segunda-feira, 29 de setembro de 2008

UMA SOCIEDADE MUNDIAL DO RISCO !

Sempre que analiso a sociedade, seja no aspecto local, daquí onde moro, seja na esfera estadual, nacional ou global, sempre me preocupo em tornar possível em minhas falas, que acredito que tem algo acontecendo em nossas vidas que ultrapassa nossa mera capacidade de analisar por analisar os fatos como se eles estivessem tão distantes de nós, quando, na verdade, estão perto, ou fazendo parte de nossas vidas.
Por exemplo, sempre estudei, que a Crise de 1929, levou o Mundo a uma nova maneira de pensar e fazer as coisas... estamos diante de uma crise similar e já me sinto parte da história da humanidade, que sabe, diz que sabe, ou nada sabe, e não tá nem aí prá nada...

Vivemos em uma Sociedade Global,... que sorte, como Professor, Geógrafo e Sociólogo que sou, encontrar um texto que expõe esta e outras verdades sobre o mundo atual.

Em seu novo ensaio “Conditio Humana” o sociólogo alemão Ulrich Beck, aprofunda a tese de uma sociedade global exposta a ameaças impossíveis de bloquear. De ora em diante, nada do que acontece no mundo é um evento somente local. A substituição de cada etnia singular diz-nos respeito e devemos importar-nos com ela.
Do novo ensaio “Conditio humana. Il rischio nell’età globale” [Condição humana. O risco na idade global] (Laterza, 416 pp.), o jornal La Repubblica, 22-09-2008, antecipou uma parte de um capítulo: A tradução é de Benno Dischinger.
Eis o texto.

Vivemos numa sociedade mundial do risco, não só no sentido de que tudo se transforma em decisões cujas conseqüências se tornam imprevisíveis, ou no sentido das sociedades de gestão do risco, ou naquele das sociedades do discurso sobre o risco. Sociedade do risco significa, precisamente, uma constelação na qual a idéia que guia a modernidade, isto é, a idéia da controlabilidade dos efeitos colaterais e dos perigos produzidos pelas decisões tornou-se problemática, uma constelação na qual o novo saber serve para transformar os riscos imprevisíveis em riscos calculáveis, mas deste modo produz, por sua vez, novas imprevisibilidades, o que constringe a reflexão sobre os riscos. Através desta “reflexividade da incerteza”, a indeterminabilidade do risco no presente se torna, pela primeira vez, fundamental para toda a sociedade, de modo que devemos redefinir nossa concepção da sociedade e nossos conceitos sociológicos.
Ao mesmo tempo, a sociedade mundial do risco gera um “impulso cosmopolita”, por exemplo, no confronto histórico com o antigo cosmopolitismo (Stoa), com o jus cosmopoliticum do iluminismo (Kant) ou com os crimes contra a humanidade (Hannah Arendt, Karl Jaspers); os riscos globais colocam-nos em confronto com “o outro”, aparentemente excluído. Eles derrubam as fronteiras nacionais e mesclam o indígena com o estrangeiro (...).
Ambas as tendências: a reflexividade da incerteza e o impulso cosmopolita são reconduzíveis a uma meta-mudança complexiva da “sociedade” no século XXI:
a) Pondo-as em cena, as experiências e os conflitos do risco mundial compenetram e modificam os fundamentos da convivência e do agir em todos os âmbitos, em nível nacional e em nível global;
b) do risco mundial se pode deduzir a nova forma de relação com as questões abertas, o modo pelo qual o futuro é integrado no presente, que formas assumem as sociedades que efetuam a interiorização do risco, como se transformam as instituições existentes e que modelos organizacionais até agora desconhecidos são criados;
c) ora, de um lado, estão em primeiro plano os grandes riscos (indesejados), como a alteração climática; do outro, a antecipação das ameaças de novo tipo provenientes dos ataques terroristas (desejados) cria uma constante expectativa pública;
d) realiza-se uma mudança cultural geral. Nasce um novo modo de entender a natureza e sua relação com a sociedade, mas também de entender a nós e aos outros, a racionalidade social, a liberdade, a democracia e a legitimação - e até mesmo o indivíduo. (...)
O significado compreensivo do risco mundial tem conseqüências muito relevantes, já que se liga a ele todo um repertório de novas representações, temores, medos, esperanças, normas de comportamento e conflitos de fé. Estes medos têm um efeito colateral particularmente fatal: as pessoas e os grupos que se tornam (ou são feitas tornar-se) “pessoas em risco” ou “grupos em risco” são considerados como não-pessoas, cujos direitos fundamentais estão ameaçados. O risco separa, exclui, estigmatiza. Formam-se, assim, novos limites de percepção e de comunicação? Mas, ao mesmo tempo são também realizados esforços que ultrapassam os limites para resolver problemas submetidos, por primeira vez, a uma influência pública. Conseqüentemente, o colocar em cena o risco mundial dá lugar a uma produção e construção social da realidade. O risco se torna assim a causa e o meio de reconfiguração da sociedade.. E está estreitamente conexo com as novas formas de classificação, interpretação e organização de nossa vida cotidiana, com o novo modo de pôr em cena e de organizar, de viver e de configurar a sociedade em relação ao presente do futuro.
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O salto da sociedade do risco à sociedade mundial pode ser esclarecido apelando a dois testemunhos: Max Weber e John Maynard Keynes, os clássicos da sociologia e da economia modernas. Em Max Weber a lógica do controle vence no moderno confronto com o risco, e vence de modo tão irreversível que o otimismo cultural (Kulturoptimismus) e o pessimismo cultural (Kulturpessimismus) são reconhecidos como dois lados da mesma dinâmica. Por força do desdobramento e da radicalização dos princípios basilares da modernidade, e, em particular pela radicalização da racionalidade científica e econômica, impende um regime despótico como conseqüência, de um lado, do desenvolvimento da democracia moderna e, do outro, do triunfo do capitalismo orientado ao lucro. Esperança e preocupação se condicionam reciprocamente: do momento em que as incertezas e os efeitos colaterais imprevistos e indesejados, produzidos pela racionalidade do risco, não cessam de ser enfrentados “otimisticamente”, graças a um incremento da racionalização e da lógica do mercado, a preocupação de Weber não considerava – diversamente de Comte e Durkheim – a falta de ordem e integração social. Ele não temia o “caos das incertezas” (como Comte). Ao contrário, ele via e afirmava que a síntese entre ciência, burocracia e capitalismo transforma o Moderno numa espécie de “prisão”. Esta ameaça não emerge como um fenômeno marginal, mas, como conseqüência lógica da racionalização exitosa do risco: se tudo vai bem, será sempre pior. A racionalidade instrumental despolitiza a política e mina a liberdade dos indivíduos.
Ao mesmo tempo, no modelo de Max Weber está contida uma idéia que explica porque o risco se torna um fenômeno global, embora ainda não explique porque isso dá lugar à sociedade mundial do risco. Segundo Weber, a globalização do risco não está ligada ao colonialismo ou ao imperialismo, Isto é, não é levada em frente com o fogo e com a espada. Ela procede antes ao longo da via da coação não coagida do melhor argumento. A marcha triunfal da racionalização baseia-se na promessa de benefício do risco e na delimitação, por sua vez racional, dos efeitos colaterais, das incertezas e dos perigos a isso coligados. É esta auto-aplicação do risco ao risco, finalizada pelo aperfeiçoamento do autocontrole, que globaliza o “universalismo”. A idéia de que precisamente o imprevisto, o indesejado, o incalculável, o inesperado, o incerto, tornados permanentes pelo risco, possa tornar-se a fonte de possibilidades e perigos não antecipáveis, que põem seriamente em questão a idéia-guia da racionalidade do controle, é uma idéia impensável no modelo weberiano. Ela está na base da minha teoria da sociedade mundial do risco. (...).
No inicio do século XXI vemos a sociedade moderna com olhos diversos – e este nascimento de um “olhar cosmopolita” faz parte do inesperado, do qual deriva uma sociedade mundial do risco ainda indeterminada. De ora em diante, nada do que acontece é somente um evento local. Todos os perigos essenciais se tornaram perigos mundiais, a situação de cada nação, de cada etnia, de cada religião, de cada classe, de cada indivíduo em particular é também o resultado e a origem da situação da humanidade. O ponto decisivo é que, de agora em diante, a principal tarefa é a preocupação pelo todo. Não se trata de uma opção, mas da própria condição. Ninguém jamais o previu, desejou ou escolheu, mas brotou das decisões, da soma de suas conseqüências, e se tornou conditio humana. Ninguém pode subtrair-se a ela. Perfila-se, assim, uma mudança da sociedade, da política e da história, que até agora permaneceu incompreendida e que já há algum tempo indico com o conceito de “sociedade mundial do risco”. O que agora conhecemos é apenas o início.

domingo, 28 de setembro de 2008

PASSEANDO POR AÍ, VÍ ESSAS CHARGES ABAIXO ! GOSTEI, E TA AÍ !

Hoje eu acordei com uma vontade danada de publicar qualquer coisa que não fosse texto, ou reportagens de alguém falando sobre a Crise Americana para salvar o planeta, ou outra reportagem que explicite qualquer situação sobre a crise nos EUA.
É difícil expor qualquer coisa fora deste tema! então eu resolví colocar algumas charges encontradas na internet, que possuem seus autores bem definidos, e que mostram o Brasil e o Mundo, neste dia de hoje.
Vamos passear por aí ?
Será que a Classe Média será aquela que vai salvar o Brasil da contaminação da Crise Norte-Americana ?
Antigamente, as demoras nas resoluções de problemas econômicos era probelma de país subdesenvolvido, atolado em crises e mais crises, com situação sócio-econômica degradante...Más, nem tudo que parece é...
Enquanto os Americanos afundam em suas crises e levam o Mundo junto, os Terroristas estão aí, só para confirmar que a Civilização Capitalista é um fiasco.
Sabe que até agora ainda não sei em quem votar? são tantas as emoções que ainda acredito que muita "água vai rolar..." debaixo da ponte, e eu, olha, não escolhí ainda qual Vereador e Prefeito vou escolher para mais QUATRO ANOS de.....
Sabe que ainda não assistí a nenhum programa eleitoral inteiramente ? Na maioria das vezes, durmo no meio, e desmentindo a charge acima, não me sinto tão com tais sintomas descritos assim.
A crise está estourando lá nos EUA, e os pobres que me pedem esmola, continuam nos sinais de trânsito, seja pedindo, seja fazendo malabarismos... Ainda nada mudou neste país dos trópicos... ou será que não estou vendo ?
O Meu Real já esteve furado a muito tempo,.... como ainda não sou dependente do Dólar,... ele poderia fazer um favorzinho: Pare de ser Usado para gerar Guerras e Pobreza!!!!!!!
Deus salve as Américas, a África, a Ásia, a Europa, e o Mundo dos loucos e desvairados neoliberais, que sobrevivem lucrando, gerando pobreza, miséria, e desastre ambiental !
Não ! Eu não te Ajudarei Mais ! estou ansado de tanto ajudar !
Os Pobres de minha cidade, Estado, País, Continente estão cansados, extasiados de tanto ajudar a serem mais egoístas e sem limites nos interesses capitalistas.

sábado, 27 de setembro de 2008

A CRISE NOS EUA AFETAM O MUNDO - PARTE 07: O PACOTÃO DO BUSH E AS REAÇÕES !

