A Crise se alastra, e o Dragão Chinês, com sua MURALHA ECONÔMICA, já sente os efeitos da Crise Financeira Global !
China tem a menor expansão em 5 anos
A desaceleração da economia chinesa agora é oficial: o PIB cresceu 9% entre julho e setembro. É a pior performance em cinco anos.
China tem a menor expansão em 5 anos
A desaceleração da economia chinesa agora é oficial: o PIB cresceu 9% entre julho e setembro. É a pior performance em cinco anos.
A reportagem é de Raul Juste Lores e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 21-10-2008.
No primeiro trimestre do ano, o PIB cresceu 10,6%; no segundo, 10,1%. Economistas dizem que no quarto trimestre, o número deve ser menor.
Nos últimos cinco anos, a China foi responsável por um quarto do crescimento mundial -um terço, no ano passado, quando seu PIB cresceu 11,9%. Mesmo com o crescimento menor, a China deve se tornar a terceira maior economia do mundo no final deste ano, ultrapassando a Alemanha, e ficando atrás apenas de EUA e Japão.
Apesar de ainda se a única entre as grandes potências com crescimento garantido e vigoroso, o número preocupa o Partido Comunista. Com renda per capita inferior à metade da renda brasileira, o país precisa criar entre 10 milhões e 15 milhões de empregos por ano para absorver o êxodo rural.
Sua desaceleração já provoca impacto nos preços das matérias-primas, como soja e ferro, que importa do Brasil. O preço do aço caiu 20% em três meses, por conta da demanda menor.
"O crescimento deve ser menor ainda no quarto trimestre, quando o ambiente externo de desaceleração global deve apresentar um impacto mais negativo", diz Tao Wang, economia do banco UBS em Pequim.
Os números negativos da economia chinesa começaram antes mesmo do colapso do banco Lehman Brothers, em 17 de setembro, e das semanas turbulentas em Wall Street. A venda de carros em agosto foi 6% menor que no mesmo mês do ano passado.
A venda de apartamentos no primeiro semestre foi 14% menor que em 2007.
Em Pequim, as vendas de imóveis em setembro foram as piores em cinco anos. Segundo o estatal Escritório de Gerenciamento de Transações Imobiliárias, há 69.685 unidades disponíveis à venda. 2 mil prédios estão em construção em Pequim.
Há centenas de prédios vazios recém-construídos nas grandes cidades, principalmente para o mercado de luxo. O governo tenta forçar a construção de imóveis populares, mas sem sucesso. Um estudo do banco Credit Suisse prevê que o preço do metro quadrado deve cair 15% em 2008 e 5% em 2009. Enquanto não caem, os compradores esperam.
A inflação, que era uma preocupação do governo no início do ano, já não assusta tanto. O índice de preços ao consumidor cresceu 4,6% em setembro, comparado com o mesmo mês do ano passado, bem abaixo do índice de 8,7% que atingiu em fevereiro, o maior em 12 anos.
Estímulo
O Conselho de Estado, como é chamado o gabinete ministerial, anunciou ontem que passou o fim de semana preparando um pacote de medidas para adaptar a economia chinesa à desaceleração global.Entre as medidas que devem ser anunciadas, estão a restituição tributária para exportações, um pacote para aumento de crédito a pequenas e médias empresas, além de mais investimentos em infra-estrutura.Na semana passada, o Partido Comunista aprovou uma reforma rural, que permitirá aos camponeses arrendarem suas terras. Atualmente eles não podem negociar a pequena parcela a que cada família tem direito em concessões de 30 anos.
Com a nova lei, a concessão pula para 70 anos e eles poderão alugar ou trocar as terras. A medida visa aumentar o poder de consumo dos camponeses, 55% da população, que vivem da agricultura de subsistência. A renda média no campo é de 345 yuans (R$ 105) por mês.
A aposta do governo é que eles formarão uma nova classe de consumidores, que absorverá a produção que o mercado exportador vai perder em breve. Há temores, porém, que a lei faça camponeses alugarem suas terras por uma ninharia e que engrossem favelas na periferia das grandes cidades.
