quinta-feira, 23 de outubro de 2008

AS AÇÕES DE LULA CONTRA A CRISE FINANCEIRA GLOBAL ! PARTE 01

O Presidente Lula surpreendeu a todos ao tomar medidas contra a Crise Financeira Global, que gerou controvérsias, do tipo: Intervir, não Intervir, ou viajar para o país buscando na população, as inspirações para sair desta crise que já atinge o Brasil.
Então vamos ler o que está correndo pela net sobre o tema:
O presidente Lula está cada vez mais inspirado no primeiro-ministro britânico Gordon Brown. Durante sua viagem à Índia, Lula conversou com Brown sobre a crise internacional. O primeiro-ministro traçou um quadro alarmante, que deixou Lula assustado com a extensão e a duração da crise.
A notícia é de Guilherme Barros e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 23-10-2008.
A partir dessa conversa, Lula determinou a Guido Mantega (Fazenda), e a Henrique Meirelles (BC), que adotassem ações mais vigorosas contra a crise global. A medida provisória publicada ontem no "Diário Oficial", que autoriza o governo a adquirir participação acionária em instituições financeiras privadas, segue essa linha.
Lula está convicto de que a saída para a crise foi a solução adotada por Brown. Ele lançou um pacote anticrise focado na estatização parcial de instituições financeiras em dificuldade, plano que está sendo copiado no mundo inteiro.
Entre os economistas, no entanto, a MP brasileira gerou controvérsias. Para Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC, a medida é "uma prudência necessária", embora não haja evidências de que os bancos enfrentem problemas financeiros graves. Já William Eid Junior, da FGV, não viu a decisão com bons olhos. "Ao fazer isso, o governo está dizendo que há instituições financeiras em risco."
Por sua vez, Renata Lo Prete, na coluna 'Painel", publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 23-10-2008, informa que a MP da estatização não é a primeira decisão do governo Lula inspirada em Gordon Brown. Tanto o PAC como o projeto brasileiro de Parcerias Público-Privadas, que ainda não decolou, foram modelados a partir de políticas e projetos implantados pelo premiê britânico quando ministro das Finanças.
Ainda segundo a jornalista, "no núcleo do governo federal, Dilma Rousseff (Casa Civil) e Fernando Haddad (Educação) compõem com Guido Mantega (Fazenda) o fã-clube do "desenvolvimentista" britânico". Ela informa ainda que "da mesma maneira que a CEF deve entrar pesado no setor imobiliário, o governo espera um grande movimento do BB na área de financiamento de automóveis".

Lula quer comprar para depois vender
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condicionou a edição da MP (medida provisória) que permitirá aos bancos oficiais comprar a participação acionária em empresas privadas à venda futura desses ativos. Ou seja, o governo pretende vender esses eventuais ativos assim que uma houver melhora no cenário econômico nacional e mundial.

A reportagem é de Kennedy Alencar, jornalista, e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 23-10-2008.

Nas palavras de Lula, "não é para estatizar, é para comprar e vender depois", segundo relato de auxiliares que acompanharam as reuniões internas do presidente com a equipe econômica. Lula disse ter a preocupação de, no futuro, recuperar o dinheiro oficial investido, inclusive com eventual lucro.
Segundo um ministro, esse cenário é possível porque o governo fará compras na maré baixa. Esse ministro diz que uma eventual venda no futuro com lucro renderia dividendo político ao governo. No entanto, ele admite que uma venda com prejuízo teria efeito inverso.
Dois principais critérios devem ser levados em conta pelo governo, segundo um integrante da equipe econômica. O primeiro: se a eventual quebra da empresa poderá gerar um efeito dominó no setor em que atua. Isso vale para qualquer área, da financeira à construção civil.
O segundo critério é tocante à quantidade de mão-de-obra gerada. A área da construção civil é um setor de mão-de-obra intensiva.
Mais: em relação à operação de compra de pequenos bancos em dificuldade, o governo já detectou um lobby dos grandes bancos privados contra a MP. A medida dá aos bancos oficiais condições antes autorizadas apenas às instituições privadas.
Isso aumenta a concorrência no setor e permite que o Banco do Brasil e a Nossa Caixa tenham instrumentos jurídicos para agir como os bancos privados - estes perderam um diferencial que lhes dava vantagem nas negociações com pequenas instituições financeiras em dificuldades. Antes da MP, as eventuais aquisições do BB e da Caixa eram mais lentas.
Lula foi convencido de que o governo deveria aumentar os mecanismos jurídicos para enfrentar uma crise na economia real nos seus dois últimos anos de governo.
Lula pretende lançar a eventual candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e deixar o governo com popularidade. Uma grave crise econômica poderia afetar o seu cacife político e a chance de sucesso de sua candidata.
De acordo com o diagnóstico da equipe econômica apresentado ao presidente, a crise será longa e virá em ondas. Ou seja, poderá afetar na reta final do mandato de Lula setores da economia real que mais necessitam de mão-de-obra intensiva (que geram mais empregos).
Daí a Caixa ter ganhado autorização para se tornar sócia de construtoras ou até comprar completamente a empresa. Um integrante da equipe econômica disse que, se houvesse hoje um caso Encol (1996-1997), o governo compraria a empresa.
O governo já se preparava ao final da tarde de ontem para reagir às críticas da oposição à MP. Segundo um integrante da equipe econômica, se a MP for inviabilizada no Congresso, a oposição seria responsabilizada politicamente pela falta de instrumentos para enfrentar a crise com eficácia. Ou seja, Lula jogaria a culpa nas contas do PSDB e do DEM.
Com um discurso algo catastrofista, o governo espera vencer as resistências e aprovar a medida provisória.