Cara, o negócio tá ficando feio na 'CONSIDERADA" maior Economia do Planeta.
Antigamente, quando estudávamos em sala de aula as economias dos países, sempre constatavamos que os países Subdesenvolvidos faziam planos mirabolantes para sair de "crises" causadas pelo mercado, lembram os palos "cruzado", "Cruzado Novo", (...) o "deus" que afundou tais países, como o nosso, na chamada "Década Perdida", agora está afundando os EUA.
Mas eis que Surgue o salvador da pátria. Aquí no Brasil, eram os fiscais do Sarney, e lá nos EUA, é o fracassado (!?.....) plano BUSH.
Já sei, é para conseguir dinheiro para a Guerra no Iraque....
Ah não, é dinheiro para a Guerra no Afeganistão...
Pare de jogar no Bicho, é para salvar os pobrezinhos do massacre de Darfur !
IHHHHHH, tá ruim eim.... é para salvar os agricultores ou industriais americanos que insistem em uma prática de mercado considerada "discriminatória", ou "protecionista"... Afinal, concorrer com produtos de países como o Brasil, e perder em algumas destas concorrências, é uma questão inadmissível....
Então, como não me resta outra opção, vou ao real: o Plano Bush é para salvar o Sistema Financeiro Americano e o Mundo do Caos.

Obrigado Sr. BUSH....
Quem diria que um dia iria agradecer ao Presidente Norte-Americano por alguma coisa!...
Mas, ironias à parte, Obrigado por tentar nos salvar,.....
Então, entenda agora o plano do Presidente Norte Americano, e as reações ao mesmo, e consequências....

Fracassa reunião de Bush para aprovar pacote
Poucas horas depois de lideranças dos dois partidos majoritários das duas Casas do Congresso americano anunciarem que haviam chegado a um acordo sobre o pacote proposto pelo governo para aliviar o mercado financeiro, políticos republicanos vieram a público desmentir o compromisso. A reação inesperada de parte de seu próprio partido esvaziou reunião bipartidária convocada por George W. Bush para tratar do assunto. "Eu posso lhe dizer que não acredito que tenhamos um acordo", disse o senador Richard Shelby, do Alabama, ao deixar a Casa Branca, no final da tarde de ontem. "Ainda há muitas opiniões conflitantes."
A reportagem é de Sérgio Dávila e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 26-09-2008.
Republicano mais graduado do comitê de bancos do Senado, Shelby tem sido o principal crítico do plano que prevê, entre outras medidas, gastos de US$ 700 bilhões de dinheiro público para salvar empresas em dificuldade por conta da crise.
A opinião, logo ecoada por um grupo de republicanos conservadores da Câmara dos Representantes (deputados), jogou água no que havia sido programado pelo próprio governo para ser o início da contagem regressiva para a aprovação do plano no domingo, antes da abertura dos mercados, que ontem, animados com as perspectivas de aprovação do pacote, subiram. Esses deputados querem um pacote de "livre mercado", com diminuição de impostos e um programa em que o governo (no lugar de comprar os títulos podres) financiaria o seguro dos ativos problemáticos das instituições financeiras - que, em troca, pagariam um prêmio ao Tesouro. Quanto mais problemático o título, maior será o valor a ser pago ao governo.
Com o impasse, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, foi ao Congresso na noite de ontem para tentar chegar a um acordo, mas, após algumas horas, as negociações foram suspensas e devem ser retomadas no final da manhã de hoje em Washington.
No processo todo, muitos disseram que a participação do candidato republicano John McCain não ajudou na negociação e atrapalhou o acordo. Ele havia anunciado anteontem que suspenderia sua campanha e pediu que Bush convocasse uma reunião na Casa Branca para que ele e seu oponente, Barack Obama, mais as lideranças do Congresso, discutissem a situação econômica. O presidente aceitou, assim como o democrata.
Pela manhã, lideranças democratas e republicanas do Senado e da Câmara dos Representantes anunciaram que tinham chegado a um acordo básico sobre o pacote, classificado pelo democrata Christopher Dodd como "um compromisso fundamental quanto a uma série de princípios". "Acredito que vamos aprovar a legislação antes que os mercados abram, na segunda", concordou o senador republicano Bob Corker.
A proposta basicamente atendia às exigências principais do governo e incluía as levantadas pelos democratas ao longo da discussão no Congresso. Entre elas, algum tipo de limitação ao pagamento e compensação de executivos das instituições auxiliadas pelo governo e o recebimento de ações das empresas que terão dinheiro público.
Pelo novo esboço, os US$ 700 bilhões pedidos pelo Tesouro para adquirir títulos podres ligados a hipotecas serão divididos em três partes: US$ 250 bilhões agora e US$ 100 bilhões caso a Casa Branca considere necessário. Os outros US$ 350 bilhões podem ser usados sem aprovação do Congresso, que tem 30 dias para se opor.
À tarde, essas lideranças, mais a presidente do Congresso, a democrata Nancy Pelosi, o líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, e os dois candidatos à Presidência se encontraram com Bush. No começo da reunião, o presidente disse que "esse encontro é uma tentativa de levar o processo adiante. Minha esperança é que cheguemos a um acordo muito brevemente".
Então, em vez de Bush, Pelosi, Reid, McCain e Obama saírem pela porta da frente da Casa Branca, posarem para a foto oficial e anunciarem que haviam chegado a um compromisso básico, os participantes começaram a deixar a residência presidencial separados. Não houve anúncio oficial, e democratas passaram a acusar republicanos de faltar com a palavra. "Eles precisam combinar direito entre si", atacou o senador Dodd, na saída.
Logo, a porta-voz Dana Perino soltava declaração em que procurava colocar panos quentes. "A Casa Branca e as lideranças do Congresso prometeram continuar trabalhando juntas para finalizar o plano", disse. "Há um senso claro de urgência e um acordo quanto à necessidade de estabilizar os mercados financeiros e evitar que uma crise financeira maciça afete a todos nos EUA."
Segundo informa o jornal O Globo, 26-09-2008, Christopher Dodd afirmou:
"Pareceu-me que se tratava mais de um pacote de resgate de John McCain. É um dia triste para o país", acrescentando que espera que se possa alcançar um acordo, mas os “republicanos precisam decidir os que eles querem”.

Ministro alemão vê fim do poder dos EUA após crise
O debate em torno das causas e conseqüências da crise financeira subiu de tom ontem na Europa, alavancado pelas novas críticas da Alemanha à incapacidade dos Estados Unidos de regular seus mercados.
A reportagem é de Marcelo Ninio e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 26-09-2008.
O ministro das Finanças alemão, Peer Steinbrueck, culpou o sistema bancário norte-americano pelo "terremoto". Além disso, o ministro previu que isso irá custar aos Estados Unidos o status atual de superpotência financeira.
"Wall Street e o mundo jamais serão os mesmos que eram antes da crise", disse Steinbrueck em um duro discurso proferido no Parlamento alemão. "Os EUA perderão seu status de superpotência do sistema financeiro mundial."
Para Steinbrueck, o resultado será um mundo "multipolar", com a emergência de centros financeiros mais estáveis e eficientes na Ásia e na Europa. Ao comentar as origens da crise financeira, ele não poupou críticas aos Estados Unidos. "O que provocou a crise foi o exagero irresponsável do princípio de um mercado livre e sem controles", afirmou o ministro das Finanças. Steinbrueck foi além das críticas feitas no último fim de semana pela chanceler (premiê) Angela Merkel. A chefe de Estado da Alemanha reclamou da relutância dos Estados Unidos e do Reino Unido em fortalecer os mecanismos de supervisão dos mercados, especialmente dos bancos de investimentos.
"Este sistema, que em muitos aspectos é regulado de forma inadequada, está agora desabando", disse Steinbrueck, que voltou a descartar um plano de resgate parecido com o lançado pelos Estados Unidos para assumir papéis podres e evitar o colapso de instituições financeiras expostas à crise.
O xerife da maior economia européia insinuou ainda uma crítica ao plano norte-americano, afirmando que "administrar a crise" não será suficiente para restaurar a confiança perdida no sistema financeiro. "Precisamos civilizar os mercados financeiros, e não apenas com apelos morais, contra excessos e especulação. Auto-regulação já não basta", advertiu.
Outro personagem europeu de grande relevância engrossou ontem o coro dos que vêem na crise econômica atual o sepultamento da idéia de que o mercado é capaz de se auto-regular.
Num esperado discurso sobre a economia, que antecede a apresentação do orçamento do país, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que o mundo esteve "à beira da catástrofe", e decretou o fim do laissez-faire (mercado livre).
"A auto-regulação como forma de resolver todos os problemas acabou. O laissez-faire acabou. O mercado todo-poderoso, que sempre sabe mais, acabou", disse Sarkozy, advertindo que nos próximos meses as turbulências financeiras continuarão tendo impacto no crescimento econômico, no desemprego e no poder aquisitivo dos franceses. "A crise não acabou, e suas conseqüências terão longa duração".
Sarkozy repetiu a proposta feita na última terça-feira, durante a Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), de uma conferência mundial para discutir formas de regular os mercados. "Estou convencido de que o mal é profundo e que temos de repensar todo o sistema financeiro e monetário, assim como fizemos em Bretton Woods, depois da Segunda Guerra Mundial, para criar os instrumentos de regulação mundial que a globalização do comércio exige", disse o presidente francês.

O impensável aconteceu
Esta não é a crise final do capitalismo e, mesmo se fosse, talvez a esquerda não soubesse o que fazer dela, afirma
Boaventura de Sousa Santos, sociólogo português, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal), em artigo publicado pela Agência Carta Maior, 24-09-2008, Folha de S. Paulo e Página/12, 26-09-2008.