Nos últimos cinco anos, a China foi responsável por um quarto do crescimento mundial -um terço, no ano passado, quando seu PIB cresceu 11,9%. Mesmo com o crescimento menor, a China deve se tornar a terceira maior economia do mundo no final deste ano, ultrapassando a Alemanha, e ficando atrás apenas de EUA e Japão.
Apesar de ainda se a única entre as grandes potências com crescimento garantido e vigoroso, o número preocupa o Partido Comunista. Com renda per capita inferior à metade da renda brasileira, o país precisa criar entre 10 milhões e 15 milhões de empregos por ano para absorver o êxodo rural.
Sua desaceleração já provoca impacto nos preços das matérias-primas, como soja e ferro, que importa do Brasil. O preço do aço caiu 20% em três meses, por conta da demanda menor.
"O crescimento deve ser menor ainda no quarto trimestre, quando o ambiente externo de desaceleração global deve apresentar um impacto mais negativo", diz Tao Wang, economia do banco UBS em Pequim.
Os números negativos da economia chinesa começaram antes mesmo do colapso do banco Lehman Brothers, em 17 de setembro, e das semanas turbulentas em Wall Street. A venda de carros em agosto foi 6% menor que no mesmo mês do ano passado.
A venda de apartamentos no primeiro semestre foi 14% menor que em 2007.
Em Pequim, as vendas de imóveis em setembro foram as piores em cinco anos. Segundo o estatal Escritório de Gerenciamento de Transações Imobiliárias, há 69.685 unidades disponíveis à venda. 2 mil prédios estão em construção em Pequim.
Há centenas de prédios vazios recém-construídos nas grandes cidades, principalmente para o mercado de luxo. O governo tenta forçar a construção de imóveis populares, mas sem sucesso. Um estudo do banco Credit Suisse prevê que o preço do metro quadrado deve cair 15% em 2008 e 5% em 2009. Enquanto não caem, os compradores esperam.
A inflação, que era uma preocupação do governo no início do ano, já não assusta tanto. O índice de preços ao consumidor cresceu 4,6% em setembro, comparado com o mesmo mês do ano passado, bem abaixo do índice de 8,7% que atingiu em fevereiro, o maior em 12 anos.
Estímulo
O Conselho de Estado, como é chamado o gabinete ministerial, anunciou ontem que passou o fim de semana preparando um pacote de medidas para adaptar a economia chinesa à desaceleração global.Entre as medidas que devem ser anunciadas, estão a restituição tributária para exportações, um pacote para aumento de crédito a pequenas e médias empresas, além de mais investimentos em infra-estrutura.Na semana passada, o Partido Comunista aprovou uma reforma rural, que permitirá aos camponeses arrendarem suas terras. Atualmente eles não podem negociar a pequena parcela a que cada família tem direito em concessões de 30 anos.
Com a nova lei, a concessão pula para 70 anos e eles poderão alugar ou trocar as terras. A medida visa aumentar o poder de consumo dos camponeses, 55% da população, que vivem da agricultura de subsistência. A renda média no campo é de 345 yuans (R$ 105) por mês.
A aposta do governo é que eles formarão uma nova classe de consumidores, que absorverá a produção que o mercado exportador vai perder em breve. Há temores, porém, que a lei faça camponeses alugarem suas terras por uma ninharia e que engrossem favelas na periferia das grandes cidades.
Desaquecimento na China muda o jogo para o Brasil
O crescimento menor da economia chinesa — 9% no terceiro trimestre, contra taxas que vinham acima de dois dígitos — virou o jogo para a indústria brasileira. A produção nacional, que poderia ser uma tábua de salvação na crise, será afetada pela desaceleração da China. Com as ameaças de recessão nos EUA e na Europa, a China deverá escoar sua produção para países emergentes a preços ainda menores, criando uma concorrência predatória com a indústria nacional. Os setores mais prejudicados, dizem economistas, serão os de eletroeletrônicos, calçados e vestuário. O Brasil perde também nas exportações, já que a China, sua segunda maior parceira comercial, deverá comprar menos.
