quinta-feira, 22 de maio de 2008

PASSEANDO PELOS FATOS DESTA SEMANA !

Observe o que podemos interpretar sobre a Charge acima, e sobre o texto alaborado abaixo.
O planeta Terra dá sinais cada vez mais reiterados e evidentes de esgotamento. Os sistemas físicos e biológicos alteram-se rapidamente como nunca antes aconteceu na história da civilização humana. Plantas florescendo mais cedo, primaveras precoces, desequilíbrio do padrão migratório das aves, geleiras derretendo, ursos polares transformados em canibais, extermínio sem precedentes de espécies de animais, fenômenos assustadores como o ciclone devastador que atingiu Mianmar são algumas amostras irrefutáveis de que o planeta entrou em um estágio de agonia – a febre que evolui para o estado de coma de que fala Lovelock.

É cada vez mais incontestável e indefensável a intervenção humana nas alterações observadas no planeta. Ainda que se admita uma mudança natural, defendida por especialistas, é cada vez mais inegável o fato de que as mudanças estão sendo aceleradas pela intervenção humana no planeta.
crise alimentar atual não é uma crise fundamentalmente de produção, mas de distribuição. Ao mesmo tempo, a solução para a crise passa pela proposição de um novo modelo de desenvolvimento e de produção agrícola que passa pela reforma agrária, agricultura familiar e agroecologia.
A pergunta central para o entendimento da crise alimentar é: quais são os fatores que conduziram à crise? Ou: quais são as razões explicativas da crise alimentar?


De modo geral, elencam-se, as seguintes razões: aumento da demanda por alimentos, especialmente por parte da China, da Índia e do Brasil; alta dos preços do petróleo e derivativos, bem como o conseqüente aumento do transporte; desastres naturais, tais como secas ou enchentes; especulação financeira; capacidade de produção; e, para outros, capacidade de distribuição.
Há um consenso em torno da questão de que não se trata de uma crise de produção, mas antes de crise de distribuição. “Temos 6,7 bilhões de habitantes, e produzimos mais de 2 bilhões de toneladas de grãos, o que significa que produzimos quase um quilo de grãos por pessoa e por dia no planeta, amplamente suficiente para alimentar a todos”, afirma Ladislau Dowbor.


A crise alimentar revela outra questão, não menos importante: o fracasso do mercado na regulação da economia. O livre comércio e as políticas neoliberais favoreceram e incrementaram o agronegócio, em detrimento da agricultura familiar, da reforma agrária, da produção ecológica. Fundamentalmente, são duas lógicas de desenvolvimento e de produção antagônicas. Mais, a crise escancara a incapacidade do modelo agrícola hegemônico atual de oferecer uma solução tanto para a questão ecológica como para a questão alimentar.

Os renovados elogios de Lula a Era Vargas, ao governo JK e aos militares revela o que pensa o presidente. A sua concepção de desenvolvimento não pode prescindir das grandes obras. A meta-síntese do projeto de país do governo é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Uma aposta pesada em infra-estrutura logística e em infra-estrutura energética. No PAC não cabem preocupações com aspectos ambientais. A sua finalidade são os interesses econômicos. Tudo aquilo que signifique um entrave para o crescimento econômico deve ser subjugado.As tensões provocadas pela construção das hidrelétricas, a transposição do S.Francisco, a crise na Reserva Raposa Serra do Sol, o embate em torno do desmatamento, a polêmica dos transgênicos, a expansão do monocultivo da cana-de-açúcar inserem-se nesse contexto. Os danos ambientais e sociais causados por essas iniciativas sob a ótica do progresso são custos inevitáveis e um preço a ser pago.

Tome-se como exemplo a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu – considerado estratégico pelo governo federal e que consta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto vem sendo estudado há mais de 20 anos. Foi esse mesmo projeto que fez com que a índia Kaiapó Tuíra em 1989 ameaçasse com um facão o então presidente da Eletronorte, José Muniz Lopes. A construção da usina enfrenta resistência de ambientalistas, dos índios e das populações ribeirinhas.


Esses embates, entre outros, travados entre o governo e os movimentos sociais manifestam o fosso que separam projetos distintos para o país. A partir de uma perspectiva crítica do projeto em curso no país, resgatamos duas intuições que podem nos ajudar a olhar o debate de uma outra forma:


“Um país que tem a biodiversidade que o Brasil tem, os recursos hídricos, a insolação o ano todo, enfim, com a riqueza que o país tem, deveria ter uma estratégia que colocasse esse fator escasso no mundo numa posição privilegiada como base de políticas. Mas essa estratégia não existe” – Washington Novaes.


“A complexidade manifesta-se no plano da ação, naquilo que chamo da ecologia da ação. Uma ação não depende somente da vontade daquele que a pratica, depende também dos contextos em que ela se insere, das condições sociais, biológicas, culturais, políticas que podem ajudar o sentido daquilo que é a nossa intenção. Dessa forma, as ações podem ser praticadas para se realizar um fim específico, mas podem provocar efeitos contrários aos fins que pretendíamos” – Edgar Morin.

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