Eis o artigo.
A palavra não aparece na mídia dos EUA, mas é disso que se trata: nacionalização.
Perante as falências ocorridas, anunciadas ou iminentes de importantes bancos de investimento, das duas maiores sociedades hipotecárias do país e da maior seguradora do mundo, o governo federal norte-americano decidiu assumir o controle direto de uma parte importante do sistema financeiro.
A medida não é inédita. O governo interveio em outras crises profundas: 1792 (no mandato do primeiro presidente do país), 1907 (o papel central na resolução da crise coube ao grande banco de então, J.P. Morgan, hoje, Morgan Stanley, também em risco), 1929 (a Grande Depressão: em 1933, mil norte-americanos por dia perdiam suas casas para os bancos) e 1985 (crise das associações de poupança e empréstimo). O que é novo na intervenção em curso é sua magnitude e o fato de ela ocorrer ao fim de 30 anos de evangelização neoliberal conduzida com mão-de-ferro em nível global pelos EUA e pelas instituições financeiras por eles controladas, FMI e Banco Mundial: mercados livres e, porque livres, eficientes; privatizações; desregulamentação; Estado fora da economia, porque inerentemente corrupto e ineficiente; eliminação de restrições à acumulação de riqueza e à correspondente produção de miséria social.
Foi com essas receitas que se "resolveram" as crises financeiras da América Latina e da Ásia e que se impuseram ajustamentos estruturais em dezenas de países. Foi também com elas que milhões de pessoas foram lançadas no desemprego, perderam as suas terras ou os seus direitos laborais, tiveram de emigrar.
À luz disso, o impensável aconteceu: o Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução; cada país tem o direito de fazer prevalecer o que entende ser o interesse nacional contra os ditames da globalização; o mercado não é, por si, racional e eficiente, apenas sabe racionalizar a sua irracionalidade e ineficiência enquanto estas não atingem o nível de autodestruição.
Esta não é a crise final do capitalismo e, mesmo se fosse, talvez a esquerda não soubesse o que fazer dela, tão generalizada foi a sua conversão ao evangelho neoliberal. Muito continuará como dantes: o espírito individualista, egoísta e anti-social que anima o capitalismo; o fato de que a fatura das crises é sempre paga por quem nada contribuiu para elas, a esmagadora maioria dos cidadãos.
Mas muito mais mudará.
Primeiro, o declínio dos EUA como potência mundial atinge novo patamar. O país acaba de ser vítima das armas de destruição financeira maciça com que agrediu tantos países nas últimas décadas e a decisão "soberana" de se defender foi afinal induzida pela pressão dos seus credores estrangeiros (sobretudo chineses) que ameaçaram com uma fuga que seria devastadora para o atual "american way of life".
Segundo, FMI e Banco Mundial deixaram de ter autoridade para impor suas receitas, pois sempre usaram como bitola uma economia que se revela fantasma. Daqui em diante, a primazia do interesse nacional pode ditar, por exemplo, taxas de juro subsidiadas para apoiar indústrias em perigo (como as que o Congresso dos EUA acaba de aprovar para o setor automotivo).
Não estamos ante uma desglobalização, mas estamos certamente ante uma nova globalização pós-neoliberal internamente muito mais diversificada. Emergem novos regionalismos, já presentes na África e na Ásia, mas sobretudo importantes na América Latina, como o agora consolidado com a criação da União das Nações Sul-Americanas e do Banco do Sul.
Terceiro, as políticas de privatização da segurança social ficam desacreditadas: é eticamente monstruoso acumular lucros fabulosos com o dinheiro de milhões de trabalhadores humildes e abandonar estes à sua sorte quando a especulação dá errado.
Quarto, o Estado que regressa como solução é o mesmo que foi moral e institucionalmente destruído pelo neoliberalismo, o qual tudo fez para que sua profecia se cumprisse: transformar o Estado num antro de corrupção. Isso significa que, se o Estado não for profundamente reformado e democratizado, em breve será, agora, sim, um problema sem solução.
Quinto, as mudanças na globalização hegemônica vão provocar mudanças na globalização dos movimentos sociais e vão certamente refletir-se no Fórum Social Mundial: a nova centralidade das lutas nacionais e regionais; as relações com Estados e partidos progressistas e as lutas pela refundação democrática do Estado; as contradições entre classes nacionais e transnacionais e as políticas de alianças.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A CRISE NOS EUA AFETAM O MUNDO - PARTE 06: COMO NÃO EXISTE OUTRO TEMA NA INTERNET, INSISTO : AGORA DE FORMA DIDÁTICA: CAUSAS DA CRISE AMERICANA !


OLHA, JÁ LÍ TANTA COISA SOBRE A CRISE NORTE-AMERICANA, QUE AINDA MUITA COISA CONTINUA VAGA, APESAR DE CONSEGUIR ATENDER A TODAS AS DÚVIDAS DE MEUS ALUNOS. ENTÃO, PESQUISANDO, ACABEI ENCONTRANDO UM TEXTO, QUE DEPOIS DE TER LIDO VÁRIAS VEZES, ACABOU ME CONVENCENDO A PUBLICÁ-LO!

A CRISE AMERICANA DE FORMA DIDÁTICA !

John comprou uma casa, no começo dos anos 90 por 300.000 dólares financiada em 30 anos.Em 2006 a casa do john tinha valorizado e estava valendo 1,1 milhão de dólares.uma fantástica valorização.Mesmo ainda faltando 20 anos para quitar a casa, um banco perguntou pro John se ele não queria uma grana emprestada, algo como 800.000 dólares, ou seja uma segunda hipoteca.Ele aceitou o empréstimo, fez a nova hipoteca e pegou os 800.000 dólares.

John não precisava do dinheiro,tinha um emprego estável ,morava numa simpática casa no subúrbio de uma grande cidade,mas como todo americano,não podia escutar a palavra crédito.Com os 800.000 dólares e ainda sem saber o que fazer com esse dinheiro, John soube por um amigo que o mercado imobiliário continuava valorizando.Era construir,anunciar,vender e lucrar.

Um ótimo negocio e como disseram pro John,não havia riscos.John comprou 3 casas em construção,na parte mais nobre da cidade, dando como entrada 300.000 dólares e imediatamente fez mais 3 hipotecas,uma pra cada casa.Porem no acordo feito, o valor recebido pelas 3 hipotecas era pequeno,o suficiente para terminar a construção das casas.A diferença, 500.000 dólares, que john recebeu do banco, ele gastou:comprou carro novo (alemão) pra ele.Deu um carro (japonês) para cada filho.

E com o resto do dinheiro comprou 8 TVs de plasma de 600 polegadas cada uma(coreanas).8 note books(chineses).Uma jacuzzi de 30.000 dolares(vietnamita ,fabricada com trabalho escravo infantil)E um lindo ponney(mexicano) para sua filha caçula, financiado em 25 anos,(o companheiro ponney irá para o ceu dos ponneys e o john ainda estará pagando as prestações).Alem de realizar seu grande sonho de viagem , ir a Paris,ficando hospedado no Ritz pagando 600 euros a diária.(mesmo estando na cidade com alguns dos melhores restaurantes do mundo e com grana,emprestada,no bolso,John não abria mão do seu hambúrger no jantar)Tudo comprado em longas prestações,com entradas bem pequenas, tudo a crédito.

Uma farra.A esposa do john, sentindo-se rica, sentou o dedo nos seus 28 cartões de crédito.Aproveitou para fazer algumas cirurgias plásticas,pra ser exato 18.Seus seios ficaram lindos,os 3.John era o sonho americano em forma de pessoa.O tempo passou,o tempo,esse malvado,sempre passa!!No começo de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis estavam caindo.As casas que o john tinha comprado e estavam em fase final de construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham liquidez.

O negócio que o john tinha se metido era.. refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para comprar outras casas em começo de construção e revende-las com lucro repassando as hipotecas.Fácil.Parecia fácil. Sempre parece fácil.Só havia um probleminha com o negocio do John.Todo mundo teve a mesma idéia ao mesmo tempo.As taxas de juro das hipotecas que o John pagava começaram a subir (as taxas eram pós fixadas) e o John percebeu que seu investimento em imóveis se transformara num desastre.Milhões tiveram a mesma idéia do john.Tinha casa pra vender como nunca.

John foi aguentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as das 3 casas que ele comprou para revender, mais as prestações dos carros, dos notebooks, das tv de plasma,da jacuzzi milionária,do ponney , e dos cartão de créditos.Aí, as casas que o John comprou para revender ficaram prontas e ele tinha que pagar uma grande parcela.

So que o John tinha gasto o dinheiro.No momento da parcela maior, John achava que já teria revendido as 3 casas.Mas os compradores tinham desaparecido.John se danou.Começou a não pagar aos bancos as hipotecas da casa que ele morava e das 3 casas que ele havia comprado como investimento.John comecou a não pagar suas milhares de contas.

Os bancos ficaram sem receber de milhões de especuladores iguais ao John.E tambem das milhões de pessoas que compraram essas casas dos que tiveram a ideia antes do john.John optou pela sobrevivência da família .John entregou aos bancos as 3 casas que comprou como investimento perdendo tudo que tinha investido.
John quebrou.
Ele e sua família pararam de consumir.Um sem numero de Johns deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam feito baseado nos preços dos imóveis.
Os bancos haviam transformado os empréstimos de milhões de Johns em títulos negociáveis.
Com a inadimplência dos Johns, esses títulos passaram a valer pó.Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos estavam disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos americanos, mas também em bancos europeus e asiáticos.
Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos foram feitos baseados num preço que esses imoveis não valiam mais.
Os preços dos imóveis eram uma bolha, um ciclo que não se sustentava.A inadimplência dos milhões de Johns atingiu fortemente os bancos americanos e europeus que perderam centenas de bilhões de dólares
.A farra do crédito fácil acabou.
Com a inadimplência dos milhões de johns, os bancos pararam de emprestar por medo de não receber.Os Johns pararam de consumir porque não tinham crédito.
Mesmo quem não devia dinheiro ,não conseguia crédito nos bancos e quem tinha crédito não queria dinheiro emprestado.O medo dos Johns de perder o emprego fez a economia travar.
Recessão é sentimento, é medo do futuro.
Mesmo quem pode, pára de consumir.
O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as taxas de juros e as taxas de empréstimo interbancários.O FED também começou a injetar bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez.
O governo Bush lançou um plano de ajuda à economia sob forma de devolução de parte do imposto de renda pago, visando incrementar o consumo .Porem ,ainda não se sabe o resultado prático dessas medidas na economia real.
Essas ações foram corretas e, até agora não é possível afirmar que os EUA estão tecnicamente em recessão.O FED trabalhava.

O mercado ficava atento e as famílias esperançosas.
ATE QUE O IMPENSAVEL ACONTECEU!!!

O pior pesadelo para uma economia : crise bancária, correntistas correndo para sacar suas economias, boataria geral, pânico.Um dos grandes bancos da América, o Bear Stearns, amanheceu, quebrado, insolvente.O FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado pelo JP Morgan Chase, para que o banco não quebrasse.Depois disso o Bear foi vendido para o JP Morgan .

Mais recentemente as financiadoras de hipoteca FREDDIE MAC E FANNIE MAE tambem se viram em situação de quase insolvencia.
Rapidamente o congresso aprovou um plano de ajuda as duas empresas.Se elas quebrassem,teriamos um efeito cascata e o sistema desmoronaria.
O mercado e as pessoas seguem sem saber o que esperar.
O que começou com o John hoje afeta o mundo inteiro.
A coisa pode estar apenas começando.Só o tempo poderá dizer o que vai acontecer.
E o John e sua familia?
Você deve estar se perguntando.
John devolveu todos os bens para as financeiras.
E ainda ficou devendo um dinheirão.Mas oque ele mais queria devolver,ele não conseguiu.
As plásticas da esposa,essas não tiveram jeito.

domingo, 21 de setembro de 2008

A CRISE NOS EUA AFETAM O MUNDO - PARTE 05: CHARGES SOBRE O TEMA !

A CRISE AMERICANA MOVE O HUMOR DAQUELES QUE VÊEM NELA A OPORTUNIDADE DE MOSTAR SUAS COMPETÊNCIAS HUMORÍSTICAS!
SEGUE ABAIXO, UMA ANÁLISE DA CRISE FEITA POR CHARGISTAS DE NOME NACIONAL, E COM MEUS COMENTÁRIOS.
CHARGE 01: O BRASIL SENTE-SE BEM COM A CRISE AMERICANA : TAMBÉM, NÓS TEMOS O NOSSO PRÉ-SAL !
CHARGE 02: A CRISE É O NOVO BIG BANG DO UNIVERSO ?
CHARGE 03: A CRISE É UM CÂNCER DE METÁSTASE ? ESTÁ TOMANDO O MUNDO TODO ? QUEM SOFRERÁ MAIS ?

CHARGE 04: SERÁ QUE SÓ DESLIGANDO O LHC, A CRISE DEIXARÁ DE EXISTIR ? OU SERÁ QUE FOI EXTE EXPERIMENTO QUE GEROU A CRISE AMERICANA ?


CHARGE 05: UMA COISA ESTÁ CERTA : SE TODOS NÃO FIZEREM SUA PARTE, OS EUA NÃO SALVARÃO O PLANETA TODO ! TEMOS DE AJUDAR OS POBRES AMERICANOS QUE NÃO AGUENTAM MAIS TENTAR SALVAR O PLANETA !

CHARGE 06: ENQUANTO ISSO, O BUSH JÁ VISUALISA QUE NÃO SÃO MAIS OS PAÍSES POBRES QUE CLAMAM POR UM COMÉRCIO JUSTO, MAS SÃO OS BANQUEIROS DO PAÍS QUE PEDEM : SOCORRO !

