seguir, três possíveis cenários:
PANDEMIA GRAVE
É o pior cenário. A cada 30-40 anos, o mundo sofre uma epidemia de "influenza", na qual uma nova cepa do vírus da gripe se propaga rapidamente, matando centenas de milhares de pessoas em poucas semanas.
A pandemia de 1918 (dita "gripe espanhola") é considerada modelo para o cenário mais grave. Naquela ocasião, pelo menos 40 milhões de pessoas morreram num período de 18 meses, e a epidemia passava de uma comunidade a outra em ondas.
Mas isso foi na era pré-antibióticos, quando as pessoas morriam por causa de infecções simples, não havia respiradores mecânicos e as vacinas eram primitivas. A população em geral não tinha ideia de como as doenças eram transmitidas.
Mesmo assim, os especialistas preveem que uma gripe como a de 1918 manteria 40 por cento da força de trabalho afastada, seja porque as pessoas estariam doentes, ou cuidando de parentes doentes, ou simplesmente recolhidas. Isso levaria à escassez de gêneros e até de energia.
Nas circunstâncias atuais, milhões de pessoas poderiam morrer, o comércio global iria se desacelerar e muitos países entrariam em crise econômica.
PANDEMIA BRANDA
A última aconteceu em 1968, quando o vírus H3N2 ("gripe de Hong Kong") matou cerca de 1 milhão de pessoas no mundo. Os especialistas acreditam que uma cepa desse tipo hoje teria efeitos muito menos graves, já que existem antivirais que não estavam no mercado há 40 anos.
Mesmo com mais vacinas, mais remédios e uma população mais informada, as gripes sazonais comuns matam entre 250-500 mil pessoas por ano, em geral bebês, idosos e pessoas com imunidade comprometida. No caso de uma pandemia, adultos saudáveis são mais suscetíveis, e, ao contrário da gripe comum, não há uma vacina imediatamente disponível.
Uma pandemia branda já seria suficiente para afetar o comércio e as viagens, provocar flutuações cambiais e escassez de medicamentos antivirais e antibióticos destinados a combater as "infecções paralelas" que costumam acompanhar a gripe. Há quem preveja também a falta de equipamentos como respiradores mecânicos, pois hospitais de muitos países, especialmente os Estados Unidos, já operam no limite.
SEM PANDEMIA
O mundo inteiro torce para que esta cepa da gripe simplesmente suma. A "influenza" é um vírus promíscuo, trocando genes o tempo todo com outros vírus de gripe dentro de organismos humanos e animais. Além disso, sofre mutações constantes. Ambos esses fatores implicam que o H1N1 de repente pode se tornar pior, ou mais brando. A qualquer momento ele poderia perder sua capacidade de passar facilmente de pessoa para pessoa, ou poderia se tornar brando como uma gripe sazonal comum.
Mas levará meses para que se saiba se isso aconteceu. Cepas de gripe costumam desaparecer durante os meses de verão (meados do ano no Hemisfério Norte, origem da epidemia), voltando no final da estação ou no começo do outono. A cepa de 1918 voltou vingativa.
Por enquanto, a Organização Mundial da Saúde diz apenas que uma pandemia é possível. "É provavelmente prematuro pensar nisso como uma pandemia branda ou como uma pandemia grave", disse na quarta-feira Keiji Fukuda, dirigente da OMS. "Está claríssimo que não podemos prever qual será o rumo disso."

PEGUNTAS E REPOSTAS
A gripe suína ameaça se alastrar pelo mundo, num devastador efeito dominó, e já deixa em alerta autoridades sanitárias de vários países, além da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas (ONU), que vislumbram o risco de uma nova pandemia internacional. O mal teve início no México, onde em 27 de abril era suspeito de provocar pelo menos 149 mortes, e, em poucos dias, já atingia os Estados Unidos, o Canadá, a Espanha e a Grã-Bretanha. Entenda o que é a febre de origem suína e como surgiu.
1. O que é a gripe suína?
A gripe suína é uma doença respiratória dos porcos, que pode ser transmitida para criadores e tem capacidade de se propagar rapidamente. A epidemia teve início no México e, em poucos dias, já atingia os Estados Unidos, o Canadá, a Espanha e a Grã-Bretanha.

2. Quais os sintomas?
Os sintomas da gripe suína são similares aos da gripe comum, porém mais agudos. Segundo o Ministério da Saúde, é comum o paciente apresentar febre acima de 39 graus, acompanhada de problemas como tosse e dores de cabeça, nos músculos e nas articulações.
2. Qual é o agente causador da doença?
O vírus da gripe suína clássico é o Influenza H1N1, tipo A, que foi isolado pela primeira vez em 1930. Mas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem outros subtipos de vírus. Isso porque, assim como no ser humano, os vírus da gripe sofrem mutação contínua no porco, um animal que possui, nas vias respiratórias, receptores sensíveis aos vírus da influenza suínos, humanos e aviários. O organismo do porco funciona como um tubo de ensaio, combinando vírus e favorecendo o aparecimento de novos tipos. Esses vírus híbridos podem provocar o surgimento de um novo tipo de gripe, tão agressivo como o da gripe aviária e tão transmissível quanto o da gripe humana. Ainda desconhecido do sistema imunológico humano, esse vírus poderia desencadear uma pandemia de gripe.
3. E quem chegou de viagem?
Se a pessoa esteve nos últimos dez dias em países onde houve casos, como o México, e apresenta sintomas. pode procurar um médico e realizar o exame para identificar o tipo de gripe. Deve-se evitar locais com presença de muitas pessoas enquanto não sai o resultado.