O Pró-Tudo de Lula
"Tanto Banco do Brasil (BB) como Caixa (CEF) e suas subsidiárias podem fazer feira de instituições financeiras em estado pré-falimentar", escreve Vinicius Torres Freire, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 23-10-2008. Agora, "se a CEFfizer mau negócio, a conta cai no Tesouro Nacional".

Eis o artigo.
O governo baixou ontem uma medida provisória que autoriza um banco estritamente estatal, a Caixa, a comprar qualquer empresa. Medida preventiva, pois, como disse o ministro Guido Mantega, "nenhum banco está quebrando"? Pode ser, embora seu anúncio tenha sido um tanto assustador, para dizer o menos. Mas o essencial é: não há mecanismos mais transparente de evitar "riscos sistêmicos"?
Tanto Banco do Brasil (BB) como Caixa (CEF) e suas subsidiárias podem fazer feira de instituições financeiras em estado pré-falimentar.
BB e CEF foram autorizados a comprar seguradora, empresa de previdência privada (que tomaram tombos feios com a crise no mercado) etc. Mas o BB pelo menos tem ações na praça. Seus acionistas minoritários podem chiar, embora os governos tenham o costume de cobrir rombos do bancão federal.
Mas a CEF, além de ser todinha da União, ainda foi autorizada a criar um banco de investimentos, que pode comprar "participações" (parte ou o controle de empresas), entre outras operações típicas do setor. Se não for inócua, a CEF-Par" tem toda a cara de que será o bancão sombra da crise brasileira, o que vai engolir companhias podres, mas sem prestar contas claras (é um banco) e tendo o dinheiro público como o garantidor último de negócios ruins ou de negócios com amigos quebrados.
Em suma, se a CEF fizer mau negócio, a conta cai no Tesouro Nacional.
O Banco do Brasil recebeu ajuda em 1996 e em 2001, no governo FHC. A CEF, o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia entraram também no pacotão de 2001. O colunista não conseguiu fechar as contas precisas dos dois pacotões mas, em valores de hoje, começaram custando R$ 38 bilhões. A conta é difícil porque, além de dinheiro vivo e compra de ações pelo Tesouro, a União agasalhou créditos podres desses bancos (como dívida agrícola, dívida de financiamento imobiliário etc.). Aliás, em geral, os bancos fazem tais negócios ruins porque lobbies pedem, e o governo cede.
Há dois problemas graves e essenciais no Pró-Tudo de Lula. Primeiro é o público simplesmente não vir a saber que risco estará correndo, pois as operações do banco de investimento da CEF não vão aparecer no sistema de contabilidade pública.
Ou melhor, podem aparecer: quando a conta do negócio ruim chegar.
Ou ainda antes: ou a CEF não tem dinheiro para bancar a feira de empresa ruim (e a medida é inócua) ou vai acumular passivos obscuros e/ou receber aporte de recursos do Tesouro desde já. Será essa a próxima medida provisória?
Segundo problema maior: o privilégio. Considere-se que uma empresa ou banco fez negócio ruim e está para quebrar. A CEF então dá uma mãozinha, compra "participação".
Os acionistas ou donos das firmas que fizeram maus negócios ficam com a empresa e com o subsídio público. Impedir que a empresa quebre é bom para os funcionários e para o país? Ok. Mas por que é preciso haver subsídio para o proprietário?
O PT fez aquela chacrinha com o Proer, o programa federal de cobertura de rombos dos bancos privados, criado no governo FHC. Mas o Proer, ainda com algumas obscuridades, parece muito mais claro do que o Pró-Tudo de Lula.

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