CHARGE 07: DE QUEM É A CULPA ? O DEDO CONTINUA A APONTAR PARA TODOS DA TERRA, É COMO SE TIVESSEM NOS DIZENDO : "OU ESTÃO CONOSCO, OU CONTRA NÓS"... palavras de Bush, uma semana após os atentados às Torres Gêmeas, a 7 anos atrás.

CHARGE 08: O PIOR JÁ PASSOU ! JÁ PASSOU PARA QUEM ?
PARA OS BANQUEIROS ESPECULADORES, OU PARA OS HABITANTES DO PLANETA, QUE VÊEM SUAS ECONOMIAS SEREM ENGOLIDAS PELOS NORTE-AMERICANOS !

CHARGE 09: OS AMERICANOS, QUEM DIRIA, ESTÃO CHAFURDADOS EM UMA CRISE ! NÃO É QUE ISSO, ESTÁ PARECENDO COM PAÍSES LATINOS (BOLÍVIA, EQUADOR, HAITÍ), AFRICANOS ( SUDÃO, ETIÓPIA, SOMÁLIA, RUANDA, SUAZILÂNDIA ), E ASIÁTICOS ( INDONÉSIA, NEPAL, BUTÃO, MALÁSIA)....

CHARGE 10: RECICLAR ! QUEM DIRIA ! OS AMERICANOS AGORA QUEREM FAZER O PROTOCOLO DE KYOTO FUNCIONAR !
OU É A RECICLAGEM DO MODELO QUE LEVA SÓ À GANÂNCIA DOS CAPITALISTAS AMERICANOS, SUGANDO OS POBRES DO MUNDO ?

A CRISE NOS EUA AFETAM O MUNDO - PARTE 04: O VALOR A SER PAGO PELA CRISE !

QUEM PAGARÁ A CONTA PELA CRISE DAS HIPOTECAS DOS EUA ? EU ? VOCÊ ? SÓ OS AMERICANOS ? O MUNDO TODO ?
PARA RESPONDER ESTAS E OUTRAS PERGUNTAS, NESTA PUBLICAÇÃO EU TROUXE QUESTÕES SOBRE ESTA TEMÁTICA.

O temor que tomou conta do mercado financeiro nos últimos meses, em decorrência da crise no sistema financeiro internacional, já levou embora das bolsas mundiais quase US$ 16 trilhões desde 23 de julho de 2007, quando a crise começou a se agravar nos Estados Unidos, até a última quinta-feira.
A reportagem é de Felipe Frisch e publicada pelo jornal O Globo, 21-09-2008.

Somente a bolsa brasileira perdeu aproximadamente US$ 295 bilhões (R$ 540 bilhões). Esse montante é quanto o valor de mercado (soma de preços de todas as ações negociadas) das bolsas do mundo foi reduzido no período.
Os dados, calculados pela Bloomberg não consideram, portanto, a recuperação da sexta-feira. No caso brasileiro, o Índice Bovespa registrou alta de 9,57% naquele dia. Como a variação do índice — formados por carteiras teóricas de alguns papéis — costuma ser próxima à do valor de mercado, o ganho do fim da semana passada deve representar uma recuperação de cerca de US$ 80 bilhões (R$ 146 bilhões). Ou seja, a perda até sexta-feira foi de cerca de US$ 215 bilhões (R$ 393 bilhões) no Brasil. Com isso, hoje, se alguém quisesse comprar todas as ações de empresas brasileiras na Bolsa, precisaria desembolsar cerca de US$ 1 trilhão (R$ 1,831 trilhão).

O COMUNISMO SEMPRE SALVA O CAPITALISMO !

A decisão do governo americano de fazer uma intervenção radical no mercado para evitar uma crise sistêmica no setor financeiro trouxe à tona a discussão sobre os novos rumos do capitalismo.
A reportagem é de Guilherme Barros e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 21-09-2008.
O ex-ministro Delfim Netto acha que essa decisão do governo americano para tentar debelar a crise é, na verdade, um aperfeiçoamento da economia de mercado. Para ele, inaugura-se agora uma nova fase do capitalismo.
Nesse novo capitalismo, Delfim diz que a economia pode vir a se tornar uma ciência mais preocupada com o princípio da moralidade, menos dura, mais resistente às imoralidades que, segundo ele, foram praticadas em excesso pelos bancos de investimento.
Na verdade, Delfim diz que esse princípio da moralidade já estava presente na obra do filósofo escocês Adam Smith (1723-1790), considerado o pai do capitalismo, ao criar o chamado "espectador imparcial". Trata-se de uma figura que impõe regras de comportamento adequadas ao capitalista: não roubar, não praticar o monopólio, ter respeito aos cidadãos.
De tempos em tempos, ressurge a figura do "espectador imparcial" para corrigir o curso do capitalismo. A história mostra que, volta e meia, o capitalismo passa por terremotos como o que ocorre agora.
E, na maioria das vezes, o Estado é obrigado a encontrar saídas para salvar a economia de mercado.Exemplo clássico é o Crash de 29, considerado até agora a maior crise do capitalismo. Delfim lembra, por exemplo, que o presidente Franklin Delano Roosevelt, que governou os EUA de 1933 a 1937, chegou a ser chamado de comunista.
Roosevelt foi quem criou o chamado "New Deal", que foi o nome dado ao programa implementado nos Estados Unidos para tirar o país da recessão com base, principalmente, em investimentos do Estado. Roosevelt sofreu muitas críticas por ter adotado um programa fincado principalmente nos gastos públicos.Delfim diz que a história se repete agora. De novo, o mercado precisou da mão pesada do Estado para sobreviver. O ex-ministro não se surpreenderia se, dentro em breve, a ação do governo americano for tão criticada quanto foi o "New Deal", de Roosevelt.
"Muitos vão dizer que se trata de uma ação contra o capitalismo. Toda vez que o Estado salva o mercado, ele é chamado de comunista", diz Delfim. "Há livros e livros que provam que o capitalismo só se salva com ações comunistas."
Para o ex-ministro, agora não havia outra alternativa ao governo dos EUA. A crise é essencialmente de confiança, e não de liquidez. O tratamento precisava ser radical e cirúrgico.
Para devolver um pouco de tranqüilidade, Delfim diz que era mesmo necessária uma intervenção forte do Estado para recolher todo o lixo provocado pelos excessos cometidos pelas instituições financeiras. Só assim seria possível restabelecer a confiança do mercado.
"No fundo, o que aconteceu foi que governo americano preferiu deixar de lado a teoria acadêmica e optar pela experiência", diz Delfim.

A MÃE DE TODOS OS RESGATES

Enquanto o governo Bush passa o fim de semana negociando para apresentar ao Congresso o que promete ser a maior reengenharia do sistema financeiro do país desde a que se sucedeu à Queda da Bolsa de 1929, dois consensos emergem da pior semana dos 13 meses da turbulência que abala o mercado americano e chacoalha o mundial.

A reportagem é de Sérgio Dávila e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 21-09-2008.

O primeiro é que essa é a maior crise por que passa o país desde ao menos o final da Segunda Guerra. De Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve, o BC dos EUA, ao megainvestidor George Soros, de Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro de Bill Clinton, ao renomado historiador monetário Ron Chernow, todos vieram a público dizer isso.
"Essa é provavelmente a crise econômica mais grave desde a Grande Depressão", disse Lawrence Summers na terça. Dois dias antes, Alan Greenspan havia falado em entrevista à TV que esse era um evento "que acontece a cada meio século, provavelmente a cada século". Anteontem, Ron Chernow já não tinha mais dúvidas: "É a pior crise desde 1929".
O segundo consenso é que é inédito o montante de dinheiro federal já utilizado e que ainda deve entrar em operações de resgate de instituições com dificuldades. Segundo analistas e acadêmicos, nesse caso a comparação mais precisa é com a chamada crise S&L, sigla em inglês para poupança e empréstimos, do final dos anos 80 e começo dos 90, não com o Crash de 1929.
Seja qual for o parâmetro, os valores de hoje são superiores.

Desde a aprovação do pacote de estímulo fiscal proposto por Bush, em janeiro, e a operação resgate do banco Bear Stearns, em março, até a encampação da seguradora AIG, na última quarta, o governo gastou ou aprovou o gasto de soma que oscila de US$ 1 trilhão a US$ 1,5 trilhão - 10% do PIB do país.
Isso não leva em conta o novo pacote, que alguns analistas do mercado calculam que adicionará mais US$ 1 trilhão à conta e agências de notícias diziam ontem que envolveria a compra de US$ 700 bilhões em papéis podres. Um economista que participou de teleconferência ao mercado do Departamento do Tesouro na sexta à tarde disse que o governo evitou falar em custo total das medidas. Indagado em coletiva no mesmo dia, o secretário da Tesouro, Henry Paulson, disse apenas que seria "grande o suficiente: "Estamos falando em centenas de bilhões".
Para comparação, o total de gastos do governo dos EUA no ano passado foi de US$ 2,7 trilhões. A Guerra do Iraque custou até agora US$ 560 bilhões, segundo o Congressional Budget Office. E o PIB brasileiro é de US$ 1,3 trilhão. A exuberância irracional do número valeu às recentes ações o apelido de "Mãe de Todos os Resgates".
Do diário econômico conservador "Wall Street Journal" à revista semanal "Time", passando pela emissora CNN, o nome foi usado.

Ganhou até sigla em inglês, Moab, para "Mother of All Bailouts" - a última palavra foi utilizada pela primeira vez na língua inglesa com a conotação de resgate financeiro nos anos 50.
"A melhor comparação a ser feita é mesmo com a crise S&L", disse o professor Charles Calomiris, expert na história de bancos da Universidade Columbia. No fim dos anos 80, o governo criou uma agência nos moldes da que propõe agora. Em seis anos, a entidade fechou ou reorganizou 747 instituições. O custo total da operação foi de US$ 400 bilhões, então um recorde.
Só com a operação da seguradora AIG, na semana passada, o Fed gastou cerca de 20% desse valor - e cerca de 10% de todo o dinheiro de que o BC americano dispõe.

Com uma diferença: a Resolution Trust Corp, criada em 1989, negociava os papéis ruins só de empresas falidas que já haviam passado ao guarda-chuva do governo; e a nova instância deve limpar os balanços de entidades privadas.
Mesmo assim, Calomiris é otimista. "Ainda não sabemos se esse dinheiro é a fundo perdido, e o provável é que muitas dessas transações ainda dêem dinheiro aos contribuintes", afirmou. "O negócio da AIG até eu faria, pois a possibilidade de os papéis da seguradora voltarem a render é muito grande."
Em seu programa semanal de rádio na manhã de ontem, George W. Bush se justificou. "Dado o estado precário de nossos mercados financeiros e a importância fundamental deles na vida do povo americano, a intervenção do governo não é só necessária, é essencial", disse o presidente republicano.
Membros de seu partido torcem o nariz para a ofensiva do governo no mercado a quase um mês das eleições. Acadêmicos respondem que há um novo paradigma e que é necessária a mudança de uma estrutura financeira ultrapassada.
"É exatamente isso, novos tempos requerem novas medidas", disse Darrell Duffie, da School of Business da Universidade Stanford, na Califórnia. Com ele concorda George Morgan, especialista em sistemas bancários da Virginia Tech. "As intervenções permitem que o livre mercado continue funcionando, em vez de entrar em colapso." "O papel do governo é criar um arcabouço, legal ou não, para que isso aconteça."

