sexta-feira, 7 de novembro de 2008

BARACK HUSSEIN OBAMA : UM TERCEIRO GOVERNO CLINTON ?

Obama enfrenta desafio de montar um gabinete que não se pareça com um terceiro mandato do ex-presidente, escreve Peter Baker, colunista do jornal The New York Times. O artigo está publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 07-11-2008.
Eis o artigo.
Barack Obama falou, durante meses, que a vitória de seu adversário equivaleria a um terceiro mandato do presidente George W. Bush. Agora, ele enfrenta o desafio de montar um governo que não se pareça com um terceiro mandato do ex-presidente Bill Clinton.
Para as primeiras indicações, Obama procurou alguns nomes do grupo de Clinton. Nomeou John Podesta, ex-chefe de gabinete da Casa Branca, para chefiar sua equipe de transição e convidou outro antigo assessor de Clinton, o deputado Rahm Emanuel, de Illinois, para o cargo de chefe de gabinete. Além disso, estaria escolhendo seu assessor de segurança nacional entre dois outros veteranos de Clinton .
Obama tentou equilibrar suas escolhas iniciais nomeando dois conselheiros para o cargo de co-presidentes para trabalhar com Podesta na transição, e logo apresentará outros assessores importantes sem a marca de Clinton. É apenas o começo de um momento delicado na escolha de Obama: trazer uma nova geração de líderes para Washington, indicando seu empenho em cumprir a promessa de uma mudança na política, ou recrutar, neste momento de graves problemas para a economia e a segurança nacional, alguns integrantes do grupo de democratas com mais experiência na área.
A tensão está causando temores entre os assessores de Obama, que trabalharam durante dois anos para transformar em presidente um candidato sem nenhuma chance de vitória. Eles, que o ajudaram a derrotar Hillary Clinton nas primárias, estão vendo Obama recorrer ao grupo de Bill Clinton.
Matt Bennett, um dos fundadores da Third Way, um grupo de ativistas de tendência democrata, disse que a grande questão é saber até que ponto Obama pretende escolher gente nova para o seu governo. “O governo Clinton deverá ser uma mancha negra para muitos desses candidatos - para alguns, mas não para outros - porque ele quer um governo com sua própria feição”, disse.
MESCLA
Como procura construir uma presidência a partir do zero, Obama reconhece que precisará de pelo menos algumas pessoas experientes do grupo dos Clintons, segundo os assessores. Particularmente reveladora foi sua decisão, antes mesmo da eleição, de escolher Podesta, fundador e presidente do Center for American Progress, um grupo de Washington ligado a Hillary.
Podesta preparou uma ampla equipe para planejar uma possível transição de Obama. Sem contar os integrantes do grupo do vice-presidente eleito Joe Biden, os dez membros do conselho de assessores atuaram no governo Clinton.
No entanto, alguns deles ocupavam postos em escalões relativamente inferiores na era Clinton e não se identificavam particularmente com o ex-presidente. Agora, a Podesta se juntam, como co-presidentes, Valerie Jarrett e Pete Rouse, ambos do círculo de Obama.
Além disso, Emanuel era um dos principais assessores de Clinton e é também um amigo pessoal de Obama em Chicago, já tendo servido de ponte entre os dois lados rivais. Alguns veteranos da era Clinton, que estão sendo considerados para postos de alto escalão, estão com Obama desde o início das primárias e romperam com os Clintons, como Gregory Craig, Susan Rice e Richard Danzig.
“Não queremos que seja uma reedição do governo Clinton”, afirmou um assessor de Obama que participa das discussões sobre a transição.

