quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A CRISE NOS EUA AFETAM O MUNDO - PARTE 11 : O BRASIL JÁ ESTÁ SENTINDO ?

Perdas de empresas preocupam Planalto. Ponta do ‘iceberg’?
O Palácio do Planalto, ancorado nas exposições feitas pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central, mantém a convicção de que o Brasil sofrerá apenas com efeitos colaterais da crise internacional.
A reportagem é de Gerson Camarotti e Luiza Damé e publicada pelo jornal O Globo, 09-10-2008.
Porém, o governo está muito preocupado com a escalada do dólar frente ao real. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito a interlocutores que a valorização excessiva da moeda americana, movimento que classifica como “claramente especulativo”, revela que muitas outras empresas fizeram apostas erradas com o câmbio e terão que cobrir as perdas. Ou seja: os prejuízos de exportadores como Sadia e Aracruz são apenas a “ponta do iceberg”.
Há um temor com uma eventual “contaminação” do mercado.
O governo avalia que a corrida por compra de dólares nas últimas semanas deriva da necessidade de zerar prejuízos. Lula determinou que o presidente do BC, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, acompanhem a movimentação para evitar surpresas.
— Quem comprou dólar para especular é que está agora com as barbas de molho. Até o momento, só duas empresas explicitaram o prejuízo. Mas não se sabe ainda quais terão coragem de verbalizar. Mais três? Mais quatro? Mais cinco? — perguntou um ministro, ignorando que muitas empresas perderam porque apostavam que o dólar continuaria em baixa e agora precisam comprar a moeda — pressionando as cotações — para cobrir perdas com contratos futuros.
Numa das conversas que manteve ontem, Lula chamou as operações realizadas por empresas com fins especulativos de “trambique”. Segundo relatos, Lula está particularmente contrariado com o movimento de escalada do dólar. Ele ainda considera que trata-se “uma aposta irracional contra o real”.
No fim do dia de ontem, o clima era de alívio com a queda da moeda americana após os leilões do BC. De malas prontas para Washington — onde a partir de amanhã participa da reunião anual dos organismos multilaterais ao lado de Mantega —, Meirelles, participou do encontro da coordenação política de governo e garantiu que a economia brasileira “ainda está intacta”. Ele classificou a disparada do dólar como efeito da falta de liquidez e disse que o sistema financeiro brasileiro tem “os pés no chão”, relatou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio:
— Vamos torcer para que (a crise) não chegue aqui. Nós estamos atentos.
Líderes de PSDB, DEM e PPS, partidos de oposição, criticaram Lula por minimizar os efeitos da crise nos discursos à sociedade e alfinetaram o socorro aos bancos brasileiros.

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