O FUTURO DO CAPITALISMO, SEGUNDO ANALISTAS

Os mercados de ações estão em crise e vários bancos de investimento estão quebrando. O que isso significa para o futuro do capitalismo? Alguns economistas e analistas expõem a sua visão em matéria da BBC Brasil, 19-09-2008.
O filósofo Noam Chomsky diz que o capitalismo erra ao não calcular os custos de quem não participa das transações financeiras, e por isso entrou em crise.


Para Peter Jay, um dos diretores do Bank of England, o banco central britânico, houve excesso de confiança de investidores no capitalismo e, de agora em diante, não haverá mais tanto otimismo com o sistema.
Já Patrick Minford, que foi assessor do governo britânico nos anos 80, acredita que apenas alguns ajustes são necessários na regulação do sistema financeiro para que o capitalismo volte a se fortalecer.
Jon Danielsson, economista da London School of Economics, alerta que é preciso evitar que esta crise leve a um excesso de regulamentos.
Confira as análises.
Noam Chomsky, filósofo e professor de lingüística do Massachusetts Institute of Technology
Os mercados têm ineficiências conhecidas e inerentes. Um fator é a falha para calcular os custos de quem não participa destas transações. Estas "externalidades" podem ser gigantes. Isso é particularmente verdade no caso de instituições financeiras.
A tarefa deles é assumir riscos, calculando custos potenciais para si mesmos. Mas eles não levam em consideração as conseqüências das suas perdas para a economia como um todo.
Logo o mercado financeiro "subestima o risco" e é "sistematicamente ineficiente", como escreveram John Eatwell e Lance Taylor há uma década, alertando para os perigos extremos da liberalização financeira e revendo os custos substanciais que estão implicados – e também propondo soluções, que foram ignoradas.
A intervenção sem precedentes do Federal Reserve (o banco central americano) pode ser justificável ou não em termos estreitos, mas revela, mais uma vez, o caráter profundamente antidemocrático das instituições capitalistas, feitas em grande medida para socializar o custo e o risco e privatizar os lucros, sem uma voz pública.
Isso não é, é claro, limitado ao mercado financeiro. A economia avançada como um todo se ampara pesadamente no dinâmico setor estatal, com a mesma conseqüência em relação ao risco, custo, lucro e decisões – características cruciais dos sistemas político e econômico.
Peter Jay, diretor não-executivo do Bank of England e ex-editor de economia da BBC
Na medida em que nomes grandes de Wall Street estão indo à lona, destruídos pela própria arrogância e pelo ambiente financeiro mais hostil em quase 80 anos, nós devemos nos perguntar: por que estamos tão surpresos? Logo nós, que deveríamos ser especialistas? Por que não previmos isso?
A verdade é desconfortável. Nós ficamos cada vez mais cínicos sobre o discurso marxista de contradições do capitalismo, porque o próprio marxismo fracassou nos anos 70, enquanto o capitalismo sobreviveu. Ele fracassou tanto que seus seguidores foram desacreditados.
As pessoas de uma geração mais antiga acreditavam verdadeiramente que alguma combinação das idéias de Walter Bagehot e J. M. Keynes tornariam impossível um novo colapso do sistema financeiro e uma depressão da macroeconomia.
Os bancos centrais nunca deixariam isso acontecer de novo.
Para uma geração mais nova, os anos 30 parecem que são algo do passado distante e que as crises desde então terminaram sem catástrofes. A complacência é o preço do sucesso.
Mas agora nós precisamos enfrentar a possibilidade real de que as mudanças de humor dos mercados financeiros não podem para sempre serem baseadas em otimismo; quanto mais as ações subirem, mais elas cairão, e essa falha no capitalismo não pode ser consertada – nem mesmo por Alan Greenspan – porque está cunhada na imutável psicologia humana.
Patrick Minford, economista da universidade de Cardiff. Ele foi assessor informal da ex-premiê britânica Margaret Thatcher
No atual desastre financeiro, já se ouve vozes pedindo mais regulamentos para "cortar os excessos do capitalismo". É preciso lembrar primeiro que já existe muita regulação sob os acordos de Basle.
O problema é que os bancos evitaram as leis usando "veículos especiais de investimento" nos seus balanços. Um ajuste necessário seria simplesmente assegurar que, no futuro, isso seja corrigido.
Em segundo lugar, os bancos de investimento, como o Lehman Brothers, praticamente não são regulados e estão completamente fora dos acordos de Basle. No entanto, estes animais passaram por um banho de sangue e provavelmente não se comportarão mais desta maneira nunca mais.
O capitalismo tem um bom histórico de melhorar dramaticamente os padrões de vida do mundo ao longo de grandes períodos. A legislação bancária – que goza do privilégio do "credor de último recurso" com recursos dos contribuintes – é necessária para proteger o contribuinte de abusos.
Mas nós precisamos de um sistema bancário e financeiro vigoroso e competitivo. Qualquer ajuste à estrutura regulamentar atual precisa manter isso em mente.
Jon Danielsson, integrante do grupo de mercados financeiros da universidade London School of Economics
Nós ouvimos que a onda de fusões, nacionalizações e falências no mundo financeiro representam o fracasso da velha forma de se fazer negócios, e que o futuro é um mundo pesadamente regulado, como nos anos 50.
Nada pode estar mais longe da verdade do que isso. O custo de prevenir crises significa uma economia como em Cuba ou na Coréia do Norte.
Enquanto alguns bancos, com a anuência de reguladores e com o apoio de governos, se colocaram em dificuldade, é a reação a essa crise que realmente interessa. O sistema financeiro está passando no teste até agora.
Nós sairemos desta crise tendo aprendido que é importante para os bancos não deixarem seus ativos tão complicados que nem eles, nem ninguém os entende.
A verdadeira tragédia seria se a reação oficial à crise fosse o excesso de regulação mal-pensada e politicamente motivada. Um sistema financeiro livre é essencial para a prosperidade internacional.
Por favor, legisladores, não nos coloquem de volta em 1929 ou nos anos 50.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A CRISE NOS EUA AFETAM O MUNDO - PARTE 03: O BRASIL E OS EMERGENTES NESTA CRISE !

Imagem ilustrativa publicada pela Revista Veja, no dia 17/09/08, e que mostra quem é o Brasil na CRISE DOS EUA !

País só será seriamente afetado pela crise bancária se os preços das matérias-primas recuarem no mercado mundial

Por Márcio Juliboni
Enquanto os investidores de Wall Street buscam informações sobre a saúde dos bancos americanos para decidir seus próximos passos, os analistas brasileiros acompanham atentamente o comportamento das commodities no mercado mundial. Para eles, esse é o principal escudo do país neste momento de turbulência internacional.

Na avaliação de todos, é claro que o Brasil não escapará ileso de uma crise que envolve os Estados Unidos, a maior economia do planeta. Mas os efeitos sobre o nosso mercado só será arrasador se uma eventual recessão americana arrastar para baixo também os preços das commodities.
“O ponto de virada nas expectativas brasileiras seria uma queda muito forte das commodities”, afirma Francisco Pessoa Faria, economista da consultoria LCA. O economista-chefe do BES Investimentos, Jankiel Santos, concorda. “O maior motivo de preocupação seria um recuo das commodities”, diz.
Principal produto de exportação do Brasil, as commodities metálicas e agrícolas estão por trás dos recordes da balança comercial nos últimos anos. Impulsionadas pela crescente demanda mundial, cujo vértice é a China, as matérias-primas viram seus preços saltarem e compensarem parte da desvalorização do dólar frente ao real. Neste ano, por exemplo, a Vale do Rio Doce, maior produtora de minério de ferro do mundo, já anunciou reajustes de até 70%.
A recessão americana seria o primeiro passo para uma reversão do mercado de commodities. Em crise, os Estados Unidos reduziriam o consumo e, por tabela, as importações tanto de matérias-primas quanto de produtos acabados. Os países que mantêm transações comerciais com os americanos sentiriam o impacto e também reduziriam o nível de atividade. A grande preocupação é com o possível efeito de uma recessão americana sobre a China, o maior importador de commodities do mundo. E nesta terça-feira o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, disse que está “profundamente” preocupado com a crise americana, alta do petróleo e a inflação.
Tudo bem até aqui
A receita com a venda de matérias-primas é um dos fatores que levaram o país a acumular reservas internacionais. No início de maio do ano passado, mês em que a crise das hipotecas americanas começou a ganhar destaque na imprensa internacional, as reservas brasileiras eram pouco superiores a 122 bilhões de dólares. Em janeiro deste ano, já ultrapassavam 180 bilhões. Mesmo com a deterioração do cenário americano, em 17 de março, a cifra bateu em 196 bilhões de dólares.
Ninguém descarta, contudo, que a situação dos Estados Unidos piore a ponto de atingir o Brasil. No início do ano, a LCA desenhou dois cenários. A probabilidade de o mais pessimista ocorrer, naquele momento, era de 33%. Agora, já chegou a 40%. “O panorama externo está pior do que imaginávamos em janeiro, mas o mercado interno está bem”, afirma Faria.
Não estavam no radar, por exemplo, a quebra de importantes instituições financeiras, como o Bear Stearns, vendido para o JP Morgan pelo valor simbólico de 2 dólares por ação no início desta semana.
No pior cenário traçado pela LCA, os Estados Unidos chegariam perto da recessão neste ano, crescendo apenas 0,5%. Em 2009, a expansão americana seria praticamente nula. No Brasil, o PIB subiria 3,7%, ante uma projeção básica de 5% para 2008. Em 2009, a alta seria de 3,3%. Embora ainda seja uma expectativa de crescimento, uma desaceleração deste porte teria conseqüências para o país, como uma suspensão de investimentos e maior pressão sobre os resultados das empresas.
O câmbio terminaria o ano em 1,73 real por dólar; a inflação estouraria a meta do Banco Central e ficaria em 5,1%; e a taxa básica de juros subiria para 12% ao ano. Seria, sem dúvida, uma situação mais adversa, com juros mais altos e inflação maior. Mas a capacidade de o país resistir está maior. “A crise é de média proporção até o momento”, diz Faria, da LCA.
Mão amiga
As medidas do Federal Reserve para mitigar os efeitos da crise no mercado americano também trazem um sopro de otimismo ao Brasil. Nesta terça-feira (18/3), por exemplo, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou em forte alta de 3,20%, depois do anunciado corte de 0,75 ponto da taxa básica de juros dos Estados Unidos.
Mesmo que os investidores estejam mais avessos ao risco em todo o mundo, os juros ainda altos no Brasil – 11,25% ao ano – e a relativa estabilidade da economia continuam atraindo capitais. Os especialistas acreditam em menor liquidez para o país, mas a fonte de recursos não vai secar. “Os investidores ficarão mais seletivos, mas o fluxo de capitais ainda deve ser positivo”, afirma Santos, do BES Investimentos.
Até 13 de março (dados mais recentes), o saldo dos investimentos estrangeiros na Bovespa era negativo em 2,052 bilhões de reais. Já a expectativa para os investimentos estrangeiros diretos, em 2008, é de 29 bilhões de dólares, de acordo com o último relatório Focus do Banco Central. No início do ano, a expectativa expressa no Focus era de 27,50 bilhões. “O Brasil não vai escapar ileso da crise. Mas, de forma alguma, os efeitos serão os mesmos do que seriam se os fundamentos da economia não estivessem bem”, afirma Santos.
Mais um teste para Meirelles
18/09/2008
Em meio ao vendaval nas finanças, cabe ao presidente do Banco Central ? maior responsável pelo controle inflacionário e homem forte da economia ? acalmar os mercados e manter o país fora da confusão