A transição econômica de Obama
"Obama nomeia time que parece o Conselhão de Lula para gerenciar início da mudança na economia", opina Vinicius Torres Freire, jornalista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 07-11-2008.
Eis o artigo.
A euqipe que Barack Obama nomeou para gerenciar a transição econômica é uma salada curiosa -parece um pouco o Conselhão de Lula. Obama reuniu um grupo muito diverso na formação, nas carreiras e no alinhamento político. Há também pessoas a quem Obama parece distribuir medalhas políticas de "íntimo do presidente", prêmio de consolação para quem não vai ocupar altos cargos.
O caso mais curioso é o de William Donaldson, ex-presidente da SEC (órgão de supervisão do mercado de capitais) no governo George W. Bush. Donaldson tem vasta experiência nos setores público e privado. Entre outros postos, ocupou subsecretaria de Estado sob Henry Kissinger (governo Richard Nixon), presidiu empresas e a Bolsa de Nova York. O mais divertido é que fez parte do grupo que não apenas facilitou a desregulamentação financeira sob Bush, mas também se opôs a controles sobre bancos de investimento.Há de tudo na equipe: amigos de Illinois, Estado de Obama, políticos, inimigos e adeptos do Nafta, gente de esquerda e um bushista etc. Estão lá Warren Buffet, o mais bem-sucedido e rico investidor do mundo, e presidentes de empresas como Google, Xerox e Time-Warner.
Há mais gente que transita entre empresas e governos. Por exemplo William Daley, secretário de Comércio de Clinton, advogado e banqueiro. Dirigiu a campanha de Al Gore e pode ser candidato a governador de Illinois. Há Roger Ferguson, diretor do Fed (1997-2006) nomeado por Clinton e que deixou o cargo para presidir um fundo de pensão de professores. De maior destaque nessa ala há Robert Rubin.
Rubin, secretário do Tesouro de Bill Clinton, ora no conselho do Citigroup, lidera os economistas clintonianos. Mas ontem disse que não quer cargos no governo Obama -talvez por ser o que se chama hoje nos EUA de "gato gordo de Wall Street". Paul Volcker, 81, o presidente do Fed que acabou com a grande inflação dos anos 70, está no grupo -pode vir a ser o grande e velho sábio de Obama, mas sem cargo.No grupo político-acadêmico, a figura de maior destaque é Lawrence Summers, de Harvard, secretário do Tesouro de Clinton (1999-2001), próximo de Rubin e que era cotado para voltar ao posto sob Obama.Contra Summers pesa a fúria feminista. Quando presidia Harvard, disse que as mulheres sofrem de "inaptidão intrínseca" para a matemática.
A presença de Summers no grupo de transição indica que cresce a chance de Timothy Geithner ocupar o Tesouro? Geithner, 47, preside o Fed de NY, braço operacional da política monetária do Fed, e gerencia a crise financeira. Foi sub de Rubin e de Summers no Tesouro e, pelo cargo, conhece Wall Street muito bem, mesmo sem ter trabalhado lá. Ou ganha força Jon Corzine? O ex-banqueiro e senador teria de renunciar ao governo de New Jersey. Corzine presidiu o Goldman Sachs, assim como Rubin e Henry Paulson, atual secretário do Tesouro de Bush.
No grupo ainda estão Robert Reich, secretário do Trabalho de Clinton, da esquerda democrata, e Laura Tyson, que presidiu as assessorias econômicas de Clinton.
Tyson é também da Brookings Institution, instituto de pesquisa onde trabalham vários democratas.
'Não vai ser fácil sair do buraco', afirma Obama
"Não será rápido nem fácil nos tirar do buraco em que estamos", afirmou nesta sexta-feira (7/11/08) o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, em sua primeira entrevista coletiva após vencer o candidato republicano, John McCain, e tornar-se, aos 47 anos, o primeiro negro a governar o país. Ainda sobre a crise, o democrata afirmou que "enfrentamos o maior desafio econômico de nossas vidas. Teremos que atuar rapidamente para resolvê-lo" e que "a crise é global e requer uma resposta global".
"A crise é global e requer resposta global", afirma Barack Obama; assista:
"Eu não subestimo a enormidade do problema que temos a frente. Algumas das escolhas que teremos que fazer serão difíceis. Não será rápido nem fácil nos tirar do buraco em que estamos. Mas a América é um país forte", afirmou.Acompanhado pelo vice, Joe Biden, o democrata disse que há famílias lutando por seus empregos e pensando em como podem manter suas casas e pagar suas contas. "Vou lidar com essa crise para ajudar essas famílias trabalhadoras. Hoje, conversei com meus conselheiros, que trabalharão com minha equipe de transição, para dar uma resposta a essa crise", afirmou."Temos uma crise financeira que está se espalhando por toda a economia e com certeza precisaremos de mais ações, e minha equipe de transição estará acompanhando. E precisaremos da aprovação de um programa de estímulo, focando na questão de empregos. Porque isso tem um impacto na capacidade de as pessoas comprarem serviços e produtos", afirmou.O presidente eleito disse que espera que esse novo programa de incentivos seja aprovado rapidamente e, se não for imediato, fará com que seja aprovado quando tomar posse. "Tenho certeza de que um novo presidente pode ser um grande impacto e por isso concorri à presidência."

Barack Obama concede primeira entrevista coletiva após ser eleito presidente dos Estados Unidos
Sobre reunião com o presidente George W. Bush, Obama afirmou que "o povo americano precisa de ajuda". "O povo americano vai mal. É um bom momento de deixar a política de lado, e é isso que vou levar à conversa com o presidente."Obama afirmou também que conversou com outros presidentes, como Bill Clinton, George Bush, sobre a crise. O presidente eleito também disse, ao ser questionado sobre um possível aumento de impostos, que seu programa prevê cortes para a classe média e o aumento de postos de trabalho, mas que continuará monitorando a economia nos próximos meses.Obama mencionou o crescimento do desemprego nos Estados Unidos e também dados ruins da indústria automobilística como a razão pela qual seu governo terá de agir rapidamente contra a crise econômica. "Estamos diante do maior desafio econômico de nossa vida e teremos de agir rapidamente para resolver isso", disse.
Dados divulgados nesta sexta mostraram que a economia norte-americana perdeu 240 mil empregos em outubro, levando o total de perda de vagas acumulado no ano a 1,2 milhão. A taxa de desemprego cresceu de 6,1% para 6,5%, a mais alta desde março de 1994.Sobre a escolha de seu próximo cão, Obama brincou: "É uma questão muito importante". Um dos critérios para a escolha, segundo ele, seria por um cachorro que não cause alergia.Antes da entrevista coletiva, Obama e seu vice, Joe Biden, se reuniram com um grupo de 17 conselheiros econômicos. Entre eles, estavam os ex-secretários do Tesouro Lawrence Summers e Robert Rubin, o ex-presidente do Federal Reserve Paul Volcker, o bilionário Warren Buffett e outros líderes empresários e políticos.

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