Washington, 24 out (EFE).- A crise financeira ressuscitou o Fundo Monetário Internacional (FMI), que hoje anunciou um empréstimo de US$ 2,1 bilhões à Islândia e voltou a despontar como bóia de salvamento para muitos Governos com a água no pescoço.
Após meia década praticamente sem clientes, período no qual foi obrigado a reduzir seu quadro de funcionários e reavaliar seu papel no mundo, o órgão multilateral de crédito agora não pára de ouvir seu telefone tocar.
A entidade, de novo, se tornou credora de países que não conseguem empréstimos em nenhuma outra instituição.
Na porta do FMI, agora batem Paquistão, Belarus, Hungria e Ucrânia. Mas nessa fila ainda pode entrar a Bolívia, disse hoje à Agência Efe o ministro da Fazenda do país, Luis Arce.
A Islândia foi o primeiro país vítima da crise financeira e será o primeiro a obter recursos do órgão de crédito, que, pela primeira vez em décadas, vai emprestar dinheiro a um país desenvolvido.
Devido às turbulências nos mercados, o Governo da Islândia se viu obrigado a estatizar a maior parte de seu sistema bancário. Ao mesmo tempo, os juros de sua dívida dispararam e a moeda nacional perdeu 70% de seu valor.
Durante a semana, o país negociou com o FMI e vários países, como Rússia, Japão e seus vizinhos nórdicos, a possibilidade de receber ajuda para sair do atoleiro.
Porém, até o momento, o FMI foi o único que colocou dinheiro sobre a mesa. Ao todo, o órgão disponibilizará US$ 2,1 bilhões ao longo de dois anos, assim que seu Conselho Executivo ratificar o princípio de acordo no começo de novembro.
O objetivo da entidade, segundo um comunicado, é ajudar o país a "se ajustar à crise econômica de uma forma mais ordenada e menos dolorosa", dado o "colapso" de seu sistema bancário.
Embora a quantia do empréstimo possa parecer irrisória, já que Estados Unidos e Europa prometeram trilhões para estabilizar o sistema financeiro, para a Islândia esse crédito equivale a 10% de seu Produto Interno Bruto (PIB) e a 1.190% de sua contribuição ao FMI.
Essa comparação dá uma idéia da grande quantidade de dinheiro que será necessária para estabilizar as economias de outros países.
O FMI já disse contar com US$ 250 bilhões para essas operações. A Ucrânia pode receber US$ 15 bilhões desse bolo em dois anos, segundo seu Governo, enquanto o Paquistão pode precisar de US$ 10 bilhões.
Outros países da leste da Europa provavelmente engrossarão a lista de pedintes, devido aos seus altos déficits em conta corrente, que os tornam dependentes do capital externo em um momento no qual os investidores fogem de ativos de risco.
Arce, o ministro boliviano, admitiu que se os preços do petróleo continuarem caindo, seu país também precisará de dinheiro de entidades multilaterais de crédito.
"A idéia seria buscar financiamento para manter os investimentos públicos", afirmou.
Mas o dinheiro do FMI não é de graça nem de fácil aquisição, já que é preciso preencher vários requisitos para receber os empréstimos.
"A questão é se (o FMI) vai adotar medidas prejudiciais como no passado", disse Marc Weisbrot, co-diretor do Centro de Análise Econômica e Política (CEPR, na sigla em inglês), um instituto de pesquisa europeu.
Durante a crise asiática em 1997, o FMI exigiu dos Governos cortes nos gastos públicos, o que agravou a contração das economias socorridas.
"Os países ricos estão fazendo o contrário do que o FMI disse às nações em desenvolvimento durante décadas. Estão nacionalizando e aplicando políticas de expansão fiscal", declarou Weisbrot.
Desta vez, o órgão disse que imporá menos condições que o normal nos empréstimos de emergência contra a crise atual e que os analisará em duas semanas no máximo.
