Esta reportagem abaixo, que saiu hoje no Jornal Folha de São Paulo, pode traduzir um pouco a realidade da Fome no Mundo, e de quebra, no Brasil.
Um dia, olharemos para as gôndolas dos atuais supermercados das grandes cidades ocidentais com nostalgia. Nunca mais o mundo terá tanta variedade na oferta de alimentos como hoje. Vivemos o que Paul Roberts chama de a "Era de Ouro" da alimentação. "Damos como certo que tudo será melhor a cada ano, com mais variedade, melhor qualidade, preços mais baixos, que vinha sendo a dinâmica até agora", diz o autor. "Nada mais errado."
Paul Roberts é especialista em energia, jornalista e escritor investigativo desde 1983 e mora em Washington. É autor dos livros The End Of Oil ("O Fim do Petróleo") e The End of Food ("O Fim do Alimento").
Paul Roberts é especialista em energia, jornalista e escritor investigativo desde 1983 e mora em Washington. É autor dos livros The End Of Oil ("O Fim do Petróleo") e The End of Food ("O Fim do Alimento").
Segue a matéria de Sérgio Dávila e que está
publicada na Folha de S.Paulo, 23-06-2008.
Para ele, a equação atual se sustentava enquanto apenas a parte mais rica do mundo tinha acesso. Com a ascensão à classe média de largas fatias da população de países como China, Índia e Brasil, não haverá qualidade e quantidade que chegue para tanta gente. "É o fim do morango 12 meses por ano", decreta. Como assim?
"Vivo no Estado de Washington, onde só dá morango em uma época do ano", conta. "Acontece que meu filho foi criado de maneira a querer comer morango todos os meses, e a ter esse desejo satisfeito. Assim, para atender a mim e a milhares de outros pais, meu supermercado compra morangos de outros lugares, que chegam aqui a um custo ambiental e econômico elevadíssimo, gastando combustível de avião."
Isso deve acabar, diz. No lugar, Roberts acredita que será valorizada a produção local, com custo de distribuição menor, e produtos exóticos serão um luxo para poucos. Também os produtos industrializados terão queda. "Imagino que, na era em que estamos entrando, cozinharemos mais, em vez de comprar pronto, porque processar alimento e distribuí-lo vai ficar cada vez mais caro."
"Hoje em dia, a indústria alimentícia faz tudo por você, menos mastigar a comida - isso porque ainda não acharam um jeito", brinca Roberts. "Eu vejo a crise levando as pessoas a retomar o controle da cadeia alimentar, pelo menos mais do que hoje. Vejo as pessoas comendo menos carne. E repensando a distribuição."
Não é o caso de romantizar o passado, defende-se. "Há muito do que aconteceu no passado que deve ficar lá, mas a alimentação sazonal, baseada no que é da época ou não, fazia muito sentido. Se não é época de morangos, que se espere."
Para ele, a equação atual se sustentava enquanto apenas a parte mais rica do mundo tinha acesso. Com a ascensão à classe média de largas fatias da população de países como China, Índia e Brasil, não haverá qualidade e quantidade que chegue para tanta gente. "É o fim do morango 12 meses por ano", decreta. Como assim?
"Vivo no Estado de Washington, onde só dá morango em uma época do ano", conta. "Acontece que meu filho foi criado de maneira a querer comer morango todos os meses, e a ter esse desejo satisfeito. Assim, para atender a mim e a milhares de outros pais, meu supermercado compra morangos de outros lugares, que chegam aqui a um custo ambiental e econômico elevadíssimo, gastando combustível de avião."
Isso deve acabar, diz. No lugar, Roberts acredita que será valorizada a produção local, com custo de distribuição menor, e produtos exóticos serão um luxo para poucos. Também os produtos industrializados terão queda. "Imagino que, na era em que estamos entrando, cozinharemos mais, em vez de comprar pronto, porque processar alimento e distribuí-lo vai ficar cada vez mais caro."
"Hoje em dia, a indústria alimentícia faz tudo por você, menos mastigar a comida - isso porque ainda não acharam um jeito", brinca Roberts. "Eu vejo a crise levando as pessoas a retomar o controle da cadeia alimentar, pelo menos mais do que hoje. Vejo as pessoas comendo menos carne. E repensando a distribuição."
Não é o caso de romantizar o passado, defende-se. "Há muito do que aconteceu no passado que deve ficar lá, mas a alimentação sazonal, baseada no que é da época ou não, fazia muito sentido. Se não é época de morangos, que se espere."
E AÍ, CONCORDA OU DISCORDA DE PAUL ROBERTS ?
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