sábado, 27 de setembro de 2008

A CRISE NOS EUA AFETAM O MUNDO - PARTE 07: O PACOTÃO DO BUSH E AS REAÇÕES !

Cara, o negócio tá ficando feio na 'CONSIDERADA" maior Economia do Planeta.
Antigamente, quando estudávamos em sala de aula as economias dos países, sempre constatavamos que os países Subdesenvolvidos faziam planos mirabolantes para sair de "crises" causadas pelo mercado, lembram os palos "cruzado", "Cruzado Novo", (...) o "deus" que afundou tais países, como o nosso, na chamada "Década Perdida", agora está afundando os EUA.
Mas eis que Surgue o salvador da pátria. Aquí no Brasil, eram os fiscais do Sarney, e lá nos EUA, é o fracassado (!?.....) plano BUSH.
Já sei, é para conseguir dinheiro para a Guerra no Iraque....
Ah não, é dinheiro para a Guerra no Afeganistão...
Pare de jogar no Bicho, é para salvar os pobrezinhos do massacre de Darfur !
IHHHHHH, tá ruim eim.... é para salvar os agricultores ou industriais americanos que insistem em uma prática de mercado considerada "discriminatória", ou "protecionista"... Afinal, concorrer com produtos de países como o Brasil, e perder em algumas destas concorrências, é uma questão inadmissível....
Então, como não me resta outra opção, vou ao real: o Plano Bush é para salvar o Sistema Financeiro Americano e o Mundo do Caos.

Obrigado Sr. BUSH....
Quem diria que um dia iria agradecer ao Presidente Norte-Americano por alguma coisa!...
Mas, ironias à parte, Obrigado por tentar nos salvar,.....
Então, entenda agora o plano do Presidente Norte Americano, e as reações ao mesmo, e consequências....

Fracassa reunião de Bush para aprovar pacote
Poucas horas depois de lideranças dos dois partidos majoritários das duas Casas do Congresso americano anunciarem que haviam chegado a um acordo sobre o pacote proposto pelo governo para aliviar o mercado financeiro, políticos republicanos vieram a público desmentir o compromisso. A reação inesperada de parte de seu próprio partido esvaziou reunião bipartidária convocada por George W. Bush para tratar do assunto. "Eu posso lhe dizer que não acredito que tenhamos um acordo", disse o senador Richard Shelby, do Alabama, ao deixar a Casa Branca, no final da tarde de ontem. "Ainda há muitas opiniões conflitantes."
A reportagem é de Sérgio Dávila e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 26-09-2008.
Republicano mais graduado do comitê de bancos do Senado, Shelby tem sido o principal crítico do plano que prevê, entre outras medidas, gastos de US$ 700 bilhões de dinheiro público para salvar empresas em dificuldade por conta da crise.
A opinião, logo ecoada por um grupo de republicanos conservadores da Câmara dos Representantes (deputados), jogou água no que havia sido programado pelo próprio governo para ser o início da contagem regressiva para a aprovação do plano no domingo, antes da abertura dos mercados, que ontem, animados com as perspectivas de aprovação do pacote, subiram. Esses deputados querem um pacote de "livre mercado", com diminuição de impostos e um programa em que o governo (no lugar de comprar os títulos podres) financiaria o seguro dos ativos problemáticos das instituições financeiras - que, em troca, pagariam um prêmio ao Tesouro. Quanto mais problemático o título, maior será o valor a ser pago ao governo.
Com o impasse, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, foi ao Congresso na noite de ontem para tentar chegar a um acordo, mas, após algumas horas, as negociações foram suspensas e devem ser retomadas no final da manhã de hoje em Washington.
No processo todo, muitos disseram que a participação do candidato republicano John McCain não ajudou na negociação e atrapalhou o acordo. Ele havia anunciado anteontem que suspenderia sua campanha e pediu que Bush convocasse uma reunião na Casa Branca para que ele e seu oponente, Barack Obama, mais as lideranças do Congresso, discutissem a situação econômica. O presidente aceitou, assim como o democrata.
Pela manhã, lideranças democratas e republicanas do Senado e da Câmara dos Representantes anunciaram que tinham chegado a um acordo básico sobre o pacote, classificado pelo democrata Christopher Dodd como "um compromisso fundamental quanto a uma série de princípios". "Acredito que vamos aprovar a legislação antes que os mercados abram, na segunda", concordou o senador republicano Bob Corker.
A proposta basicamente atendia às exigências principais do governo e incluía as levantadas pelos democratas ao longo da discussão no Congresso. Entre elas, algum tipo de limitação ao pagamento e compensação de executivos das instituições auxiliadas pelo governo e o recebimento de ações das empresas que terão dinheiro público.
Pelo novo esboço, os US$ 700 bilhões pedidos pelo Tesouro para adquirir títulos podres ligados a hipotecas serão divididos em três partes: US$ 250 bilhões agora e US$ 100 bilhões caso a Casa Branca considere necessário. Os outros US$ 350 bilhões podem ser usados sem aprovação do Congresso, que tem 30 dias para se opor.
À tarde, essas lideranças, mais a presidente do Congresso, a democrata Nancy Pelosi, o líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, e os dois candidatos à Presidência se encontraram com Bush. No começo da reunião, o presidente disse que "esse encontro é uma tentativa de levar o processo adiante. Minha esperança é que cheguemos a um acordo muito brevemente".
Então, em vez de Bush, Pelosi, Reid, McCain e Obama saírem pela porta da frente da Casa Branca, posarem para a foto oficial e anunciarem que haviam chegado a um compromisso básico, os participantes começaram a deixar a residência presidencial separados. Não houve anúncio oficial, e democratas passaram a acusar republicanos de faltar com a palavra. "Eles precisam combinar direito entre si", atacou o senador Dodd, na saída.
Logo, a porta-voz Dana Perino soltava declaração em que procurava colocar panos quentes. "A Casa Branca e as lideranças do Congresso prometeram continuar trabalhando juntas para finalizar o plano", disse. "Há um senso claro de urgência e um acordo quanto à necessidade de estabilizar os mercados financeiros e evitar que uma crise financeira maciça afete a todos nos EUA."
Segundo informa o jornal O Globo, 26-09-2008, Christopher Dodd afirmou:
"Pareceu-me que se tratava mais de um pacote de resgate de John McCain. É um dia triste para o país", acrescentando que espera que se possa alcançar um acordo, mas os “republicanos precisam decidir os que eles querem”.