Por Angela Pimenta, REVISTA Exame
Corria o ano de 2002 quando, às vésperas da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, as cabeças coroadas de Wall Street se perguntavam o que aconteceria com o resto do planeta se o Brasil quebrasse. Por se tratar de uma grande economia emergente, temia-se que um calote tupiniquim viesse a contagiar os mercados, gerando uma crise de proporções mundiais. Como se sabe, o Brasil não quebrou — e hoje se vê numa situação quase inversa à de seis anos atrás. Mesmo em face do furacão global que há um ano vem varrendo o mundo, o país tem vivido um cenário de relativo conforto, com inflação controlada e crescimento econômico superior a 5%. Mas, diante da deterioração da crise — que nas últimas semanas derrubou algumas das principais instituições financeiras americanas, turvou de vez o cenário nas economias desenvolvidas e começa a ameaçar o crescimento econômico asiático, sobretudo o da China —, a pergunta agora é contrária à que se fazia seis anos atrás: será que desta vez o mundo vai derrubar o Brasil? “Acho que vamos escapar dessa, mas é preciso lembrar que uma crise nos Estados Unidos não é boa para ninguém”, disse o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em entrevista exclusiva a EXAME. “Não podemos evitar que a crise externa crie dificuldades para o país, mas estamos trabalhando para que os efeitos sejam os menores possíveis” .
Dono de uma determinação férrea, que lhe garante credibilidade perante os mercados tanto no Brasil como no exterior, o goiano Meirelles desponta — em especial nestas horas de incerteza — como o principal guardião da economia brasileira. Em meio à tempestade mundial, ele é tido como o maior responsável pela combinação de crescimento e estabilidade econômica, uma proeza inédita na história recente do país. Será novamente posto à prova. Quando os mercados tremem, cabe aos presidentes de bancos centrais a missão de acalmar os ânimos e recolocar o mínimo de racionalidade no dia-a-dia da economia. Profundo conhecedor do sistema bancário americano — trabalhou por quase três décadas no BankBoston, onde chegou a ser presidente mundial —, não lhe falta experiência para avaliar os movimentos atuais. E dá indicações de que as turbulências à frente não devem ser nada agradáveis. “A situação é muito difícil. O grande desafio das autoridades americanas é ‘desentupir’ os canais de crédito e não repetir o que aconteceu no Japão nos anos 80”, diz Meirelles, referindo-se à crise que assolou o sistema bancário da segunda maior economia do globo e que deixou como legado um país que nunca mais recuperou o brilho.
Os efeitos da crise no Brasil dependem, em grande parte, da intensidade da turbulência nas próximas semanas. Já está nítido que o país tem hoje muito mais força do que em situações semelhantes do passado. “A economia brasileira está hoje bem preparada para enfrentar choques externos”, diz o economista Paulo Leme, diretor de pesquisa de mercados emergentes do banco de investimento Goldman Sachs. “Tem reservas altas, é credora externa líquida e não tem dívida dolarizada.” Além dessa notável coleção de trunfos, o país conta também com o recém-conquistado grau de investimento, uma espécie de atestado de bom pagador perante o mercado. Outro ponto importante é a robustez do sistema financeiro brasileiro. Diferentemente da maioria dos bancos americanos, os brasileiros não têm problemas de caixa e a expansão do crédito por aqui se dá de forma rápida, porém mais cautelosa. Reunidos, esses fatores certamente ajudarão a economia brasileira a amortecer o choque que vem do mundo rico.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A CRISE NOS EUA AFETAM O MUNDO - PARTE 02 !




ESTATIZAÇÕES JÁ CUSTARAM US$ 1 TRILHÃO A GOVERNO DOS EUA

A operação resgate da seguradora AIG levada a cabo anteontem pelo governo norte-americano, adicionou US$ 85 bilhões a uma conta federal que desde o início da atual crise financeira já está entre US$ 900 bilhões e US$ 1,5 trilhão, ou cerca de 10% do PIB norte-americano, segundo analistas. E pode chegar a muito mais.

A reportagem é de Sérgio Dávila, publicada no jornal Folha de S.Paulo, 18-09-2008.

O valor de dinheiro público destinado a salvar instituições privadas, como a AIG e o Bear Stearns, em março, ou semiprivadas, como as gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, na semana passada, assusta não só por acontecer no país que é o bastião do capitalismo de livre mercado mas porque abre a porta para futuras operações, de outras instituições e setores da economia.

Nos cálculos mais conservadores, a administração de George W. Bush autorizou ou não se opôs ao gasto de US$ 900 bilhões nos resgates, via Tesouro, Federal Reserve, o equivalente ao banco central, e Federal Home Loan Bank, instituição que atua no crédito imobiliário. Nos mais agressivos, só o Fed já empenhou meio trilhão na ciranda."Pode ser muito mais, dependendo de quantos bancos mais terão de ser resgatados", disse à Folha o acadêmico Edward Hadas, autor de Human Goods Economic Evils (ISI, 2007) e colunista do blog econômico Breakingviews.com. "Para ser franco, depois de um certo ponto, esses cálculos já não fazem mais sentido."O pior ralo é o das empresas Fannie Mae e Freddie Mac. Na operação resgate, cada uma levou US$ 100 bilhões. Se as duas agências imobiliárias perderem a capacidade de honrar seu fluxo anual de empréstimos, no entanto, o Tesouro teria de gastar cerca de US$ 450 bilhões por ano, o que triplicaria o déficit anual americano para US$ 1,2 trilhão, calcula Paul Ashworth, da Capital Economics.Além disso, há o problema dos sinais contraditórios mandados pelo governo norte-americano. Até terça, a política oficial, encabeçada pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, era de que não haveria resgates. Segundo a lógica oficial, o caso do Bearn Stearns era uma exceção, assim como o das duas agências imobiliárias. Tudo mudou depois do caso AIG.Nas últimas horas, cresce, por exemplo, a pressão de montadoras norte-americanas para um pacote. Detroit pede US$ 25 bilhões em auxílio federal. Em discurso na noite de terça no Economic Club de Washington, William C. Ford Jr., CEO da empresa que leva seu sobrenome, disse que não, não se tratava de um resgate."É difícil para governos pararem uma vez que começam [as operações resgate], principalmente se eles decidem que um orçamento equilibrado não é meta para os próximos anos", disse Edward Hadas. "Só param quando a moeda perde valor ou as pessoas caem na real e equilibram receitas e despesas. Como os brasileiros sabem, isso pode levar tempo."Para o historiador econômico Ron Chernow, esse governo "foi longe demais". "Nós vivemos a ironia de uma administração pró-livre-mercado fazendo coisas que o governo democrata mais progressista não faria em seus maiores delírios", disse ele ao New York Times. A ironia não deixou de ser notada pelo Congresso, dominado pelos democratas.Ontem, os comitês financeiros do Senado e da Câmara começaram a articular contramedidas ao que líderes chamaram de farra com o dinheiro público. CEOs das empresas em dificuldade devem ser convocados a testemunhar. A começar por Richard Fuld Jr., do Lehman.


CRÉDITO ENCOLHE EM TODO O MUNDO


O maior aperto de liquidez em décadas chegou a uma intensidade dramática no mundo e já é sentido no Brasil. A reportagem é Jon Hilsenrath, Serena Ng, Damian Paletta, Cristiane Perini Lucchesi e Luiz Sérgio Guimarães, publicada no Valor, 18-09-2008.

O sistema financeiro americano lembra um doente em terapia intensiva. Autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Tesouro identificaram a doença: desalavancagem. Durante a explosão do crédito, de 2002 a 2006, as instituições financeiras e as famílias americanas se endividaram muito acima do ritmo de crescimento econômico. Muitos dos que tomaram dinheiro não podem pagá-lo agora, após o colapso nos preços dos imóveis residenciais.


Pelo menos três coisas precisam ocorrer para pôr fim à desalavancagem. Instituições financeiras precisam dar baixa contábil dos ativos desvalorizados que compraram com dinheiro emprestado, pagar suas dívidas e refazer o capital corroído pelo prejuízo com aqueles ativos.


O processo, porém, se auto-alimenta de forma perversa. A venda de ativos derruba preços, dificultando a operação e causando mais perdas. Com isso, as ações das empresas perdem valor e elas não conseguem levantar mais capital. Como acadêmico, o atual presidente do Fed, Ben Bernanke, apelidou essa auto-alimentação de "acelerador financeiro".


A fuga para ativos mais seguros, como ouro e títulos do Tesouro americano, cujos rendimentos ficaram negativos, não era vista desde a Segunda Guerra Mundial. Empréstimos entre bancos foram completamente suspensos. Dois fundos de curto prazo, considerados tão seguros quanto depósitos à vista, quebraram por terem investido em papéis do Lehman.

As bolsas caíram no mundo todo e nem o empréstimo de US$ 85 bilhões do Fed para a seguradora AIG, anunciado na terça-feira, conteve a aversão ao risco.No Brasil, a Bovespa caiu 6,74% e o dólar fechou a R$ 1,87, com alta de 2,41%. Além de ter inviabilizado empréstimos sindicalizados, o aperto de liquidez internacional secou linhas de financiamento ao comércio exterior, o que não se verificava no país desde 2002. As linhas que restam são de curto prazo, no máximo 180 dias. O custo dobrou, o que ajuda a alta do dólar. O desmonte de posições de fundos e bancos que precisam de liquidez e perderam dinheiro em outros mercados também tem puxado o dólar contra o real e contribuído para elevar os juros nos mercados futuros. A concordata do Lehman afetou especialmente o mercado a termo de dólares contra reais no exterior, o chamado mercado de "NDF" (do inglês "non-deliverable forward").

‘É 1930 a conta-gotas’, diz Conceição Tavares

Para economista, crise assemelha-se “no tamanho e no estrago” ao crash de 1929, porém acredita que o Brasil está melhor preparado para enfrentar a crise, mas "ninguém sabe o que vai acontecer", diz ela.

A reportagem é de Adriana Chiarini, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, 18-09-2008.A crise atual é comparável à de 1930 "no tamanho e no estrago", mas os bancos centrais e os Tesouros, acertadamente, estão atuando para evitar uma recessão, ao contrário do comportamento dessas autoridades nos Estados Unidos naquela época, disse ao Estado a economista Maria da Conceição Tavares, ex-deputada federal pelo PT do Rio. "Esta é uma crise de 30 a conta-gotas", afirmou. "Estoura um, o Tesouro americano socorre. Estoura outro, o Fed socorre. Todos os bancos centrais estão injetando dinheiro." Para ela, o Brasil "está blindado para essa crise", com as características que ela apresenta até agora, "basicamente financeira" e de "perda de trilhões de dólares em ativos". Conceição destaca, porém, que "ninguém sabe o que vai acontecer" - se a crise vai assumir outras características e levar o mundo à recessão. "A economia real não foi atingida ainda nem nos Estados Unidos.


Foi no Japão e na Europa, mas ainda não teve queda de consumo nos EUA."Ela está tranqüila com a situação do País. "Nunca estivemos tão bem. Em todas as crises externas sempre levamos uma pancada feia, mas desta vez não". Comenta que o Brasil está com bons indicadores externos, recursos fiscais do esforço extra ao superávit primário, reservas internacionais altas e os bancos brasileiros não tinham investido no tipo de ativo que provocou o início da crise."Derivativo é uma invenção do demo. Evidente que efeito dominó de todos que se meteram nessa brincadeira já está tendo, mas nós não nos metemos", afirmou. Para ela, "esta é uma crise de crédito e por esse lado pode bater no Brasil".