O crescimento menor da economia chinesa — 9% no terceiro trimestre, contra taxas que vinham acima de dois dígitos — virou o jogo para a indústria brasileira. A produção nacional, que poderia ser uma tábua de salvação na crise, será afetada pela desaceleração da China. Com as ameaças de recessão nos EUA e na Europa, a China deverá escoar sua produção para países emergentes a preços ainda menores, criando uma concorrência predatória com a indústria nacional. Os setores mais prejudicados, dizem economistas, serão os de eletroeletrônicos, calçados e vestuário. O Brasil perde também nas exportações, já que a China, sua segunda maior parceira comercial, deverá comprar menos.
A reportagem é de Bruno Rosa, Liana Melo e Erica Ribeiro e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 21-10-2008.
Cerca de 80% dos embarques brasileiros para a China são de minério de ferro e soja. Este ano, de janeiro a setembro, as exportações cresceram 66,4%, para US$ 13,713 bilhões.
Já a China vendeu US$ 14,859 bilhões ao Brasil, 69,1% mais.
Há o risco de o Brasil sofrer uma China e de outros países.
Cerca de 80% dos embarques brasileiros para a China são de minério de ferro e soja. Este ano, de janeiro a setembro, as exportações cresceram 66,4%, para US$ 13,713 bilhões.
Já a China vendeu US$ 14,859 bilhões ao Brasil, 69,1% mais.
Há o risco de o Brasil sofrer uma China e de outros países.
É que o Brasil, ao contrário de outras economias, derrubou barreiras protecionistas e reduziu a zero a alíquota de importação para 15 produtos siderúrgicos. A lista entrou em vigor em 2005 e é a principal preocupação do vice-presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marco Polo de Mello.
Para Carlos Thadeu de Freitas, exdiretor do Banco Central (BC) e economistachefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as indústrias chinesas terão de baixar seus preços para conseguir vender estoques, pois os países ricos vão consumir menos.
Ele teme que, com maior competição, inúmeras fábricas fechem no Brasil:
— Não há dúvidas de que a indústria brasileira será a mais prejudicada. Não haverá condições de competir. Os preços dos itens chineses são muito baixos e ficarão ainda menores. É concorrência predatória. A alta do dólar em relação ao real não conseguirá atenuar os efeitos da concorrência, prejudicando o setor industrial de qualquer jeito. A economia brasileira vai desacelerar também.
Essa é a mesma preocupação do professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Ele diz que alguns setores, como calçados, vestuários, bens de capital e utensílios do lar, são alvos da “concorrência desleal” dos asiáticos.
— O Brasil é forte candidato à concorrência internacional, e o governo deveria estar anunciando políticas de defesa comercial. Nem a desvalorização do câmbio terá condições de blindar a economia — diz Almeida, para quem o governo só se preocupa com a liquidez dos bancos.
Invasão a países menos protegidos
Segundo especialistas, o efeito não terá curta duração. Para eles, a desaceleração da economia chinesa já está “contratada”, pois seus principais parceiros estão em um início de recessão. Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as fábricas chinesas serão mais agressivas e vão reduzir suas margens:
— A busca por mercados alternativos já acontecia. A diferença agora é que esses produtos chegarão mais baratos. É preciso se prevenir. O Brasil não fez nada. A Argentina já está se preparando.
Segundo Marco Polo, do IBS, em momentos de crise é natural que haja um rearranjo do comércio internacional, o que acaba levando os produtores mundiais a procurarem mercados menos protegidos. Para Castro, da AEB, poderá haver redução de US$ 20 bilhões nos embarques brasileiros para a China em 2009 — isso considerando apenas preços menores, não uma eventual queda de volume.
Lia Valls, da Fundação Getulio Vargas (FGV), ressalta que os preços das commodities continuarão em queda, pois a China comprará cada vez menos:
— O déficit comercial entre Brasil e China vai aumentar ainda mais.