Ministro alemão vê fim do poder dos EUA após crise
O debate em torno das causas e conseqüências da crise financeira subiu de tom ontem na Europa, alavancado pelas novas críticas da Alemanha à incapacidade dos Estados Unidos de regular seus mercados.
A reportagem é de Marcelo Ninio e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 26-09-2008.
O ministro das Finanças alemão, Peer Steinbrueck, culpou o sistema bancário norte-americano pelo "terremoto". Além disso, o ministro previu que isso irá custar aos Estados Unidos o status atual de superpotência financeira.
"Wall Street e o mundo jamais serão os mesmos que eram antes da crise", disse Steinbrueck em um duro discurso proferido no Parlamento alemão. "Os EUA perderão seu status de superpotência do sistema financeiro mundial."
Para Steinbrueck, o resultado será um mundo "multipolar", com a emergência de centros financeiros mais estáveis e eficientes na Ásia e na Europa. Ao comentar as origens da crise financeira, ele não poupou críticas aos Estados Unidos. "O que provocou a crise foi o exagero irresponsável do princípio de um mercado livre e sem controles", afirmou o ministro das Finanças. Steinbrueck foi além das críticas feitas no último fim de semana pela chanceler (premiê) Angela Merkel. A chefe de Estado da Alemanha reclamou da relutância dos Estados Unidos e do Reino Unido em fortalecer os mecanismos de supervisão dos mercados, especialmente dos bancos de investimentos.
"Este sistema, que em muitos aspectos é regulado de forma inadequada, está agora desabando", disse Steinbrueck, que voltou a descartar um plano de resgate parecido com o lançado pelos Estados Unidos para assumir papéis podres e evitar o colapso de instituições financeiras expostas à crise.
O xerife da maior economia européia insinuou ainda uma crítica ao plano norte-americano, afirmando que "administrar a crise" não será suficiente para restaurar a confiança perdida no sistema financeiro. "Precisamos civilizar os mercados financeiros, e não apenas com apelos morais, contra excessos e especulação. Auto-regulação já não basta", advertiu.
Outro personagem europeu de grande relevância engrossou ontem o coro dos que vêem na crise econômica atual o sepultamento da idéia de que o mercado é capaz de se auto-regular.
Num esperado discurso sobre a economia, que antecede a apresentação do orçamento do país, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que o mundo esteve "à beira da catástrofe", e decretou o fim do laissez-faire (mercado livre).
"A auto-regulação como forma de resolver todos os problemas acabou. O laissez-faire acabou. O mercado todo-poderoso, que sempre sabe mais, acabou", disse Sarkozy, advertindo que nos próximos meses as turbulências financeiras continuarão tendo impacto no crescimento econômico, no desemprego e no poder aquisitivo dos franceses. "A crise não acabou, e suas conseqüências terão longa duração".
Sarkozy repetiu a proposta feita na última terça-feira, durante a Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), de uma conferência mundial para discutir formas de regular os mercados. "Estou convencido de que o mal é profundo e que temos de repensar todo o sistema financeiro e monetário, assim como fizemos em Bretton Woods, depois da Segunda Guerra Mundial, para criar os instrumentos de regulação mundial que a globalização do comércio exige", disse o presidente francês.

