O jornal espanhol El País publicou nesta terça-feira um artigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no qual ele diz que os países do BRIC - que reúne Brasil, Rússia, Índia e China - chegaram à maioridade.
No artigo, Lula fala sobre o encontro desta terça em Ecaterimburgo, na Rússia - a primeira reunião de cúpula oficial dos BRICs - afirmando que ele representa um marco importante na relação desses países com o mundo.
"Vamos selar o compromisso de ajudar a oferecer respostas novas para velhos problemas e uma liderança audaz frente à inércia e à indecisão", escreveu o presidente.
Para Lula, o mundo hoje enfrenta desafios de grande complexidade, mas que necessitam de respostas urgentes. "Temos diante de nós ameaças que nos afetam a todos, mas para as quais alguns contribuíram enormemente, enquanto outros não são mais do que vítimas impotentes.
" O presidente conclama todos os países a assumir suas responsabilidades e pede mais voz para os países emergentes na economia internacional."Os países ricos estão dispostos a aceitar uma supervisão e controle supranacionais do sistema financeiro internacional a fim de evitar o risco de outra crise econômica mundial?", pergunta Lula, "estão dispostos a renunciar ao seu controle sobre as decisões do Banco Mundial e do FMI?".
"Estarão de acordo em cobrir os custos da adaptação tecnológica necessária para que as pessoas dos países em vias de desenvolvimento também se beneficiem do progresso científico sem causar danos ao meio ambiente mundial?" "Eliminarão os subsídios que tornam a agricultura moderna inviável em muitos países em vias de desenvolvimento e deixam os camponeses pobres a mercê dos especuladores de matérias primas e doadores generosos?" "Essas são as perguntas para as quais os países do BRIC querem resposta", afirma Lula no artigo para o El País.
O presidente lembra que os BRICs defendem uma reforma no sistema de votos e cotas em organismos internacionais como o FMI e o Banco Mundial para que os emergentes tenham mais voz e afirma que, na próxima cúpula do G 20, eles vão pressionar para uma nova tentativa de concluir a Rodada Doha de comércio mundial.
Segundo Lula "essas iniciativas demonstram que os BRICs são mais do que um agrupamento de grandes países unidos apenas pela dimensão de suas economias, a amplitude de seus recursos naturais e o desejo de projetar seus valores e interesses"."Nos últimos anos, nossas quatro economias se destacaram por experimentar um sólido crescimento.
O comércio entre nós aumentou 500% desde 2003.
Isso ajuda a explicar porque hoje geramos 65% do crescimento mundial, o que nos converte na principal esperança para uma rápida recuperação da recessão mundial." Segundo Lula, isso também faz com que haja cada vez mais esperança de que os BRICs possam exercer uma liderança responsável com o fim de ajudar a reconstruir um governo global e um crescimento sustentável para todos."Este é um desafio que estou seguro de que todos aceitaremos", diz Lula, lembrando que, ainda nos tempos do sindicalismo, ele aprendeu que "para ser eficiente, não basta ter razão nem ter a justiça a nosso lado.
Ninguém fala em nome dos pobres e vulneráveis se eles não se unem previamente entre si. Para falar com energia, para dialogar, mas de uma posição de firme convicção respaldada por nosso pelo político".
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