4. Quais são as formas de contágio?
A gripe de origem suína não é contraída pela ingestão de carne de porco, mas por via aérea, de pessoa para pessoa. Isso porque, de acordo com os Centros de Controle de Enfermidades dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), a temperatura de cozimento (71º Celsius) destrói os vírus e as bactérias presentes na carne de gado suíno.

5. A gripe suína tem cura?
Drogas antivirais podem ser usadas no tratamento e na prevenção do mal. Sua atuação consiste em impedir que o vírus da gripe suína se reproduza dentro do corpo humano. A eficácia do tratamento é maior quando ele é iniciado até dois dias após os primeiros sintomas. De olho nisso, autoridades americanas já anunciaram que irão distribuir 11 milhões de antivirais contra a gripe suína.
6. Qual a diferença entre a gripe suína e a gripe comum?
A gripe suína é caracterizada pelos sintomas da gripe comum, mas pode causar vômitos e diarreia mais graves. A gripe comum mata entre 250 mil e 500 mil pessoas a cada ano, principalmente entre a população mais velha. A maioria das pessoas morre de pneumonia, e a gripe pode matar por razões que ninguém entende. Também pode piorar infecções por bactérias. A maioria dos mortos da gripe suína tinha entre 25 e 45 anos.
7. Trata-se de um novo tipo de gripe suína?
Assim como no ser humano, os vírus da gripe sofrem mutação contínua no porco, um animal que possui, nas vias respiratórias, receptores sensíveis aos vírus da influenza suína, humana e aviária. Os porcos tornam-se incubadoras que favorecem o aparecimento de novos vírus gripais, através de combinações genéticas, em caso de contaminações simultâneas. Esses tipos de vírus híbridos podem provocar o aparecimento de um novo vírus da gripe, tão virulento como o da gripe aviária e tão transmissível como a gripe humana.
8. Existe vacina contra o mal?
Só para porcos. Não para o ser humano. Segundo as autoridades mexicanas, que citam a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacina existente para humanos é para um tipo anterior do vírus e não é eficaz. Mas a produção de uma vacina eficaz já está em pauta. O porta-voz da OMS, Gregory Hartl, anunciou que autoridades de saúde dos Estados Unidos tomaram os primeiros passos para iniciar a produção de uma boa vacina contra o vírus. Além disso, de acordo com a OMS, o Tamiflu, o medicamento que contém oseltamivir, utilizado contra a gripe aviária, é eficaz também contra a suína. A vacina contra a gripe humana não protege contra o mal causado pelos porcos.

9. Há medidas preventivas que possam ser tomadas no dia-a-dia?
O Instituto Brasileiro de Auditoria em Vigilância Sanitária (Inbravisa) está repassando aos que o procuram cinco recomendações dadas pelos Centros de Controle de Enfermidades (CDC, na sigla em inglês), dos Estados Unidos. São elas: 1) evitar contato direto com pessoas gripadas; 2) ficar em casa se estiver doente, para não contaminar outras pessoas; 3) cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel ao tossir ou espirrar; 4) lavar as mãos frequentemente, principalmente ao tocar os olhos, nariz ou boca; 5) usar máscara cirúrgica em locais de grande concentração de pessoas, como aeroportos, ruas movimentadas e shopping centers. As autoridades sanitárias americanas também orientam, como forma de aumentar a resistência do organismo, que as pessoas se vacinem contra a gripe comum, tenham no mínimo 8 horas de sono por dia, bebam líquidos em abundância e consumam alimentos nutritivos. De acordo com a Inbravisa, as recomendações do CDC devem ser seguidas pelos brasileiros.

10. Quais são os países afetados até o momento?
Até 27 de abril, havia casos confirmados no México, Estados Unidos,. Canadá, Grã-Bretanha e Espanha. Ponto de partida da doença, o México era o país mais afetado: o ministro da Saúde do país acreditava que a gripe suína fora responsável por 149 mortes de pessoas entre 20 e 50 anos. Para frear a disseminação do mal, o governo mexicano decidiu fechar as escolas de todo o país até 6 de maio. Peru, Chile, El Salvador, Honduras, Colômbia, Nicarágua, Hong Kong, Japão, Argentina, Brasil e Costa Rica ativaram planos de vigilância sanitária - com exame de passageiros que desembarcam nos aeroportos, por exemplo. Aeroportos de Hong Kong, Malásia, Coreia do Sul, Japão e Brasil criaram postos de controle para evitar a entrada da gripe suína. Depois da aterrissagem, os viajantes passavam por uma verificação de sintomas. Na Argentina, o foco eram os viajantes vindos do México. No Canadá, a ministra da Saúde, Leona Aglukkaq, pediu à população para manter-se alerta.

11. O que a OMS diz a respeito?
A OMS entrou em estado de alerta, "porque há casos humanos associados a um vírus de gripe animal, mas também pela extensão geográfica dos diferentes focos, assim como pela idade não habitual dos grupos afetados", segundo comunicado oficial. No dia 27 de abril, a organização elevou o nível de alerta de pandemia de 3 para 4 - o que ainda não caracteriza a existência de pandemia, mas se aproxima mais, dentro de uma escala que vai de 1 (baixo risco de casos humanos) a 6 (transmissão sustentável e eficiente entre humanos).

12. A internet oferece fontes seguras de informação sobre o assunto?
Sim. No Brasil, o Ministério da Saúde está disponibilizando informações em seu site. Em âmbito global, são também fontes confiáveis os sites da OMS (em inglês, com opções de espanhol e francês), da Organização Panamericana de Saúde (Opas, em inglês e espanhol) e dos Centros de Controle de Enfermidades dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês, idioma do site).

Um comentário:

Anônimo disse...

Gooostei muito das perguntas e repostas que você fez. Agora estou mais ciente da gripe suína. Seu blog é maravilhoso!!!

Tchau, Tchau.