O impensável aconteceu
Esta não é a crise final do capitalismo e, mesmo se fosse, talvez a esquerda não soubesse o que fazer dela, afirma
Boaventura de Sousa Santos, sociólogo português, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal), em artigo publicado pela Agência Carta Maior, 24-09-2008, Folha de S. Paulo e Página/12, 26-09-2008.

Eis o artigo.
A palavra não aparece na mídia dos EUA, mas é disso que se trata: nacionalização.
Perante as falências ocorridas, anunciadas ou iminentes de importantes bancos de investimento, das duas maiores sociedades hipotecárias do país e da maior seguradora do mundo, o governo federal norte-americano decidiu assumir o controle direto de uma parte importante do sistema financeiro.
A medida não é inédita. O governo interveio em outras crises profundas: 1792 (no mandato do primeiro presidente do país), 1907 (o papel central na resolução da crise coube ao grande banco de então, J.P. Morgan, hoje, Morgan Stanley, também em risco), 1929 (a Grande Depressão: em 1933, mil norte-americanos por dia perdiam suas casas para os bancos) e 1985 (crise das associações de poupança e empréstimo). O que é novo na intervenção em curso é sua magnitude e o fato de ela ocorrer ao fim de 30 anos de evangelização neoliberal conduzida com mão-de-ferro em nível global pelos EUA e pelas instituições financeiras por eles controladas, FMI e Banco Mundial: mercados livres e, porque livres, eficientes; privatizações; desregulamentação; Estado fora da economia, porque inerentemente corrupto e ineficiente; eliminação de restrições à acumulação de riqueza e à correspondente produção de miséria social.
Foi com essas receitas que se "resolveram" as crises financeiras da América Latina e da Ásia e que se impuseram ajustamentos estruturais em dezenas de países. Foi também com elas que milhões de pessoas foram lançadas no desemprego, perderam as suas terras ou os seus direitos laborais, tiveram de emigrar.
À luz disso, o impensável aconteceu: o Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução; cada país tem o direito de fazer prevalecer o que entende ser o interesse nacional contra os ditames da globalização; o mercado não é, por si, racional e eficiente, apenas sabe racionalizar a sua irracionalidade e ineficiência enquanto estas não atingem o nível de autodestruição.
Esta não é a crise final do capitalismo e, mesmo se fosse, talvez a esquerda não soubesse o que fazer dela, tão generalizada foi a sua conversão ao evangelho neoliberal. Muito continuará como dantes: o espírito individualista, egoísta e anti-social que anima o capitalismo; o fato de que a fatura das crises é sempre paga por quem nada contribuiu para elas, a esmagadora maioria dos cidadãos.
Mas muito mais mudará.
Primeiro, o declínio dos EUA como potência mundial atinge novo patamar. O país acaba de ser vítima das armas de destruição financeira maciça com que agrediu tantos países nas últimas décadas e a decisão "soberana" de se defender foi afinal induzida pela pressão dos seus credores estrangeiros (sobretudo chineses) que ameaçaram com uma fuga que seria devastadora para o atual "american way of life".
Segundo, FMI e Banco Mundial deixaram de ter autoridade para impor suas receitas, pois sempre usaram como bitola uma economia que se revela fantasma. Daqui em diante, a primazia do interesse nacional pode ditar, por exemplo, taxas de juro subsidiadas para apoiar indústrias em perigo (como as que o Congresso dos EUA acaba de aprovar para o setor automotivo).
Não estamos ante uma desglobalização, mas estamos certamente ante uma nova globalização pós-neoliberal internamente muito mais diversificada. Emergem novos regionalismos, já presentes na África e na Ásia, mas sobretudo importantes na América Latina, como o agora consolidado com a criação da União das Nações Sul-Americanas e do Banco do Sul.
Terceiro, as políticas de privatização da segurança social ficam desacreditadas: é eticamente monstruoso acumular lucros fabulosos com o dinheiro de milhões de trabalhadores humildes e abandonar estes à sua sorte quando a especulação dá errado.
Quarto, o Estado que regressa como solução é o mesmo que foi moral e institucionalmente destruído pelo neoliberalismo, o qual tudo fez para que sua profecia se cumprisse: transformar o Estado num antro de corrupção. Isso significa que, se o Estado não for profundamente reformado e democratizado, em breve será, agora, sim, um problema sem solução.
Quinto, as mudanças na globalização hegemônica vão provocar mudanças na globalização dos movimentos sociais e vão certamente refletir-se no Fórum Social Mundial: a nova centralidade das lutas nacionais e regionais; as relações com Estados e partidos progressistas e as lutas pela refundação democrática do Estado; as contradições entre classes nacionais e transnacionais e as políticas de alianças.

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