"Há nítido processo de rereprimarização da economia brasileira com o avanço da agropecuária e da mineração em detrimento da indústria de transformação. Portanto, é mais apropriado falar em rereprimarização que em desindustrialização, visto que o maior avanço relativo é o da indústria extrativa mineral", constata Reinaldo Gonçalves, professor de Economia Internacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, em entrevista concedida à revista IHU On-Line desta semana.
Segundo ele, "é difícil dizer o que é pior: empresas públicas usadas com objetivos políticos menores e, portanto, ineficientes, ou empresas privadas que gerenciam monopólios/oligopólios sem o aparato regulador eficaz. A existência de grandes empresas nacionais com poder econômico e, portanto, poder político também é um grave problema. A política de “campeões nacionais” implica centralização do capital e enfraquece a democracia, visto que os grandes grupos econômicos tornam-se, cada vez mais, os principais jogadores no financiamento de campanha. A questão central está no equilíbrio entre grandes e pequenas empresas operando sob esquemas regulatórios eficazes de controle de práticas de negócios restritivas (abuso do poder econômico)".
Para Reinaldo Gonçalves, "os investimentos de longo prazo estão focados em setores intensivos em recursos naturais. A rereprimarização é o subdesenvolvimento. Pré-sal, etanol, soja, carne bovina, frango etc. É o Brasil andando para trás. Não se iludam com os dados deste ano eleitoral. Este crescimento tem dependido de forte endividamento das famílias, empresas e governo. Isto não se sustenta por muito tempo. O Brasil pode estar entrando na mesma trajetória da Grécia no início dos anos 2000. O resultado será mais um longo período de instabilidade e crise".
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