Lourival Kiçula, presidente da Eletros (associação de fabricantes de eletroeletrônicos), acha difícil o mercado interno absorver ou compensar perdas com exportações, já que também ficará menor.
O diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, alerta para a ameaça de a China invadir ainda mais outros mercados como o brasileiro, com a retração de Europa e EUA:
— Essa grande contração nas economias centrais pode prejudicar os emergentes e o nosso país. Há risco de uma desova de produtos a qualquer preço. E a conquista pelo Brasil de fatias em outros mercados também fica prejudicada, já que 75% das exportações de têxteis e confecção estão nas Américas. Com o câmbio mais competitivo, o desafio será encontrar novos mercados. Por isso, manteremos negociações para exportar.
— A fome por vender vai aumentar no mundo — diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), corroborando essa análise.
Para Carlos Thadeu de Freitas, exdiretor do Banco Central (BC) e economistachefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as indústrias chinesas terão de baixar seus preços para conseguir vender estoques, pois os países ricos vão consumir menos.
Ele teme que, com maior competição, inúmeras fábricas fechem no Brasil:
— Não há dúvidas de que a indústria brasileira será a mais prejudicada. Não haverá condições de competir. Os preços dos itens chineses são muito baixos e ficarão ainda menores. É concorrência predatória. A alta do dólar em relação ao real não conseguirá atenuar os efeitos da concorrência, prejudicando o setor industrial de qualquer jeito. A economia brasileira vai desacelerar também.
Essa é a mesma preocupação do professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Ele diz que alguns setores, como calçados, vestuários, bens de capital e utensílios do lar, são alvos da “concorrência desleal” dos asiáticos.
— O Brasil é forte candidato à concorrência internacional, e o governo deveria estar anunciando políticas de defesa comercial. Nem a desvalorização do câmbio terá condições de blindar a economia — diz Almeida, para quem o governo só se preocupa com a liquidez dos bancos.
Invasão a países menos protegidos
Segundo especialistas, o efeito não terá curta duração. Para eles, a desaceleração da economia chinesa já está “contratada”, pois seus principais parceiros estão em um início de recessão. Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as fábricas chinesas serão mais agressivas e vão reduzir suas margens:
— A busca por mercados alternativos já acontecia. A diferença agora é que esses produtos chegarão mais baratos. É preciso se prevenir. O Brasil não fez nada. A Argentina já está se preparando.
Segundo Marco Polo, do IBS, em momentos de crise é natural que haja um rearranjo do comércio internacional, o que acaba levando os produtores mundiais a procurarem mercados menos protegidos. Para Castro, da AEB, poderá haver redução de US$ 20 bilhões nos embarques brasileiros para a China em 2009 — isso considerando apenas preços menores, não uma eventual queda de volume.
Lia Valls, da Fundação Getulio Vargas (FGV), ressalta que os preços das commodities continuarão em queda, pois a China comprará cada vez menos:
— O déficit comercial entre Brasil e China vai aumentar ainda mais.
Lourival Kiçula, presidente da Eletros (associação de fabricantes de eletroeletrônicos), acha difícil o mercado interno absorver ou compensar perdas com exportações, já que também ficará menor.
O diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, alerta para a ameaça de a China invadir ainda mais outros mercados como o brasileiro, com a retração de Europa e EUA:
— Essa grande contração nas economias centrais pode prejudicar os emergentes e o nosso país. Há risco de uma desova de produtos a qualquer preço. E a conquista pelo Brasil de fatias em outros mercados também fica prejudicada, já que 75% das exportações de têxteis e confecção estão nas Américas. Com o câmbio mais competitivo, o desafio será encontrar novos mercados. Por isso, manteremos negociações para exportar.
— A fome por vender vai aumentar no mundo — diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), corroborando essa análise.
Um comentário:
Fessor, eu adoro seu blog. Quando não tenho tempo de ver jornal, é por aqui que me atualizo
Se cuida ♥
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