Ela concordou com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo pode colocar recursos para dar liquidez caso necessário e observou que isso já esta acontecendo. "O BNDES vai precisar de dinheiro, porque a demanda para recursos para investimento está grande, e já estão dando", comentou, referindo-se à capitalização de R$ 15 bilhões que o Tesouro Nacional está fazendo na instituição federal. A queda das commodities pode até ser benéfica para o controle da inflação, segundo Conceição. Ela considera possível que, por causa da crise, o Banco Central venha a reduzir a magnitude dos aumentos da taxa Selic, de 0,75 para 0,5 ponto percentual.

Lessa vê crise profunda e Brasil sem salvaguardas

Ex-presidente do BNDES, o economista Carlos Lessa traça um perfil sombrio para os efeitos da crise financeira sobre o Brasil e acha que o país não tem instrumentos para se proteger.
A reportagem é de Mair Pena Neto, publicada pela agência Reuters, no dia 17-09-2008.

"O Brasil vai entrar pelo cano porque não possuimos salvaguarda nenhuma. Os 200 bilhões de dólares (em reservas internacionais brasileiras) que o Meirelles (presidente do Banco Central) bate no peito são pó em relação ao tamanho da crise que está se avizinhando", disse Lessa à Reuters. Para ele, o Brasil só conseguiria reter a parte de capitais de curto prazo elevando a taxa de juros, mas a situação externa vai puxá-los para fora do país.


Lessa acha que a atual crise reproduziu em escala mundial o que aconteceu no Japão nos anos de 1990, quando a acumulação financeira se baseou em valores inflacionados dos imóveis que não se sutentaram. "Isso gerou uma crise imobiliária de proporções colossais. Os imóveis mais caros do mundo viraram pó. Até hoje o Japão não se recuperou desse golpe", afirmou. Segundo ele, o que aconteceu nos Estados Unidos foi parecido.


O ganho financeiro se remunerou sem a correspondente geração de economia real, rompendo os limites do jogo econômico. "Se a economia real caminha separada da acumulação financeira, como aconteceu lá e no Japão, você estabelece uma precariedade na construção e chega um momento em que ela cai." Bolhinha e bolhonaA extensão da atual crise é difícil de prever, na opinião de Lessa, mas sugere ser muito mais profunda do que se imaginava.


"De qualque maneira virá um novo período de estagnação mundial, o que para o Brasil é muito ruim", avaliou, apontando a falta de um projeto nacional de desenvolvimento para compensar a dificuldade externa. Para Lessa, o mínimo que vai acontecer ao Brasil será a inflação, já que a taxa de câmbio foi o principal instrumento para combatê-la. "Na hora em que o jogo financeiro começa a puxar os recursos para fora, a taxa de câmbio se desvaloriza. É o que está acontecendo, o real já está se desvalorizando ante o dólar", citou Lessa.


Ele ressaltou a ironia de a moeda brasileira estar se desvalorizando perante o dólar, "que está à beira do crack", quando a economia norte-americana vai mal e a brasileira está indo bem. O ex-presidente do BNDES no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva alertou para a criação de uma bolha de crédito no Brasil que pode estourar se a economia deixar de crescer. "Um carro é financiado em 90 prestações baseado em que as pessoas pagarão se a economia crescer. Mas se não crescer e houver desemprego, não pagarão", advertiu. O economista considera insustentável subordinar o crescimento econômico ao endividamento em massa das famílias. "A dívida das famílias só é um bom ativo para os bancos se elas continuarem a ter renda. A situação é similar à bolha de crédito imobiliário norte-americano. Só que a nossa é uma bolhinha e a deles é uma bolhona."

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A CRISE NOS EUA AFETAM O MUNDO - PARTE 01 !

AMPLIE esta imagem, e entenderá os porques da CRISE IMOBILIÁRIA NOS EUA !


Entenda a crise financeira
que atinge a economia dos EUA
da Folha Online
A crise no mercado hipotecário dos EUA é uma decorrência da crise imobiliária pela qual passa o país, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no mercado de crédito de modo geral. O principal segmento afetado, que deu origem ao atual estado de coisas, foi o de hipotecas chamadas de "subprime", que embutem um risco maior de inadimplência.
O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada logo depois da crise das empresas "pontocom", em 2001.


Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram caindo para que a economia se recuperasse, e o setor imobiliário se aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imóveis cresceu, devido às taxas baixas de juros nos financiamentos imobiliários e nas hipotecas. Em 2003, por exemplo, os juros do Fed chegaram a cair para 1% ao ano.
Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse da nova compra um investimento.
Também cresceu a procura por novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para quitar dívidas e, também, gastar (mais).
As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, para aproveitar o bom momento do mercado, passaram a atender o segmento "subprime".
O cliente "subprime" é um cliente de renda muito baixa, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar renda. Esse empréstimo tem, assim, uma qualidade mais baixa --ou seja, cujo risco de não ser pago é maior, mas oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse risco.
Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram esses títulos "subprime" das instituições que fizeram o primeiro empréstimo e permitem que uma nova quantia em dinheiro seja emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.
Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos.
O resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito).
Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair: os juros do Fed, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso, a oferta começa a superar a demanda e desde então o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imóveis.
Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta --com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.
No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o pessimismo influencia os mercados globais.
Financiadoras
Em setembro do ano passado, o BNP Paribas Investment Partners --divisão do banco francês BNP Paribas-- congelou cerca de 2 bilhões de euros dos fundos Parvest Dynamic ABS, o BNP Paribas ABS Euribor e o BNP Paribas ABS Eonia, citando preocupações sobre o setor de crédito 'subprime' (de maior risco) nos EUA. Segundo o banco, os três fundos tiveram suas negociações suspensas por não ser possível avaliá-los com precisão, devido aos problemas no mercado "subprime" americano.
Depois dessa medida, o mercado imobiliário passou a reagir em pânico e algumas das principais empresas de financiamento imobiliário passaram a sofrer os efeitos da retração; a American Home Mortgage (AHM), uma das 10 maiores empresa do setor de crédito imobiliário e hipotecas dos EUA, pediu concordata. Outra das principais empresas do setor, a Countrywide Financial, registrou prejuízos decorrentes da crise e foi comprada pelo Bank of America.
Bancos como Citigroup, UBS e Bear Stearns têm anunciado perdas bilionários e prejuízos decorrentes da crise. Entre as vítimas mais recentes da crise estão as duas maiores empresas hipotecárias americanas, a Fannie Mae e a Freddie Mac. Consideradas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, "tão grandes e tão importantes em nosso sistema financeiro que a falência de qualquer uma delas provocaria uma enorme turbulência no sistema financeiro de nosso país e no restante do globo", no dia 7 deste mês foi anunciada uma ajuda de até US$ 200 bilhões.
As duas empresas possuem quase a metade dos US$ 12 trilhões em empréstimos para a habitação nos EUA; no segundo trimestre, registraram prejuízos de US$ 2,3 bilhões (Fannie Mae) e de US$ 821 milhões (Freddie Mac).
Menos sorte teve o Lehman Brothers: o governo não disponibilizou ajuda como a que foi destinada às duas hipotecárias. O banco previu na semana passada um prejuízo de US$ 3,9 bilhões e chegou a anunciar uma reestruturação. Antes disso, o banco já havia mantido conversas com o KDB (Banco de Desenvolvimento da Coréia do Sul, na sigla em inglês) em busca de vender uma parte sua, mas a negociação terminou sem acordo.
O Bank of America e o Barclays também recuaram, depois que ficou claro que o governo não iria dar suporte à compra do Lehman. Restou ao banco entregar à Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York um pedido de proteção sob o "Capítulo 11", capítulo da legislação americana que regulamente falências e concordatas.
Combate
Como medida emergencial para evitar uma desaceleração ainda maior da economia --o que faz crescer o medo que o EUA caiam em recessão, já que 70% do PIB americano é movido pelo consumo--, o presidente americano, George W. Bush, sancionou em fevereiro um pacote de estímulo que dará cheques de restituição de impostos a milhões de norte-americanos.
O pacote prevê uma restituição de US$ 600 para cada contribuinte com renda anual de até US$ 75 mil; e US$ 1.200 para casais com renda até US$ 150 mil, além de US$ 300 adicionais por filho. Quem não paga imposto de renda, mas recebe o teto de US$ 3 mil anuais, terá direito a cheques de US$ 300. Mais de 130 milhões de pessoas serão beneficiadas.

RETROSPECTIVA DA CRISE

Até o fim de julho de 2007, a economia mundial atravessava um dos períodos de maior prosperidade dos últimos trinta anos: as empresas nunca lucraram tanto, a China crescia a 10% ao ano, o Brasil exportava matéria-prima em volumes e preços recordes. Em total contraponto a esse ambiente saudável, as bolsas de valores e as moedas de todo o planeta foram abaladas por um terremoto. Em duas semanas, trilhões de dólares evaporaram dos mercados de ações sem que houvesse um ataque terrorista, como o de 2001, ou a quebra de um país emergente – como a Tailândia, em 1997, a Rússia, em 1998, e o Brasil, em 1999. Um pânico de origem incerta e difusa dominou os agentes financeiros. Bancos europeus e americanos subitamente cortaram o crédito a empresas, mesmo as de primeira linha. Os bancos centrais, por sua vez, despejaram dinheiro no mercado para conter a saída de liquidez. Estava configurado um novo período de instabilidade sem prazo para acabar. Entenda as razões desta nova crise financeira.

1. Por que as bolsas de valores vêm caindo em todo o mundo?

Os principais mercados de ações do planeta estão sofrendo os efeitos de um problema ocorrido no mercado imobiliário dos Estados Unidos. A descoberta de que alguns americanos não estão pagando as prestações dos financiamentos de suas casas espalhou pânico entre investidores em todo o mundo – muitos fundos de investimento possuem parte de seus papéis lastreados nestes financiamentos. Como um segmento da população não consegue pagar as suas parcelas, criou-se um temor de que os americanos possam também diminuir o seu ritmo de consumo. Este medo de retração da economia dos EUA, aliado à suspeita da existência de papéis “contaminados” nos fundos de investimentos, fez com que muitos investidores vendessem as ações que possuíam. Quando há muita gente querendo vender, o preço das ações cai. O conjunto do das ações em queda derrubou a cotação das bolsas de valores.

2. O que há de errado com o mercado imobiliário dos EUA?
Os seguidos anos de crescimento econômico fizeram com que os bancos e instituições financeiras americanas abrissem a carteira para todo tipo de gente e empresas. Empréstimos foram concedidos até a pessoas em má situação financeira (no setor imobiliário, o crédito às famílias de baixa renda chama-se subprime). Como os juros eram extremamente baixos, muitos americanos financiaram ou refinanciaram o pagamento de alguns bens – especialmente o dos imóveis. Depois, porém, não conseguiram cumprir os compromissos. Embora a taxa de inadimplência não tenha aumentado significativamente, o temor de um calote em massa contaminou o mercado financeiro.

3. Como esses problemas influenciam as bolsas mundiais?
Nos últimos anos, os bancos que emprestaram dinheiro para o financiamento imobiliário nos Estados Unidos “empacotaram” boa parte das hipotecas americanas em novos produtos financeiros que foram revendidos a muitos fundos de investimentos em todo o mundo. Como os juros estavam baixos na Europa e no Japão, esses fundos, que ofereciam retornos maiores, tornaram-se atraentes para os pequenos e grandes investidores. Criou-se uma pirâmide de investimentos de cerca de 1 trilhão de dólares por meio da qual a poupança de milhões de empresas e aposentados, europeus e japoneses, foi usada para financiar a construção e a compra de casas nos EUA. Embora tenham sido vendidas como aplicações extremamente seguras, na prática não era bem assim – muitos americanos não cumpriram seus compromissos e o dinheiro nunca chegou aos fundos como era previsto. Quando alguns destes fundos de investimento tentaram se desfazer das hipotecas americanas na esperança de passar adiante o mico do risco, não conseguiram e perderam dinheiro. Tiveram então que vender ações até de empresas saudáveis para se recuperar – isso derrubou as bolsas do planeta.