Alguns Governos já disseram que não lhes agrada a idéia de ter o órgão fiscalizando suas políticas monetária e fiscal. Mas, dadas as atuais circunstâncias, não restam muitas alternativas. EFE
Após meia década praticamente sem clientes, período no qual foi obrigado a reduzir seu quadro de funcionários e reavaliar seu papel no mundo, o órgão multilateral de crédito agora não pára de ouvir seu telefone tocar.
A entidade, de novo, se tornou credora de países que não conseguem empréstimos em nenhuma outra instituição.
Na porta do FMI, agora batem Paquistão, Belarus, Hungria e Ucrânia. Mas nessa fila ainda pode entrar a Bolívia, disse hoje à Agência Efe o ministro da Fazenda do país, Luis Arce.
A Islândia foi o primeiro país vítima da crise financeira e será o primeiro a obter recursos do órgão de crédito, que, pela primeira vez em décadas, vai emprestar dinheiro a um país desenvolvido.
Devido às turbulências nos mercados, o Governo da Islândia se viu obrigado a estatizar a maior parte de seu sistema bancário. Ao mesmo tempo, os juros de sua dívida dispararam e a moeda nacional perdeu 70% de seu valor.
Durante a semana, o país negociou com o FMI e vários países, como Rússia, Japão e seus vizinhos nórdicos, a possibilidade de receber ajuda para sair do atoleiro.
Porém, até o momento, o FMI foi o único que colocou dinheiro sobre a mesa. Ao todo, o órgão disponibilizará US$ 2,1 bilhões ao longo de dois anos, assim que seu Conselho Executivo ratificar o princípio de acordo no começo de novembro.
O objetivo da entidade, segundo um comunicado, é ajudar o país a "se ajustar à crise econômica de uma forma mais ordenada e menos dolorosa", dado o "colapso" de seu sistema bancário.
Embora a quantia do empréstimo possa parecer irrisória, já que Estados Unidos e Europa prometeram trilhões para estabilizar o sistema financeiro, para a Islândia esse crédito equivale a 10% de seu Produto Interno Bruto (PIB) e a 1.190% de sua contribuição ao FMI.
Essa comparação dá uma idéia da grande quantidade de dinheiro que será necessária para estabilizar as economias de outros países.
O FMI já disse contar com US$ 250 bilhões para essas operações. A Ucrânia pode receber US$ 15 bilhões desse bolo em dois anos, segundo seu Governo, enquanto o Paquistão pode precisar de US$ 10 bilhões.
Outros países da leste da Europa provavelmente engrossarão a lista de pedintes, devido aos seus altos déficits em conta corrente, que os tornam dependentes do capital externo em um momento no qual os investidores fogem de ativos de risco.
Arce, o ministro boliviano, admitiu que se os preços do petróleo continuarem caindo, seu país também precisará de dinheiro de entidades multilaterais de crédito.
"A idéia seria buscar financiamento para manter os investimentos públicos", afirmou.
Mas o dinheiro do FMI não é de graça nem de fácil aquisição, já que é preciso preencher vários requisitos para receber os empréstimos.
"A questão é se (o FMI) vai adotar medidas prejudiciais como no passado", disse Marc Weisbrot, co-diretor do Centro de Análise Econômica e Política (CEPR, na sigla em inglês), um instituto de pesquisa europeu.
Durante a crise asiática em 1997, o FMI exigiu dos Governos cortes nos gastos públicos, o que agravou a contração das economias socorridas.
"Os países ricos estão fazendo o contrário do que o FMI disse às nações em desenvolvimento durante décadas. Estão nacionalizando e aplicando políticas de expansão fiscal", declarou Weisbrot.
Desta vez, o órgão disse que imporá menos condições que o normal nos empréstimos de emergência contra a crise atual e que os analisará em duas semanas no máximo.
Alguns Governos já disseram que não lhes agrada a idéia de ter o órgão fiscalizando suas políticas monetária e fiscal. Mas, dadas as atuais circunstâncias, não restam muitas alternativas. EFE
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