4. Qual é a real extensão desta crise?
Ainda não se sabe ao certo. Embora mantidas inicialmente no terreno do mercado financeiro, as turbulências já batem na chamada economia real. Algumas empresas americanas começaram a mostrar números decepcionantes, caso das varejistas Wal-Mart e Home Depot, espécies de termômetros do consumo local. Em agosto de 2007, os EUA cortaram 4.000 postos de trabalho – primeira queda do nível de emprego do país desde 2003. O maior risco de a crise extrapolar o mundo das finanças e atingir a economia real está na retração do crédito. Devido à incerteza sobre o futuro da economia global, instituições financeiras americanas reduziram sua tolerância em relação a empréstimos arriscados – não apenas no setor imobiliário. Essa postura reduziu o fluxo de dinheiro que irriga o caixa das empresas. Crédito é um dos principais motores da economia – empresas e negócios surgem e crescem num cenário onde têm acesso a empréstimos para viabilizar seus negócios. As dificuldades no crédito devem comprometer o bom momento atravessado pela economia mundial.

5. No que ela difere de turbulências globais anteriores?
Mais do que qualquer outra crise anterior, esta traz consigo características cuja existência só foi possível graças ao aprofundamento do processo de globalização da economia. Por meio de inovações recentes, bancos e instituições financeiras pulverizaram os riscos de prejuízos e lubrificaram o mercado. Pegue-se o exemplo do setor de imóveis dos Estados Unidos. Para não arcarem sozinhos com o risco de calote nos empréstimos que fizeram a consumidores americanos de segunda linha, os bancos fracionaram e empacotaram o crédito referente a esses empréstimos em títulos, repassados a milhares de fundos de investimento. A lógica é a seguinte: se os consumidores americanos pagarem suas hipotecas, os lucros serão dispersados entre todos os que compraram esses títulos; se houver calote generalizado, o prejuízo será socializado. O problema é que, ao dissiparem os riscos, esses mecanismos também aceleram e aumentam o alcance das fases de turbulência. Como ninguém consegue saber quem está saudável e quem comprou títulos podres, a desconfiança se espalha e paralisa inúmeras negociações.

6. Os bancos centrais devem agir para conter a crise?
Sim, e sem muita demora. Um dos mais importantes estudos econômicos do século XX, de autoria dos americanos Milton Friedman e Anna Schwartz, concluiu que a quebra da Bolsa de Nova York de 1929 e a depressão que se seguiu durante os anos 30 foram precipitadas pela decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de estrangular o crédito, elevando os juros e diminuindo a quantidade de dinheiro em circulação. Sem moeda na praça, e sem a possibilidade de fazer empréstimos junto aos bancos, inúmeras empresas foram à falência, e a economia dos Estados Unidos retraiu dramaticamente. Desde a publicação do estudo, BCs em todo o mundo têm agido de forma mais enérgica para tentar socorrer seus respectivos mercados antes de um colapso generalizado.

7. E o que eles têm feito para afastar essa ameaça?
Os bancos centrais têm atuado na linha de frente para conter o avanço da atual crise financeira. Em setembro de 2007, o Fed mostrou que aprendera a lição do crash de 29: cortou os juros nos Estados Unidos em 0,5 ponto porcentual, depois de 4 anos sem mexer na taxa. A decisão pretendia estimular novos pedidos de empréstimos e conter parte da retração no crédito. Antes disso, porém, o Fed, o Banco Central Europeu e o Banco do Japão despejaram juntos quase 500 bilhões de dólares no mercado, para socorrer bancos e conter a escassez de dinheiro. É, de longe, a maior cifra do gênero na história - após os ataques de 11 de setembro de 2001, o aporte foi de 230 bilhões. Diante da persistência da crise, porém, as medidas não tiveram o efeito desejado. Por isso, o Fed voltou a reduzir os juros em meados de janeiro de 2008. Desta vez, o corte foi de 0,75 ponto porcentual - o maior desde outubro de 1984.

8. E o governo americano, como reagiu à crise?
Após meses de turbulência, o presidente George W. Bush finalmente anunciou, no início de 2008, as linhas gerais de um pacote para salvar a economia americana de uma possível retração no crescimento. O plano de 140 bilhões de dólares, que precisa de apreciação do Congresso, foi avaliado em 1% do PIB. O objetivo do governo é diminuir impostos para consumidores e garantir incentivos fiscais para empresas americanas. Dessa forma, calculou a Casa Branca, os Estados Unidos escapariam da recessão - trazendo ainda benefícios para todo o planeta.

9. Quais são os efeitos sofridos pelo Brasil?

Por estar cada vez mais inserido no contexto da economia global, o Brasil não sairá ileso desta crise. Os primeiros efeitos já foram sentidos no mercado de ações. Para estancarem os prejuízos decorrentes da crise, investidores estrangeiros venderam papéis não só nos Estados Unidos e na Europa, mas também em mercados emergentes, como o Brasil. A fuga do dinheiro externo explica os dias de forte queda da Bolsa de Valores de São Paulo. A médio prazo, o crescimento da economia brasileira pode sofrer o baque de uma eventual retração global, o que manteria o aumento do PIB na mediocridade atual por mais tempo. A desaceleração mundial derrubaria o preço das commodities e afetaria diretamente a economia brasileira, que tem, na exportação desses produtos básicos, sua maior fonte de renda externa. Além disso, se o dólar subir demais, a baixa inflação brasileira pode ficar comprometida, já que uma série de produtos, a maioria importados, têm seu preço baseado na moeda americana. Para conter a inflação, o Banco Central pode interromper a queda na taxa de juros e ameaçar ainda mais o crescimento do país – juros altos desestimulam os empréstimos que fazem a economia andar. De todos esses cenários possíveis, o único que parece provável é o atraso da promoção do Brasil ao chamado grau de investimento, categoria que indica os países com baixa propensão ao calote.

10. Por que o país não corre tantos riscos desta vez?
Durante os anos 90, o Brasil atravessou, aos trancos e barrancos, as crises nos mercados financeiros do México (94), da Ásia (97), e da Rússia (98), e sucumbiu ao ataque especulativo contra o real, no início de 1999, desvalorizando a moeda. Nesta última ocasião, o país tinha reservas de apenas 35 bilhões de dólares – no auge da crise, o mercado brasileiro perdia 1 bilhão por dia. Desta vez, o cenário é bem diferente: o país tem dólares de sobra e o drama da dívida externa faz parte do passado. Segundo o Banco Central, o Brasil tem quase 160 bilhões de dólares de reserva que podem ser injetados no mercado para conter a fuga de capitais. O país, portanto, não vai quebrar.

11. Por que o dólar sobe quando a bolsa cai?
De forma simplificada, o que acontece é o seguinte: quando o mercado de ações passa por um período de instabilidade, o valor dos papéis sobe e desce imprevisivelmente. Como não sabem se a cotação das ações que possuem vai subir ou descer, os investidores preferem comprar dólares e desfazer-se dos papéis. O dólar é um investimento muito mais seguro, já que a moeda americana não tem a mesma chance de se desvalorizar do que as ações de uma empresa – que pode, por exemplo, falir e causar prejuízos enormes. Quando os investidores tiram dinheiro da bolsa – o que provoca sua queda – muitos correm para comprar dólares. A alta procura eleva a cotação da moeda americana.

12. É possível uma nova onda de desemprego?
Ondas de desemprego estão normalmente associadas a cenários de recessão econômica mais graves, quando o nível de produção cai e as empresas costumam dispensar parte de sua mão de obra para diminuir os prejuízos. Pelo menos por enquanto, não é caso desta crise. Mesmo que a economia dos Estados Unidos venha a se retrair como prevêem os analistas – o que com certeza provocará uma redução do crescimento brasileiro – a situação no país é estável, e as variações na taxa de desemprego devem continuar leves, para cima e para baixo.

13. É seguro investir em ações nesse período?
Sim. Diante da crise, os analistas não se arriscam a prever uma data para o fim da oscilação das bolsas, embora muitos apostem que ela se estenderá por boa parte de 2008. Isso não significa, no entanto, que a bolsa transformou-se da noite para o dia em território restrito a grandes jogadores e alguns poucos entendidos, como já foi um dia. Mesmo com as turbulências, segue sendo seguro investir no mercado de ações - mas, mais do que nunca, deve se esperar retorno a longo prazo, quando os efeitos mais graves da crise já tiverem passado e o mercado recuperar a tendência de alta. Em 2007, mesmo com momentos de fortes perdas, o índice Bovespa, principal da Bolsa de Valores de São Paulo, registrou valorização de 43,6%. No futuro próximo, a turbulência pode reduzir um pouco esses ganhos - mas eles deverão se manter acima de outros investimentos. Outro argumento dos analistas para manter os investimentos: a bolsa brasileira está barata em termos internacionais.Para quem já tem dinheiro em papéis, o mais importante é não sair - a regra é ter cautela, já que voltar para o mercado depois, em épocas de alta, pode sair muito mais caro. Recomenda-se também que o investidor fique de olho nas pechinchas que surgem com a crise. Neste cenário, muitos estrangeiros vendem ações de empresas saudáveis e derrubam sua cotação. A longo prazo porém, elas podem se valorizar e beneficiar quem comprou-as na baixa. Diversificar as apostas também é indicado para tempos de bolsa volátil - eventuais perdas com uma companhia podem ser compensadas com ganhos em outras. Por fim, o investidor da bolsa deve avaliar o desempenho de sua aplicação em particular: a variação das ações que estão no fundo escolhido não vai ser necessariamente igual à do Ibovespa, que segue as 64 ações mais negociadas nos pregões da bolsa. Para se ter uma idéia, no início de 2008, já havia cerca de 450 empresas com papéis na Bovespa.

O DICIONÁRIO DA CRISE
Toda crise econômica populariza termos e expressões próprios do mercado financeiro. Não é diferente agora
PRIME Em inglês, o melhor. No mercado de crédito, é a classificação conferida aos clientes mais confiáveis, de primeira linha
SUBPRIME Clientes de segunda linha, menos confiáveis. Os juros cobrados são maiores, assim como o risco de calote
MORTGAGE Hipoteca. No setor imobiliário, serve para garantir o financiamento imobiliário
SUBPRIME MORTGAGES Hipoteca nos financiamentos para clientes de segunda linha
EMPRÉSTIMOS NINJA Concedidos a pessoas sem renda, emprego ou bens (No INcome, Jobs or Assets)
CDOs (Collateralized Debt Obligations) Na tradução literal, "títulos que têm dívidas como garantias". Por meio deles, os bancos pulverizaram o risco de calote no setor imobiliário para milhões de investidores
FUNDOS HEDGE São fundos para grandes investidores que prometem rentabilidade bem superior à dos títulos americanos. Investem em qualquer tipo de ativo, desde café do Vietnã até títulos da Eletrobrás. Atualmente estão entupidos de CDOs de péssima qualidade
CREDIT CRUNCH Forte contração de crédito, um cenário em que nem os bons pagadores conseguem obter novas linhas de financiamento